Polimorfismo do PAI-1 (4G/5G) heterozigoto. Ainda estou a tentar perceber o que é e as suas implicações. O facto de ser heterozigótico significa que herdei do meu pai ou mãe. Sendo de apenas um deles é mais favorável do que se fosse de ambos.
O resultado foi-me entregue na confusão do corredor do hospital de dia. A hematologista apenas disse que realmente poderá influenciar os resultados desfavoráveis que houve até ao momento. Deu-me a indicação de que deverei mostrar a quem me acompanha na infertilidade, pois lá saberão o que é mais apropriado fazer.
Resta-me aguardar pela primeira semana de janeiro, que será quando vou fazer a ecografia que antecede a preparação da terceira TEC e saber se há algo de novo a fazer tendo em conta este diagnóstico.
Um grito mudo de alguém que viveu no submundo da INFERTILIDADE e (spoiler alert!) - acabou por mudar de rumo
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
quarta-feira, 30 de novembro de 2016
Primeiro feedback - Hematologia
Soube os resultados das análises que fiz na semana passada. Até ao momento nada anormal, à exceção de uma alteração em 38% dos linfócitos, que a médica disse poderem ser resultado de uma infeção. Ela desvalorizou essa sinalização no relatório.
A estratégia seguinte consistiu em desvendar eventuais mutações. Como procurei alguém que já estivesse inserido nos meandros do HSJ, valeu-me essa vantagem para o novo passo que dei. A hematologista pediu que passasse hoje pelo Hospital de Dia no HSJ, onde habitualmente se encontra à terça-feira, para validar uma consulta e fazer a colheita de sangue. Disse que seria fácil de encontrar pois anda sempre pelos corredores de um lado para o outro. Constatei que é verdade e a conclusão a que cheguei é que quem precisa mais de férias do que eu, é a própria médica. Será que a sua recomendação é uma espécie de transposição nos outros daquilo que ela sente a seu respeito?
Ao chegar ao segundo piso visualizei rostos cuja condição me é bem familiar. Há uns 15 anos que não me encontrava no meio de tantos doentes oncológicos concentrados num espaço. Foi um pouco difícil regressar a um ambiente daquele género. A médica era incansável a atender todas as solicitações com que era bombardeada, de cada vez que passava no corredor. Estava bem disposta, cheia de genica e procurava descomplicar tudo. Agradou-me a sua forma de agir e o trato afável com todos, fossem pacientes, enfermeiros ou auxiliares.
Para tornar a manhã um pouco mais dentro da normalidade numa entidade pública tinha de haver bloqueios burocráticos. Primeiro dirigi-me à receção da unidade de hematologia para marcar a consulta. Em seguida tive de ir ao balcão central validar a consulta. Ao verificarem o meu processo viram que o centro de saúde de onde provenho é de uma freguesia que não faz parte da área de influência do HSJ. Para poder ter consulta de hematologia deveria ter autorização por causa do condicionamento geográfico. Voltei ao Hospital de Dia para falar com a médica a fim de obter a dita autorização. Ela foi à área administrativa lá do piso perguntar se não podia ser ela a autorizar. Responderam-lhe que não, deveria ser o diretor do serviço, que naquele momento se encontrava em Ginecologia. Só na ausência dele poderia haver autorização por parte de outrem. Ela disse que então assinaria a autorização, indicando que o diretor não estava presente e os administrativos deixaram o pedido à sua responsabilidade. Voltei ao balcão central onde finalmente a consulta foi marcada. Regressei ao Hospital de Dia para que a médica emitisse as requisições das análises. Ela não o conseguiu fazer logo, pois apesar de marcada, a consulta não fora validada. A Dra Incansável foi à área administrativa tratar do assunto, só depois emitiu o bendito documento.
Dirigi-me finalmente à sala X, sim, é mesmo X a designação da sala da colheita, onde fui atendida por profissionais igualmente simpáticas e bem dispostas. Quando me questionaram acerca da razão das análises, a enfermeira que me tirou sangue perguntou se levava a mal que falasse acerca do assunto. Respondi que não tinha qualquer problema e quando dei por mim, tinha quatro ou cinco enfermeiras à minha volta extremamente interessadas e curiosas em perceber como funcionavam os tratamentos, se era doloroso, há quanto tempo andava nesta luta. Dei uma micro palestra acerca de PMA, durante a qual me apercebi quão pouco informados estão os próprios profissionais de saúde mas, acima de tudo, as mulheres sobre este assunto. Desconheciam a existência de prazos legais no que diz respeito ao limite de idade, número de tratamentos permitidos, quantidade de embriões a transferir, tempos de listas de espera. Têm a ideia generalizada que o HSJ é talvez o melhor hospital público do norte relativamente à PMA. Uma das enfermeiras também está a realizar tratamentos, há menos tempo que eu, ainda não chegou a uma fase tão avançada. Ficaram aterradas quando respondi que andava nisto há 5 anos. Foram uns minutos de enorme alívio, pois senti que tudo aquilo era genuíno e não uma conversa de circunstância. Fizeram-me prometer que daqui a alguns meses irei lá aparecer a mostrar sinais de boas notícias e devo-lhes realmente isso, pois o cenário que elas veem diariamente naquela área do hospital é o oposto criação de vida, é a luta contra a morte.
Na altura em que fui chamada para o interior da sala de colheitas foi-me dada uma folha à qual não reparei inicialmente. Quando saí, vi que era uma requisição para a análise de algumas mutações. Ao chegar novamente junto da médica ela perguntou-me o que fazia com aquela requisição na mão, ao que respondi que me foi devolvida logo que entrei na sala, mas nada me foi dito. Ela ficou na dúvida se o sangue para aquelas análises tinha sido ou não colhido, tive de regressar à sala X, a enfermeira ligou à colega que tinha feito a devolução da folha e esta respondeu que no computador aparecia a mensagem "não autorizado". A enfermeira foi falar com a médica para desbloquear a situação e saber que e quantos tubos de sangue eram necessários. Fui picada no braço esquerdo para ficar a combinar com o direito. Hoje só deixei três tubinhos e 3 horas do dia.
Olhando para o tamanho que este post já tem, uma parte significativa é sobre o calcorrear os corredores do hospital, sobe e desce pisos, tão somente para marcar uma consulta e colher sangue. Isto faz-me lembrar um sketch dos Gato Fedorento relacionado com burocracia numa escola.
A próxima fase é aguardar 3 semanas e à partida dia 20 de dezembro volto à azáfama do Hospital de Dia, onde será dada a sentença. Valorizo o facto de a médica ter dito para voltar ao HSJ e não ter mandado marcar consulta no hospital privado onde a consultei. Se tudo correr conforme esperado, saberei antes da próxima TEC se há algo de errado ao nível de trombofilias.
Desta vez a hematologista disse que poderia vir uma gravidez espontânea no sapatinho, já não dei importância, ela passa dias horríveis no hospital, tenho de lhe dar um desconto! O mais importante é que seja uma boa profissional e está a prová-lo.
