segunda-feira, 26 de março de 2018

Nada no útero

Desloquei-me ao hospital para perceber o que se passava de errado. A técnica administrativa, ao ver-me, ficou toda contente a pensar que estava a menstruar novamente. Disse-lhe que havia algo anormal, então foi logo falar com as médicas. Chamaram-me imediatamente para fazer ecografia apesar da sala de espera estar a abarrotar. Tinha duas médicas a observar o ecrã para verificarem se ainda havia alguma coisa no útero. Ficaram mais tranquilas por estar limpo. Viram depois os ovários e esses, exibiram-se com a treta do costume.

Aparentemente a libertação de coágulos e perdas clarinhas de sangue que tenho há semanas dever-se-ão a um desequilíbrio hormonal. A cavidade uterina está vazia, não são visíveis coágulos. No sábado ainda saiu um com cerca de 5cm de comprimento por 1cm de largura e ontem outro de menores dimensões. Para tentar resolver este distúrbio e reunir condições para iniciar a próxima FIV, vou tomar uma embalagem de Denille (pílula). Ao terceiro dia de sangue vivo vou ao hospital, faço ecografia e começo as injeções.

Perguntei à Diretora se o relatório de anatomia patológica já estava pronto e ela que disse que não, o que não é normal, dado já terem passado mais de 3 meses. Ela acha que o conteúdo da aspiração não foi entregue ao laboratório. No dia em que fui ao bloco o médico garantiu a mim e ao meu marido aliás, disse para ficarmos tranquilos, que os tecidos iam para análise citogenética. Falei também à médica o que fora dito na urgência relativamente a problemas genéticos nos embriões. Recordo que quando me perguntaram se tínhamos feito análise aos cariótipos e eu referi estarem normais, o médico afirmou ser impossível termos embriões com anomalias genéticas. Ela respondeu, como eu já sabia, que podem haver anomalias apesar dos cariótipos estarem bem.

Estou saturada de perdas de sangue, de esperar, de nunca mais fazer algo diferente, apesar de ter consciência que daqui a um mês vou estar a meio do processo de estimulação e começar a sentir-me como uma panela de pipocas. Parece que o ano já vai a meio. Este arrastar de tempo é fruto da gravidez mal resolvida, da inércia do laboratório ou da minha cabeça que quer pôr fim às incertezas.

13 comentários:

  1. Olá Pat, sei bem o que sentes, a minha história é assim 9 transferências, 3 abortos retidos, uma bioquImica entre cariotipos normais. Tudo parecia sempre bonito entre público d privado. Fizemos o último investimento possivel PGS de 12 ovocitos retirados, 11 estavam maduros, 8 fecundaram. 7 chegaram a dia 5 é apenas 1 ficou em condições para ir para biópsia. Um sufoco...

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    1. Se me permite a pergunta, conseguiu engravidar com esse guerreiro?

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    2. Ainda não transferi, este ciclo tinha um foliculo de 16 mm ao 4o dia de menstruação, restos da estimulação. E a notícia foi mesmo recente. Ainda num misto de contente de ser normal pois já não esperávamos e muito medo, pois não temos mais capacidade financeira de continuar.

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    3. Vai correr bem!!
      Não pode sempre correr mal...
      eu vou para a 6.ª transferência, já conto com 1 aborto retido e as restantes falhas de implantação (duas antes de descobrir que tenho uma janela de implantação mais curta que o “normal” e outras duas sem qualquer causa detetada)... enfim! Esperemos por melhores dias :)

      Beijinho e muita esperança

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    4. Como descobriu a janela de implantação. Eu tb fui seguida pela dra Diana Alexandru e fiz muitas análises das células nk e compatibilidade, mas janela acho que não. Ela sugeriu corticoides, aspirina e hepárina. A 1a não resultou na 2a foi mais um aborto retido. Muito boa sorte para a sua transferência, temos de acreditar que vai correr bem. Eu agora vou recuperar energias da tortura a espera da biópsia do único embriao e depois lá vamos nós.

