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terça-feira, 7 de julho de 2020

Princípio do fim

"O endométrio está que é uma categoria!" como sempre... Hoje não foi apelidado de bonito. Tem 9,2 mm de formosura e muito amor para dar aos mini-nós 14 e 15. Segunda-feira, 13 de julho, será o primeiro dia do resto da minha vida em que irei, espero eu, aconchegar as últimas junções mágicas das nossas células. Desejo imensamente que o meu corpito inóspito, mascarado de lobo em pele de cordeiro, receba e acolha até abril do próximo ano estes milagres da bioquímica. Não sinto mais pressão por se tratar da derradeira tentativa. Há um misto de alívio e de curiosidade sobre o meu futuro próximo. Como mencionei há uns meses, tenho em stand by a ideia de regressar à universidade. Tudo depende do resultado da TEC. Preciso urgentemente de tentar resolver o problema do ridículo em que a minha vida profissional se tornou. Se o resultado for positivo, irei viver cada hora com receio de que o fim pode estar próximo.

Ficarei muito grata se os dois pequenos continuarem rijos após a desvitrificação. Se tudo correr bem, será a sexta vez que vou transferir dois embriões. A última altura em que isso aconteceu tinha 37 anos, transferi-os um dia depois de me casar. Foi a gravidez mais "evoluída" que tive, a da minha menina. Foi também o aborto mais complicado e duradouro. A hemorragia estendeu-se por mais de um mês e o assunto só ficou resolvido com uma aspiração. Tivemos sempre consciência que ao transferir dois embriões, a possibilidade de ambos implantarem não era ficcional. Aparentemente nunca sucedeu comigo mas não sei o que me aguardará daqui a uns dias.

Parece que consegui domar a tiróide, pelo menos por enquanto. A TSH está a 1,258, o que é ótimo. Nesta altura, é fundamental que o valor seja abaixo de 2,5 e que, obviamente, não esteja em situação de hipertiroidismo. Estou super, ultra, mega aliviada por chegar a esta fase com a função tiroideia controlada. Foram necessários 9 meses e três alterações de dosagem de Eutirox para chegar a este patamar.

Esta noite inicio Cartia, amanhã à tarde começa a saga do fantabulástico Progefikk e os seus efeitos secundários.

Não vou ter nenhum frente a frente com uma zaragatoa, bastou responder a um questionário e medir a temperatura.

Se necessitar do inalador para a asma posso usá-lo.

Espero que a semana passe rapidinho, estou com muita vontade de que chegue segunda-feira. O beta vai ser no dia 27 de julho.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Análises endocrinologia

Nos últimos anos tenho feito o controlo da função tiroideia no hospital, sempre que realizo algum tratamento ou através da médica de família, uma vez que tudo se tem mantido regular.

Há uns meses houve um problema na distribuição do Eutirox pelas farmácias, levando a que este esgotasse em muitas das dosagens que existem. Tomo o Eutirox 100 há uma dúzia de anos ou provavelmente mais. Antes disso era o Thyrax. Esse problema da falta de disponibilidade acabou por me afetar. A hipótese mais razoável que havia para conseguir garantir a dosagem de 100 microgramas de tiroxina sódica, da mesma marca, era adquirir uma embalagem de Eutirox 50 e, em vez de tomar 1 comprimido como faço habitualmente, tomaria 2 para a concentração estar correta. Foi essa opção que tomei e enquanto isso generalizaram-se rumores de que o Eutirox iria sair do mercado. Face a essa (des)informação decidi marcar consulta num novo endocrinologista para saber que medicamento passaria a tomar no caso do Eutirox deixar de ser comercializado. O profissional que escolhi tem como áreas de diferenciação assuntos que me pareciam mais valias para mim como amenorreia, hirsutismo, obesidade, diabetes. Quando terminei a embalagem de Eutirox 50 fui à farmácia, mentalizada para a possibilidade de já nem sequer haver esse disponível. Acabou afinal por voltar a ser feita reposição do 100. Ainda pensei em cancelar a consulta agendada pelo facto de o medicamento estar novamente no mercado mas optei por ir na mesma ao médico. Achei que deveria fazê-lo. Realizada a anamnese em que viajei novamente desde 1995 até à altura em que foi diagnosticado o hipotiroidismo, acabei por falar inevitavelmente da infertilidade. Saí do consultório com uma requisição de análises e uma receita de 3 caixas de Eutirox 100, pois dada a regularidade que persiste há mais de uma década, não seria de prever nenhuma alteração de relevo na TSH. Segundo o médico continuam a existir problemas na venda de algumas dosagens de Eutirox. Comprando as 3 embalagens ficaria abastecida para meio ano, precavendo assim rupturas de stock. Em relação às análises, além da função tiroideia o endocrinologista pediu um estudo da resistência à insulina, algo que nunca foi feito nestes 24 anos em que os problemas hormonais entraram na minha rotina.