A estratégia seguinte consistiu em desvendar eventuais mutações. Como procurei alguém que já estivesse inserido nos meandros do HSJ, valeu-me essa vantagem para o novo passo que dei. A hematologista pediu que passasse hoje pelo Hospital de Dia no HSJ, onde habitualmente se encontra à terça-feira, para validar uma consulta e fazer a colheita de sangue. Disse que seria fácil de encontrar pois anda sempre pelos corredores de um lado para o outro. Constatei que é verdade e a conclusão a que cheguei é que quem precisa mais de férias do que eu, é a própria médica. Será que a sua recomendação é uma espécie de transposição nos outros daquilo que ela sente a seu respeito?
Ao chegar ao segundo piso visualizei rostos cuja condição me é bem familiar. Há uns 15 anos que não me encontrava no meio de tantos doentes oncológicos concentrados num espaço. Foi um pouco difícil regressar a um ambiente daquele género. A médica era incansável a atender todas as solicitações com que era bombardeada, de cada vez que passava no corredor. Estava bem disposta, cheia de genica e procurava descomplicar tudo. Agradou-me a sua forma de agir e o trato afável com todos, fossem pacientes, enfermeiros ou auxiliares.
Para tornar a manhã um pouco mais dentro da normalidade numa entidade pública tinha de haver bloqueios burocráticos. Primeiro dirigi-me à receção da unidade de hematologia para marcar a consulta. Em seguida tive de ir ao balcão central validar a consulta. Ao verificarem o meu processo viram que o centro de saúde de onde provenho é de uma freguesia que não faz parte da área de influência do HSJ. Para poder ter consulta de hematologia deveria ter autorização por causa do condicionamento geográfico. Voltei ao Hospital de Dia para falar com a médica a fim de obter a dita autorização. Ela foi à área administrativa lá do piso perguntar se não podia ser ela a autorizar. Responderam-lhe que não, deveria ser o diretor do serviço, que naquele momento se encontrava em Ginecologia. Só na ausência dele poderia haver autorização por parte de outrem. Ela disse que então assinaria a autorização, indicando que o diretor não estava presente e os administrativos deixaram o pedido à sua responsabilidade. Voltei ao balcão central onde finalmente a consulta foi marcada. Regressei ao Hospital de Dia para que a médica emitisse as requisições das análises. Ela não o conseguiu fazer logo, pois apesar de marcada, a consulta não fora validada. A Dra Incansável foi à área administrativa tratar do assunto, só depois emitiu o bendito documento.
Dirigi-me finalmente à sala X, sim, é mesmo X a designação da sala da colheita, onde fui atendida por profissionais igualmente simpáticas e bem dispostas. Quando me questionaram acerca da razão das análises, a enfermeira que me tirou sangue perguntou se levava a mal que falasse acerca do assunto. Respondi que não tinha qualquer problema e quando dei por mim, tinha quatro ou cinco enfermeiras à minha volta extremamente interessadas e curiosas em perceber como funcionavam os tratamentos, se era doloroso, há quanto tempo andava nesta luta. Dei uma micro palestra acerca de PMA, durante a qual me apercebi quão pouco informados estão os próprios profissionais de saúde mas, acima de tudo, as mulheres sobre este assunto. Desconheciam a existência de prazos legais no que diz respeito ao limite de idade, número de tratamentos permitidos, quantidade de embriões a transferir, tempos de listas de espera. Têm a ideia generalizada que o HSJ é talvez o melhor hospital público do norte relativamente à PMA. Uma das enfermeiras também está a realizar tratamentos, há menos tempo que eu, ainda não chegou a uma fase tão avançada. Ficaram aterradas quando respondi que andava nisto há 5 anos. Foram uns minutos de enorme alívio, pois senti que tudo aquilo era genuíno e não uma conversa de circunstância. Fizeram-me prometer que daqui a alguns meses irei lá aparecer a mostrar sinais de boas notícias e devo-lhes realmente isso, pois o cenário que elas veem diariamente naquela área do hospital é o oposto criação de vida, é a luta contra a morte.
Na altura em que fui chamada para o interior da sala de colheitas foi-me dada uma folha à qual não reparei inicialmente. Quando saí, vi que era uma requisição para a análise de algumas mutações. Ao chegar novamente junto da médica ela perguntou-me o que fazia com aquela requisição na mão, ao que respondi que me foi devolvida logo que entrei na sala, mas nada me foi dito. Ela ficou na dúvida se o sangue para aquelas análises tinha sido ou não colhido, tive de regressar à sala X, a enfermeira ligou à colega que tinha feito a devolução da folha e esta respondeu que no computador aparecia a mensagem "não autorizado". A enfermeira foi falar com a médica para desbloquear a situação e saber que e quantos tubos de sangue eram necessários. Fui picada no braço esquerdo para ficar a combinar com o direito. Hoje só deixei três tubinhos e 3 horas do dia.
Olhando para o tamanho que este post já tem, uma parte significativa é sobre o calcorrear os corredores do hospital, sobe e desce pisos, tão somente para marcar uma consulta e colher sangue. Isto faz-me lembrar um sketch dos Gato Fedorento relacionado com burocracia numa escola.
A próxima fase é aguardar 3 semanas e à partida dia 20 de dezembro volto à azáfama do Hospital de Dia, onde será dada a sentença. Valorizo o facto de a médica ter dito para voltar ao HSJ e não ter mandado marcar consulta no hospital privado onde a consultei. Se tudo correr conforme esperado, saberei antes da próxima TEC se há algo de errado ao nível de trombofilias.
Desta vez a hematologista disse que poderia vir uma gravidez espontânea no sapatinho, já não dei importância, ela passa dias horríveis no hospital, tenho de lhe dar um desconto! O mais importante é que seja uma boa profissional e está a prová-lo.
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Consulta de hematologia
Atendendo ao facto de contabilizar um negativo e um positivo que terminou em perda, decidi antecipar-me aos preceitos do sistema público e consultar uma hematologista para fazer despiste a trombofilias.
O decorrer da consulta teve uns momentos que ainda não sei muito bem como avaliar.
Antes de fazer marcação estive a pesquisar acerca de quem iria escolher e os meus critérios foram analisar quem está ligado a hematologia clínica há algum tempo e, se possível, que trabalhasse no HSJ. Supunha que quem obedecesse a este último critério estivesse um pouco por dentro dos formalismos daquela instituição e quem sabe habituado a contactar com utentes provenientes do piso de Medicina da Reprodução.
Havia nomes de profissionais que trabalhavam na área embora recentemente e outros com carreira consolidada. Sem desconsiderar o profissionalismo e qualidade de quem é mais jovem até porque toda a gente merece crédito, achei que neste momento devia selecionar um(a) médico(a) experiente. Nos hospitais privados existentes aqui à volta há vários hematologistas cuja atividade profissional está mais voltada para a oncologia e não era isso que procurava. No meio da oferta existente destacou-se um nome, que além de se diferenciar em hemato-oncologia, a sua especialidade é em hematologia clínica e trabalha no HSJ. Como tem acordo com a seguradora em que tenho o meu plano de saúde, acabei por marcar consulta e na segunda-feira passada lá fui eu.
