Que tortura esta! Não sou fã deste ato médico. Tenho a perceção que enquanto ainda dormia as dores tomavam conta de mim. Acordar para a realidade foi mau, muito mau. Como dói! Mais uma vez foram precisas duas doses de paracetamol para melhorar. Das costelas para cima e das pernas para baixo estou porreira. O que resta entre essas duas áreas, ui, ai, quero a minha mãe! Ovários dum raio, mal me consigo manter na vertical.
Esta máquina de pipocas que aqui vos escreve está assim, porque 28 folículos foram aspirados. Sim, 28! Não sei o balanço das outras 4 punções feitas lá hoje, mas as biólogas são capazes de ter algum trabalho nos próximos dias.
Neste momento em que me encontro nas palhas deitada, a minha barriga parece um peixe-balão em volume e rigidez. Devia ter folículos até às costelas, pois mesmo aí tenho dor.
Desta vez não me receitaram Dostinex. Dizem que como fiz Decapeptyl deve ser suficiente. Vou terminar a embalagem de Cartia e intercalar paracetamol com ibuprofeno.
Irei aguardar a menstruação e quando vier comunico para que se possa agendar a ecografia de reavaliação dos ovários. Amanhã vou ter notícias da fecundação. Felizmente é feriado, com o meu interior todo remexido seria muito difícil trabalhar nestas circunstâncias.
Agora vou descansar um pouco desta violência.
Um grito mudo de alguém que viveu no submundo da INFERTILIDADE e (spoiler alert!) - acabou por mudar de rumo
segunda-feira, 30 de abril de 2018
domingo, 29 de abril de 2018
FIV 2 - Dia 11
Estou satisfeita por chegar a esta fase. Apesar de barriguda e dorida, a passar novamente por este mau estar, a ausência de trabalho dos ovários durante a minha vida reprodutiva é compensada por colheitas anormais de folículos. Seguem-se dias, meses de incertezas a somar a todo o tempo que entretanto tratou de me envelhecer o corpo e reduzir a esperança. Não sou a mesma que era em 2011. Tenho dificuldade em explicar o que mudou em mim, porém estou diferente, sinto-o. Não imaginava ainda estar nesta fase da vida a começar outro tratamento. Desilude-me... O tempo parou e passou a voar. Este antagonismo é estranho mas traduz a confusão que está instalada na mente. A infertilidade é uma treta, aniquila o equilíbrio.
Tenho de agradecer a cada uma por todo o apoio. Irei tratar logo que me seja possível. Paralelamente a isto estou com uns problemas técnicos cá em casa que espero não dêem muita preocupação e trabalho de esfregona. Os próximos dias vão ser penosos e inundações não são compatíveis com um corpo debilitado.
Tenho de agradecer a cada uma por todo o apoio. Irei tratar logo que me seja possível. Paralelamente a isto estou com uns problemas técnicos cá em casa que espero não dêem muita preocupação e trabalho de esfregona. Os próximos dias vão ser penosos e inundações não são compatíveis com um corpo debilitado.
FIV 2 - Dia 10
Decapeptyl injetado, a minha missão está concluída. Sinto alívio por não ter de passar mais por isto e, claro, receio que seja mais um esforço em vão.
Fisicamente não estou tão debilitada nesta fase como da outra vez, contudo, a dor está presente. O volume abdominal também aumentou, deitar-me para o lado direito incomoda bastante, andar de carro em piso irregular não causa uma sensação muito boa. Mesmo assim acho que não está tão mau como na estimulação de 2016.
Esta máquina de crescimento de folículos em tempo recorde vai entrar na reforma. A sua carreira foi peculiar e memorável, pelo menos para mim. Espero que nos próximos anos pense cada vez menos nos ovários e fique em paz com eles.
Começa a minha despedida a esta dinâmica de procura pela fertilidade. Os próximos dias trarão novamente preocupação mas, no que diz respeito a estimulações, coloquei um ponto final.
Fisicamente não estou tão debilitada nesta fase como da outra vez, contudo, a dor está presente. O volume abdominal também aumentou, deitar-me para o lado direito incomoda bastante, andar de carro em piso irregular não causa uma sensação muito boa. Mesmo assim acho que não está tão mau como na estimulação de 2016.
Esta máquina de crescimento de folículos em tempo recorde vai entrar na reforma. A sua carreira foi peculiar e memorável, pelo menos para mim. Espero que nos próximos anos pense cada vez menos nos ovários e fique em paz com eles.
Começa a minha despedida a esta dinâmica de procura pela fertilidade. Os próximos dias trarão novamente preocupação mas, no que diz respeito a estimulações, coloquei um ponto final.
sexta-feira, 27 de abril de 2018
FIV 2 - Dia 9
Acordei sem dores ou peso no fundo da barriga e dirigi-me ao hospital, mentalizada que me iam dizer que o ciclo seria cancelado.
