Aproxima-se o dia do beta e os níveis de ansiedade são mínimos. Em raras ocasiões tenho dores idênticas às menstruais que duram alguns segundos apenas. Tenho-me queixado tanto do abuso químico a que estou sujeita mas gostava que a minha malinha fosse despejando nas próximas semanas, era muito bom sinal.
Mais uma vez surge a vontade de fazer planos para os próximos tempos mas, como tem sido costume nestes 6 anos, é complicado. Será fácil resolver essa questão se o resultado do beta for negativo e encerrar definitivamente a luta. Tenho de pensar se estou disposta a abdicar de cerca de mais 2 anos de um curso" normal" de vida em benefício de outra saga. A ver bem as coisas, nem sei ao certo o que é isso da normalidade na vida. Se o meu futuro passar pelo envelhecimento sem conhecer o real sentido da maternidade vou ter de aprender a conhecer-me, porque tenho vivido para uma causa fictícia. Tenho privado com o improviso com tanta frequência, logo eu que gosto de sentir controlo sobre o meu quotidiano. Parece que anda tudo do avesso, respondo a solicitações constantes, no entanto sinto-me incapaz de pedir ajuda. Sempre tentei desenrascar-me o melhor que conseguia pelos meus meios, porque quando precisava de realizar alguma coisa que pressupunha a participação de outras pessoas, deparava-me com laxismo ou falta de sentido de responsabilidade. Esta dependência de um sistema que envolve várias pessoas para a concretização do objetivo de sermos pais é exatamente o oposto do que tenho feito na minha existência e isso deixa-me ainda mais frustrada. Isto está a testar os meus limites de tolerância que, diga-se de passagem, têm uma amplitude significativa.
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