Depois de fazer um breve enquadramento acerca do que me tinha levado lá, a primeira coisa que ouvi foi que as trombofilias causam complicações num estado mais avançado de gravidez e não logo no início.
Se eu tivesse transferido um embrião de cada vez poderia até ser prematuro andar nesta investigação, contudo o que me leva a fazer já isto é o facto de 4 embriões terem sido sacrificados. Não quero fazer em janeiro outra TEC, em que comprometo mais 2 embriões, sem ter conhecimento se há algo mais que posso melhorar para aumentar as hipóteses de sucesso.
Referi que tinha SOP e hipotiroidismo primário e a médica queria justificar a perda com o hipotiroidismo. Não vou dizer que é impossível, porque este distúrbio hormonal aumenta a possibilidade de aborto. Sendo a TSH monitorizada regularmente e sabendo que da minha parte não falho um dia de Eutirox, o hipotiroidismo passa a ser um não-problema. No que diz respeito à SOP que me tira o sono há vinte e tal anos não me pronuncio, porque o meu caso é complexo e há associações entre SOP e aborto espontâneo. O mecanismo que conduz a esta reação do organismo ainda não está bem definido, por isso esse terreno é algo pantanoso.
A primeira abordagem que a médica quis fazer foi aferir alguns parâmetros que excluem aquelas análises que são dispendiosas e não comparticipadas. Em função dos resultados será então tomada uma decisão sobre o que fazer a seguir.
A listagem de itens a averiguar foi a seguinte:
- hemograma com plaquetas;
- Exame morfológico do sangue periférico;
- aPTT - Tempo Parcial de Tromboplastina Ativada;
- tempo de protrombina (INR);
- fibrinogénio (fator I);
- proteína C total (funcional);
- proteína S total (funcional);
- anticoagulante lúpico (LA);
- ferritina;
- ferro (siderémia);
- ácido fólico;
- vitamina B12;
- 25-hidroxi-vitamina D (25-Hidroxicolecalciferol) [Calcidiol] [vitamina D];
- Ac. anti-cardiolipina (IgG);
- Ac. anti-cardiolipina (IgM);
- Ac. anti-beta 2 glicoproteína I (IgG);
- Ac. anti-beta 2 glicoproteína I (IgM).
De tudo isto, o seguro de saúde não comparticipou apenas o parâmetro mais barato. Deixei cinco tubinhos de sangue no hospital logo depois da consulta.
Agora os pormenores awkwards da consulta.
A dada altura, quando falava acerca da minha preocupação em querer estar prevenida antes de fazer a próxima TEC, a médica disse que devemos saber quando chega a altura de decidirmos parar de insistir naquilo que não resulta. Acrescentou que há outras formas de sermos pais, ainda que os filhos não sejam biológicos. Não lhe deve ter parecido apropriado no momento usar o termo "adoção", mas mais valia tê-lo feito em vez de andar com rodeios, a insinuar que devíamos pôr um ponto final nisto, pois não vai dar em nada. Questiono-me se quando lhe aparece um paciente da área de oncologia, seja em estado terminal ou não, lhe diz que não vale a pena lutar, porque a vida além da morte pode ser muito mais estimulante.
A cereja no topo do bolo surgiu quando aquela palavrinha começada por A veio como justificação para o fracasso. Sim, ANSIEDADE, o maldito vocábulo. Só tive vontade de lhe pedir para me receitar o ansiolítico milagroso. Estava a terminar de ter esse pensamento quando a fórmula mágica chegou e qual foi? A médica rematou com aquele clássico: TIRAR FÉRIAS! Que pena tenho eu daqueles desgraçados que estão impossibilitados de fazer férias, porque a natureza impedi-los-á de procriar.
Já passei por vários profissionais da área de infertilidade e nenhum deles mencionou que o meu problema se resolvia com umas férias para tratar a ansiedade malvada.
À partida o resultado das análises já estará disponível na sexta-feira e no dia 28 saberei o que se seguirá.
O decorrer da consulta teve uns momentos que ainda não sei muito bem como avaliar.
Antes de fazer marcação estive a pesquisar acerca de quem iria escolher e os meus critérios foram analisar quem está ligado a hematologia clínica há algum tempo e, se possível, que trabalhasse no HSJ. Supunha que quem obedecesse a este último critério estivesse um pouco por dentro dos formalismos daquela instituição e quem sabe habituado a contactar com utentes provenientes do piso de Medicina da Reprodução.
Havia nomes de profissionais que trabalhavam na área embora recentemente e outros com carreira consolidada. Sem desconsiderar o profissionalismo e qualidade de quem é mais jovem até porque toda a gente merece crédito, achei que neste momento devia selecionar um(a) médico(a) experiente. Nos hospitais privados existentes aqui à volta há vários hematologistas cuja atividade profissional está mais voltada para a oncologia e não era isso que procurava. No meio da oferta existente destacou-se um nome, que além de se diferenciar em hemato-oncologia, a sua especialidade é em hematologia clínica e trabalha no HSJ. Como tem acordo com a seguradora em que tenho o meu plano de saúde, acabei por marcar consulta e na segunda-feira passada lá fui eu.
Depois de fazer um breve enquadramento acerca do que me tinha levado lá, a primeira coisa que ouvi foi que as trombofilias causam complicações num estado mais avançado de gravidez e não logo no início.
Se eu tivesse transferido um embrião de cada vez poderia até ser prematuro andar nesta investigação, contudo o que me leva a fazer já isto é o facto de 4 embriões terem sido sacrificados. Não quero fazer em janeiro outra TEC, em que comprometo mais 2 embriões, sem ter conhecimento se há algo mais que posso melhorar para aumentar as hipóteses de sucesso.
Referi que tinha SOP e hipotiroidismo primário e a médica queria justificar a perda com o hipotiroidismo. Não vou dizer que é impossível, porque este distúrbio hormonal aumenta a possibilidade de aborto. Sendo a TSH monitorizada regularmente e sabendo que da minha parte não falho um dia de Eutirox, o hipotiroidismo passa a ser um não-problema. No que diz respeito à SOP que me tira o sono há vinte e tal anos não me pronuncio, porque o meu caso é complexo e há associações entre SOP e aborto espontâneo. O mecanismo que conduz a esta reação do organismo ainda não está bem definido, por isso esse terreno é algo pantanoso.
A primeira abordagem que a médica quis fazer foi aferir alguns parâmetros que excluem aquelas análises que são dispendiosas e não comparticipadas. Em função dos resultados será então tomada uma decisão sobre o que fazer a seguir.
A listagem de itens a averiguar foi a seguinte:
- hemograma com plaquetas;
- Exame morfológico do sangue periférico;
- aPTT - Tempo Parcial de Tromboplastina Ativada;
- tempo de protrombina (INR);
- fibrinogénio (fator I);
- proteína C total (funcional);
- proteína S total (funcional);
- anticoagulante lúpico (LA);
- ferritina;
- ferro (siderémia);
- ácido fólico;
- vitamina B12;
- 25-hidroxi-vitamina D (25-Hidroxicolecalciferol) [Calcidiol] [vitamina D];
- Ac. anti-cardiolipina (IgG);
- Ac. anti-cardiolipina (IgM);
- Ac. anti-beta 2 glicoproteína I (IgG);
- Ac. anti-beta 2 glicoproteína I (IgM).