Foi a Diretora quem fez a inspeção às entranhas. Logo no início da ecografia, começou a torcer o nariz. Foi analisar o outro ovário e torceu o nariz novamente. Convencida de que não tinha acontecido nada desde terça, perguntei "Não há nada, pois não?". Resposta dela : "São milhentos!" Na minha completa inocência supus que ainda estivessem pequenos. Iniciou a contagem. A dada altura, parou de fazer a ecografia. Estava a preparar-me para levantar quando a médica disse que ainda não tinha acabado. Como já não cabiam mais dados no ecrã, tinha de apontar na folha a informação do ovário direito. Depois de escrever tudo, fez a contagem no esquerdo. O endométrio estava com 8,4 mm mas como não vou fazer transferência neste ciclo, de nada importa. Quanto aos outros números:
Ovário esquerdo - 17, 17, 16, 16, 16, 15, 14, 14, 14, 13, 12, 10
Ovário direito - 18, 18, 17, 17, 16, 15, 15, 15, 15, 14, 14, 13
Tanto num ovário, como no outro, ainda há vários folículos pequeninos. Fiz colheita de sangue para avaliar o estradiol e a progesterona. Na outra estimulação não foi pedida esta análise.
Hoje faço a última dose de Puregon e Orgalutran, amanhã encerro as injeções com duas ampolas de Decapeptyl, às 22h30.
Segunda-feira, às 8 horas regresso ao hospital para fazer a punção. Somos pelo menos 5 candidatas a dormir um soninho, duas vão ter de ficar em macas, porque só há 3 camas. A medicação oral mantém-se e na manhã da punção só posso tomar o Eutirox.
Sentia-me bem até ao final da manhã. Os mega-ovários estão a fazer-se notar a uma velocidade galopante. Dá para perceber muito bem que a panela de fazer pipocas está em acesa atividade.
A técnica administrativa espreitou a minha folha de contagens e sorriu, porque comigo o exagero é uma constante. Ela disse que ia ficar conhecida como a Menina dos Congeladinhos. A esse respeito ainda não posso lançar foguetes, pois não se sabe como vai correr a fecundação. Trabalhei com azoto líquido algumas vezes, enquanto estudava na universidade, nunca imaginei que se tornasse tão preponderante na minha vida.
Na terça-feira passada não estava muito animada, hoje só tenho vontade de rir com este boom folicular. Que dois anormais! Felizmente é feriado no dia 1, assim poderei estar tranquila em casa e só irei trabalhar na quarta à tarde. Da outra vez voltei ao ativo no dia após a punção e qualquer movimento que cada fazia parecia rebentar-me por dentro. Só ao fim de uma semana é que deixei de sentir dor.
Uma etapa está cumprida, vamos ver como corre o resto.
Foi a Diretora quem fez a inspeção às entranhas. Logo no início da ecografia, começou a torcer o nariz. Foi analisar o outro ovário e torceu o nariz novamente. Convencida de que não tinha acontecido nada desde terça, perguntei "Não há nada, pois não?". Resposta dela : "São milhentos!" Na minha completa inocência supus que ainda estivessem pequenos. Iniciou a contagem. A dada altura, parou de fazer a ecografia. Estava a preparar-me para levantar quando a médica disse que ainda não tinha acabado. Como já não cabiam mais dados no ecrã, tinha de apontar na folha a informação do ovário direito. Depois de escrever tudo, fez a contagem no esquerdo. O endométrio estava com 8,4 mm mas como não vou fazer transferência neste ciclo, de nada importa. Quanto aos outros números:
Ovário esquerdo - 17, 17, 16, 16, 16, 15, 14, 14, 14, 13, 12, 10
Ovário direito - 18, 18, 17, 17, 16, 15, 15, 15, 15, 14, 14, 13
Tanto num ovário, como no outro, ainda há vários folículos pequeninos. Fiz colheita de sangue para avaliar o estradiol e a progesterona. Na outra estimulação não foi pedida esta análise.
Hoje faço a última dose de Puregon e Orgalutran, amanhã encerro as injeções com duas ampolas de Decapeptyl, às 22h30.
Segunda-feira, às 8 horas regresso ao hospital para fazer a punção. Somos pelo menos 5 candidatas a dormir um soninho, duas vão ter de ficar em macas, porque só há 3 camas. A medicação oral mantém-se e na manhã da punção só posso tomar o Eutirox.
Sentia-me bem até ao final da manhã. Os mega-ovários estão a fazer-se notar a uma velocidade galopante. Dá para perceber muito bem que a panela de fazer pipocas está em acesa atividade.
A técnica administrativa espreitou a minha folha de contagens e sorriu, porque comigo o exagero é uma constante. Ela disse que ia ficar conhecida como a Menina dos Congeladinhos. A esse respeito ainda não posso lançar foguetes, pois não se sabe como vai correr a fecundação. Trabalhei com azoto líquido algumas vezes, enquanto estudava na universidade, nunca imaginei que se tornasse tão preponderante na minha vida.
Na terça-feira passada não estava muito animada, hoje só tenho vontade de rir com este boom folicular. Que dois anormais! Felizmente é feriado no dia 1, assim poderei estar tranquila em casa e só irei trabalhar na quarta à tarde. Da outra vez voltei ao ativo no dia após a punção e qualquer movimento que cada fazia parecia rebentar-me por dentro. Só ao fim de uma semana é que deixei de sentir dor.
Uma etapa está cumprida, vamos ver como corre o resto.
quinta-feira, 26 de abril de 2018
FIV 2 - Dia 8
Não tenho expectativas em relação a esta estimulação. Quando muito, se houver qualquer coisa a crescer por cá, algo me diz que não haverá embriões para transferir. Tenho muita dificuldade em acreditar que algo favorável vá acontecer. Melhor que especular, é aguardar pela ecografia de amanhã para saber alguma coisa.
quarta-feira, 25 de abril de 2018
FIV 2 - Dia 7
Se me pedissem para definir este período por cores, diria roxo e azul. Foi assim que acordei ontem, na zona da barriga. Tirando isso parece que mais nada está a acontecer. Não quero ser pessimista mas acho que não há atividade cá dentro. Esse era um cenário que não tinha equacionado. Até à próxima ecografia ainda tenho mais um dia de injeções que poderá ser determinante para definir o rumo da FIV.