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    5. Ontem penso que soube o porquê das minhas falhas de implantação... a análise do kir revelou que tenho um “útero hostil” para a implantação e evolução da gravidez. Vou fazer corticoide e aspirina nesta tec. Está tudo no meu blog mylittlefairytale4.blogspot.pt

      Descobri a janela de implantação no teste ERA que estuda o período onde o nosso endometrio é mais receptivo. Num ciclo fazemos a simulação para que no próximo possamos aplicar o resultado do teste.

      Basicamente parece que tenho o kit completo de exceções. Sou tão rara que daqui a nada sou objeto de estudo.

      Beijinho

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    6. Já fui visitar o teu blog, mas tenho que me inscrever em qq coisa para conseguir comentar. Eu fiz o kir, o era não. O meu supostamente era compatível e a dra receitou um corticoides antes da transferência e outro depois ( decadron e lepicortinolo) e depois aspirina e lovenox. Tenho-a de acreditar que a ciência e estes estudos possam fazer a diferença, é continuar a lutar e ter esperança neste mundo da infertilidade. Nunca se sabe se o sucesso está a porta. Eu estou deste lado a torcer para que sim.. para ti é para a pat e tb para mim. Um beijinho grande, vou continuar a acompanhar a vossa história.

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    7. Penso que podes comentar como anonimo se quiseres... caso contrário é necessário ter uma conta Google.

      Eu ainda não sei muito bem que medicação vou fazer mas provavelmente é algo do género do que tomaste. Basicamente devem prescrever isso a toda a gente quando não há muito mais a acrescentar. A nós só nos resta mesmo rezar... (pena eu não ser nada crente, não me resta fazer grande coisa lol).

      O ERA é relevante em casos de falhas de implantação... não é o teu caso pois já tiveste várias implantações. Talvez seja por isso que não te aconselharam :) No meu caso, ao 5º dia de progesterona o meu endometrio já não é recetivo. Tenho que transferir 1 dia mais cedo. Depois de fazer o teste consegui engravidar... embora tenha terminado em um aborto retido quase às 9 semanas (deve ter sido por causa do meu perfil uterino que começou a atacar o pobre embrião em desenvolvimento...) até às 8semanas foi uma gravidez com evolução perfeitamente normal.

      Beijinho e muita sorte para a próxima transferência :)
      Se precisares de desabafar a PL nãos e importará que usemos a caixa de comentários do blogue dela eheh (Ás vezes é mesmo preciso falar destas coisas com quem nos compreende...)

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    8. Já somos duas a minha crença já se foi há muito tempo. No meu caso o último aborto foi as 9 semanas e com medicação, pela 1a vez tinha ouvido o coração e parecia estar a correr bem, só que não... então considerou se ser da qualidade dos embriões ou do útero ser unicórnio. E pronto na prática nunca têm a certeza de nada. E pelo historial desta última icsi até parece ser, 7 embriões em dia 5 e só 1 foi para biópsia os outros ao 6º dia não estavam em condições. Ainda nem acredito que este é normal, só soube na 6a, é um misto de alegria e medo terrível.

      Sem duvida, este percurso deixa nos muitas vezes rodeadas de gente e sozinhas, pois parece que ninguém compreende...

      O fórum de maeparamae anda doido, passo sempre lá os olhos pra me sentir acompanhada e compreendida.

      Pois no teu blog acho que não aparece a opção anônima vou ver se descubro como ter uma conta :)

      No fórum sou a Diri_1979, não tenho comentado muito pois passei por uma fase de muito desânimo e tristeza, fui só acompanhando as histórias e chorar com cada conquista. Mas já me sinto da pre história lá... que não quero assustar quem anda na luta.

      Um beijinho grande, vou espiando os dois blogs na ânsia de ver alegria com as vossas conquistas. Admiro muito as duas pela capacidade de luta constante na procura do tão desejado sonho.

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    9. Como te compreendo :)

      Também vou passando pelo forum mas nunca comento, ou muito raramente, pois a minha história não acrescenta nada de bom para ninguém. Vejo tantas meninas que recorrem à ovodoação cheias de esperança que será infalível (no fundo como eu estava à 1 ano atrás) e aqui estou eu. A prova de que nada é garantido... a qualidade dos embriões é muito importante, mas há outros factores castradores.

