Eis-me no 11º ano, curiosamente quando, na qualidade de estudante do ensino secundário, estudei o sistema endócrino.
Tive a minha primeira consulta com o endocrinologista que me acompanhou durante uns 13 anos. Levei a minha compilação dos exames realizados nos anos anteriores para que ele estudasse o especimem que estava sentado à sua frente. Deixei de tomar Progyluton e nos 11 anos seguintes as hemorragias foram induzidas com Provera.
Depois de ver a informação, o médico não estava muito crente nos disparates endocrinológicos que as análises mostravam. Achou que poderia haver algum erro no laboratório e que seria apropriado fazer análises num laboratório de referência no Porto.
Por várias vezes, lá ia a miúda de uma localidade minhota ao Porto, não para passear mas para deixar parte do seu sangue na cidade Invicta.
Afinal o problema não era do laboratório da terrinha, era mesmo meu.
Chegou o dia do veredito, o descontrolo hormonal tinha um nome: hipotiroidismo primário. Analisando os sintomas associados a esta doença eu apresentava alguns, contudo nada levava a crer naquela altura de que padecesse daquele problema. A justificação que o endocrinologista deu foi que poderia ter sido alguma infeção recente que afetou a tiróide, pois fisicamente era magra, com uma estatura normal (1,68 m) e estava bem desenvolvida do ponto de vista intelectual. Mais uma vez recordei a novela daquele verão do cocktail químico e do impacto que poderá ter causado à minha vida. Durante uns anos tomei diferentes dosagens de Thyrax até estabilizar as hormonas e depois passei para o Eutirox 100 que mantenho até à atualidade. A rotina diária de tomar comprimidos em jejum, o resto da vida, não foi difícil de adotar. É um mal necessário para se ter uma vida com qualidade.
Nas inúmeras consultas que tive com ele ao longo dos anos falou-se da questão da amenorreia. Havia alturas em que, a pedido do médico, interrompia a toma de Provera durante dois ou três meses para ver se menstruava. Fazia também análises regularmente. Não menstruava e os meus níveis de progesterona eram sempre baixos, o que indiciava ausência de ovulação. Os ovários, por sua vez, continuavam poliquísticos, de volume aumentado e a tiróide estruturalmente normal. Ele dizia que a tiróide em nada estava relacionada com o problema nos ovários (embora haja vários estudos contrários a esta perspetiva).
Já antes de começar a ter consultas de endocrinologia, a ginecologista tinha-me dito que iria ter dificuldades a engravidar. A este respeito o endocrinologista disse sempre que não era nada de especial, tomando um indutor ovulatório como o Dufine facilmente engravidaria.
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