segunda-feira, 27 de abril de 2020

Ser microscópico

Esta pequena entidade que está a pôr o ser humano em sentido mostra-nos, uma vez mais, que a nossa supremacia é relativa. Ao longo da vida vamos tendo imensos sinais da nossa fraqueza mas pouco tempo para os analisar. Temos de nos convencer que somos apenas um organismo vivo.

Como tive oportunidade de referir várias vezes, a infertilidade está de mãos dadas com o tempo. Este período em que Cronos parece ter estagnado, adia ainda mais o momento de finalmente dar de caras com a luz no fundo do imenso túnel. Tenho vivido estes meses com tranquilidade por estar a fazer a pílula dentro do que estava estipulado, no entanto esta semana termino(aria) a mesma para iniciar a preparação da TEC. Vou telefonar para o HSJ quarta-feira para saber se páro ou mantenho a pílula contínua. Imagino que nenhuma decisão tenha sido tomada ainda e vá continuar a tomá-la por tempo indeterminado.

Durante esta fase de confinamento tive análises canceladas assim como o adiamento de uma consulta de gastroenterologia no Hospital Pedro Hispano. Em relação às análises tive de solicitar à minha médica de família que as reagendasse com caráter de urgência, porque como tenho andado com a função tiroideia descontrolada, precisava confirmar se o acerto mais recente de medicação estava adequado. Suspeitava que não estivesse bem e já havia comentado com ela. Consigo perceber as mudanças que me acontecem e estas começavam a afetar o meu bem estar. Houve um dia em que tive tonturas de manhã até à noite. Sentava-me no sofá e de vez em quando via um candeeiro que tenho no teto, na zona de estar, a oscilar (ele tem uma estrutura estática). Em determinados momentos socorria-me das paredes para andar em linha reta, noutras alturas sentia que ia desmaiar. Decidi nesse dia que não podia esperar pelo reagendamento das análises por iniciativa do ULSM, então contactei o centro de saúde. Quando a médica viu o meu mail, tratou logo de solicitar ao hospital a marcação das análises e no final do dia fui contactada para, na manhã seguinte, fazer a colheita. O resultado mostra que, apesar da TSH estar dentro do intervalo de referência, ultrapassa o valor 4, que é elevado para mim. Agora tomo Eutirox 112, espero que esta dosagem seja a correta e me mantenha nos eixos durante muitos anos.

O Hospital Pedro Hispano está a tentar voltar à normalidade e há duas semanas recebi a remarcação da consulta de gastroenterologia que será a 25 de junho. Acredito que no S. João também não devam demorar a retomar a atividade na PMA, só que certamente vão começar a chamar quem estava previsto realizar tratamentos no final de março e mês de abril. Não sei como os centros de PMA públicos vão resolver a situação de quem estava no limite de idade.

Estou na confortável posição de estar nos 40 anos e ainda poder beneficiar de acompanhamento no público. Por outro lado está a incomodar-me o fator idade e o fim não estar à vista. Vou pensar seriamente se vou transferir um embrião ou os dois juntos, para arrumar o assunto definitivamente. Tenho vários receios e nenhuma certeza. Quero fazer a ressalva que o fator idade a que me refiro não é achar que estou biologicamente acabada para aguentar uma gravidez. Nem mais nova as gravidezes evoluíram, sabe-se lá porquê... É numa vertente de futuro, de perspetiva de acompanhamento do crescimento da minha cria.

Desde o final do verão passado, apesar das várias oscilações que tive no funcionamento da minha tiróide, consegui perder, até ao momento, 10 kg. Quero que este processo continue. Mesmo que seja num ritmo idêntico ao que tem sido até agora, não faz mal. Se conseguisse perder mais 15 a 20 kg, seria fenomenal. O confinamento não tem atrapalhado e é muito bom ver que há calças que estive quase a despachar, por ter perdido a esperança, que me servem novamente. Só o raio do peito é que não encolhe. Por causa disso, quando me olho ao espelho, parece que estou igual.

À semelhança de tantas pessoas, encontro-me a realizar trabalho não presencial. Continuo a efetuar a substituição, contrariando a indicação inicial de que provavelmente só estaria em funções durante um mês. O atestado da colega está constantemente a ser renovado. Lá para o final de junho, meados de julho, deixarei de ser necessária e acabará assim mais uma das minhas inúmeras curtas experiências profissionais.
Tenho permanecido atenta à divulgação das datas de candidaturas a determinadas modalidades, no ensino superior. Ando a "namorar" um curso, mas queria confirmar se no próximo ano letivo vai funcionar, caso contrário terei de ver outra alternativa. Pensei muito no tipo de curso que poderá fazer sentido nesta fase da minha vida. Estou a considerar a idade em que o irei concluir, qual se poderá adaptar melhor à minha dinâmica familiar e, acima de tudo, que possa constituir uma mais valia para integrar no mercado de trabalho em algo mais estável do que o que tem acontecido.

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