      Já sei a terapêutica que vou fazer. Vou começar no 9º dia do ciclo aspirina 1 cp por dia e dexametasona 0,5mg de 8 em 8h (corticoide) atá à transferência. Depois da transferência ainda não sei. No dia 9 tenho ecografia de monitorização e se estiver tudo bem dali a alguns dais será a minha 6º transferência. Não tenho medo nenhum... não acho que vá resultar. Apenas é um percurso que tenho que percorrer...

      Quando se esgotarem estes embriões da doação o meu marido quer fazer um dgpi... mas eu vejo casos como o teu... só 1 embrião para análise?! O meu viria mutado com a minha mutação e ficaríamos sem nada... (Temos consciência que seriam precisas 2 ou 3 estimulações para reunir um numero decente de embriões para análise). E força para percorrer este caminho... onde a vou buscar? Logos e verá...

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    10. Acho que é parecido com a minha medicação decadron acho que é dexametasona e eu era 1,5 mg por dia. E a aspirina após paragem da menstruação e tinha ainda o lovenox antes da transferência. Vamos ver o que vão fazer agora.
      Eu já estive no s. Joao até me darem alta e no Alberto Barros que nesta última fase nos fizeram que o dgpi não nos ia aumentar as possibilidades muito pelo contrário só íamos ver realmente o nosso problema. E sugeriram doação de embriões ou doação de óvulos. Como a lista de espera é longa resolvi ir a IVI de Vigo ( já tinha ido a lisboa mas a distância ia ser muito complicado). E fomos lá para doação pq lá a lista de espera supostamente é mais curta. Como já tínhamos o nosso processo todo informatizado por ir a lisboa, a dra analisou e achou precipitado avançarmos já para doação com 38 anos e perante todo o historial, pois sempre tivemos embriões de boa qualidade aparente até dia 5. E depois de ponderarmos decidimos arriscar o último investimento desta forma. Até parecia estar a correr bem, mas este desfecho deitou me mto abaixo, 12 ovocitos, só tive assim na 1a fiz aos 30 anos, onde nem houve fecundação. Eu sei que só preciso de um... mas o medo não me larga nesta espera pela próxima menstruação. Depois é o sentimento de querer fazer tanto e até puder prejudicar... e sinto que já não consigo ir buscar forças a lado nenhum. Mas também achei que depois do último aborto ia encerrar o capítulo e cá estou eu. Mas sei que depois desta só ficar em lista de espera para doação de embriao, como já estou no s. Joao desde 2015.

      1o o teu milagre pode acontecer agora é é a isso que te tens de agarrar e não atirar já a toalha ao chão, pois estão a ser tomadas precauções entras... nova estratégia pode e tem de fazer a diferença. Quanto a novas estimulações não sabes, é tudo uma incógnita eu podia ter os 6 a serem biopsados e serem todos maus. Quantidade nunca foi qualidade. E nesta minha tortura foi apenas um pra biópsia e o impensável aconteceu era normal.
      Até a médica que me acompanha o Porto disse só um, tem que ser mesmo mto bom pra aguentar a biópsia e a descongelação ( totalmente descrente).

      São muito duras as etapas. Agora tem de sobreviver a descongelação que já experimentei essa frustração de não transferir. E depois tem de se fixar e evoluir... são mesmo mtas condicionantes torturantes.

      Mas mesmo descrentes metemo nos nelas e temos de ir até ao fim. Logo bem lá no fundo temos de acreditar na possibilidade.

      Um beijinho grande ( sei que não ajuda mas eu engravidei com essa medicação, quem sabe se não fará a diferença é o inesperado acontece) também a devo fazer na minha transferência, não estás sozinha nessas andanças de farmácia ambulante.

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  2. Vim parar aqui por acaso...infelizmente um problema de saúde impediu-me de sequer tentar engravidar.Quero deixar-lhe um abraço, muita muita força, nessa luta e que consiga alcançar o seu desejo.Coragem.

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  3. Querida Pat. Sempre a acompanhar-te. És forte e muito corajosa.
    Manténs sempre os olhos naquilo que é importante, por mais altos e baixos que tenha este caminho.
    Estou contigo embora de longe... E espero que a fase da estimulação chegue rápido. Pergunta tudo, exige mais ainda. Sei que vais chegar la.
    Um grande beijinho

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