Os tratamentos são sempre caixinhas de surpresas. Por cá têm sido daquelas pouco agradáveis. Por muito que se queira ser racional é muito difícil ser coerente quando há imprevistos.
Há dias em que ser adulto é aborrecido por causa da responsabilidade de se ter de tomar decisões importantes numa fração de segundos. Espero que sexta não seja um desses dias.
Os tratamentos são sempre caixinhas de surpresas. Por cá têm sido daquelas pouco agradáveis. Por muito que se queira ser racional é muito difícil ser coerente quando há imprevistos.
Há dias em que ser adulto é aborrecido por causa da responsabilidade de se ter de tomar decisões importantes numa fração de segundos. Espero que sexta não seja um desses dias.
terça-feira, 24 de abril de 2018
FIV 2 - Dia 6
Quando ontem referi que os dois inquilinos que por aqui andam não são de confiança, eu tinha razão. Em cada ovário há 10 folículos com menos de 10 mm. Digamos que a dormência continua por cá. Por causa disso, hoje não faço Orgalutran, retomo amanhã e mantenho 150 UI de Puregon. Sexta volto a fazer ecografia.
O resultado de hoje causa-me alguma preocupação, confesso.
Há novidades em relação à aspiração. Os tecidos foram enviados para Genética e o cariótipo do embrião era normal. No meu processo estava mencionado 46 XX, o que significa que era uma menina. Nada mais se sabe além disso. Esta era a resposta que eu queria obter para ter a certeza da transferência de apenas um embrião, se houver fecundação. Ver aquela nota escrita que transforma uma ideia assexuada de um aglomerado de células em algo concreto, deixou-me abatida. Tinha dentro de mim uma menina, a minha filha, que o meu próprio corpo arrancou. Ela era aquela manchinha preta que vi apenas uma vez, num dia em que fui às urgências, e nem o pai a chegou a ver. Essa é a melhor memória visual que conservo dela, as outras imagens do que sucedeu depois desse dia também as guardo na mente, com uma mágoa desmedida.
O resultado de hoje causa-me alguma preocupação, confesso.
Há novidades em relação à aspiração. Os tecidos foram enviados para Genética e o cariótipo do embrião era normal. No meu processo estava mencionado 46 XX, o que significa que era uma menina. Nada mais se sabe além disso. Esta era a resposta que eu queria obter para ter a certeza da transferência de apenas um embrião, se houver fecundação. Ver aquela nota escrita que transforma uma ideia assexuada de um aglomerado de células em algo concreto, deixou-me abatida. Tinha dentro de mim uma menina, a minha filha, que o meu próprio corpo arrancou. Ela era aquela manchinha preta que vi apenas uma vez, num dia em que fui às urgências, e nem o pai a chegou a ver. Essa é a melhor memória visual que conservo dela, as outras imagens do que sucedeu depois desse dia também as guardo na mente, com uma mágoa desmedida.
FIV 2 - Dia 5
Às 8 horas estarei a picar o ponto no hospital para fazer o primeiro balanço destes 5 dias de injeções. A forma como reagem os ovários é sempre motivo de preocupação para mim, porque estes dois não são de fiar...
O Orgalutran é tramado. Acaba-se de tirar a agulha, começa logo a comichão misturada com dor e o aparecimento de uma mancha vermelha. São minutos em que tenho de me controlar para não friccionar a zona. Neste momento a cor da pele voltou ao normal mas continua aqui uma pequena protuberância.
Pareceu-me voltar a sentir a presença do ovário direito. Daqui a umas horas o mistério estará desvendado.
Ainda a propósito do fim de semana passado, há algo que quero partilhar. Quando se reencontra amigos e estes perguntam "Então, que contas?" ou "Novidades?", chega uma altura em que se torna difícil responder. Por vezes, enquanto aguardo que o sono chegue, ponho-me a pensar na vida. Tenho refletido nessas duas questões que me têm sido colocadas com alguma frequência. Fiz um balanço dos episódios mais relevantes destes 6 anos e meio e não há muito a destacar, porque a vida tem andado em stand by. Esse exercício de ter alguns segundos para responder se tenho novidades, faz-me lembrar a altura em que na escola os professores da área das línguas nos pediam para fazermos composições acerca das nossas férias. Os meus pais não tinham condição económica que nos permitisse gozar férias. Se havia período que eu detestava era mesmo esse, porque estava sempre em casa, num sítio onde o tempo morria. Ter de fazer uma composição acerca das férias era torturar-me, então punha a imaginação a trabalhar e inventava. Neste momento, se tiver de falar de alguma coisa que não seja a infertilidade, não sobra praticamente nada. É tão difícil responder... Essas perguntas curtas e inofensivas têm um peso incomensurável porque mostram, mais uma vez, como estou refém desta doença. Tenho mesmo de me libertar.
O Orgalutran é tramado. Acaba-se de tirar a agulha, começa logo a comichão misturada com dor e o aparecimento de uma mancha vermelha. São minutos em que tenho de me controlar para não friccionar a zona. Neste momento a cor da pele voltou ao normal mas continua aqui uma pequena protuberância.
