domingo, 30 de julho de 2023

Esclarecimento de dúvidas sobre a PMA em Portugal

Algumas pessoas que me acompanharam há uns anos, "conheceram-me" através do fórum dedicado à infertilidade da página "De Mãe Para Mãe", na qual ainda intervenho de vez em quando. Não é por ter encerrado o meu capítulo que vou deixar de esclarecer dúvidas ou prestar algum tipo de apoio porque, infelizmente, não param de surgir pessoas que estão a passar pelas mesmas angústias que outrora tive e procuram algum amparo.

Há bastante curiosidade sobre números relacionados com a PMA em Portugal e taxas de sucesso e, a meu ver, a fonte que mais informação nos dá é a Comissão Nacional de Procriação Medicamente Assistida (CNPMA). Na sua página podem ser consultados relatórios, a legislação, atas e é nos relatórios anuais de atividade de PMA que se encontram especificados, para diferentes situações, os tais números tantas vezes solicitados.

O HSJ é o único centro de PMA público, a nível nacional, que realiza PGT-A. Quando a equipa médica me propôs a realização dessa técnica, em 2019, disseram-me que seríamos dos primeiros casais a efetuá-lo. Por curiosidade, hoje li o relatório da atividade de 2019 e percebi que, na realidade, fomos o primeiro casal e o único naquele ano, que efetuou biópsia aos embriões para rastreio de aneuploidias, no SNS. Ao consultar há uns anos as atas mensais das reuniões da CNPMA, consegui também identificar em que altura foi dada autorização para que eu pudesse submeter-me à técnica. Claro que o meu nome não foi referido em nenhum desses documentos, mas pela cronologia, histórico e idade, foi fácil para mim identificar-me nos casos mencionados.

A página da CNPMA é de fácil consulta. O endereço é https://www.cnpma.org.pt/ Acho que vale a pena visitá-la, fi-lo ao longo dos anos, porque às vezes há legislação que muda e não é divulgada nos meios de comunicação social. Esmiuçar o site não é, de todo, tempo perdido.

domingo, 23 de julho de 2023

É oficial, licenciatura concluída 🎉

Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida 😃

Ainda não caí em mim que já vou ter tempo livre, serões descansada, sono tranquilo e ócio! O dia a dia improvisado vai terminar, vou estar disponível para mim e para os meus, os tempos que ainda pareciam de confinamento chegaram ao fim. Foram três anos exaustivos, mas tinha mesmo de enveredar por algo assim para que a transição da desilusão dos 8 anos e 8 meses para o que aí vem, me traga ânimo. Digamos que foi o tipo de luto que decidi realizar. Estou feliz, embora ainda não tenha despertado bem para a nova realidade, porque penso sempre que não tenho direito a dias melhores.

Há uma viagem na calha, daqui a uns meses, vamos ver se se concretiza.

Notei, nestes anos, um pouco do efeito do tempo no meu envelhecimento. Há que libertar do que já não importa, valorizar as pequeninas coisas e descobrir outras que nos provoquem rugas de felicidade.

quinta-feira, 20 de julho de 2023

A 9,5 valores de uma meta

Estou a poucos dias de saber se a primeira etapa do meu plano de renascimento está realmente concluída ou não.
A gestão da vida pessoal com o meu objetivo de fazer a licenciatura nos três anos foi, sem dúvida, a parte mais difícil. A forma como perspetivava que iria decorrer todo o processo não correspondeu, em nada, à realidade. Foi extenuante, não considero que tenha sido mais complexo do ponto de vista do conteúdo, relativamente à primeira licenciatura, mas estou cansada, muito cansada.

Como já tinha referido anteriormente, a empresa onde estagiei manifestou interesse em que trabalhasse lá e, no último dia de estágio, foi oficializada a contratação. Esse aspeto foi mais rápido e fácil do pensava. Preocupava-me que a idade pudesse vir a constituir um entrave e a nulidade que a minha experiência profissional representa para as empresas que atuam na área em que estou a concluir a minha formação.

Chegou a hora de voltar a viver, depois de um interregno de sensivelmente uma década, em que somente existi.

Não há ressentimentos para trás, estou muito bem com a decisão tomada de parar de tentar ter filhos e só quero ter plena saúde para poder usufruir do que a vida ainda pode proporcionar.


Para quem aqui veio parar, que se está a degladiar com uma dificuldade em engravidar e, eventualmente, vai recorrer ou já realizou tratamentos de PMA, tenho algo a dizer. Eu conheço demasiado bem todas as frustrações pelas quais estão a passar. Uma das grandes fontes de dor provinha daquelas frases motivacionais aparentemente inofensivas de que não devia desistir ou que não se desiste de um filho. Como o meu caso se estava a tornar infindável, entrei num abismo em que deixei de me reconhecer. Ao tomar consciência daquilo em que me transformei, percebi que deveria ponderar até que ponto estaria disposta a continuar a sacrificar-me por um desejo que não se estava a concretizar. A ideia de desistência foi ganhando terreno à medida que os fracassos se sucediam. Percebi que não podia desistir de mim, pois era o que, gradativamente, estava a acontecer. Pode dar urticária ou taquicardia a algumas pessoas, este tipo de atitude mas, sinceramente, estou-me nas tintas, porque foi uma decisão que tomei para a MINHA vida. Não podemos cair no erro de atribuir a única fonte de felicidade a um filho e achar que mais nada nos fará felizes. Porque não desistir? Antes de "incentivarem" alguém a não desistir, pensem no efeito nefasto que esta aparente motivação pode trazer. Sei que, na maior parte das vezes, não há intencionalidade, é uma forma de tentar animar mas, para pode ter um efeito muito mais negativo do que se possa pensar.