Sonhei muitas vezes contigo, sempre com contornos absurdos. O mais recente foi dias antes do último beta, em que tive a confirmação que não te iria conhecer. Estava a gerar-te fora da barriga, literalmente, como se estivesses no mesmo local de um pequeno saco de colostomia. Não me vou estender mais sobre este assunto para não ser demasiado gráfica.
Há 100 meses comecei a tentar ter um primeiro encontro contigo, ouvir-te, sentir-te, ver-te, cuidar de ti, ainda que não entenda nada do teu mundo. Pensei muitas vezes no dia em que o teu pai ia ter novamente a oportunidade de ver nascer uma cria, desta vez tu. Imaginei-o a dar-te colo para acalmar as tuas inquietações, brincar contigo, cuidar de ti. Quisemos que a tua irmã fosse uma inspiração para ti e participasse no teu crescimento. Batalhámos para que a tua irmã felina te acolhesse com a sua ternura e traquinice.
Não chegaste. Envelhecemos, ficámos desgastados, desanimámos. Decidimos que brevemente vamos deixar a cegonha que te ia trazer até nós, voar para outras paragens. As coordenadas GPS do nosso lar dão erro nos dispositivos das enviadas de Paris.