Está a ser muito estranho descrever a evolução desta TEC. Os dias, no que toca a este assunto, são recheados de uma total neutralidade. Hoje não foi exceção. Começo até a sentir-me constrangida de vir cá dar "novidades". Estou mal habituada pelas experiências anteriores. Parece que estou sempre a bater na mesma tecla mas a maior surpresa até agora desta TEC é a sensação de que não fiz nada há uma semana. Estive, contudo, completamente consciente a ver o catéter a chegar ao endométrio no qual foi depositado o líquido onde se encontrava o embrião. A bióloga verificou como sempre, no final, se havia algo na cânula. Pergunto-me se aquelas pontadas fortíssimas que sentira nas transferências anteriores eram fruto de excesso de Estrofem. Até nos negativos era invadida por essas dores.
A contagem decrescente vai começar. O tempo está a andar a passo de caracol mas uma semana já lá vai.
Um grito mudo de alguém que viveu no submundo da INFERTILIDADE e (spoiler alert!) - acabou por mudar de rumo
sexta-feira, 29 de junho de 2018
quinta-feira, 28 de junho de 2018
Dia 7 - TEC 6
Novo dia, nada novo. Vou-me entupindo de medicação, apenas. Se a magia aconteceu começa a ser altura da hormona beta-hCG invadir o corpito. Nas duas últimas vezes comecei a ter perdas no dia 9 e resultado positivo. Devia ser o famoso sangramento de nidação.
Daqui a uma semana, por esta hora, já estarão dadas as novidades relativamente ao veredito da primeira TEC desta FIV. Sei que não devo comparar as minhas experiências anteriores, porque este universo infértil não tem nada de uniforme. Somos movidas, contudo, por aquela busca de conforto, por algo familiar, pelo refugiar num mecanismo de defesa que não faz rigorosamente nada, porque sofre-se sempre. Se calhar era muito mais fácil se fosse como aqueles testes académicos feitos a computador em que, quando acaba o tempo definido para a sua realização, sabe-se automaticamente se se está aprovado ou reprovado. Fazia-se a TEC e o resultado saía na hora. A realidade não é assim. Aquelas duas pequenas personagens que gostam de pairar, junto a cada ombro, a sussurrar aos nossos ouvidos, vão minando o cérebro ora com frases motivadoras, ora com escárnio, toldando a clarividência. O meu marido não é nada assim e às vezes isso enerva-me. Ele é que age bem, não eu.
Daqui a uma semana, por esta hora, já estarão dadas as novidades relativamente ao veredito da primeira TEC desta FIV. Sei que não devo comparar as minhas experiências anteriores, porque este universo infértil não tem nada de uniforme. Somos movidas, contudo, por aquela busca de conforto, por algo familiar, pelo refugiar num mecanismo de defesa que não faz rigorosamente nada, porque sofre-se sempre. Se calhar era muito mais fácil se fosse como aqueles testes académicos feitos a computador em que, quando acaba o tempo definido para a sua realização, sabe-se automaticamente se se está aprovado ou reprovado. Fazia-se a TEC e o resultado saía na hora. A realidade não é assim. Aquelas duas pequenas personagens que gostam de pairar, junto a cada ombro, a sussurrar aos nossos ouvidos, vão minando o cérebro ora com frases motivadoras, ora com escárnio, toldando a clarividência. O meu marido não é nada assim e às vezes isso enerva-me. Ele é que age bem, não eu.
quarta-feira, 27 de junho de 2018
Dia 6 - TEC 6
Se em outras ocasiões começava a ter pontadas na barriga, com positivos ou não, desta vez não sinto rigorosamente nada. Isto leva-me a perspetivar um grande negativo. Outra hipótese é os dois comprimidos de Estrofem, em vez de três, estarem a ditar esta diferença relativamente a todas as outras TEC. Mesmo que não resulte pretendo continuar a tentar um embrião de cada vez.
Quero manter-me otimista mas começa a ser difícil. Antevejo que a mudança que queria fazer a uma área da minha vida, que tenho vindo a prejudicar, não vai acontecer para que consiga manter-me disponível para novas transferências. Tenho de pensar que em mais ou menos um ano este assunto da infertilidade fica arrumado definitivamente e depois sim, poderei dedicar-me a outros projetos.