De tudo isto, o seguro de saúde não comparticipou apenas o parâmetro mais barato. Deixei cinco tubinhos de sangue no hospital logo depois da consulta.
Agora os pormenores awkwards da consulta.
A dada altura, quando falava acerca da minha preocupação em querer estar prevenida antes de fazer a próxima TEC, a médica disse que devemos saber quando chega a altura de decidirmos parar de insistir naquilo que não resulta. Acrescentou que há outras formas de sermos pais, ainda que os filhos não sejam biológicos. Não lhe deve ter parecido apropriado no momento usar o termo "adoção", mas mais valia tê-lo feito em vez de andar com rodeios, a insinuar que devíamos pôr um ponto final nisto, pois não vai dar em nada. Questiono-me se quando lhe aparece um paciente da área de oncologia, seja em estado terminal ou não, lhe diz que não vale a pena lutar, porque a vida além da morte pode ser muito mais estimulante.
A cereja no topo do bolo surgiu quando aquela palavrinha começada por A veio como justificação para o fracasso. Sim, ANSIEDADE, o maldito vocábulo. Só tive vontade de lhe pedir para me receitar o ansiolítico milagroso. Estava a terminar de ter esse pensamento quando a fórmula mágica chegou e qual foi? A médica rematou com aquele clássico: TIRAR FÉRIAS! Que pena tenho eu daqueles desgraçados que estão impossibilitados de fazer férias, porque a natureza impedi-los-á de procriar.
Já passei por vários profissionais da área de infertilidade e nenhum deles mencionou que o meu problema se resolvia com umas férias para tratar a ansiedade malvada.
À partida o resultado das análises já estará disponível na sexta-feira e no dia 28 saberei o que se seguirá.
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
5 anos
Chegou o mês do quinto infeliz aniversário da maior frustração da minha vida. Não há dia em que a infertilidade esteja ausente dos meus pensamentos.
Depois de termos incorrido na oficialização de um pedido de ajuda médica, estava consciente da enorme dificuldade que teria pela frente. Infelizmente não estou surpreendida de estarmos a finalizar 2016 sem haver a concretização deste sonho. Não deixo, no entanto, de me sentir revoltada e mais uma vez vem à cabeça o inevitável PORQUÊ? Tem havido alguns progressos, admito... Nada disso é significativo, pois cada ciclo é diferente, um positivo que acabou mal não garante que a tentativa seguinte seja diferente de mais um fiasco.
Nestes 5 anos, do ponto de vista do acompanhamento médico realizaram-se os seguintes procedimentos:
- 6 intenções de coito programado recorrendo ao citrato de clomifeno (Dufine) em doses crescentes que chegaram aos 3 comprimidos. Não passaram mesmo de intenções, pois os ovários dormiram profundamente;
- 2 projetos de IIU que culminaram em cancelamentos;
- 1 FIV que resultou em Síndrome de Hiperestimulação Ovárica e 12 embriões;
- 1 TEC de 2 embriões negativa;
- 1 TEC de 2 embriões positiva que se ficou por uma gravidez bioquímica.
Tudo isto, que não é praticamente nada para 5 anos é fruto dos muitos tempos de espera a que o Serviço Nacional de Saúde sujeita os seus utentes. As políticas de natalidade que se apregoam são claramente insuficientes e exprimem uma antítese do que acontece ao nível das IVG.
Estou mais velha, reparei há dias que depois dos desenvolvimentos dos últimos meses tive um acréscimo considerável na quantidade de cabelo branco, continuo a dar colo apenas à minha menina de 4 patas, a minha motivação e confiança vão esmorecendo. O meu interior está amargurado, sinto cada vez mais dificuldade em conviver com os meus amigos de há anos e que torcem para que tudo dê certo, os meus pensamentos direcionam-se sempre para esta coisa maldita.
Um dos fatores que me faz levantar um pouco a cabeça a cada contratempo é saber que há casais que estão a travar lutas ainda mais duras que a minha e mesmo assim não desistem. Não quero pôr um ponto final nisto sem ter a consciência de que fiz tudo o que me era possível. Este não seria certamente o momento de o fazer apesar de me doer o coração pelas contrariedades que enfrentei. Tenho ainda cerca de um ano e 8 embriões para fazer um balanço decisivo. Não desejo de todo que esse dia chegue, pois será sinónimo de ainda mais sofrimento.
Não é altura de parabenizar, é mais de condolências.
Depois de termos incorrido na oficialização de um pedido de ajuda médica, estava consciente da enorme dificuldade que teria pela frente. Infelizmente não estou surpreendida de estarmos a finalizar 2016 sem haver a concretização deste sonho. Não deixo, no entanto, de me sentir revoltada e mais uma vez vem à cabeça o inevitável PORQUÊ? Tem havido alguns progressos, admito... Nada disso é significativo, pois cada ciclo é diferente, um positivo que acabou mal não garante que a tentativa seguinte seja diferente de mais um fiasco.
Nestes 5 anos, do ponto de vista do acompanhamento médico realizaram-se os seguintes procedimentos:
- 6 intenções de coito programado recorrendo ao citrato de clomifeno (Dufine) em doses crescentes que chegaram aos 3 comprimidos. Não passaram mesmo de intenções, pois os ovários dormiram profundamente;
- 2 projetos de IIU que culminaram em cancelamentos;
- 1 FIV que resultou em Síndrome de Hiperestimulação Ovárica e 12 embriões;
- 1 TEC de 2 embriões negativa;
- 1 TEC de 2 embriões positiva que se ficou por uma gravidez bioquímica.
Tudo isto, que não é praticamente nada para 5 anos é fruto dos muitos tempos de espera a que o Serviço Nacional de Saúde sujeita os seus utentes. As políticas de natalidade que se apregoam são claramente insuficientes e exprimem uma antítese do que acontece ao nível das IVG.
Estou mais velha, reparei há dias que depois dos desenvolvimentos dos últimos meses tive um acréscimo considerável na quantidade de cabelo branco, continuo a dar colo apenas à minha menina de 4 patas, a minha motivação e confiança vão esmorecendo. O meu interior está amargurado, sinto cada vez mais dificuldade em conviver com os meus amigos de há anos e que torcem para que tudo dê certo, os meus pensamentos direcionam-se sempre para esta coisa maldita.
Um dos fatores que me faz levantar um pouco a cabeça a cada contratempo é saber que há casais que estão a travar lutas ainda mais duras que a minha e mesmo assim não desistem. Não quero pôr um ponto final nisto sem ter a consciência de que fiz tudo o que me era possível. Este não seria certamente o momento de o fazer apesar de me doer o coração pelas contrariedades que enfrentei. Tenho ainda cerca de um ano e 8 embriões para fazer um balanço decisivo. Não desejo de todo que esse dia chegue, pois será sinónimo de ainda mais sofrimento.
