sexta-feira, 9 de março de 2018

Não me conheço mais!

Durante mais de 20 anos habituei-me à realidade de necessitar de medicação para menstruar. Questionei há tempos no hospital como iria saber quando me encontrava na menopausa. Passei por uma série de tratamentos em que introduzi no meu organismo quantidades absurdas de hormonas. Passei por abortos e uma aspiração. No mês passado, mais precisamente no dia de Carnaval, apercebi-me que tinha um corrimento ligeiramente rosado, por vezes acastanhado, clarinho, que perdurou por 4 dias. De vez em quando uma dorzinha ligeira afetava-me o fundo das costas. Na cabeça gerou-se um turbilhão de questões acerca do que aquilo poderia significar. Menstruação? Ovulação? Ainda perdas de restos de tecido embrionário que não foram removidos na aspiração? Menopausa a aproximar-se? Um distúrbio hormonal desconhecido? O que quer que fosse passou até voltar a manifestar-se ontem.

No dia da Mulher, acordei outra vez com o corrimento. Consultei imediatamente um calendário em que verifiquei que passaram 22 dias desde que me apercebi desse fenómeno estranho em fevereiro. A primeira palavra que me veio à cabeça foi "ciclo". Mas novamente surgiu a dúvida se aquele sinal me indicava ovulação ou menstruação. Hoje, numa ida à casa de banho, vi o que era: MENSTRUAÇÃO! Senti um soco emocional em relação ao que me está a acontecer. Quem diria que ia passar por isto aos 38 anos? A "adolescente" voltou não sei por quanto tempo. O primeiro impulso foi telefonar à minha mãe. Do outro lado ouvi "Assim, sem mais nem menos, não tomaste o Provera?". Ela contou que só depois dos 40 anos é que começou a ser regular. Antes disso estava 2 ou 3 meses sem menstruar. Os ciclos começaram mais tarde a ser completamente descontrolados por causa de miomas e pólipos que apareceram. Acabou por fazer uma histerectomia total aos 51 anos, dois anos depois do meu pai falecer.

Se realmente isto é um ciclo menstrual, 22 dias é pouco tempo. Não sinto dores, ao contrário do que aconteceu em 1994, em que mal me aguentava em pé. Segunda-feira terminam as tais 3 semanas que o laboratório de anatomia patológica disse faltarem para ficar pronto o resultado da análise aos restos embrionários. Iniciarei depois o protocolo da FIV, em que vou saber como andam os meus ovários.

Este facto inédito trouxe uma mini-esperança de que se a FIV não resultar poderei talvez no futuro engravidar espontaneamente se continuar a ter ciclos naturais e estes não forem anovulatórios. Mas engravidar não basta, é preciso conseguir mantê-la. Estou confusa com isto. Nunca esperei que fosse viver algo assim, principalmente nesta idade. Este fim de semana eu e o meu marido vamos fazer uma escapadinha, há muito tempo que não acontecia. Vai ser uma micro lua-de-mel, com o país em alerta meteorológico, em que estarei com o período (não programado).

1 comentário:

  1. Os meus ciclos pouco maiores são que 22 dias... mas eu sou a “maio anormal das anormais”...

    Quem sabe não é um bom presságio?! :) já vi muitos milagres acontecerem! Já está mais que na hora do teu acontecer querida PL!

    Bom fim de semana*
    Aproveita para namorar (o melhor possível ;) )

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