Pareceu-me voltar a sentir a presença do ovário direito. Daqui a umas horas o mistério estará desvendado.
Ainda a propósito do fim de semana passado, há algo que quero partilhar. Quando se reencontra amigos e estes perguntam "Então, que contas?" ou "Novidades?", chega uma altura em que se torna difícil responder. Por vezes, enquanto aguardo que o sono chegue, ponho-me a pensar na vida. Tenho refletido nessas duas questões que me têm sido colocadas com alguma frequência. Fiz um balanço dos episódios mais relevantes destes 6 anos e meio e não há muito a destacar, porque a vida tem andado em stand by. Esse exercício de ter alguns segundos para responder se tenho novidades, faz-me lembrar a altura em que na escola os professores da área das línguas nos pediam para fazermos composições acerca das nossas férias. Os meus pais não tinham condição económica que nos permitisse gozar férias. Se havia período que eu detestava era mesmo esse, porque estava sempre em casa, num sítio onde o tempo morria. Ter de fazer uma composição acerca das férias era torturar-me, então punha a imaginação a trabalhar e inventava. Neste momento, se tiver de falar de alguma coisa que não seja a infertilidade, não sobra praticamente nada. É tão difícil responder... Essas perguntas curtas e inofensivas têm um peso incomensurável porque mostram, mais uma vez, como estou refém desta doença. Tenho mesmo de me libertar.
segunda-feira, 23 de abril de 2018
FIV 2 - Dia 4
O dia foi passado em casa no ócio, por isso não me apercebi de dinamismo cá dentro. Tenho um pouco de erupção cutânea na cara e o intestino está mais ativo que o habitual. Daqui a uns dias vou estar aqui a queixar-me da inatividade neste último campo. A cabeça andou um pouco fora do assunto da estimulação, por enquanto é quase como se nada se estivesse a passar. O horário da injeção também não me provoca o efeito stress de Cinderela quando se aproxima o fim do feitiço, porque normalmente costumo estar em casa às 21 horas.
Amanhã passarei a fazer também o Orgalutran. Para quem vai iniciar esta rotina de injeções pela primeira vez, aconselho que façam uma tabela. Nas colunas identifico os injetáveis. Se for daqueles fármacos do género do Puregon ou Menopur, em que ao longo da estimulação a quantidade a injetar pode variar, subdivido em três colunas. Numa escrevo "E", noutra "D" e na terceira "UI". No caso do Orgalutran, como as seringas vêm pré-preparadas, só indico os lados a injetar "E" e "D". Cada linha corresponde à data em que a injeção é administrada e assinalo com X o lado esquerdo ou direito e na coluna "UI" escrevo o número de unidades introduzidas naquele dia. Tem de se arranjar alguns mecanismos para simplificar os processos, porque chega uma altura em que as mudanças nos medicamentos ocorrem muito rapidamente. Quando é a altura das transferências, em que os comprimidos podem ser muitos (na última fazia 10 diariamente), os primeiros dias são complicados. Poderá ser necessário programar o despertador do telemóvel para vários períodos mas a partir do segundo ou terceiro dia entra-se no ritmo. Outro cuidado que tenho é de conjugar o horário das tomas com o trabalho. O Progeffik, por exemplo, tinha de ser aplicado a cada 8 horas, por isso o mais favorável para mim era fazê-lo da seguinte forma: 1h, 9h e 17h. São apenas dicas mas acho que facilita um bocadinho.
Amanhã passarei a fazer também o Orgalutran. Para quem vai iniciar esta rotina de injeções pela primeira vez, aconselho que façam uma tabela. Nas colunas identifico os injetáveis. Se for daqueles fármacos do género do Puregon ou Menopur, em que ao longo da estimulação a quantidade a injetar pode variar, subdivido em três colunas. Numa escrevo "E", noutra "D" e na terceira "UI". No caso do Orgalutran, como as seringas vêm pré-preparadas, só indico os lados a injetar "E" e "D". Cada linha corresponde à data em que a injeção é administrada e assinalo com X o lado esquerdo ou direito e na coluna "UI" escrevo o número de unidades introduzidas naquele dia. Tem de se arranjar alguns mecanismos para simplificar os processos, porque chega uma altura em que as mudanças nos medicamentos ocorrem muito rapidamente. Quando é a altura das transferências, em que os comprimidos podem ser muitos (na última fazia 10 diariamente), os primeiros dias são complicados. Poderá ser necessário programar o despertador do telemóvel para vários períodos mas a partir do segundo ou terceiro dia entra-se no ritmo. Outro cuidado que tenho é de conjugar o horário das tomas com o trabalho. O Progeffik, por exemplo, tinha de ser aplicado a cada 8 horas, por isso o mais favorável para mim era fazê-lo da seguinte forma: 1h, 9h e 17h. São apenas dicas mas acho que facilita um bocadinho.
domingo, 22 de abril de 2018
FIV 2 - Dia 3
Se pressionar as zonas onde administrei as injeções deteto alguma sensibilidade. Há momentos em que tenho a sensação que há umas pontadinhas no ovário direito. Terça vou saber quem anda a trabalhar mais. Estou tranquila e o momento da injeção não tem aquela solenidade que a minha mente atribuía noutras ocasiões. Depois de terminar fico pensativa durante alguns segundos, porque o ato é tão mecânico que até julgo que me esqueci de alguma coisa. O sistema do Puregon é muito simples. Numa das estimulações em que usei o Menopur havia um ritual próprio da preparação, outro para a aspiração do líquido quando era a altura de administrar, o fármaco exigia mais atenção. Do Orgalutran, que vou fazer a partir de segunda, recordo-me que nas primeiras vezes tinha dificuldade em eliminar a bolha de ar sem expelir líquido, depois arranjei uma técnica rápida e infalível. A agulha desse é mais espessa e o produto provoca uma reação alérgica que, com o tempo, vai sendo cada vez mais ligeira.
