Está iniciada a temporada de preparação do endométrio para a TEC das TECs. Endométrio no sítio, ovários também, a motivação assim-assim... Hoje inicio 3 comprimidos diários de Estrofem e o Acfol. A tónica da equipa é manter a medicação básica. Compreendo a opção, pois se não há evidências de nada e os embriões são euploides, para quê entupir-me de outras coisas?
Qual o impacto do Covid? Acresce o andar mascarado, o constante desinfetar de mãos, a comichão no nariz provocada pela rinite que se tenta ignorar e que parece surgir em tom de provocação, os controlos de entrada no hospital, as máscaras que são alvo de desconfiança e trocadas por outras, a suspeita de que qualquer um de nós é uma potencial bomba que vai dispersar a ruindade no planeta, o atendimento muito mais rápido no piso 3, um novo documento para assinar, a colocação das roupas e pertences em quarentena quando se chega a casa, o banho descontaminante, o regresso à vida confinada e ao trabalho à distância que, aumenta de volume para combinar com a chegada de uma transferência que se pretende tranquila. Não estou a criticar o zelo que está a ser feito, não se pode facilitar e achar que toda a gente está livre da bicheza. A dinâmica que se instalou e a rapidez com que ela ocorreu é que ainda não me fez cair bem na realidade, porque vivo essencialmente confinada e cinjo-me às saídas essenciais. Tudo o que puder fazer autonomamente faço e isso não é muito diferente do que já era. Posso quase dizer que cresci isolada socialmente, o que acabou por moldar a minha maneira de ser.
Dia 7 de julho, bem cedinho, volto a fazer ecografia, nessa altura só poderei ir eu. Como os documentos estão assinados, o meu marido já não será necessário. Não sei se no dia da TEC ele estará autorizado a permanecer na sala de espera. A capacidade reduziu para 1/3, agora só podem estar sentadas seis pessoas.
Conto na altura da transferência estar praticamente sem serviço. Se houver alguma alteração em que seja convocada vou, pela primeira vez em 18 anos, meter baixa médica. Na TEC de fevereiro não tive oportunidade de me manter tranquila, muito pelo contrário. É a última vez que me disponho a tentar engravidar, não vou deitar tudo a perder. Quero, aliás, exijo para mim serenidade, até porque em seguida poderá começar o processo de luto e pretendo que a transição ocorra com alguma harmonia. Se não mereço um filho, espero que pelo menos possa ter tempo de me dar tempo.