Numa rapidez atípica, assim que chegámos ao hospital dirigimo-nos, pela primeira vez os dois, para a sala de espera da zona de ecografia. Poucos minutos depois entrámos na sala da marquesa desconfortável.
O meu marido assistiu à caça do mini-nós perdido, contudo a busca foi infrutífera. Finda a pesquisa no útero o objetivo seguinte foi descartar uma gravidez ectópica. A esse nível também nada foi encontrado, felizmente. Os toques nos ovários foram tudo menos agradáveis.
Seguiu-se colheita de sangue para tirar qualquer dúvida existente relativamente à progressão/retrocesso da hormona beta-HCG.
Como é habitual em dia de beta, por volta das 12h30 regressámos ao HSJ para saber as notícias.
"Esteve quase lá mas ainda não foi suficiente. Teve o que se chama uma gravidez bioquímica. O valor da beta-HCG está a regredir."
Não foi nada que não estivesse à espera. Não sei explicar a razão mas à medida que os minutos passavam no consultório comecei a sentir um alívio o que, à primeira vista, parece uma crueldade. Passei de um estado de revolta e conformismo a um regresso de confiança. O facto de o desfecho ter sido formalizado trouxe-me o sossego que não senti nestas semanas desde o primeiro beta.
Olhando para o que aconteceu, com a cabeça mais fria, penso na hipótese mais frequente associada a este tipo de situação de aborto. Uma percentagem significativa destas perdas prematuras deve-se a uma seleção natural que o nosso corpo faz a embriões com problemas genéticos.
Foi-me entregue o relatório da TEC. A última medição realizada ao endométrio era de 8,3 mm de espessura. Relativamente à ecografia de hoje a cavidade uterina estava vazia, os ovários sem alterações, sem imagens anexiais suspeitas. O beta hoje foi de 29,82.
Agora as novidades. A próxima TEC será já em 2017. Inquiri, de forma intencional, se ia haver alterações no protocolo da sua preparação. A médica voltou com a história do Decapeptyl. Questionei qual o objetivo primordial desse fármaco e ela respondeu o que eu queria ouvir. Lá veio a justificação de garantir a inatividade dos ovários. Foi aí que referi que nunca menstruei com o Decapeptyl e há 22 anos que os meus ovários não trabalham espontaneamente. Finalmente alguém parou para me ouvir! Perante o que disse, a médica perguntou de quantos dias era o meu ciclo, ao que relembrei (pela n ésima vez) que não tenho ciclos, só medicada. Depois de todo este tempo e da minha insistência, uma das quatro especialistas por quem passamos, que até é a diretora do serviço, chegou à conclusão que o Decapapetyl não tem qualquer utilidade comigo!
Lutadoras: questionem uma, duas, três, quatro vezes, caso necessário, se alguma vez acharem que há algo no vosso acompanhamento que não faz sentido.
Após a brilhante conclusão ficou definido que vou induzir a menstruação com Provera (somos tu cá, tu lá há décadas), porque no meu caso não tenho outra hipótese. No terceiro dia desse ciclo farei ecografia e iniciarei automaticamente o Estrofem se assim for necessário. Vai ser uma espécie de ciclo natural, com a diferença que não haverá Pregnyl, porque eu não sou pessoa de ovular assim à balda!
O melhor disto é que ficou uma folhinha na parte da frente do meu processo com a indicação de não prescrever o Decapeptyl e o respetivo motivo, não fosse alguém tratar-me como um enlatado de uma máquina que faz sempre a mesma coisa.
Plano de ataque definido, vamos a datas. A primeira semana de janeiro está no horizonte, já à vista. Será aí que farei a primeira eco. É completamente possível nessa altura porque, para variar, quem manda nos meus pseudo-ciclos sou eu. Só preciso de fazer contas para prever, com um bom rigor, quando devo tomar o Provera para fazer acontecer magia vermelha. Vou atrever-me até a definir como objetivo a realização da TEC no dia em que completo 37 invernos, que é na segunda semana desse lindo mês. A transferência não será feita em dezembro pois haverá limpeza das condutas de ar condicionado no laboratório, que é obrigatória. É completamente compreensível essa situação e, por outro lado, o período natalício acaba por ser mais tranquilo.