A minha relação com as agulhas foi sempre pacífica. Desde pequenina faço colheita de sangue com regularidade e nunca me fez confusão ficar a ver a realização do processo. A altura mais complicada que tive com esses instrumentos perfurantes foi na segunda gravidez em que, dia sim, dia não, tinha de fazer beta e as enfermeiras iam sempre ao mesmo braço até eu começar a pedir para alternar. Logo que terminava a colheita a zona começava a inchar, ficar negra e doía. Com o avançar da idade, a minha pele está cada vez mais sensível. Esta semana, quando fiz análise à TSH e T4, o penso esteve no braço no máximo uma hora e ainda tenho a marca da reação à cola. Com perto de 30 anos comecei a manifestar alergia ao sol. Vivo numa terra de praia e não posso fazer mais que caminhadas na marginal. O chamado "trabalhar para o bronze" é incompatível com o meu bem estar. Essa atividade faz-me passar vários dias sem dormir, a desesperar com urticária e o corpo malhado com umas manchas vermelhas absurdamente quentes. De há uns anos para cá, desisti de procurar/tentar fórmulas milagrosas e simplesmente não faço praia. Um pequeno arranhão provoca um edema que perdura durante horas, com um relevo considerável. Penso já ter lido que o hipotiroidismo está relacionado com isto. Há 21 anos que faço tratamento para este problema. Ao ver o meu corpo reagir assim estou cada vez mais convicta que os embriões podem ser encarados como algo extremamente agressivo, daí depositar a única esperança que me resta na transferência de apenas um.
Esta tarde tive oportunidade de estar com vários dos meus sobrinhos do coração, quase todos nascidos depois de eu ter entrado nesta aventura. É bom vê-los a crescer, interagir, sentirem-se em família. Ao observar de longe, pensei que aquilo que realmente importa é que eles sejam felizes e se tornem pessoas de bem. No meio daquelas crianças todas não há filhos meus e se continuar a ser assim, só peço que tenha saúde para andar ainda algum tempo por cá a orgulhar-me das pessoinhas lindas em que se estão a tornar, tão puros, alegres, íntegros. Não somos todos iguais, a vida não traça as mesmas oportunidades aos indivíduos. Por mais que quisesse convencer-me do contrário há uns anos, a minha vida não vai passar pela maternidade. Estou em lágrimas a escrever isto, porque nunca quis que filhos meus morressem para me provar isso. Foi uma crueldade desnecessária e se calhar ainda vai tornar a acontecer.
A minha relação com as agulhas foi sempre pacífica. Desde pequenina faço colheita de sangue com regularidade e nunca me fez confusão ficar a ver a realização do processo. A altura mais complicada que tive com esses instrumentos perfurantes foi na segunda gravidez em que, dia sim, dia não, tinha de fazer beta e as enfermeiras iam sempre ao mesmo braço até eu começar a pedir para alternar. Logo que terminava a colheita a zona começava a inchar, ficar negra e doía. Com o avançar da idade, a minha pele está cada vez mais sensível. Esta semana, quando fiz análise à TSH e T4, o penso esteve no braço no máximo uma hora e ainda tenho a marca da reação à cola. Com perto de 30 anos comecei a manifestar alergia ao sol. Vivo numa terra de praia e não posso fazer mais que caminhadas na marginal. O chamado "trabalhar para o bronze" é incompatível com o meu bem estar. Essa atividade faz-me passar vários dias sem dormir, a desesperar com urticária e o corpo malhado com umas manchas vermelhas absurdamente quentes. De há uns anos para cá, desisti de procurar/tentar fórmulas milagrosas e simplesmente não faço praia. Um pequeno arranhão provoca um edema que perdura durante horas, com um relevo considerável. Penso já ter lido que o hipotiroidismo está relacionado com isto. Há 21 anos que faço tratamento para este problema. Ao ver o meu corpo reagir assim estou cada vez mais convicta que os embriões podem ser encarados como algo extremamente agressivo, daí depositar a única esperança que me resta na transferência de apenas um.
Esta tarde tive oportunidade de estar com vários dos meus sobrinhos do coração, quase todos nascidos depois de eu ter entrado nesta aventura. É bom vê-los a crescer, interagir, sentirem-se em família. Ao observar de longe, pensei que aquilo que realmente importa é que eles sejam felizes e se tornem pessoas de bem. No meio daquelas crianças todas não há filhos meus e se continuar a ser assim, só peço que tenha saúde para andar ainda algum tempo por cá a orgulhar-me das pessoinhas lindas em que se estão a tornar, tão puros, alegres, íntegros. Não somos todos iguais, a vida não traça as mesmas oportunidades aos indivíduos. Por mais que quisesse convencer-me do contrário há uns anos, a minha vida não vai passar pela maternidade. Estou em lágrimas a escrever isto, porque nunca quis que filhos meus morressem para me provar isso. Foi uma crueldade desnecessária e se calhar ainda vai tornar a acontecer.
sábado, 21 de abril de 2018
FIV 2 - Dia 2
Depois de passar os olhos pelo folheto informativo do Puregon percebi o motivo da prescrição do Cartia. Uma das possíveis complicações da Síndrome de Hiperestimulação Ovárica é a formação de coágulos que entram na corrente sanguínea. Obrigada, queridas médicas, estou-vos inteiramente grata!
