Nós somos como livros, analisamos a vida como se ela fosse dividida em capítulos. Estes podem estar associados a períodos um pouco alargados, a anos concretos, a acontecimentos.
Antes de termos entrado em 2020 eu olhava para o número e achava-o bonito. Não sei se por ter nascido num dia par de um ano par enfim, coisas sem qualquer importância. Apesar de simpatizar com o aspeto do número, sabia que a carga associada à entrada no ano em causa ia ser decisiva no projeto da minha existência que se veio a tornar um flop. O encerramento desse fracasso ocorreu com alguma atribulação fruto da pandemia, de uma forma seca. Não caí sobre uma rede, esbardalhei-me diretamente no chão, rastejei até encontrar algo a que me agarrar e tenho estado a reerguer-me. Há mazelas das quais me estou a recuperar, porque não vivi a infertilidade com ligeireza. Poucas semanas depois do tombo comecei a lutar pelo plano de recuperação que andava a delinear, caso se confirmasse que todo o meu esforço tinha sido em vão e consegui dar-lhe início.
Para mim a entrada num novo ano implica praticamente a mudança para um incremento de um ano na minha idade. Daqui a uns dias o meu contador muda para 41 e estará quase concluído o primeiro semestre do projeto que tentará transformar em dias um pouco melhores aqueles que irei viver no seio da família.
Em 2020 parei de tentar ser mãe, a minha filhota do coração licenciou-se e começou a trabalhar, fui tia pela primeira vez, comecei nova licenciatura, passei ainda mais tempo em casa.
Não vou fazer grandes resoluções de ano novo. Ambiciono concretizar com sucesso os meus compromissos diários, ter força para suportar adversidades que espero que não surjam e ser agradavelmente surpreendida com coisas inesperadas.
Quero, acima de tudo, saúde para todos.
Bom 2021!