Esta tempestade da gravidez ainda não terminou. Estou com perdas de sangue contínuas, embora pequenas, desde 2 de outubro. Poderei ainda sofrer dores intensas que não deverei ignorar, caso surjam. Desconfio também que daqui a uma semana, quando menstruar, haverá um dilúvio intercalado de enormes coágulos e sofrimento à mistura. A hemorragia não poderá prolongar-se por muito tempo sob pena de ficar anémica com tanta libertação de sangue ao longo de várias semanas consecutivas.
Em relação ao feedback neste período conturbado vou responder individualmente a cada guerreira que tanta força me tem dado, mas compreendam que já não será hoje. Estão no meu coração, não me esqueço de vocês e continuo sempre a emanar energia positiva para as vossas batalhas diárias.
Parte de mim está de luto, mas continuo na luta. A força anda aí.
Querida PL tenho pena que o desfecho não tenha sido o melhor, mas foi dado mais um passo em frente. E para a frente é que é o caminho :)
ResponderEliminarJaneiro está quase aí, e 2017 será O ano!!
Beijinho*
Querida, ando aqui há dias sem saber bem o que dizer. Uma altura um professor de Filosofia disse-me "quando não se sabe o que dizer o melhor é mesmo não dizer nada". Assim fui fazendo, hoje passo só para deixar um beijinho cheio de força e de fé! Como diz a mylittlefairytale para a frente é que é o caminho, claro que o que vamos deixando para trás nos pesa cada vez mais. Acredito que este processo seja mais ou menos como um parto, são dores absurdas mas que a mãe esquece assim que lhe colocam aquele pequeno ser no colo, aqui é igual, são amarguras sem fim que tenho certeza vamos esquecer e dizer que "fazia tudo outra vez" quando o nosso dia chegar. E minha querida ele vai chegar :)
ResponderEliminarUm beijinho
Bolinha-75
ResponderEliminarComo já tive oportunidade de te dizer, vais começar o ano a sério.
Ainda bem que finalmente alguém parou para pensar.
E vai ser desta 😃
Eu, após mais esta tec negativa, e assim que me derem um relatório de toda esta caminhada estou decidida a ir à ginemed é fazer um estudo a sério, tenho que saber porque é que as minhas gravidezes acabam sempre mal e porque é que os tratamentos não resultam.
Depois decidimos o caminho.
Desejo que o teu, o meu, o nosso maior desejo se concretize
Beijinhos
Na Ginemed aconselho o Dr José Metello.
EliminarObrigada. És seguida lá? Dá me um feedback sff
EliminarNinguém devia passar por isto... No início desta jornada costumava pensar que o difícil era engravidar (e é), mas que depois de conseguir, nada mais podia correr mal... Já nos bastava a dificuldade e o sofrimento de não conseguir! Mas, infelizmente, não é assim... e é tão injusto!
ResponderEliminarGosto da tua atitude positiva e de coragem! Ainda bem que te sentes assim, é mais um passo para venceres esta luta! :)
Um beijinho grande *
É verdade Ana revejo-me muito no teu comentário. Um beijinho e tudo de bom
EliminarObrigada Dream! Espero que contigo também corra tudo bem a partir de agora! :) Beijinho
EliminarNão foi o desfecho desejado, mas fico contente por sentir que continuas com vontade de lutar. Admiro a tua força e coragem. Acredito do fundo do meu coração que vais sair vitoriosa desta luta. Beijinhos
ResponderEliminarMuita força e coragem a luta continua e agora com uma abordagem mais acertada e mais adequada à mulher que têm à frente. Beijinhos e estamos juntas, todas
ResponderEliminarJá tenho saudades tuas PL...
ResponderEliminarquero só deixar um grande grande abraço *