sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A propósito das TEC

Na conversa que tive com a enfermeira estivemos a analisar alguns dados relativos às transferências realizadas.

No que diz respeito à primeira transferência, a palheta usada continha dois mini-nós de classe 8A que após a descongelação continuaram a crescer.

Desta vez os dois embriões eram 8B, depois de descongelarem um deles passou a 8A e o outro continuou a desenvolver células. Não foi registado em qual deles foi realizada a eclosão assistida.

Esta manhã fui a um laboratório realizar outro beta, só saberei o resultado amanhã de manhã. Lá paga-se 24,75€, não sendo já possível fazer através de seguro de saúde se não houver uma requisição médica. A enfermeira disse que o valor que obtive no HSJ era muito bom. Quando ficou grávida deu pouco mais de 20 e correu tudo bem. No caso dela foi com uma semana de gravidez, quando fiz o beta estaria de 2 semanas e 1 dia e foi 37,55.

Acredito que continua a haver magia aqui no útero. Estou confiante que o cenário negro que a enfermeira do hospital pintou não vai acontecer.

Aquele "problemazinho" que me levou a recorrer ontem à urgência está em fase de resolução, felizmente! A azia já faz parte da história.

Estou otimista mas há algo estranho em mim pois a ficha da gravidez está a cair a passo de caracol. É daquelas coisas que julgava inatingível aqui em casa.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Rescaldo da TEC 2

Ainda estou em processamento da informação de ontem, pois não tem havido grande oportunidade de pensar no que aconteceu.

Digamos que a violenta diarreia tem sido o fenómeno dominante. Depois da atualização que fiz ontem aqui no blog, ainda fui algumas vezes cumprimentar a sanita, durante a noite houve períodos em que corria para ela a cada meia hora, a manhã continuava igual. Horas de m****, literalmente.

Dada a frequência de dejeções (cerca de 30) tentei várias vezes entrar em contacto com o serviço de Medicina da Reprodução do HSJ para saber se me deveria dirigir a urgência de obstetrícia ou geral. Como não consegui ligar, recorri à linha Saúde 24. O operador desaconselhou a ida ao hospital por causa dos riscos fáceis de infeção. Como no concelho de Matosinhos não havia nenhuma estrutura extra-hospitalar que me podia dar suporte, acabei por ser encaminhada para o Pedro Hispano, na urgência geral, porque os sintomas não justificavam a ida à obstetrícia. Chegada lá, tive prioridade na triagem. Os utentes que dão entrada num serviço de urgência público, provenientes de centros de saúde ou Linha Saúde 24, acedem logo à triagem. A pulseira atribuída obedece aos critérios da triagem de Manchester, que no meu caso foi a amarela (até 60 minutos de espera, teoricamente).

A enfermeira que fez a triagem encaminhou-me para obstetrícia e lá fui para o 3º piso. A sala de espera estava vazia. Durante muito tempo só estava eu, o meu marido e o(s) nosso(s) filhote(s). Chegou entretanto outro casal e o tempo passava... 1h30 depois o meu marido perguntou à assistente se o tempo máximo de espera não era supostamente de 1h. Ela não tinha a certeza ou fez de conta que desconhecia. Por coincidência fui logo chamada mal ela se sentou ao computador. Certamente deve ter usado um chat interno que eles têm para comunicar entre si.

A médica era simpática, atenciosa e comunicativa. Não percebeu o porquê de ter sido enviada para lá. Deve fazer parte do protocolo realizar ecografia, apesar de ambas sabermos que não se iria ver nada. Pelo menos sei que o endométrio está gordinho. Disse-lhe que pretendo realizar amanhã outro beta. Ela não é apologista que o faça pois, como o laboratório é diferente, o resultado pode não servir de comparação com o de ontem. Alegou também que em nada resolve a fragilidade da gravidez, servindo só para aumentar a ansiedade e esta é inimiga da gravidez. Já disse que detesto a palavra ansiedade? Vou fazer o beta sim, se calhar até faço outro na segunda. Assim já há como comparar.

