quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Expect the unexpected

A reunião foi intensa. Basicamente foi para darmos o nosso aval para participarmos em algo que vai começar a ser realizado no HSJ - PGT-A. Esta sigla substitui a que era usada antes na técnica de PGS. Pelo que me parece os critérios de acesso serão uma idade a partir dos 38 anos e falhas sucessivas de implantação. Pretende-se verificar a existência de aneuploidias nos embriões e evitar que esses que têm anomalias sejam transferidos provocando grande desgaste no casal. As médicas estão inclinadas para que a maioria dos nossos mini-nós tenha anomalias tendo em conta o número elevado de transferências mal sucedidas e os valores sempre baixos de beta-hCG.

A Diretora já tinha falado comigo sobre esta técnica quando falhou a TEC 4, mas na altura ela referiu que era apenas possível realizar no privado e o valor rondava os 10 mil euros. Para nos terem sugerido esta solução hoje, é porque o SNS deve estar a autorizar o procedimento.

A médica disse que a realização da técnica é muito recente no hospital, está praticamente em fase experimental, pelo que só em abril se partirá para o ataque. A minha participação no entanto vai ter um custo que é uma nova (hiper)estimulação. Neste momento tenho dois embriões D3 que daqui a algum tempo serão descongelados até atingirem D5 para poderem ser biopsados. A próxima estimulação será preparada no sentido de se obter o maior número possível de pequenotes e simultaneamente tentar não entrar em colapso com o descontrolo dos ovários. Os embriões resultantes daí vão também desenvolver até D5. Depois é aguardar uns tempos pelo resultado, recuperar do estado explosivo em que vou estar e ver se as minhas células e as do meu respetivo fizeram magia boa ou da negra.

Falei a respeito da consulta de amanhã e o motivo de a ter marcado. Vai haver uma espécie de sinergia em que irei dar feedback do que acontecerá em Lisboa para que todos possamos andar para a frente e arrumar este assunto. A escolha para a unidade pública que estaria ao meu lado nesta jornada, foi a mais acertada. Sempre achei que um dia ia chegar a essa conclusão. Mesmo que não dê em nada.

Agora burocracias... Num dos posts anteriores mencionei que pedi fotocópias dos exames que tinha feito no hospital para poder levar amanhã à capital. Pois, não recebi nada. Falei com a minha querida Super S. da receção e ela disse que não chegou nenhum pedido à Medicina de Reprodução. Fomos ao balcão do RAI onde tínhamos efetuado a requisição e não havia nada pronto. Já passava das 14 horas, ainda não tínhamos almoçado e a senhora que nos atendeu fez umas chamadas para tentar perceber o que se passava. Disse-nos que, se até às 15 horas ninguém nos telefonasse, poderíamos passar lá novamente às 15h30 para trazer algumas fotocópias que entretanto tivessem tirado. Às 15h20 ligaram-nos a dizer que havia alguns documentos que podíamos levantar. Não veio tudo. Do meu marido entregaram 6 cópias (dele não deve haver mais nada), minhas foram 40 fotocópias e um CD. Algum dia recebemos o resto. Pelo menos já veio o que mais queria.

Agora vou descansar, porque daqui a umas horas estou novamente acordada. Nem sei se vou dormir em condições. Já não vou a Lisboa há bastante tempo e, numa das últimas vezes que lá estive choveu torrencialmente. Amanhã vai ser um dia deveras abençoado.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Chamada inesperada

Esta tarde, após as 15 horas, o meu telemóvel deu sinal de atividade vinda do HSJ. Pensei que fosse para informar que as fotocópias que solicitámos estavam prontas, mas o motivo era outro. A equipa analisou o processo e querem reunir connosco no dia 31 (véspera da consulta na CUF Descobertas). Não faço ideia do teor da conversa quando há ainda dois embriões congelados e até ao momento não houve esse tipo de iniciativa. Espero que não seja uma espécie de inquirição por irmos a Lisboa, como se estivéssemos a passar algum atestado de incompetência à equipa ou ao hospital. Pretendo, com a opinião de alguém externo, conciliar estratégias/ideias e não segmentá-las, para que haja coerência de procedimentos com um único fim.