Não é altura de parabenizar, é mais de condolências.
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
Depuração
Começou na quinta-feira da semana passada. Ao contrário do que pensava está a ser bastante pacífica, marcada apenas por algumas dores no primeiro dia. Os coágulos são de pequenas dimensões, parece que nada de excecional aconteceu anteriormente.
Depois da primeira TEC o cenário era mais estranho, os coágulos abundavam em quantidade e tamanho.
Ia esquecer-me de referir que as perdas terminaram logo após a suspensão da medicação. Curioso, não? Li o folheto informativo de todos eles e nenhum refere a possibilidade de hemorragia.
Ora vislumbro com otimismo a chegada de janeiro, ora penso que esta seria a entrada na oitava semana, se não estou enganada (quero fugir um pouco das contas para atenuar a frustração).
Atrevi-me a comprar uma coisa na minha gravidez relâmpago. Não cheguei a usar ao aperceber-me do início das perdas. A tensão mamária estava a incomodar-me e tinha a sensação que a barriga ia rapidamente mostrar-se. Adquiri um creme simples que está fechado numa gaveta à espera de conhecer a luz do dia. Não o abri para evitar a oxidação prematura, pois os poucos minutos de felicidade que poderia ter foram constantemente abalados pelas palavras convictas que ecoavam na minha cabeça. Quando olhava para aquela embalagem pensava que tinha cometido um ato de masoquismo. Quem, no seu perfeito juízo, compraria um creme hidratante para aplicar numa barriga aliás, num corpo condenado desde o dia do positivo ao fracasso? Fi-lo, não sei porquê. Se calhar era a minha teimosa esperança a dizer que se o mantivesse imaculado até ter a certeza que não iria ser usado, serviria para cuidar de mim na gravidez resultante da TEC seguinte.
Prometo que se a próxima transferência não der em nada vou dar-lhe uso mesmo assim.
Depois da primeira TEC o cenário era mais estranho, os coágulos abundavam em quantidade e tamanho.
Ia esquecer-me de referir que as perdas terminaram logo após a suspensão da medicação. Curioso, não? Li o folheto informativo de todos eles e nenhum refere a possibilidade de hemorragia.
Ora vislumbro com otimismo a chegada de janeiro, ora penso que esta seria a entrada na oitava semana, se não estou enganada (quero fugir um pouco das contas para atenuar a frustração).
Atrevi-me a comprar uma coisa na minha gravidez relâmpago. Não cheguei a usar ao aperceber-me do início das perdas. A tensão mamária estava a incomodar-me e tinha a sensação que a barriga ia rapidamente mostrar-se. Adquiri um creme simples que está fechado numa gaveta à espera de conhecer a luz do dia. Não o abri para evitar a oxidação prematura, pois os poucos minutos de felicidade que poderia ter foram constantemente abalados pelas palavras convictas que ecoavam na minha cabeça. Quando olhava para aquela embalagem pensava que tinha cometido um ato de masoquismo. Quem, no seu perfeito juízo, compraria um creme hidratante para aplicar numa barriga aliás, num corpo condenado desde o dia do positivo ao fracasso? Fi-lo, não sei porquê. Se calhar era a minha teimosa esperança a dizer que se o mantivesse imaculado até ter a certeza que não iria ser usado, serviria para cuidar de mim na gravidez resultante da TEC seguinte.
Prometo que se a próxima transferência não der em nada vou dar-lhe uso mesmo assim.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Veredito
Numa rapidez atípica, assim que chegámos ao hospital dirigimo-nos, pela primeira vez os dois, para a sala de espera da zona de ecografia. Poucos minutos depois entrámos na sala da marquesa desconfortável.
O meu marido assistiu à caça do mini-nós perdido, contudo a busca foi infrutífera. Finda a pesquisa no útero o objetivo seguinte foi descartar uma gravidez ectópica. A esse nível também nada foi encontrado, felizmente. Os toques nos ovários foram tudo menos agradáveis.
Seguiu-se colheita de sangue para tirar qualquer dúvida existente relativamente à progressão/retrocesso da hormona beta-HCG.
Como é habitual em dia de beta, por volta das 12h30 regressámos ao HSJ para saber as notícias.
"Esteve quase lá mas ainda não foi suficiente. Teve o que se chama uma gravidez bioquímica. O valor da beta-HCG está a regredir."
Não foi nada que não estivesse à espera. Não sei explicar a razão mas à medida que os minutos passavam no consultório comecei a sentir um alívio o que, à primeira vista, parece uma crueldade. Passei de um estado de revolta e conformismo a um regresso de confiança. O facto de o desfecho ter sido formalizado trouxe-me o sossego que não senti nestas semanas desde o primeiro beta.
Olhando para o que aconteceu, com a cabeça mais fria, penso na hipótese mais frequente associada a este tipo de situação de aborto. Uma percentagem significativa destas perdas prematuras deve-se a uma seleção natural que o nosso corpo faz a embriões com problemas genéticos.
Foi-me entregue o relatório da TEC. A última medição realizada ao endométrio era de 8,3 mm de espessura. Relativamente à ecografia de hoje a cavidade uterina estava vazia, os ovários sem alterações, sem imagens anexiais suspeitas. O beta hoje foi de 29,82.
Agora as novidades. A próxima TEC será já em 2017. Inquiri, de forma intencional, se ia haver alterações no protocolo da sua preparação. A médica voltou com a história do Decapeptyl. Questionei qual o objetivo primordial desse fármaco e ela respondeu o que eu queria ouvir. Lá veio a justificação de garantir a inatividade dos ovários. Foi aí que referi que nunca menstruei com o Decapeptyl e há 22 anos que os meus ovários não trabalham espontaneamente. Finalmente alguém parou para me ouvir! Perante o que disse, a médica perguntou de quantos dias era o meu ciclo, ao que relembrei (pela n ésima vez) que não tenho ciclos, só medicada. Depois de todo este tempo e da minha insistência, uma das quatro especialistas por quem passamos, que até é a diretora do serviço, chegou à conclusão que o Decapapetyl não tem qualquer utilidade comigo!
Lutadoras: questionem uma, duas, três, quatro vezes, caso necessário, se alguma vez acharem que há algo no vosso acompanhamento que não faz sentido.
Após a brilhante conclusão ficou definido que vou induzir a menstruação com Provera (somos tu cá, tu lá há décadas), porque no meu caso não tenho outra hipótese. No terceiro dia desse ciclo farei ecografia e iniciarei automaticamente o Estrofem se assim for necessário. Vai ser uma espécie de ciclo natural, com a diferença que não haverá Pregnyl, porque eu não sou pessoa de ovular assim à balda!
O melhor disto é que ficou uma folhinha na parte da frente do meu processo com a indicação de não prescrever o Decapeptyl e o respetivo motivo, não fosse alguém tratar-me como um enlatado de uma máquina que faz sempre a mesma coisa.