Quanto à diarreia, receitou-me umas saquetas. Aconselhou tomar no máximo duas para evitar ficar com o problema oposto. A dinâmica intestinal está um pouco mais controlada, a azia que sentia ontem não é tão intensa, quase não me consigo sentar.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Dia Nim - TEC 2

"Bom, o resultado é positivo. Baixinho, mas positivo". Toda a equipa médica me desejou parabéns, brincou até a dizer que podia trabalhar para a equipa de futebol, uma vez que ainda há 8 mini-nós congelados. Foram prescritas receitas da medicação que vou manter até às 12 semanas, o ambiente era de boa disposição geral.

Os meus olhos estavam com dificuldade em manter-se secos. Permanecia a processar a informação que tinha caído ali, frente a mim e ao meu marido.

"Agora volta no dia 14 de outubro para fazer ecografia. Pode regressar para a sala de espera e vai falar com a enfermeira".

Ouvi ao longo do corredor mais felicitações das enfermeiras e da técnica administrativa que sabiam da boa nova e não me tinham dito nada, safadinhas (no bom sentido)!

Referi há alguns dias que o título do post de hoje seria Dia P ou Dia N.

A conversa com a enfermeira transformou-se num doloroso Nim. Depois de dadas recomendações para estes tempos que se seguirão, comentei com ela que Drª SS (chefe do serviço) disse que o valor era baixinho. Como ela tinha o processo na mão foi espreitar quanto foi o beta (37,55). Ouvi da forma mais direta possível "Esqueça, não vai para a frente." Durante uma fração de segundos algo em mim dizia que a enfermeira estava a brincar comigo. Apercebi-me logo em seguida que não. Continuou dizendo que com base naquilo que tem observado não vai haver evolução e devo começar a mentalizar-me para a realização da próxima TEC. Poderei ter algumas hemorragias até dia 14 e se sentir dores fortes vou logo à urgência de obstetrícia.

Estou apreensiva, para todos os efeitos estou grávida, não sei por quanto tempo mais. Como no HSJ não é feita repetição do beta, sexta-feira vou a um laboratório de análises clínicas ver se há evolução. O meu marido não concordava que o fizesse, mas acabou por dizer que se me fizesse sentir melhor, então deveria avançar.

Agora a parte física...

Quando me fui deitar na noite passada verifiquei que o peito estava a acusar uma ligeira tensão. A constipação já faz praticamente parte da história até apanhar outra. Depois da colheita de sangue comecei a sentir uma dor no esófago que associei à minha gastrite de estimação a anunciar-me que já ando a abusar de medicamentos. A dor no esófago passou a uma azia que perdura até agora, como nunca tive na vida. Se há grávidas que passam por episódios de prisão de ventre, eu estou no oposto. Sou obstipada por natureza mas hoje estou numa situação extrema. Digamos que sou unha e cutícula com aqueles preparados usados antes da realização de colonoscopias. Para quem tem uma ideia do que eles fazem, digo-vos que desta vez não tomei nada disso mas se fizesse hoje, mais uma vez, esse exame, estaria tudo perfeitamente visível. Nunca me aconteceu tal coisa de forma natural. As idas constantes à casa de banho para o xixizinho de grávida estão a ser substituídas pelo libertar de toda a água que tenho e não tenho por outra via... Um filme de terror que já aconteceu 15 vezes hoje!

Volta e meia as pontadas na barriga vão dando sinal.

Mais coisas há a dizer mas será no próximo post.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Dia 12 - TEC 2

É a última vez que escrevo antes de ter conhecimento daquele número que dita o sucesso ou fracasso desta TEC.

Espero poder descobrir que esta é A TEC, aquela que resulta na viragem mais significativa que alguma vez poderia imaginar. Desejo que não seja a conclusão de que afinal são já 4, os filhos que não verei crescer.