Fiz a colheita e os resultados ficaram prontos ontem. Para minha surpresa a TSH está aumentada, um valor de 5,629 quando a referência é entre 0,550 e 4,780. A situação é inédita nestes anos todos depois de me ter mantido estável tanto tempo. Era a última coisa que esperava nesta altura do campeonato. Em relação à insulina e hemoglobina glicosada, penso que entendi o que significam as alterações, mas estou à espera do parecer do médico e a contar com a possibilidade de precisar de metformina. Enviei hoje um mail ao endocrinologista com relatórios de exames que tinha feito no passado e aguardo que me responda o mais rápido possível, porque a questão da TSH não devia estar a preocupar-me nesta altura.

Se for feita uma estimulação com TSH em excesso, o líquido folicular vai conter uma concentração muito elevada dessa hormona, prejudicando a maturação dos ovócitos. Tenho de começar imediatamente a fazer o acerto da tiroxina para não comprometer a colheita de ovócitos. Durante anos tomei bombas hormonais que não afetaram em nada a tiróide. Este ano, que não fiz nenhum tratamento, sou apanhada de surpresa com este desequilíbrio. Não consigo explicar...

Logo que o endocrinologista dê alguma resposta vou enviar também um mail ao Dr. JL da CUF Descobertas para saber se tem alguma recomendação para a fase da estimulação e/ou para a altura da preparação de uma eventual TEC.

Em relação ao tornozelo as coisas estão um pouco em stand-by, porque vou fazer uma RMN na próxima semana. Já não uso as canadianas mas isto não está muito bom. O ortopedista suspeita, pelo que viu no raio-X, que poderá haver uma fissura (não é este o termo correto). Vou continuar com a ortótese e mediante o exame, será definido o plano de fisioterapia.

O ano foi bastante pacífico em comparação com os anteriores. Não teve tempos infinitos passados em salas de espera, a correria entre as idas ao hospital e o trabalho, o estabelecimento de rotinas em que tomava uma variedade considerável de fármacos ou administração de injeções, as desilusões. Há muito tempo que o meu quotidiano não consistia em apenas tomar o Eutirox, que é uma necessidade que me vai acompanhar sempre. Os próximos meses vão ser intensos. Para ser diferente, acresce à PGT-A a recuperação desta entorse complicada.

O desenrolar do processo inerente à PGT-A dá para traduzir num fluxograma. Vários cenários podem acontecer e só há uma ramificação possível que chega ao sucesso. Todas as outras condições vão ter ao fracasso.

Estou de certa forma consciente que vai terminar como começou, ou seja, sem nada. É o mais provável. A chegada do fim está a trazer-me várias inseguranças. Não consegui ainda definir o que vou fazer depois disto, que metas traçar para o meu futuro. Sei que quero compensar os anos em que abdiquei de mim para realizar algo significativo por mim. Acho que tenho valor, contudo não tem sido aproveitado como realmente mereço. Foi uma opção que fiz para poder estar disponível todas as horas que dediquei à infertilidade.
Vou entrar na quarta década de vida. Estou a atribuir uma maior responsabilidade a essa transição do que quando entrei nos trinta, não sei porquê.

Como se pode ver, tenho um turbilhão dentro de mim. Preciso de me encontrar.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Tempo: série ininterrupta e eterna de instantes

A palavra TEMPO passou a ter um enorme peso neste processo.

Quando se passa à esfera do sistema público um dos grandes fatores de desespero é o tempo de espera.

Como relatei anteriormente, tinha solicitado à médica de família que fosse encaminhada para consultas de infertilidade. Passaram-se alguns meses e não recebia qualquer carta com agendamento de consulta. Dirigi-me ao hospital para saber se tinha dado entrada alguma informação e nada apareceu. Em plena era digital de simplex & companhia lda houve alguma coisa que ficou pelo caminho. Peregrinei novamente ao centro de saúde para tentar corrigir o pseudoencaminhamento.

Finalmente recebi a tão aguardada carta com uma data, aquela data que parece cintilar ao fundo de um enorme túnel. Tudo parece muito mais fácil quando sabemos que, num dia específico, estaremos frente a frente com alguém que nos vai colocar questões, ouvir e dizer-nos algo que nos pode trazer alguma esperança.

Teria, pois, de aguardar uns módicos sete meses pelo primeiro grande dia.
Pouco tempo antes da consulta recebi a notícia que afinal a médica não tinha disponibilidade naquele dia e a marcação teria de ser adiada algumas semanas. Tentei ver algo positivo nisso. Afinal quem teve paciência para esperar sete meses conseguia conter a ansiedade mais um pouco.

