sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Tiróide safada

As orientações relativas ao dito órgão em forma de borboleta, estão dadas. De segunda a sexta farei a dosagem de 100 microgramas, ao fim de semana será 150. Daqui a 3/4 semanas repito a análise para ver como ela reage. Espero que não se arme em esquisita, porque não tenho tempo para uma tiróide com manias de diva. Que tenha paciência, mas agora não dá!

Da resistência à insulina a situação está bem. Uns parâmetros vão controlando outros, é menos uma preocupação.

O fardo está mais leve, era do que precisava por enquanto.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Análises endocrinologia

Nos últimos anos tenho feito o controlo da função tiroideia no hospital, sempre que realizo algum tratamento ou através da médica de família, uma vez que tudo se tem mantido regular.

Há uns meses houve um problema na distribuição do Eutirox pelas farmácias, levando a que este esgotasse em muitas das dosagens que existem. Tomo o Eutirox 100 há uma dúzia de anos ou provavelmente mais. Antes disso era o Thyrax. Esse problema da falta de disponibilidade acabou por me afetar. A hipótese mais razoável que havia para conseguir garantir a dosagem de 100 microgramas de tiroxina sódica, da mesma marca, era adquirir uma embalagem de Eutirox 50 e, em vez de tomar 1 comprimido como faço habitualmente, tomaria 2 para a concentração estar correta. Foi essa opção que tomei e enquanto isso generalizaram-se rumores de que o Eutirox iria sair do mercado. Face a essa (des)informação decidi marcar consulta num novo endocrinologista para saber que medicamento passaria a tomar no caso do Eutirox deixar de ser comercializado. O profissional que escolhi tem como áreas de diferenciação assuntos que me pareciam mais valias para mim como amenorreia, hirsutismo, obesidade, diabetes. Quando terminei a embalagem de Eutirox 50 fui à farmácia, mentalizada para a possibilidade de já nem sequer haver esse disponível. Acabou afinal por voltar a ser feita reposição do 100. Ainda pensei em cancelar a consulta agendada pelo facto de o medicamento estar novamente no mercado mas optei por ir na mesma ao médico. Achei que deveria fazê-lo. Realizada a anamnese em que viajei novamente desde 1995 até à altura em que foi diagnosticado o hipotiroidismo, acabei por falar inevitavelmente da infertilidade. Saí do consultório com uma requisição de análises e uma receita de 3 caixas de Eutirox 100, pois dada a regularidade que persiste há mais de uma década, não seria de prever nenhuma alteração de relevo na TSH. Segundo o médico continuam a existir problemas na venda de algumas dosagens de Eutirox. Comprando as 3 embalagens ficaria abastecida para meio ano, precavendo assim rupturas de stock. Em relação às análises, além da função tiroideia o endocrinologista pediu um estudo da resistência à insulina, algo que nunca foi feito nestes 24 anos em que os problemas hormonais entraram na minha rotina.

Fiz a colheita e os resultados ficaram prontos ontem. Para minha surpresa a TSH está aumentada, um valor de 5,629 quando a referência é entre 0,550 e 4,780. A situação é inédita nestes anos todos depois de me ter mantido estável tanto tempo. Era a última coisa que esperava nesta altura do campeonato. Em relação à insulina e hemoglobina glicosada, penso que entendi o que significam as alterações, mas estou à espera do parecer do médico e a contar com a possibilidade de precisar de metformina. Enviei hoje um mail ao endocrinologista com relatórios de exames que tinha feito no passado e aguardo que me responda o mais rápido possível, porque a questão da TSH não devia estar a preocupar-me nesta altura.

Se for feita uma estimulação com TSH em excesso, o líquido folicular vai conter uma concentração muito elevada dessa hormona, prejudicando a maturação dos ovócitos. Tenho de começar imediatamente a fazer o acerto da tiroxina para não comprometer a colheita de ovócitos. Durante anos tomei bombas hormonais que não afetaram em nada a tiróide. Este ano, que não fiz nenhum tratamento, sou apanhada de surpresa com este desequilíbrio. Não consigo explicar...

Logo que o endocrinologista dê alguma resposta vou enviar também um mail ao Dr. JL da CUF Descobertas para saber se tem alguma recomendação para a fase da estimulação e/ou para a altura da preparação de uma eventual TEC.