Não fiz nenhum teste de gravidez por consideração ao meu marido que tem uma postura muito discreta neste assunto. Raramente fala acerca dele e a única coisa convicta que disse na TEC anterior foi que só saberemos o resultado através da realização única e exclusiva da análise sanguínea. Pensando bem, apesar de gostar de antecipar todos os cenários possíveis e imaginários nos factos que me rodeiam, não me importo de ser surpreendida com a notícia de uma gravidez através de interposta pessoa. Se for para me dizerem outra vez que ainda não foi desta, que remédio tenho eu se não engolir em seco.

Seria indelicado da minha parte não aproveitar este momento para enaltecer, mais uma vez, quem tem vindo a transmitir a sua força através deste espaço. As fantásticas guerreiras a quem me refiro são as seguintes:

Our baby journey
Mateus Maria
Diana Lopes
Mia Bella
Sandra Mateus
Dream
Mylittlefairytale
Gracinha
Ana
PM

Eu, Patrícia, agradeço-vos do fundo do coração.

Encontramo-nos em estados diferentes do combate à maldita, felizmente já há pequeninas vidas a caminho como prova que a coisa ruim não é invencível. Sei que o(s) meu(s) e os vossos chegarão, porque somos mais fortes que a Infertilidade.

Dia 11 - TEC 2

Quero ter uma borracha mágica que apague o dia do calendário que está ali a empatar até ao beta. A minha mente precisa saber o resultado para definir o que farei nos próximos tempos. Obviamente que desejo mais que tudo ter uma boa notícia. A ausência de uma resposta deixa a vida em suspenso e a cabeça começa a pensar que é indiferente se é sim ou sopas.

Continuo a melhorar da constipação, não há novidades relativamente a "sintomas". Aquela expressão que a médica me disse da outra vez "ainda não foi desta" ecoa nos meus pensamentos para me fazer descer à Terra.

Estas últimas horas que restam até à colheita de sangue parecem uma sucessão de ideias incoerentes pela completa dúvida que me assola. Às vezes dou por mim a olhar para o envelhecimento físico que tem percorrido o meu corpo desde que iniciei esta luta. É um pouco visível no rosto, no cabelo destaca-se bem mais. Vejo que uma parte significativa da minha vida nestes anos ficou inerte, quando o que ambicionava em 2011 era estar a pesquisar neste momento as várias opções educativas para quando a nossa cria ingressasse no 1º ciclo. Não foi isso que aconteceu, neste momento pergunto-me se alguma vez estarei nessa posição.

É duro passar por isto.

domingo, 25 de setembro de 2016

Dia 10 - TEC 2

A constipação deu algumas tréguas, espero que a evolução seja favorável nos próximos dias.

As fisgadinhas deram um ar da sua graça e o fim de semana terminou!!!!!! Quarta está à porta, não tarda acaba este compasso. Há uma vozinha que me diz "sim, PL, o dia que te disseram ser difícil de alcançar, há mais de 20 anos, é 28 de setembro de 2016". Tenho medo de me estar a iludir, mas sonhar ainda não paga imposto, certo? Posso permitir-me a esse luxo.

sábado, 24 de setembro de 2016

Dia 9 - TEC 2

A constipação não está a melhorar, muito pelo contrário. Sinto-me mole, tenho a minha tosse típica que parece uma morsa a vocalizar, volta e meia dói-me a cabeça e o nariz está ativo. O pacote está quase completo!

As fisgadas no fundo da barriga têm ocorrido com maior frequência. São idênticas às que sentia após o negativo da TEC anterior. Desta vez não tenho tensão mamária. Se não fosse esta chatice da constipação estava tudo tranquilo.

Quero melhorar, quero que o fim de semana passe depressa, quero saber o resultado da TEC para organizar a minha vida. Organizar, como quem diz... Quando se anda nesta vida os planos passíveis de concretização têm um prazo muito curto. Por muito que se queira evitar, o dia-a-dia gira em torno de quem nos dá ordens para executar no imediato, neste caso os médicos.