Admito que há pormenores que não me têm deixado totalmente satisfeita com o acompanhamento e sei que os mesmos aconteceram por entupimento do serviço. Falarei sobre eles à Diretora se considerar oportuno. Esses detalhes não põem em causa as capacidades técnicas ou o domínio científico da equipa médica mas ajudam a rotular negativamente o serviço público. Ainda nem sequer estava estabelecido o plano de termos filhos, eu já tinha eleito o HSJ como o local onde queria ver concretizado o desejo de maternidade. Não me perguntem o porquê de ser lá e não noutro centro público aqui da zona, não sei explicar. Nunca cogitei que o CMIN, o Centro Hospitalar de Gaia ou o Hospital de Guimarães tivessem resolvido o meu problema alienígeno. Há algo anormal em mim, só quero ver se outra mente pensa fora da caixa.

Tenho lido tanto ao longo dos anos, à procura de pistas, respostas, casos semelhantes ao meu, mas desde há uns meses fui vencida pela exaustão. Mais uma vez corroboro que vai haver um fim, não muito distante, em que poderei respirar fundo, eventualmente chorar, fazer o luto do tempo que dediquei à infertilidade, fazer o luto pelos meus filhos, libertar-me destas amarras e redefinir objetivos para a vida.

domingo, 13 de janeiro de 2019

39

Ontem entrei nos 39 anos. Não estava entusiasmada, nem tive muito tempo para celebrar a data. Ainda imaginei que hoje pudesse dedicar-me ao ócio e sentir o sol de inverno a alimentar-me com vitamina D mas não tal não será possível. O improviso que comanda a "rotina" e me impede até de planear as 24 horas do próprio dia ditam que este não é definitivamente um fim de semana em que possa fazer algo por e para mim. Pode ser que nos 40 seja diferente. Estou viva e pronta para continuar a enfrentar o futuro, é o que interessa.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Nada como iniciar o ano com uma visita ao HSJ

Desta vez não foi para mim mas aproveitei a viagem para resolver um assunto pendente.

A minha sogra foi hoje internada num contentor para ser submetida amanhã a uma intervenção de neurocirurgia, para remoção de um tumor no cerebelo. Aquele hospital tem espaços bastante assimétricos no que diz respeito à qualidade das instalações e há partes novas a serem construídas. A zona das ecografias de obstetrícia que foi onde fiz a histeroscopia, tem um ar decadente, o hospital de dia tem uma sala de espera assustadora (mais pela quantidade abismal de pessoas confinadas na sala de espera), há outros locais também caóticos e degradados por onde só estive de passagem para aceder a zonas que necessitava. Noutras áreas está bem apetrechado e cómodo. O pré-fabricado onde ela ficou tem vários equipamentos de ar condicionado em funcionamento e está estruturado para que os utentes não tenham uma estadia traumática do ponto de vista das infraestruturas. Esta perspetiva é de alguém externo, porque não sou eu que estou lá internada para analisar com mais cuidado. Não sei como funciona, por exemplo, na gestão dos banhos. O que se destaca de mais negativo é mesmo aquela sensação de se pisar um solo que a qualquer momento pode colapsar.

Eu e o meu marido aproveitámos a altura em que os meus sogros já tinham entrado para a admissão, para irmos ao "nosso" piso 3, casa dos últimos 4 anos. Fomos informar-nos do que devíamos fazer para termos relatórios ou cópias dos exames realizados até agora. A maravilhosa cicerone que sempre atende os casais com um sorriso, boa disposição e assertividade, aconselhou-nos a pedir fotocópias, porque os relatórios têm um atraso enorme. Neste momento as médicas estão a elaborar os relatórios pedidos em outubro. As cópias são bem mais rápidas e dando a indicação de que a consulta em Lisboa é em breve, mais cedo ainda conseguimos. Assim fizemos, fomos ao Atrium Hospitalidade, atendimento RAI, postos 11 e 12, destinados apenas a isso. O processo é simples, nem sequer somos nós que preenchemos formulários, porque fica automaticamente informatizado e é-nos dada cópia do pedido. Neste caso foram dois, um para mim e outro para o meu marido. Quando as fotocópias estiverem disponíveis, seremos contactados para ir lá levantar.

A nossa parte para já está tratada no hospital. A prioridade atualmente é mesmo a minha sogra. Apesar do cirurgião ter tranquilizado dizendo que a cirurgia não é muito complexa e praticamente não há possibilidade de recidiva, há sempre receio que algo não corra bem. Ainda não sabemos a duração previsível para o internamento, só nos informaram que está previsto operar amanhã de manhã.

A confirmação da data da intervenção só foi feita no final da semana passada, por isso ainda não temos bem presente de que nos encontramos num novo ano civil. Não fosse o meu aniversário na próxima semana, passava-me ao lado a mudança para 2019.