Quero manter-me otimista mas começa a ser difícil. Antevejo que a mudança que queria fazer a uma área da minha vida, que tenho vindo a prejudicar, não vai acontecer para que consiga manter-me disponível para novas transferências. Tenho de pensar que em mais ou menos um ano este assunto da infertilidade fica arrumado definitivamente e depois sim, poderei dedicar-me a outros projetos.
terça-feira, 26 de junho de 2018
Dia 5 - TEC 6
Os efeitos da medicação ainda não se fazem sentir. Não tarda muito, o meu estado insuflado, ao nível da poitrine, será ainda mais gigantesco do que aquilo que normalmente é, fruto do Progeffik. No que diz respeito à minha amiga gastrite, que me acompanha sempre nas TEC, desta vez ainda não deu sinais. Associo essa alteração à redução dos comprimidos de Estrofem ou, quem sabe, estou mais calma.
Lembrei-me há pouco que na folha onde as médicas registam a informação da transferência, ao contrário das outras 5 vezes em que indicavam a SOP como causa desta coisa do demo, agora assinalam infertilidade inexplicada. De facto, face ao que aconteceu nos últimos 2 anos, estou realmente naquele limbo da estranheza, do desconhecido. É um género de purgatório da infertilidade em que poderei ficar eternamente.
Veio-me agora também à mente que há exatamente 8 meses, quando nos casámos, estava um dia de outono maravilhoso que mais parecia verão. Hoje estiveram 20°C e um vento fresco que não abonam a favor da suposta época em que nos encontramos.
Lembrei-me há pouco que na folha onde as médicas registam a informação da transferência, ao contrário das outras 5 vezes em que indicavam a SOP como causa desta coisa do demo, agora assinalam infertilidade inexplicada. De facto, face ao que aconteceu nos últimos 2 anos, estou realmente naquele limbo da estranheza, do desconhecido. É um género de purgatório da infertilidade em que poderei ficar eternamente.
Veio-me agora também à mente que há exatamente 8 meses, quando nos casámos, estava um dia de outono maravilhoso que mais parecia verão. Hoje estiveram 20°C e um vento fresco que não abonam a favor da suposta época em que nos encontramos.
segunda-feira, 25 de junho de 2018
Dia 4 - TEC 6
Mais 24 horas passaram. Não me ocorrem ainda pensamentos derrotistas, mas também não perco muito tempo a refletir sobre o que poderá estar a acontecer cá dentro.
Faltam 10 dias para saber o que me reserva o futuro ou não, como é costume. Sei que, se engravidar, as fatídicas 6 semanas vão coincidir exatamente com a altura em que estarei numa ilha no Atlântico. É, tradicionalmente uma época traumática para mim em que também se realiza a ecografia na qual se tem vislumbrado o nada. Bem, o melhor é afastar-me de ideias malucas e viver minuto a minuto.
Estou a tentar definir um pouco a minha vida quando terminar o verão, tudo depende desta TEC. It sucks!
Faltam 10 dias para saber o que me reserva o futuro ou não, como é costume. Sei que, se engravidar, as fatídicas 6 semanas vão coincidir exatamente com a altura em que estarei numa ilha no Atlântico. É, tradicionalmente uma época traumática para mim em que também se realiza a ecografia na qual se tem vislumbrado o nada. Bem, o melhor é afastar-me de ideias malucas e viver minuto a minuto.
Estou a tentar definir um pouco a minha vida quando terminar o verão, tudo depende desta TEC. It sucks!
domingo, 24 de junho de 2018
Dia 3 - TEC 6
Hoje é dia de aniversário do paizinho da minha filhota (enteada), da minha menina peluda longa de comprimento e de bigodaça e dos 28 mini-nós que fecundaram. Apesar da data, ele não se chama João.
Se não tivesse de me lembrar dos horários de medicação e de fazer alguns ajustes alimentares, passaria despercebido que fiz uma transferência.
Apesar de ontem não ter cometido qualquer excesso alimentar, de há uns dois anos para cá noto que o meu estômago não tem a mesma tolerância de antes. Quando algo foge um pouco à regra no tipo de alimento ingerido, no dia seguinte sinto-me nauseada. A esta hora permaneço nesse estado, contudo tenho a esperança de amanhã já estar normal. Sardinha assada à noite começa a tornar-se pouco recomendável.
Segunda é dia de regresso ao trabalho. Foi bom a TEC ter sido numa sexta para desanuviar a cabeça. Se tudo continuar sobre rodas, os próximos dias serão cruciais. Vendo bem as coisas cada fração de segundo é crucial. Da ventura ao descalabro não é preciso mais que um momento para que algo significativo aconteça. Para não estar permanentemente a pensar nisso o melhor é arranjar formas de manter a mente afastada, o que é difícil quando se tem de fazer medicação a cada 8 horas.