Já faltou mais!

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Dia 8 - TEC 2

A constipação instalou-se. A partir das 4h da madrugada passada estava inquieta, não conseguia dormir, sentia um mau estar geral. A tosse está a chegar e isso é o que me preocupa mais. Costumo andar assim durante semanas consecutivas. No me gusta...

Constipação à parte pareceu-me sentir, algumas vezes, umas pontadinhas localizadas lá para os lados do ovário direito. Não vou valorizar muito isto, não deve ser nada de especial.

A TEC foi há uma semana, já faltou mais para fazer o beta. O meu estado geral tem sido de uma estranha calma. Passa-me muitas vezes pela cabeça que daqui a uns meses estarei outra vez nesta situação. Apesar de não desistir tenho pensado sempre ao longo dos anos "não vai acontecer, nunca vou conseguir engravidar".

Fico revoltada quando leio aquelas notícias de negligência, crueldade, desrespeito pelos próprios filhos. São cometidas atrocidades com uma ligeireza e desapego que me deixam totalmente perplexa. Há situações recorrentes, dentro de uma mesma família, com filhos que nascem em catadupa. Parece que engravidar é-lhes tão fácil e natural como respirar. A infertilidade raramente bate àquelas portas. Posso considerar que sou invejosa?

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Dia 7 - TEC 2

Final de setembro, com ele chegam as constipações da praxe. Primeiro o meu marido. Eu, como solidária que sou, já estou com a sensação de arranhões na garganta e o nariz a começar a ficar mais hidratado que o costume. Os miúdos lá no trabalho perguntaram se estava com lágrimas. Devo ter aquele olhar vidrado de quem vai ficar de molho, como se diz aqui pelo norte.

Bem vindo Outono, tinha saudades tuas.

Sobre a TEC está tudo bem, obrigada! Nada de nada a acrescentar a este respeito. Se eu não tivesse estado na sala, acordada, a sentir e visualizar a transferência, não acreditaria que 2 mini-nós estivessem por cá.

Perdoem não escrever mais por hoje mas este início de constipação está a reduzir um pouco a animosidade. Não relativamente à TEC, é mais no que diz respeito ao bem estar físico.

Prometo esforçar-me mais amanhã.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Dia 6 -TEC 2

Não me quero tornar repetitiva mas é inevitável. Nada mudou!

Adeus e até amanhã!


Pensavam que não ia ter os meus delírios diários? Desenganem-se!

Há coisa de minutos percorreu pela minha espinha uma dose de bom astral, não sei porquê. Algo que me diz que se não resultar desta vez irá emergir uma força que me tornará invencível na TEC que se poderá seguir.

Descendo agora à Terra, é melhor que o positivo se manifeste na próxima semana e leve a gravidez a bom porto.

Estou, contudo, incrivelmente descontraída nesta espera, se calhar porque não sinto nada. Acho que é mais fácil deixar-nos enganar por sintomas do que pela sua inexistência.

Não posso deixar em branco o aparecimento de novas e belas vozes que estão a sair do casulo que esta maldita doença mantém enclausuradas.

No HSJ não temos acompanhamento psicológico nem sei como funciona nas unidades que o disponibilizam. Garanto que esta partilha tem um excelente efeito terapêutico, especialmente porque já não me sinto uma criatura alienígena. Tem um impacto fenomenal e a escrita proporciona um caráter libertador que substitui as muitas lágrimas que já chorei por causa deste temível Adamastor. Se ainda sentem reservas em partilhar oralmente o que vos vai na alma com família ou amigos, então escrevam! Façam-no apenas para vocês, enviem uma carta ou e-mail a quem vos é próximo, criem um blog, publiquem um livro mas libertem-se! É preciso explodir aos poucos ao invés de acumular dor incessantemente. Sejam tagarelas, vamos acabar com o grito mudo que nos consome!

