Disse, em tempos, que escolhi para minha ginecologista a Diretora do Serviço de PMA do HSJ. Após fazer exames de rotina, ela foi da opinião de que seria desadequado não menstruar. Como é da minha natureza não conseguir fazer a purga espontaneamente e para manter os ovários um pouco normais, passei a usar pílula em vez da medroxiprogesterona que tomei durante décadas. Uma vez que o colesterol estava elevado, pois ainda não tinha retomado as estatinas que fazia antes de toda a saga e não consigo normalizá-lo pela via da alimentação e atividade, passou a fazer parte do dia-a-dia a pílula Microgeste (este mês passei para a Minesse por rutura de stock).
Este meu corpinho é uma máquina anti-concecional por defeito e, tomando a pílula, será de esperar que seja infalível na inibição de ovulação. Contudo, este mês, pus em causa a minha incapacidade procriativa e equacionei a possibilidade de ter ocorrido o milagre pelo qual esperei tanto tempo. A hemorragia de privação deveria ter surgido domingo passado (eventualmente sábado) e até à data, nada... Estou com tensão mamária, ontem parecia sentir os ovários aumentados e, fora isso, nenhum sinal de alerta vermelho. Aconteceu-me algo semelhante há 14 ou 15 anos, mas nessa altura ainda tomava Provera. Tive na época um atraso de uma semana e acabei por perceber o motivo. Foi um ciclo repleto de coágulos, acompanhado de bastantes cólicas. Não foi aborto, pois só por obra divina teria engravidado. Há 3 e 2 meses praticamente não tive fluxo, embora a duração das borras tenha sido os habituais 7/8 dias. Acredito que deve estar na hora de libertar o que ficou acumulado.
Com o passar dos dias desta semana fui panicando, com um misto de pensamentos. Sonhei que fiz dois testes de gravidez que deram positivo e isso foi mexendo comigo. Desde que fechei o longo capítulo, nunca mais tinha sonhado com gravidez. Aguardei até ontem a ida à farmácia, porque o meu historial de beta-hCG baixo fez-me pensar que poderia acontecer algo como no passado e o teste não ter sensibilidade suficiente. Não sinto a fome desmesurada, não tenho perdas de sangue e sendo eu como sou (um caso perdido), estava quase certa de que não estava grávida. O "quase" é que me fez comprar o teste, porque faço medicação que não pode ser tomada em situação de gravidez, além de ter realizado uma mamografia no mês passado. O resultado: negativo convicto.
Por um lado fiquei tranquila, por outro gerou-se um conflito interior. Estou a uns meses de concluir a primeira fase da minha mudança de vida, completamente focada, a preparar-me para o futuro que me mentalizei ser isento de crias nossas. Se estivesse grávida, seria de risco, interrompendo todo o meu esforço. Iríamos ter de reformular os nossos objetivos de vida (ou não, dependendo da evolução da gravidez).
Resta-me aguardar que a hemorragia de privação surja e caso não venha, tenho de ver o que se passa.