Em relação ao tornozelo as coisas estão um pouco em stand-by, porque vou fazer uma RMN na próxima semana. Já não uso as canadianas mas isto não está muito bom. O ortopedista suspeita, pelo que viu no raio-X, que poderá haver uma fissura (não é este o termo correto). Vou continuar com a ortótese e mediante o exame, será definido o plano de fisioterapia.

O ano foi bastante pacífico em comparação com os anteriores. Não teve tempos infinitos passados em salas de espera, a correria entre as idas ao hospital e o trabalho, o estabelecimento de rotinas em que tomava uma variedade considerável de fármacos ou administração de injeções, as desilusões. Há muito tempo que o meu quotidiano não consistia em apenas tomar o Eutirox, que é uma necessidade que me vai acompanhar sempre. Os próximos meses vão ser intensos. Para ser diferente, acresce à PGT-A a recuperação desta entorse complicada.

O desenrolar do processo inerente à PGT-A dá para traduzir num fluxograma. Vários cenários podem acontecer e só há uma ramificação possível que chega ao sucesso. Todas as outras condições vão ter ao fracasso.

Estou de certa forma consciente que vai terminar como começou, ou seja, sem nada. É o mais provável. A chegada do fim está a trazer-me várias inseguranças. Não consegui ainda definir o que vou fazer depois disto, que metas traçar para o meu futuro. Sei que quero compensar os anos em que abdiquei de mim para realizar algo significativo por mim. Acho que tenho valor, contudo não tem sido aproveitado como realmente mereço. Foi uma opção que fiz para poder estar disponível todas as horas que dediquei à infertilidade.
Vou entrar na quarta década de vida. Estou a atribuir uma maior responsabilidade a essa transição do que quando entrei nos trinta, não sei porquê.

Como se pode ver, tenho um turbilhão dentro de mim. Preciso de me encontrar.

sábado, 24 de agosto de 2019

Ovodoação e ficção

No intervalo de aproximadamente uma semana passaram pela televisão pelo menos dois filmes relacionados com esta temática. Classificá-los-ei como estranhos, na medida em que se debruçam sobre algo comum: dadoras que se aproximam das famílias que usufruíram dos seus ovócitos, com o intuito de se apropriarem dos filhos dessas famílias. Algo de comum também nesses filmes é que as ditas dadoras não olham a meios para conseguirem o seu objetivo, chegando a cometer assassinatos sem qualquer problema. Acho uma forma infeliz de abordar a temática.
Os filmes a que me refiro são o Inconceivable e The Wrong Mother.

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Datas

O plano de ataque está definido. Vou tomar pílula contínua até dia 18 de setembro e dia 23 de setembro temos de estar no hospital às 8h30, prontos para passar lá a manhã inteira. Esse é o dia do arranque das injeções. Realizada a estimulação - hiper, certamente - segue-se a punção e o desenvolvimento dos embriões até D5 (os novos e os dois que ainda tenho congelados em D3). Nessa altura é feita a biópsia aos mini-nós e a criopreservação dos mesmos. O departamento de Genética entra em ação e fará o rastreio de aneuploidias. Um mês a um mês e meio depois sabe-se o resultado e, correndo tudo de feição, prepara-se a TEC.

Poderá vir a ser o terceiro ano consecutivo em que a chegada da época natalícia é marcada por uma transferência. As últimas duas vezes não me deixaram boas memórias. Se chegar ao ponto de ter algum embrião para transferir, já será uma boa notícia. Pelas minhas contas, se houver TEC, saberei o resultado do beta o mais tardar na véspera de Natal.

Estes próximos 4 meses vão passar a voar. Enquanto isso irei provavelmente fazer fisioterapia mas só vou ter a certeza dos planos para o meu pé na próxima semana. A propósito do pé e tornozelo, atualmente as suas cores abrangem uma paleta vasta. A minha irmã diz que é uma espécie de unicórnio em que só falta o verde. Preocupa-me é que a mínima pressão em pontos específicos ainda causa dor acentuada. Aguarda-me um longo período de recuperação.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Curtindo o verão

Como referi no post anterior estou a mover-me de forma alternativa. A última vez que estive em contacto com o exterior foi no domingo, quando regressei das férias e passei na urgência. Ontem comecei a ter sintomas de constipação e há pouco a febre voltou a apoderar-se de mim. Podia ser pior, eu sei, e é melhor que seja agora do que quando estiver a fazer a estimulação. Não significa que não dispensasse este bónus. Normalmente constipo em setembro, em agosto não me recordo se alguma vez aconteceu. Espero não acrescentar nada ao pacote.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

Experiência acumulada

Estou numa altura da vida em que vou dando conselhos que resultam das experiências que vou acumulando nesta passagem. Normalmente faço-o quando me pedem opinião, pois não quero ser invasiva.