Aproveitem a dica, pois sou por natureza mais ouvinte do que conselheira.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Dia 5 - TEC 2

Comecei a progesterona há uma semana, a cada 8 horas, e não se passa nada... Os mini-nós habitam cá dentro desde sexta e é como se nada fosse...

Oxalá esteja a acontecer uma revolução celular. Quem sabe não recebo a melhor surpresa de sempre no dia 28? Como estará a minha vida daqui a um ano? Será que alguma vez estarei numa reunião de encarregados de educação do lado que ainda não conheço? Irei receber daqueles pequeninos abraços apertados que fazem esquecer as amarguras da vida?

Sinto um orgulho enorme nos meus pequeninos, mesmo os primeiros dois que sucumbiram à crueldade que é a vida.

Há muitos anos apaixonei-me por uma música dos Creed, With Arms Wide Open. Esta frase We stand in awe, we've created life encaixa na perfeição com a maior vitória de todos os tratamentos que fiz, que foi a obtenção de embriões. Gostava tanto que a minha jornada não ficasse apenas por esse excerto!

Amanhã I'll be back!

Dia 4 - TEC 2

Sobre uma atualização do meu (não) estado, nada tenho a dizer. O dia de hoje, à semelhança do de ontem, foi em tudo igual ao de sábado, no que diz respeito ao meu bem-estar físico e psíquico.

Quero, no entanto, aproveitar o post para abordar um assunto em que estive a refletir durante o dia. Admito, de vez em quando há umas sinapses a acontecer nos neurónios que me restam...

Antes de criar este blog tinha elaborado umas grelhas anuais, em papel, nas quais registava todas as medicações introduzidas, datas de consultas, exames realizados e menstruações, para o caso de algum médico me questionar acerca do que já tinha sido feito para combater o bicho-papão. Era um instrumento frio, que me desanimava, pois já tinha algumas folhas A4 acumuladas de informação que parecia avulsa.

Pensei posteriormente fazer uma espécie de diário como as adolescentes da minha altura. Se eu tivesse escrito algum naquela época o seu conteúdo seria muito enfadonho. Passo a transcrever excertos do que lá iria constar:

"Meu querido diário, hoje perguntaram-me se já sou mulher, estou quase a fazer 15 anos e ainda não sei o que é menstruar";

Um ano depois... "Meu querido diário, fui fazer análises para tentar descobrir por que é que só menstruei uma vez";

"(...) estive 4 horas numa sala em Paços de Ferreira, à espera para fazer uma ecografia pélvica, porque é o sítio mais perto de casa onde se faz este exame. Vou mais uma vez procurar desvendar a razão da amenorreia";

"(...) a ginecologista disse-me que posso ter um tumor na hipófise ou hipotiroidismo. Querido diário, só tenho 16 anos, não é muito cedo para ouvir estas coisas?";

"(...) vim com o meu pai ao Porto fazer análises ao laboratório Dr. Carlos Torres, ainda não se sabe ao certo o que tenho";

"A minha adolescência está a chegar ao fim, não a vivi, certamente nem me vai deixar saudades. Ainda por cima fiquei a saber com 15 anos que na idade adulta vou ter problemas se algum dia quiser ter filhos".

Depois de ponderar optei pela via da publicação on-line, como memória futura minha, da descendência que há-de vir e de quem ocupa parte do seu precioso tempo a ler o que para aqui vou escrevendo. Dá também bastante jeito como cábula, quando preciso de informação que já não me recordo com rigor.

É normal espreitar às vezes o alcance que estas palavrinhas têm na rede, através da ferramenta de estatística disponibilizada pelo Blogger. O número de visualizações é muito mais simpático do que poderia alguma vez imaginar, para um humilde espaço que ainda não completou um ano. Confesso que fiquei abismada com a expansão geográfica. Não escrevo com o intuito de atingir números, soa-me a objetivos organizacionais. Está muito acima disso. Quem compreender a pequena frase que está abaixo do título "Um grito mudo de alguém que vive no submundo da INFERTILIDADE", está sintonizado na mesma frequência que eu.