Plano de ataque definido, vamos a datas. A primeira semana de janeiro está no horizonte, já à vista. Será aí que farei a primeira eco. É completamente possível nessa altura porque, para variar, quem manda nos meus pseudo-ciclos sou eu. Só preciso de fazer contas para prever, com um bom rigor, quando devo tomar o Provera para fazer acontecer magia vermelha. Vou atrever-me até a definir como objetivo a realização da TEC no dia em que completo 37 invernos, que é na segunda semana desse lindo mês. A transferência não será feita em dezembro pois haverá limpeza das condutas de ar condicionado no laboratório, que é obrigatória. É completamente compreensível essa situação e, por outro lado, o período natalício acaba por ser mais tranquilo.
Esta tempestade da gravidez ainda não terminou. Estou com perdas de sangue contínuas, embora pequenas, desde 2 de outubro. Poderei ainda sofrer dores intensas que não deverei ignorar, caso surjam. Desconfio também que daqui a uma semana, quando menstruar, haverá um dilúvio intercalado de enormes coágulos e sofrimento à mistura. A hemorragia não poderá prolongar-se por muito tempo sob pena de ficar anémica com tanta libertação de sangue ao longo de várias semanas consecutivas.
Em relação ao feedback neste período conturbado vou responder individualmente a cada guerreira que tanta força me tem dado, mas compreendam que já não será hoje. Estão no meu coração, não me esqueço de vocês e continuo sempre a emanar energia positiva para as vossas batalhas diárias.
Parte de mim está de luto, mas continuo na luta. A força anda aí.
O meu marido assistiu à caça do mini-nós perdido, contudo a busca foi infrutífera. Finda a pesquisa no útero o objetivo seguinte foi descartar uma gravidez ectópica. A esse nível também nada foi encontrado, felizmente. Os toques nos ovários foram tudo menos agradáveis.
Seguiu-se colheita de sangue para tirar qualquer dúvida existente relativamente à progressão/retrocesso da hormona beta-HCG.
Como é habitual em dia de beta, por volta das 12h30 regressámos ao HSJ para saber as notícias.
"Esteve quase lá mas ainda não foi suficiente. Teve o que se chama uma gravidez bioquímica. O valor da beta-HCG está a regredir."
Não foi nada que não estivesse à espera. Não sei explicar a razão mas à medida que os minutos passavam no consultório comecei a sentir um alívio o que, à primeira vista, parece uma crueldade. Passei de um estado de revolta e conformismo a um regresso de confiança. O facto de o desfecho ter sido formalizado trouxe-me o sossego que não senti nestas semanas desde o primeiro beta.
Olhando para o que aconteceu, com a cabeça mais fria, penso na hipótese mais frequente associada a este tipo de situação de aborto. Uma percentagem significativa destas perdas prematuras deve-se a uma seleção natural que o nosso corpo faz a embriões com problemas genéticos.
Foi-me entregue o relatório da TEC. A última medição realizada ao endométrio era de 8,3 mm de espessura. Relativamente à ecografia de hoje a cavidade uterina estava vazia, os ovários sem alterações, sem imagens anexiais suspeitas. O beta hoje foi de 29,82.
Agora as novidades. A próxima TEC será já em 2017. Inquiri, de forma intencional, se ia haver alterações no protocolo da sua preparação. A médica voltou com a história do Decapeptyl. Questionei qual o objetivo primordial desse fármaco e ela respondeu o que eu queria ouvir. Lá veio a justificação de garantir a inatividade dos ovários. Foi aí que referi que nunca menstruei com o Decapeptyl e há 22 anos que os meus ovários não trabalham espontaneamente. Finalmente alguém parou para me ouvir! Perante o que disse, a médica perguntou de quantos dias era o meu ciclo, ao que relembrei (pela n ésima vez) que não tenho ciclos, só medicada. Depois de todo este tempo e da minha insistência, uma das quatro especialistas por quem passamos, que até é a diretora do serviço, chegou à conclusão que o Decapapetyl não tem qualquer utilidade comigo!
Lutadoras: questionem uma, duas, três, quatro vezes, caso necessário, se alguma vez acharem que há algo no vosso acompanhamento que não faz sentido.
Após a brilhante conclusão ficou definido que vou induzir a menstruação com Provera (somos tu cá, tu lá há décadas), porque no meu caso não tenho outra hipótese. No terceiro dia desse ciclo farei ecografia e iniciarei automaticamente o Estrofem se assim for necessário. Vai ser uma espécie de ciclo natural, com a diferença que não haverá Pregnyl, porque eu não sou pessoa de ovular assim à balda!
O melhor disto é que ficou uma folhinha na parte da frente do meu processo com a indicação de não prescrever o Decapeptyl e o respetivo motivo, não fosse alguém tratar-me como um enlatado de uma máquina que faz sempre a mesma coisa.
Plano de ataque definido, vamos a datas. A primeira semana de janeiro está no horizonte, já à vista. Será aí que farei a primeira eco. É completamente possível nessa altura porque, para variar, quem manda nos meus pseudo-ciclos sou eu. Só preciso de fazer contas para prever, com um bom rigor, quando devo tomar o Provera para fazer acontecer magia vermelha. Vou atrever-me até a definir como objetivo a realização da TEC no dia em que completo 37 invernos, que é na segunda semana desse lindo mês. A transferência não será feita em dezembro pois haverá limpeza das condutas de ar condicionado no laboratório, que é obrigatória. É completamente compreensível essa situação e, por outro lado, o período natalício acaba por ser mais tranquilo.
Esta tempestade da gravidez ainda não terminou. Estou com perdas de sangue contínuas, embora pequenas, desde 2 de outubro. Poderei ainda sofrer dores intensas que não deverei ignorar, caso surjam. Desconfio também que daqui a uma semana, quando menstruar, haverá um dilúvio intercalado de enormes coágulos e sofrimento à mistura. A hemorragia não poderá prolongar-se por muito tempo sob pena de ficar anémica com tanta libertação de sangue ao longo de várias semanas consecutivas.
Em relação ao feedback neste período conturbado vou responder individualmente a cada guerreira que tanta força me tem dado, mas compreendam que já não será hoje. Estão no meu coração, não me esqueço de vocês e continuo sempre a emanar energia positiva para as vossas batalhas diárias.
Parte de mim está de luto, mas continuo na luta. A força anda aí.
domingo, 9 de outubro de 2016
Resignação
Após o turbilhão destas semanas e a constatação do fracasso está na hora de respirar fundo (mais uma vez), concluir o protocolo e seguir em frente.
Aquela fome que me acordava deixou de existir desde ontem e depois da ecografia passou a haver a libertação de pedacinhos muito pequenos de tecido que não quero pensar muito no que possam ser.
A emoção que julgamos que vai acontecer quando se faz uma transferência de embriões é relativamente acentuada na primeira vez. Depois de começarem os tropeções a expectativa vai surgindo em fases cada vez mais tardias. Não sei como vou estar da próxima vez, é tão estranho.