Desta vez vou fazê-lo de forma espontânea, porque ocorreu no fim de semana um episódio que resultou de abordagens pouco apropriadas ao longo dos anos, que me estão a limitar na atualidade e irão condicionar o meu futuro. Não tem nada a ver com infertilidade, mas sim com algo bem corriqueiro como entorses. Neste momento tenho duas amigas novas, com as quais tento deslocar-me enquanto mantenho um pé suspenso. Vou andar assim pelo menos duas semanas às quais se segue um acompanhamento médico que vai tentar remediar os muitos estragos que há dentro do meu pé. Não foi a primeira, nem a segunda entorse. Aliás, perdi a conta à quantidade de vezes que este pé virou com calçado raso, em piso plano. A primeira vez, há vinte anos, em casa de chinelos, resultou num pé instantaneamente azul e gigante. Por várias razões, o único tratamento realizado foi a aplicação de Reumon Gel. A partir daí o pé nunca mais teve a mesma estabilidade. Quando ando em pisos irregulares não se passa nada. O meu marido até comentou que nunca fomos a tantos castelos como neste verão e nada aconteceu. Em piso plano e sapatilhas, deu-se a desgraça. Ouvi estiramento no tornozelo, o pé virou de uma forma absurda e não consegui apoiá-lo no chão durante uns segundos. Um edema do tamanho de uma bola de golfe surgiu nos instantes que se seguiram. Apliquei uma dose muito generosa de gelo e tomei um anti-inflamatório. Estava nas últimas horas das minhas férias e o hospital mais próximo encontrava-se a uma distância considerável. Optei por aguentar a noite e no regresso que acabou por ser antecipado umas horas, fui a um hospital perto de casa, já a pensar que o cenário do tornozelo e do pé não ia ser fabuloso. O médico disse que havia uma boa e uma má notícia. A boa é que não sofri fratura. A má é que aquilo que ele viu no raio-X é um acumular de desleixo que se não for devidamente tratado desta vez vai trazer consequências desagradáveis. Estou na eminência de começar a ter artrose. Coloquei um tornozelo elástico, aplico gelo várias vezes por dia, movo-me com o auxílio de canadianas, pois não posso apoiar o pé no chão e tenho consulta marcada para a especialidade de pé e tornozelo para saber o que aí vem.

Depois deste testamento o conselho que tenho a dar é que se fizerem alguma entorse, tratem imediatamente dela. Mesmo que pareça algo insignificante, vão ao médico. Não sabem como está o interior da estrutura que lesionaram. Antevejo que num futuro não muito longínquo vou começar a mancar e a necessitar de apoio auxiliar, porque o caos apropriou-se do meu pé/tornozelo.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Ronda final

Pensei que ia terminar o ano sem haver desenvolvimentos. Felizmente ligaram-me esta manhã a perguntar se estávamos dispostos a fazer tratamento em setembro. Perguntei se era para TEC ou PGT-A. É mesmo para o rastreio aos embriões, ainda me custa a crer. Já há equipamento, embora não na totalidade mas faz-se com o que há, porque não tarda faço 40 anos e já experimentaram com outras pessoas. Agora é tratar da indução da menstruação com Provera e no primeiro dia do ciclo inicio a pílula. Nessa altura ligo para o hospital para saber durante quanto tempo a vou tomar.
Tinha algumas coisas delineadas de caráter pessoal para iniciar em setembro. Vou ter de adiar e dedicar-me a isto de corpo e alma. Agora sim, é a última vez. Sinto alívio por estar a chegar a esta fase. Vários cenários podem ocorrer depois da estimulação mas a luz que procurei neste túnel interminável está muito próxima e pode chegar antes de completar 40 anos. A luz a que me refiro é a do fim, seja feliz ou não. Quero encerrar esta história e ficar em paz.
A máquina de pipocas vai trabalhar freneticamente, vou sofrer (muito) mas o mais importante não é o que vou penar, são todas as etapas de uma check list que quero que fique completa com sucesso. Há tantas pequenas montanhas a ultrapassar até conseguir fazer uma TEC depois disto, que é melhor não pensar muito (como se fosse possível)...