Tenho orgulho em receber feedback de grandes guerreiras desta injustiça da vida. Sei, contudo, que há pessoas "em silêncio", dentro e fora de Portugal, que acompanham a minha história. Acredito que em algum aspeto, por mais pequenino que seja, sentem o mesmo que eu. São normais os picos de alegria seguidos de descrença, as fases de incertezas, dúvidas, medos e confiança extrema. Uma luta é mesmo isso, é trabalhosa e leva à exaustão.
É também possível que nem todos os leitores deste blog estejam a passar pela infertilidade ou a tenham vivido mas a queiram entender, motivados por algo.

Independentemente da forma como aqui vieram parar merecem o meu profundo respeito. Espero levar-vos algum conforto.

domingo, 18 de setembro de 2016

Dia 3 - TEC 2

Não há nada relevante a reter do dia de hoje.

É contudo importante frisar estes aspetos, porque quem passa por isto pela primeira vez, pode ter a ideia pré-concebida que cada minuto é marcado por um hipotético sintoma que indicia muita coisa ou simplesmente nada.

Sim, o nada também pode ser algo positivo. O bicho-mulher é uma criatura misteriosa, não muito compreendido. Por muitos manuais de instruções que se tentem escrever, nenhum vai abordar plenamente todas as manhas deste ser tão estranho.

Ausência de sinais pode ser um bom ou mau presságio, assim como o seu surgimento pode significar exatamente o mesmo. É assim, não há muito a fazer.

Quando não se é novato nestes processos é inevitável comparar o decorrer das diferentes etapas com o que sucedeu no passado, mesmo sabendo que cada ciclo é distinto. Poderei começar a sentir, a partir de amanhã ou terça, tensão mamária resultante da acumulação de progesterona. Se não acontecer não será motivo de preocupação.

sábado, 17 de setembro de 2016

Dia 2 - TEC 2

Ao contrário do que sucedeu na experiência anterior ainda não tive enxaquecas, o que me deixa deveras contente.

É aquela fase em que os efeitos da medicação não têm para já grande impacto e reina aquela incógnita se os embriões continuam a gozar de boa saúde ou o tempo deles já chegou ao fim. Pode parecer frio abordar a questão desta maneira mas dizê-lo de uma forma mais suave não altera a realidade.

Muita vida a brotar por cá é o que mais desejo!

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Vinde a mim

Escrevo este post acompanhada de 2 dos mini-nós da dezena resistente. Estou bem e espero que eles melhor ainda.

Não sei quem foram os escolhidos, a única coisa que a bióloga transmitiu é que são bons e num deles, após o descongelamento, destacou-se uma pequena parte à qual foi possível realizar assisted hatching, o que aumenta a possibilidade de implantação. Fiquei agradavelmente surpreendida, porque pensava que não fosse usada essa técnica no HSJ.

Mais uma vez a TEC propriamente dita não foi indolor, contudo a minha bexiga era uma bomba-relógio prestes a explodir na cara da médica, o que não seria nada bonito de se ver. O primeiro espéculo não permitia uma boa visibilidade, foi substituído por outro com maior diâmetro, doloroso a colocar na posição correta. A ecografia pélvica a acompanhar a viagem das vidinhas mais preciosas do mundo aguçou ainda mais a vontade de ir à casa de banho.

Vi-os, também eles um ponto brilhante, depositados no t0 com a maior qualidade que consigo proporcionar.

Senti mais humanismo desta vez. Não foi a mesma médica da transferência anterior. Houve o cuidado de pedir desculpa pela dor causada na colocação do espéculo. Os mini-nós foram apresentados na imagem do ecrã, toda a equipa me desejou boa sorte. Houve um alento que podia ter sabido melhor se não estivesse a fazer a contagem decrescente dos 15 minutos que faltavam para me vestir e finalmente ter o tão aguardado momento de alívio no WC.