Se não tivesse de me lembrar dos horários de medicação e de fazer alguns ajustes alimentares, passaria despercebido que fiz uma transferência.
Apesar de ontem não ter cometido qualquer excesso alimentar, de há uns dois anos para cá noto que o meu estômago não tem a mesma tolerância de antes. Quando algo foge um pouco à regra no tipo de alimento ingerido, no dia seguinte sinto-me nauseada. A esta hora permaneço nesse estado, contudo tenho a esperança de amanhã já estar normal. Sardinha assada à noite começa a tornar-se pouco recomendável.
Segunda é dia de regresso ao trabalho. Foi bom a TEC ter sido numa sexta para desanuviar a cabeça. Se tudo continuar sobre rodas, os próximos dias serão cruciais. Vendo bem as coisas cada fração de segundo é crucial. Da ventura ao descalabro não é preciso mais que um momento para que algo significativo aconteça. Para não estar permanentemente a pensar nisso o melhor é arranjar formas de manter a mente afastada, o que é difícil quando se tem de fazer medicação a cada 8 horas.
Dia 2 - TEC 6
Foi noite de S. João aqui no norte. O meu marido proibiu-me de realizar qualquer atividade. Ao menos pude tratar da saúde das sardinhas que tão bem me souberam. Coube-me a tarefa de aprovar a quantidade de pimento assado que ele podia comer para que a noite corresse bem. Num balão depositei os pensamentos nas minhas pequenas luzinhas que cedo se extinguiram. Noutro foquei-me no mini-nós que poderá ainda estar a lutar no duro ambiente que tem de enfrentar. Foi um dia feliz, num ambiente caloroso.
sexta-feira, 22 de junho de 2018
TEC 6
Eu e o meu pequeno estamos recolhidos em casa. A bexiga estava vazia, apesar de ter bebido quase 1 litro de água, mas viu-se bem o endométrio e o catéter. Fomos depois almoçar ao shopping aqui perto de casa e demos uma voltinha muito calma.
The chosen one é topo de gama, não perdeu uma única célula. Perguntei se era resultante da FIV ou ICSI e a bióloga disse que era da FIV. Preferiu assim por não ter sofrido qualquer manipulação. Acredita que um dia vai aparecer o certo.
Fui esperançosa, na sala havia um rádio ligado e foi a primeira vez que fiz uma transferência com direito a música. Transmitiu-me paz e a ideia que pode ser que alguma vez corra bem. Quem fez o procedimento foi a Diretora por quem tenho uma grande estima. Em jeito de brincadeira meteu-se comigo a dizer que eu deveria ter bebido cerveja, pois assim a bexiga enchia instantaneamente. Ela estava mesmo bem disposta e comentava com as estagiárias que o meu cadastro lá já é grande. Antes de vir embora, a técnica administrativa aconselhou-me a cheirar os dois manjericos que estão na receção para dar sorte e cumpri à risca para que o mini-nós fique completamente imbuído das energias positivas que toda a gente me transmitiu hoje.
5 de julho será o dia da verdade desta TEC. Vou manter-me fiel ao conhecimento da realidade apenas nessa data. Quem espera há quase 7 anos por um dia mágico aguenta bem pelo resultado do beta.
The chosen one é topo de gama, não perdeu uma única célula. Perguntei se era resultante da FIV ou ICSI e a bióloga disse que era da FIV. Preferiu assim por não ter sofrido qualquer manipulação. Acredita que um dia vai aparecer o certo.
Fui esperançosa, na sala havia um rádio ligado e foi a primeira vez que fiz uma transferência com direito a música. Transmitiu-me paz e a ideia que pode ser que alguma vez corra bem. Quem fez o procedimento foi a Diretora por quem tenho uma grande estima. Em jeito de brincadeira meteu-se comigo a dizer que eu deveria ter bebido cerveja, pois assim a bexiga enchia instantaneamente. Ela estava mesmo bem disposta e comentava com as estagiárias que o meu cadastro lá já é grande. Antes de vir embora, a técnica administrativa aconselhou-me a cheirar os dois manjericos que estão na receção para dar sorte e cumpri à risca para que o mini-nós fique completamente imbuído das energias positivas que toda a gente me transmitiu hoje.