Estou a começar a erguer a cabeça, mentalizar-me para sexta-feira, preparar-me para colocar questões acerca do próximo plano de ataque.
Algum dia vai dar certo.
Aquela fome que me acordava deixou de existir desde ontem e depois da ecografia passou a haver a libertação de pedacinhos muito pequenos de tecido que não quero pensar muito no que possam ser.
A emoção que julgamos que vai acontecer quando se faz uma transferência de embriões é relativamente acentuada na primeira vez. Depois de começarem os tropeções a expectativa vai surgindo em fases cada vez mais tardias. Não sei como vou estar da próxima vez, é tão estranho.
Estou a começar a erguer a cabeça, mentalizar-me para sexta-feira, preparar-me para colocar questões acerca do próximo plano de ataque.
Algum dia vai dar certo.
sábado, 8 de outubro de 2016
Empty nest, so far
Depois de ontem não ter havido perdas de sangue, hoje elas voltaram, com a intensidade a que me tenho habituado. Às 20h30, contudo, passaram a sangue vivo.
Fomos às urgências de obstetrícia do HSJ onde fui logo atendida, ao contrário do que aconteceu na semana passada no Pedro Hispano. A hipotética gravidez deveria estar em 5 semanas e 4 dias o que, em situações normais, possibilitaria pelo menos a visualização do saco gestacional. Estavam duas médicas a observar o ecrã. Procuravam, procuravam, procuravam,... Estiveram a descartar a eventualidade de desenvolver uma gravidez ectópica.
Veredito: nada visível. Apenas algo muito, mas mesmo muito ténue que pode não ser nada. Segundo a médica ou o desenvolvimento está a ser lento e daqui a uns dois dias já será possível detetar alguma coisa ou então não há embrião. A única coisa que posso fazer é aguardar pela ecografia de dia 14 onde será feita uma avaliação definitiva. As hemorragias não indiciam nada de concreto, a razão para a sua existência é aquilo que tantas vezes se ouve. Pode ser bom ou mau sinal.
É muito triste o que está a acontecer mas em simultâneo é um alívio pois infelizmente é um pequeno peso que me sai de cima. Como deduzi ontem, o resultado de 1-2 semanas obtido no teste Clearblue mostra que a hormona beta-HCG está a desaparecer do corpo (que pode demorar de 4 a 6 semanas). Não posso dizer que foi bom enquanto durou, não me foi dada essa oportunidade. Foram 4 os filhos que perdemos até agora.
Fomos às urgências de obstetrícia do HSJ onde fui logo atendida, ao contrário do que aconteceu na semana passada no Pedro Hispano. A hipotética gravidez deveria estar em 5 semanas e 4 dias o que, em situações normais, possibilitaria pelo menos a visualização do saco gestacional. Estavam duas médicas a observar o ecrã. Procuravam, procuravam, procuravam,... Estiveram a descartar a eventualidade de desenvolver uma gravidez ectópica.
Veredito: nada visível. Apenas algo muito, mas mesmo muito ténue que pode não ser nada. Segundo a médica ou o desenvolvimento está a ser lento e daqui a uns dois dias já será possível detetar alguma coisa ou então não há embrião. A única coisa que posso fazer é aguardar pela ecografia de dia 14 onde será feita uma avaliação definitiva. As hemorragias não indiciam nada de concreto, a razão para a sua existência é aquilo que tantas vezes se ouve. Pode ser bom ou mau sinal.
É muito triste o que está a acontecer mas em simultâneo é um alívio pois infelizmente é um pequeno peso que me sai de cima. Como deduzi ontem, o resultado de 1-2 semanas obtido no teste Clearblue mostra que a hormona beta-HCG está a desaparecer do corpo (que pode demorar de 4 a 6 semanas). Não posso dizer que foi bom enquanto durou, não me foi dada essa oportunidade. Foram 4 os filhos que perdemos até agora.
Copo meio cheio ou meio vazio
Esta situação do teste que fiz de manhã faz-me pensar que se calhar mais valia ter ficado quieta e ter-me limitado a aguardar pela ecografia de dia 14.
Não sei exprimir como me sinto. É um misto de choque, desilusão, raiva, esperança muito reduzida, resignação, impotência, falta de chão,...
Tomei a decisão de esquecer qualquer tipo de teste qualitativo ou quantitativo até apurar, de uma vez por todas, o que se passa. Estou a fazer tudo direitinho como é suposto, não vá haver algo miraculoso.
Quem sabe não estou a fazer tempestade num copo de água? A única vez que alguém usou essa expressão para um membro da minha família "só" resultou no pior desfecho possível, passados 16 meses. Pode ser que agora seja só mesmo um alarmismo.
Porquê copo meio cheio?
Porque durante pelo menos, alguns dias, sei que houve vida cá dentro o que constitui um avanço. Pode ser um bom sinal para situações futuras.
Hoje andei de calculadora na mão a fazer estimativas de hipotéticos valores de beta, para esta altura, com base nos dois resultados que tive. Se estes aumentarem nas proporções previstas para este período, é plausível que o Clearblue não assinalasse 3 ou mais semanas, porque não atingiria as 2000 mUI/mL que o teste considera para este patamar. Isto significa que a minha gravidez pode não ser um caso totalmente perdido. Custa-me admitir esta hipótese mas é a última que me resta.
Ver o copo meio vazio
Na noite que antecedeu o beta tive o sonho de gravidez mais lúcido de sempre. Tinha realizado o beta, o resultado era positivo e sentia uma felicidade indescritível. A realidade foi mais amarga e trouxe-me até este limbo de emoções que poderá ter fim daqui a uma semana.
Quando saí ontem do trabalho fui à farmácia do Norteshopping comprar Estrofem e o famigerado Clearblue que me deixou num trapo. Apesar de ter estado o dia inteiro com algumas perdas de sangue, andava a precisar comprar um soutien mais confortável por causa destes últimos desenvolvimentos. Fui a uma loja experimentar um que acabei por não adquirir por ser pequeno, apesar de ser o maior tamanho. Atrevi-me em seguida a passar pelo corredor das lojas infantis. Não consegui sequer olhar para as montras, porque o desânimo era gigante. Aquela zona não me pertencia, era uma intrusa naquele meio. Finalizei a minha rápida incursão no shopping na loja Zippy, que está junto à escada rolante mais próxima do parque onde estacionei o carro. Entrei. Fui diretamente ao fundo da loja espreitar carrinhos e berços. Ao contrário do que é habitual em mim, não comecei com o meu espírito analítico a fazer comparações dos modelos expostos. Parecia que havia um calhau dentro do meu peito. Alguns segundos depois aquele ambiente estava a incomodar-me e apressei-me a sair em direção ao carro.
Às vezes parece que ando a brincar à maternidade. Faço uns tratamentos, as coisas vão rolando de diferentes formas mas no fim volta tudo à condição do nada. Vem aquele pensamento de que por mais malabarismos faça, ter um filho é um direito que me será sempre negado.
Não devia estar com toda esta carga negativa. Estou a ser injusta com quem me lê e dá tanto apoio. Perdoem-me.