Sinto-me em paz, sem preocupação e neutra. Dia 28, às 8h30, é o dia P ou N. O título do post dessa data já dirá o veredito.

Dormi uma bela soneca à tarde, a minha menina já ronronou para os seus irmãozinhos humanos e estou deitada enquanto digito estas palavras.

Restam 8 mini-nós criopreservados, a diminuição do número preocupa-me. Vamos ver o que reserva o futuro desta TEC.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Síntese do meu percurso

Quando nos deparamos com a necessidade de recorrer a técnicas de PMA é frequente tentar perceber se existem casos idênticos aos nossos para procurar uma réstia de esperança no sucesso dos tratamentos. Embora ainda esteja no dark side, pretendo com este post sensibilizar casais que estejam perante o cenário horrendo da infertilidade para que lutem, porque a perseverança tem maior taxa de sucesso que o fator sorte.

Iniciarei com um resumo do meu historial clínico e das diferentes estratégias adotadas até à data.

Sofro de SOP caracterizado, entre outras coisas, por anovulação crónica e amenorreia (que na minha perspetiva classifico como primária), hipotiroidismo, além de diversas maleitas que aparentemente não têm relevância para a infertilidade.

Fiz 6 tentativas de ciclos de coito programado com doses crescentes de Dufine (1, 2 e 3 comprimidos) sem qualquer tipo de resposta ovárica.

Outra abordagem experimentada foram duas IIU também elas canceladas. No primeiro caso por ausência de resposta ovulatória, no segundo por excesso de folículos correndo o risco de gestação múltipla.

Realizei processo de FIV que culminou com a manifestação de síndrome de hiperestimulação ovárica. Foram retirados 25 ovócitos dos mais de 30 que estavam a desenvolver. O resultado final foi de 12 embriões e devido à hiperestimulação não pude fazer transferência a fresco tendo de aguardar pela recuperação da minha condição normal.

Fiz uma primeira TEC de dois embriões 8A que não deu em nada e amanhã farei a segunda TEC.

Agora destacarei o resumo de uma das possíveis preparações de uma TEC. Vou realçar diferenças que houve nos dois procedimentos realizados.

Uma vez que não menstruo tive de recorrer à indução do ciclo. Da primeira vez com Yasmin e desta feita com Provera, dado que não me sinto bem com aquela pílula. No 21º dia do ciclo foi realizada ecografia e administrada injeção de Decapeptyl 3,75. Logo nessa altura comecei a tomar Acfol em jejum. Em situações normais a menstruação deve aparecer até duas semanas após a injeção e o previsto é iniciar dois comprimidos de Estrofem no 2º dia do ciclo. Como sou uma ovelha negra não menstruo com Decapeptyl, como consequência comecei o Estrofem da primeira vez 19 dias após a injeção, enquanto que agora foi 17 dias depois, durante 7 dias, naquela dosagem. Após mais uma ecografia seguiram-se na primeira preparação mais 8 dias de 3 comprimidos diários de Estrofem, ao passo que desta vez foram 3 dias, porque o endométrio respondeu mais rápido. O Progeffik foi iniciado 3 dias antes da TEC em ambos os casos, no entanto em maio passado a aplicação era de 12 em 12h, enquanto agora é de 8 em 8h. A análise à hormona beta-HCG foi realizada 14 dias após a TEC, desta vez será 12 dias depois.

Espero que enquanto tiver condições para enfrentar este monstro consiga acertar na fórmula mágica. Quem sabe o bónus não se encontra nalgum dos 10 mini-nós que ainda nos restam?

Daqui a umas 13 horas poderá ser o primeiro dia do resto das nossas vidas.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Ei-la à porta!

Quando pensava que ia fazer apenas mais uma ecografia e me iam dizer para passar a 3 comprimidos diários de Estrofem, voltar passados uns dias, etc, etc... O endométrio surpreendeu-me com uns belos 8,3 mm, trilaminar como manda a lei!