Com 32 anos bem avançados tive a primeira consulta de infertilidade.

Durante os dez meses que passaram desde que deixei a pílula até esse dia não estava a tomar nada para além do Eutirox, ou seja, não ovulei, não menstruei, muito menos engravidei.

A médica decidiu logo que deveria voltar a recorrer ao meu amigo (quase de infância), Progyluton, e fazer umas análises, ecografias, histerossalpingografia. O marido fez os exames da praxe. Não havia dúvidas quanto ao motivo da infertilidade: ovários poliquísticos com ausência de ovulação.

Praticamente todas as consultas que eram marcadas acabavam por ser adiadas por impossibilidade da médica. As palavras eram parcas, não havia grande iniciativa em explicar o processo. Valha-nos a curiosidade de pesquisar e o atrevimento de perguntar aos profissionais aquilo que nos devia ser dito prontamente, pois somos o foco daqueles minutos em que estão a prestar serviço.

Chegou o ano de 2014, ou seja, dei as boas vindas aos 34 anos. Comecei finalmente a fazer alguma coisa para combater a infertilidade. Pude finalmente pôr em prática a fórmula mágica que o meu primeiro endocrinologista dizia, na primeira década do século XXI, que ia funcionar. Comecei a tomar Dufine, o famoso indutor ovulatório.

Fui monitorizada por via ecográfica nos seis ciclos em que tomei Dufine. Os meus ovários, que encarnaram a personagem da Bela Adormecida, não reagiram às crescentes dosagens. Comecei com 1, depois 2 e finalizei com 3 comprimidos. Afinal, a teoria do endocrinologista estava longe de funcionar comigo.

Como a intervenção daquele hospital é limitada no tipo de seguimento dado a situações de infertilidade, era chegada a hora de finalmente ser encaminhada para Hospital de São João.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Diz-me o que és, dir-te-ei o que vou fazer

Eis-me no 11º ano, curiosamente quando, na qualidade de estudante do ensino secundário, estudei o sistema endócrino.

Tive a minha primeira consulta com o endocrinologista que me acompanhou durante uns 13 anos. Levei a minha compilação dos exames realizados nos anos anteriores para que ele estudasse o especimem que estava sentado à sua frente. Deixei de tomar Progyluton e nos 11 anos seguintes as hemorragias foram induzidas com Provera.

Depois de ver a informação, o médico não estava muito crente nos disparates endocrinológicos que as análises mostravam. Achou que poderia haver algum erro no laboratório e que seria apropriado fazer análises num laboratório de referência no Porto.
Por várias vezes, lá ia a miúda de uma localidade minhota ao Porto, não para passear mas para deixar parte do seu sangue na cidade Invicta.
Afinal o problema não era do laboratório da terrinha, era mesmo meu.

Chegou o dia do veredito, o descontrolo hormonal tinha um nome: hipotiroidismo primário. Analisando os sintomas associados a esta doença eu apresentava alguns, contudo nada levava a crer naquela altura de que padecesse daquele problema. A justificação que o endocrinologista deu foi que poderia ter sido alguma infeção recente que afetou a tiróide, pois fisicamente era magra, com uma estatura normal (1,68 m) e estava bem desenvolvida do ponto de vista intelectual. Mais uma vez recordei a novela daquele verão do cocktail químico e do impacto que poderá ter causado à minha vida. Durante uns anos tomei diferentes dosagens de Thyrax até estabilizar as hormonas e depois passei para o Eutirox 100 que mantenho até à atualidade. A rotina diária de tomar comprimidos em jejum, o resto da vida, não foi difícil de adotar. É um mal necessário para se ter uma vida com qualidade.

Nas inúmeras consultas que tive com ele ao longo dos anos falou-se da questão da amenorreia. Havia alturas em que, a pedido do médico, interrompia a toma de Provera durante dois ou três meses para ver se menstruava. Fazia também análises regularmente. Não menstruava e os meus níveis de progesterona eram sempre baixos, o que indiciava ausência de ovulação. Os ovários, por sua vez, continuavam poliquísticos, de volume aumentado e a tiróide estruturalmente normal. Ele dizia que a tiróide em nada estava relacionada com o problema nos ovários (embora haja vários estudos contrários a esta perspetiva).

Já antes de começar a ter consultas de endocrinologia, a ginecologista tinha-me dito que iria ter dificuldades a engravidar. A este respeito o endocrinologista disse sempre que não era nada de especial, tomando um indutor ovulatório como o Dufine facilmente engravidaria.