A pica de ontem já me deixou ligeiramente marcada e hoje, milagrosamente não sangrei. Ainda é cedo para sentir alguma coisa diferente, daqui a uns dias não devo caber nas calças. Os vestidos vão ser os meus maiores aliados.
Comparando o meu corpo com a altura em que fiz a primeira FIV, estou num estado que apelido de "mais" em diversos aspetos: larga, pesada, cabelo branco, hirsutismo. Olho para mim e penso "ao ponto que chegaste!" Tenho uma parte muito relevante de culpa. Sinto-me desmotivada, revoltada. Quando o peso da infertilidade sair de cima dos meus ombros, nem vou acreditar. Estou presa há tanto tempo nisto, que acho que vou ter dificuldade em "descobrir-me" novamente. Preciso de dar um enorme suspiro de alívio por me livrar deste fardo.
Pode soar a ingratidão exprimir-me desta forma, quando estou a usufruir de uma oportunidade de dar um pontapé à infertilidade. Mas revolta-me ter de passar por algo tão contranatura; revolta-me ler diariamente notícias de atrocidades cometidas por progenitores que não sabem honrar o seu papel de pais; revolta-me ter de sofrer física e psicologicamente para tentar fintar uma doença malvada, sem ter garantias de que o vá conseguir; revolta-me ter perdido três filhos, como se alguém estivesse a fazer troça de mim; revolta-me saber que o sofrimento não terminou. Se calhar tudo isto não passa de egoísmo. Para finalizar, revolta-me a ambivalência que a infertilidade causa.
A pica de ontem já me deixou ligeiramente marcada e hoje, milagrosamente não sangrei. Ainda é cedo para sentir alguma coisa diferente, daqui a uns dias não devo caber nas calças. Os vestidos vão ser os meus maiores aliados.
Comparando o meu corpo com a altura em que fiz a primeira FIV, estou num estado que apelido de "mais" em diversos aspetos: larga, pesada, cabelo branco, hirsutismo. Olho para mim e penso "ao ponto que chegaste!" Tenho uma parte muito relevante de culpa. Sinto-me desmotivada, revoltada. Quando o peso da infertilidade sair de cima dos meus ombros, nem vou acreditar. Estou presa há tanto tempo nisto, que acho que vou ter dificuldade em "descobrir-me" novamente. Preciso de dar um enorme suspiro de alívio por me livrar deste fardo.
Pode soar a ingratidão exprimir-me desta forma, quando estou a usufruir de uma oportunidade de dar um pontapé à infertilidade. Mas revolta-me ter de passar por algo tão contranatura; revolta-me ler diariamente notícias de atrocidades cometidas por progenitores que não sabem honrar o seu papel de pais; revolta-me ter de sofrer física e psicologicamente para tentar fintar uma doença malvada, sem ter garantias de que o vá conseguir; revolta-me ter perdido três filhos, como se alguém estivesse a fazer troça de mim; revolta-me saber que o sofrimento não terminou. Se calhar tudo isto não passa de egoísmo. Para finalizar, revolta-me a ambivalência que a infertilidade causa.
quinta-feira, 19 de abril de 2018
FIV 2 - Dia 1
The beginning! E que começo!
Hoje foi daquelas manhãs em que se chegava a um ponto em que já não havia posição possível para sentir conforto, mesmo não sendo o plástico das cadeiras desagradável de todo. Há partes do hospital a léguas (numa perspetiva negativa) das condições oferecidas pela zona de Medicina de Reprodução. A questão aqui é que saí às 15 horas quando a hora marcada para lá estar foi às 9h30. Olhei para os pulsos, tentada em fazer-lhes algo. Eram 11h50 quando passei para a sala de espera de ecografia. Às 13 horas chegou finalmente a minha vez de ir para a marquesa. Estava tão anestesiada da espera, que nem me apercebi do desconforto que ela proporciona às pernas. Já falei deste detalhe várias vezes. Tenho a certeza que quem passou largos minutos em escrutínio de catacumbas naquela marquesa, em concreto, sabe ao que me refiro. Quem me dera que fosse como a da sala das punções/transferências...
Começou a ecografia, passado um bocadinho disse a médica "Os seus ovários estão carregadinhos! Só num ovário estou a contar 21. É provável que hiperestimule. Sabe que com doses baixas os ovários podem não reagir, então a única hipótese é garantir que trabalhem, só que vão responder em excesso." Na folha de contagens estavam 21 potenciais candidatos de um lado e 26 do outro. A máquina de fazer pipocas vai voltar em força. Uau... Que entusiasmo estou a sentir só de me lembrar daquilo que passei. Tenho de me mentalizar que não me posso queixar, porque há muitas mulheres que gostavam de ter uma pequena fração daquilo que produzo, é a realidade. Mas dói e não é pouco. Acarreta também consequências chatas que demoram a normalizar. Além do mais pode não servir para nada. Com o cenário que se avizinha, por volta do início de agosto poderei fazer TEC.