5 de julho será o dia da verdade desta TEC. Vou manter-me fiel ao conhecimento da realidade apenas nessa data. Quem espera há quase 7 anos por um dia mágico aguenta bem pelo resultado do beta.
terça-feira, 19 de junho de 2018
TEC 6 agendada
Foi dia de ecografia e confirmou-se novamente que o meu endométrio responde bem ao Estrofem. Para variar estava com uns esbeltos 9,2 mm. Na próxima sexta vou então receber o meu embrião proveniente da magia biológica mais recente, com ADN mais maduro e experiente. Há um misto de expectativa e pessimismo, sentimentos antagónicos característicos deste processo. É a sexta vez que passo por isto, se houver descongelamento favorável. Será o décimo primeiro inquilino que vai passar por cá. Espero que não lhe dê ordem de despejo fora do tempo.
Uma das médicas estagiárias estava a procurar no meio de toda a papelada que recheia o meu processo o consentimento desta TEC, para confirmar se já estava assinado e o número de embriões a transferir. Eu disse que desta vez a aposta era apenas num e a Diretora comentou "fazem bem". Ao contrário das outras vezes em que, a partir desta fase, passava a tomar 3 comprimidos diários de Estrofem, desta vez mantenho dois, porque o endométrio cresce bem. O Progeffik foi introduzido esta tarde, com periodicidade a cada 8 horas.
Dizem que à terceira é de vez. Quem sabe não é ao dobro da terceira?
Sexta à tarde ficarei de papo para o ar e sábado é noite de S. João. Vou estar sossegadinha a degustar sardine on carvon, sem loucuras (é o meu estado normal) e domingo é aniversário do pai da criança. Este dia será igualmente zen, até porque não sei como lhe vai cair o jantar da noite anterior. Os pimentos e azeitonas são um problema quando ele se lembra que gosta muito. Os meus avisos constantes caem muitas vezes em saco roto.
Estou em falta com as minhas estimadas leitoras e companheiras de luta. A partir de quinta estarei mais disponível para passar um tempinho por cá.
Uma das médicas estagiárias estava a procurar no meio de toda a papelada que recheia o meu processo o consentimento desta TEC, para confirmar se já estava assinado e o número de embriões a transferir. Eu disse que desta vez a aposta era apenas num e a Diretora comentou "fazem bem". Ao contrário das outras vezes em que, a partir desta fase, passava a tomar 3 comprimidos diários de Estrofem, desta vez mantenho dois, porque o endométrio cresce bem. O Progeffik foi introduzido esta tarde, com periodicidade a cada 8 horas.
Dizem que à terceira é de vez. Quem sabe não é ao dobro da terceira?
Sexta à tarde ficarei de papo para o ar e sábado é noite de S. João. Vou estar sossegadinha a degustar sardine on carvon, sem loucuras (é o meu estado normal) e domingo é aniversário do pai da criança. Este dia será igualmente zen, até porque não sei como lhe vai cair o jantar da noite anterior. Os pimentos e azeitonas são um problema quando ele se lembra que gosta muito. Os meus avisos constantes caem muitas vezes em saco roto.
Estou em falta com as minhas estimadas leitoras e companheiras de luta. A partir de quinta estarei mais disponível para passar um tempinho por cá.
quinta-feira, 14 de junho de 2018
Ao ataque!
Não menstruei após o Decapeptyl, como é costume. Fiz ecografia esta manhã, o endométrio estava linear, prontinho a receber o Estrofem. Recomecei os dois comprimidos diários, volto ao Cartia e a dúvida das médicas era em relação ao Lepicortinolo. Há casos em que traz vantagens, noutros tem um efeito contrário ao pretendido. Elas receiam que eu seja desses casos. Quando disse que foi na TEC do corticoide que se viu um saquinho sem qualquer dúvida, a médica decidiu arriscar novamente no Lepicortinolo. Falei outra vez no Lovenox e, para já, não acham que possa trazer benefícios. Na próxima terça-feira volto a fazer ecografia.
Mais um ano letivo finda e agora é altura de tratar da preparação de alunos para o exame nacional. O horário de trabalho está organizado de outra forma e estou fisicamente cansada. Ando muito absorvida nesta missão mas neles acresce o sentimento de responsabilidade e o medo de bloquearem em algo tão determinante na definição das suas escolhas. Daqui a uma semana será o famigerado exame de 11° ano. A partir daí estarei mais disponível para passar cá mais vezes e arrebitar um pouco a atividade escrita.
Mais um ano letivo finda e agora é altura de tratar da preparação de alunos para o exame nacional. O horário de trabalho está organizado de outra forma e estou fisicamente cansada. Ando muito absorvida nesta missão mas neles acresce o sentimento de responsabilidade e o medo de bloquearem em algo tão determinante na definição das suas escolhas. Daqui a uma semana será o famigerado exame de 11° ano. A partir daí estarei mais disponível para passar cá mais vezes e arrebitar um pouco a atividade escrita.
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