"Já podemos fazer a marcação" - ouvi eu. O meu cérebro disse para os seus botões: "What?! Será que percebi bem?" Estava convencida que só na próxima semana iria fazer a TEC.

A transferência anterior foi no dia 17 de maio, esta será a 16 de setembro, às 12h30 e o beta no dia 28.

O protocolo a partir de hoje passou a ser manter o Acfol, aumentar a dosagem de Estrofem (1 comprimido de manhã mais 2 à noite) e iniciar Progeffik de 8 em 8 horas.

Não me posso esquecer de abastecer a bexiga no final da manhã de sexta. Pretendo repousar apenas até domingo e segunda volto à labuta.

O que virá aí? Mistéeeerio como dizia a D. Milú, uma personagem de uma conhecida novela da Globo do final dos anos 80. Continuo cética. Só sei que ao ritmo de TECs que no HSJ são feitas a cada 4 meses, esta é a penúltima oportunidade de ainda poder vir a ser mãe com 37 anos. Não é uma meta esta questão da idade, até porque já ficou para trás o limite que para mim seria desejável. Estou somente a colocar-me na perspetiva de observadora externa, a ver a película da minha vida passando (exatamente assim, em gerúndio). Já que estou numa de novelas, digamos que pareço daquelas soap operas que são idealizadas para ter um determinado número de episódios, mas a dada altura decidem prolongar o enredo recorrendo àquela expressão bem portuguesa de "encher chouriços", levando à exaustão e total aborrecimento os telespectadores que em tempos sentiam algum entusiasmo com a estória. Estou enfadada de mim mesma. Farta de pseudo-reviravoltas que redundam em desilusão. Serei demasiado ambiciosa ao desejar que por uma vez isto resulte? Não sou merecedora?

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Diz que é uma espécie de título

Na falta de ideias para um título que sintetize o que aqui vou escrever, fica este que é polivalente.

Dia 5 de setembro, como combinado com a médica que me atendeu a 22 de agosto, entrei em contacto com o hospital para dizer que não menstruei após a injeção de Decapeptyl. A técnica administrativa transmitiu a informação à médica de serviço e duas horas depois ligou-me de volta para marcar ecografia para esta manhã.

Lá fui hoje mostrar o meu endométrio e a única coisa a comentar acerca dele é que está linear. Logo no início da ecografia a médica quis confirmar que já estava a tomar Estrofem. Ela pensava que já o estava a fazer. Respondi que o que fora estipulado dia 22 foi eu telefonar até dia 5, pois iniciaria Estrofem supostamente no segundo dia do ciclo. Uma vez que não aconteceu nada, cumpri o acordado.

Desde o dia do Decapeptyl até hoje, o meu processo passou por 3 médicas e parece que há alguma informação que se perde, não é sequer registada ou a análise do processo é feita numa diagonal muito sinuosa. Sempre que saímos da sala de ecografia trazemos connosco o processo para entregar na receção. Não tem lá nada descritivo, limita-se a registos de medidas, contagens e datas. É muito padronizado e não vejo campos que permitam acrescentar elementos diferenciadores dos pacientes. Depois daquela afirmação por parte da médica fiquei a entender que por esta altura já deveria estar numa fase de espessamento do endométrio com Estrofem, mesmo não tendo o vermelho malvado acenado para mim. Logo que cheguei a casa tomei o primeiro comprimido. Vou manter a dose regulamentar de 2 comprimidos diários durante 7 dias, voltando a repetir ecografia na próxima terça-feira, 13 de setembro.

Comentei acerca do mau estar que tenho sentido nestas semanas e deve-se de facto ao Decapeptyl. Todos os efeitos secundários que a médica começou a enumerar são-me deveras familiares, uns acompanham-me agora, outros manifestaram-se na preparação da TEC anterior.

Continuo sem ânimo, não há encanto, medo, nervoso miudinho daquele bom, parece que estou a participar num sorteio. Cumpro, é isso.

Lamento a franqueza mas a inércia tomou conta de mim.