Voltei em seguida para a sala de espera.
Algum tempo após a eco fomos chamados para a consulta e foi-nos entregue o plano de ataque para os próximos dias. Puregon 150 UI até segunda-feira, nesse mesmo dia acrescento Orgalutran. Por via oral é Acfol, Eutirox (esse é até partir para outra dimensão) e a novidade desta estimulação, o Cartia. Usei o Cartia em processos de transferência e agora também fará parte da estimulação. Não sei exatamente qual o seu contributo nesta fase, mas estou por tudo. Foram feitos pedidos de análises para atualização e voltei a bater na tecla da aspiração. A Diretora disse que ainda não havia nada e parecia que ia deixar o assunto morrer. Quando falei que estava a ponderar apresentar uma reclamação, porque me tinha sido garantido que o conteúdo foi para análise, lembraram-se que a amostra pode ter sido enviada para Genética em vez de Anatomia Patológica. Quando vai para este último departamento, os resultados são disponibilizados na base de dados, na Genética não é assim. Têm de entrar em contacto com eles. Como era hora de almoço ninguém iria atender, então ficou um lembrete no meu processo para ligarem para lá. Se na próxima terça souber que nada deu entrada, apresentarei reclamação. Perguntei se os embriões podiam ser congelados individualmente e expliquei que, uma vez que não sei o resultado da aspiração, vamos experimentar transferir apenas um embrião. Expliquei a minha desconfiança de o sistema imunitário rejeitar organismos estranhos e, quem sabe, transferindo apenas um embrião, estou a reduzir a hipótese de rejeição. A Drª S. disse que há situações de resposta imunitária em que os corticóides trazem vantagens, noutros casos até prejudicam e isso nunca se saberá. Questionei também se não se justificará usar o Lovenox. Apesar de não ter trombofilias não se opuseram, tendo em conta o elevado número de TEC que realizei sem resultados favoráveis. Relativamente à possibilidade de o embrião da última gravidez ter algum tipo de trissomia, caso haja confirmação, o hospital não oferece nenhum tipo de resposta na seleção de embriões, só fora. Foram dizendo que com 38 anos e todo o meu historial, as minhas hipóteses de sucesso são reduzidas.
Não saí abatida, porque não ouvi nada inesperado. Estou plenamente consciente de que será muito difícil alguma vez dar certo, é a realidade. As evidências dos próximos tempos serão a confirmação que esta luta não tem qualquer tipo de produtividade comigo.
Regressámos à sala de espera, depois fomos às enfermeiras.
Agora um pequeno momento de serviço público:
Há um shopping junto ao hospital e ao hotel Ibis, o Campus S. João. Tem uma farmácia com o mesmo nome do espaço e, mesmo sem sermos sócios da APF, temos 10% de desconto imediato nos injetáveis para estimulação. Foram 15€ a menos que paguei. Essa poupança já ajuda na aquisição da medicação que se toma em altura de transferências.
Estou a voltar à suposta "pontaria" em vasos com o Puregon. Sangro, mesmo fazendo prega e a agulha é finíssima. Não sei o motivo.
O dia foi cansativo, apesar da manhã ter sido uma verdadeira "seca", como dizem os miúdos.
Hoje foi daquelas manhãs em que se chegava a um ponto em que já não havia posição possível para sentir conforto, mesmo não sendo o plástico das cadeiras desagradável de todo. Há partes do hospital a léguas (numa perspetiva negativa) das condições oferecidas pela zona de Medicina de Reprodução. A questão aqui é que saí às 15 horas quando a hora marcada para lá estar foi às 9h30. Olhei para os pulsos, tentada em fazer-lhes algo. Eram 11h50 quando passei para a sala de espera de ecografia. Às 13 horas chegou finalmente a minha vez de ir para a marquesa. Estava tão anestesiada da espera, que nem me apercebi do desconforto que ela proporciona às pernas. Já falei deste detalhe várias vezes. Tenho a certeza que quem passou largos minutos em escrutínio de catacumbas naquela marquesa, em concreto, sabe ao que me refiro. Quem me dera que fosse como a da sala das punções/transferências...
Começou a ecografia, passado um bocadinho disse a médica "Os seus ovários estão carregadinhos! Só num ovário estou a contar 21. É provável que hiperestimule. Sabe que com doses baixas os ovários podem não reagir, então a única hipótese é garantir que trabalhem, só que vão responder em excesso." Na folha de contagens estavam 21 potenciais candidatos de um lado e 26 do outro. A máquina de fazer pipocas vai voltar em força. Uau... Que entusiasmo estou a sentir só de me lembrar daquilo que passei. Tenho de me mentalizar que não me posso queixar, porque há muitas mulheres que gostavam de ter uma pequena fração daquilo que produzo, é a realidade. Mas dói e não é pouco. Acarreta também consequências chatas que demoram a normalizar. Além do mais pode não servir para nada. Com o cenário que se avizinha, por volta do início de agosto poderei fazer TEC.
Voltei em seguida para a sala de espera.
Algum tempo após a eco fomos chamados para a consulta e foi-nos entregue o plano de ataque para os próximos dias. Puregon 150 UI até segunda-feira, nesse mesmo dia acrescento Orgalutran. Por via oral é Acfol, Eutirox (esse é até partir para outra dimensão) e a novidade desta estimulação, o Cartia. Usei o Cartia em processos de transferência e agora também fará parte da estimulação. Não sei exatamente qual o seu contributo nesta fase, mas estou por tudo. Foram feitos pedidos de análises para atualização e voltei a bater na tecla da aspiração. A Diretora disse que ainda não havia nada e parecia que ia deixar o assunto morrer. Quando falei que estava a ponderar apresentar uma reclamação, porque me tinha sido garantido que o conteúdo foi para análise, lembraram-se que a amostra pode ter sido enviada para Genética em vez de Anatomia Patológica. Quando vai para este último departamento, os resultados são disponibilizados na base de dados, na Genética não é assim. Têm de entrar em contacto com eles. Como era hora de almoço ninguém iria atender, então ficou um lembrete no meu processo para ligarem para lá. Se na próxima terça souber que nada deu entrada, apresentarei reclamação. Perguntei se os embriões podiam ser congelados individualmente e expliquei que, uma vez que não sei o resultado da aspiração, vamos experimentar transferir apenas um embrião. Expliquei a minha desconfiança de o sistema imunitário rejeitar organismos estranhos e, quem sabe, transferindo apenas um embrião, estou a reduzir a hipótese de rejeição. A Drª S. disse que há situações de resposta imunitária em que os corticóides trazem vantagens, noutros casos até prejudicam e isso nunca se saberá. Questionei também se não se justificará usar o Lovenox. Apesar de não ter trombofilias não se opuseram, tendo em conta o elevado número de TEC que realizei sem resultados favoráveis. Relativamente à possibilidade de o embrião da última gravidez ter algum tipo de trissomia, caso haja confirmação, o hospital não oferece nenhum tipo de resposta na seleção de embriões, só fora. Foram dizendo que com 38 anos e todo o meu historial, as minhas hipóteses de sucesso são reduzidas.
Não saí abatida, porque não ouvi nada inesperado. Estou plenamente consciente de que será muito difícil alguma vez dar certo, é a realidade. As evidências dos próximos tempos serão a confirmação que esta luta não tem qualquer tipo de produtividade comigo.
Regressámos à sala de espera, depois fomos às enfermeiras.
Agora um pequeno momento de serviço público:
Há um shopping junto ao hospital e ao hotel Ibis, o Campus S. João. Tem uma farmácia com o mesmo nome do espaço e, mesmo sem sermos sócios da APF, temos 10% de desconto imediato nos injetáveis para estimulação. Foram 15€ a menos que paguei. Essa poupança já ajuda na aquisição da medicação que se toma em altura de transferências.
Estou a voltar à suposta "pontaria" em vasos com o Puregon. Sangro, mesmo fazendo prega e a agulha é finíssima. Não sei o motivo.
O dia foi cansativo, apesar da manhã ter sido uma verdadeira "seca", como dizem os miúdos.
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quarta-feira, 18 de abril de 2018
A poucas horas do início da FIV 2
A pílula cumpriu a sua função, hoje a hemorragia de privação chegou viva. Consegui contactar o hospital e amanhã, às 9h30, eu e o meu marido estaremos no piso 3 a aguardar o início da última temporada desta série. Deveremos fazer repetição das análises da praxe, vamos assinar papéis e ter formação em injetáveis com a enfermeira. Vou falar acerca da criopreservação dos possíveis embriões (agora um por palheta) e do meu interesse em, na próxima transferência, usar apenas um embrião. Se, devido à idade, até poderia até reunir condições de transferir mesmo 3 embriões, pela minha desconfiança de rejeição de células estranhas, vou jogar pelo seguro e experimentar desta forma. Nunca tentei apenas um! Se calhar vão achar disparatado mas já que o empirismo tem mandado, por que não fazê-lo, nem que seja só uma vez? Experimento e logo se vê. Três de uma vez não faria de certeza, mesmo que mo aconselhassem.
Os meus ovócitos estão mais velhos em relação à última FIV, devem estar a ficar senis, assim como eu. Estou a perder a paciência para continuar em permanentes experiências que só me têm feito sofrer, adiar projetos, abdicar de oportunidades e manter a vida em suspenso. O limite está muito bem definido. Quando terminarem todas as hipóteses que este tratamento me possa trazer, será de facto o fim. Esta clarividência no estabelecimento de um final está a deixar-me voltar a tomar um pouco as rédeas da minha vida, que era algo que não sentia há muito tempo. Sim, é verdade, a forma como abordo isto transparece que não estou nada convencida que seja nesta FIV que o assunto da infertilidade fica resolvido. Não consigo pensar de outra forma quando tantas vezes se lê ou ouve que basta um embrião e dez para mim não resultaram.
Os meus ovócitos estão mais velhos em relação à última FIV, devem estar a ficar senis, assim como eu. Estou a perder a paciência para continuar em permanentes experiências que só me têm feito sofrer, adiar projetos, abdicar de oportunidades e manter a vida em suspenso. O limite está muito bem definido. Quando terminarem todas as hipóteses que este tratamento me possa trazer, será de facto o fim. Esta clarividência no estabelecimento de um final está a deixar-me voltar a tomar um pouco as rédeas da minha vida, que era algo que não sentia há muito tempo. Sim, é verdade, a forma como abordo isto transparece que não estou nada convencida que seja nesta FIV que o assunto da infertilidade fica resolvido. Não consigo pensar de outra forma quando tantas vezes se lê ou ouve que basta um embrião e dez para mim não resultaram.
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