Apesar destas desilusões me deitarem abaixo tenho discernimento suficiente para prosseguir a luta, mesmo que me arrase consecutivamente.
Melhores dias virão.
Para aumentar a incerteza em relação a tudo, hoje não houve praticamente perdas nem pontadas.
Não sei exprimir como me sinto. É um misto de choque, desilusão, raiva, esperança muito reduzida, resignação, impotência, falta de chão,...
Tomei a decisão de esquecer qualquer tipo de teste qualitativo ou quantitativo até apurar, de uma vez por todas, o que se passa. Estou a fazer tudo direitinho como é suposto, não vá haver algo miraculoso.
Quem sabe não estou a fazer tempestade num copo de água? A única vez que alguém usou essa expressão para um membro da minha família "só" resultou no pior desfecho possível, passados 16 meses. Pode ser que agora seja só mesmo um alarmismo.
Porquê copo meio cheio?
Porque durante pelo menos, alguns dias, sei que houve vida cá dentro o que constitui um avanço. Pode ser um bom sinal para situações futuras.
Hoje andei de calculadora na mão a fazer estimativas de hipotéticos valores de beta, para esta altura, com base nos dois resultados que tive. Se estes aumentarem nas proporções previstas para este período, é plausível que o Clearblue não assinalasse 3 ou mais semanas, porque não atingiria as 2000 mUI/mL que o teste considera para este patamar. Isto significa que a minha gravidez pode não ser um caso totalmente perdido. Custa-me admitir esta hipótese mas é a última que me resta.
Ver o copo meio vazio
Na noite que antecedeu o beta tive o sonho de gravidez mais lúcido de sempre. Tinha realizado o beta, o resultado era positivo e sentia uma felicidade indescritível. A realidade foi mais amarga e trouxe-me até este limbo de emoções que poderá ter fim daqui a uma semana.
Quando saí ontem do trabalho fui à farmácia do Norteshopping comprar Estrofem e o famigerado Clearblue que me deixou num trapo. Apesar de ter estado o dia inteiro com algumas perdas de sangue, andava a precisar comprar um soutien mais confortável por causa destes últimos desenvolvimentos. Fui a uma loja experimentar um que acabei por não adquirir por ser pequeno, apesar de ser o maior tamanho. Atrevi-me em seguida a passar pelo corredor das lojas infantis. Não consegui sequer olhar para as montras, porque o desânimo era gigante. Aquela zona não me pertencia, era uma intrusa naquele meio. Finalizei a minha rápida incursão no shopping na loja Zippy, que está junto à escada rolante mais próxima do parque onde estacionei o carro. Entrei. Fui diretamente ao fundo da loja espreitar carrinhos e berços. Ao contrário do que é habitual em mim, não comecei com o meu espírito analítico a fazer comparações dos modelos expostos. Parecia que havia um calhau dentro do meu peito. Alguns segundos depois aquele ambiente estava a incomodar-me e apressei-me a sair em direção ao carro.
Às vezes parece que ando a brincar à maternidade. Faço uns tratamentos, as coisas vão rolando de diferentes formas mas no fim volta tudo à condição do nada. Vem aquele pensamento de que por mais malabarismos faça, ter um filho é um direito que me será sempre negado.
Não devia estar com toda esta carga negativa. Estou a ser injusta com quem me lê e dá tanto apoio. Perdoem-me.
Apesar destas desilusões me deitarem abaixo tenho discernimento suficiente para prosseguir a luta, mesmo que me arrase consecutivamente.
Melhores dias virão.
Para aumentar a incerteza em relação a tudo, hoje não houve praticamente perdas nem pontadas.
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
Game Over
Grávida 1-2. Acho que diz tudo. Nem me dei ao trabalho de ir fazer outro beta.
Vou manter todos os cuidados e medicação como se nada tivesse acontecido, aguardar pela ecografia para saber se há alguma coisa a fazer relativamente à expulsão dos embriões e mentalizar-me que lá para janeiro ou fevereiro a saga volta a repetir-se.
Seria sorte a mais depois de cancelamentos, hiperestimulações e negativo conseguisse levar a cabo uma gravidez sem saber o que é uma perda gestacional. Ainda há algumas coisas que não aconteceram e em 4 palhetas posso conhecê-las todas. Se calhar os 12 embriões obtidos inicialmente nem chegam para tudo o que aí vem! A única coisa que me poderá travar será a idade, pois em teoria ainda tenho direito a duas FIV. Em janeiro já vão chegar os 37 anos...
Logo à noite escrevo mais um pouco.
Vou manter todos os cuidados e medicação como se nada tivesse acontecido, aguardar pela ecografia para saber se há alguma coisa a fazer relativamente à expulsão dos embriões e mentalizar-me que lá para janeiro ou fevereiro a saga volta a repetir-se.
Seria sorte a mais depois de cancelamentos, hiperestimulações e negativo conseguisse levar a cabo uma gravidez sem saber o que é uma perda gestacional. Ainda há algumas coisas que não aconteceram e em 4 palhetas posso conhecê-las todas. Se calhar os 12 embriões obtidos inicialmente nem chegam para tudo o que aí vem! A única coisa que me poderá travar será a idade, pois em teoria ainda tenho direito a duas FIV. Em janeiro já vão chegar os 37 anos...
Logo à noite escrevo mais um pouco.
quinta-feira, 6 de outubro de 2016
Mais perdas
Reinava a serenidade, a esperança que tudo estava a correr bem quando hoje dei de caras com ele: o sangue de cor entre o rosa e acastanhado, em maior quantidade que nos outros dias.
A particularidade é que desta vez, sempre que me limpo, lá está ele, não apenas no pensinho como anteriormente. A perda tem sido de abundância constante ao longo do dia, indolor e nada mais que isso. O suficiente para ter já um Clearblue Digital para fazer amanhã de manhã e confirmar se aparece a mensagem "+3 semanas" para dar algum alento. Se a mensagem for diferente, ainda de manhã farei um beta, desde que não surja "Não grávida".
Ontem, em conversa com a minha mãe ela dizia, com razão, que andei mais de 20 anos à espera que surgissem sangramentos espontâneos e agora que é a fase da minha vida em que não os quero de maneira nenhuma, lá vêm eles importunar-me.
Sempre achei que se um dia engravidasse todas as etapas iam ser sofridas até ter um filho nos braços. Para já a minha previsão está a confirmar-se. Apesar de tudo continuo com esperança que daqui a trinta e tal semanas estarei quase a dar as boas vindas ao melhor de nós.
A particularidade é que desta vez, sempre que me limpo, lá está ele, não apenas no pensinho como anteriormente. A perda tem sido de abundância constante ao longo do dia, indolor e nada mais que isso. O suficiente para ter já um Clearblue Digital para fazer amanhã de manhã e confirmar se aparece a mensagem "+3 semanas" para dar algum alento. Se a mensagem for diferente, ainda de manhã farei um beta, desde que não surja "Não grávida".
Ontem, em conversa com a minha mãe ela dizia, com razão, que andei mais de 20 anos à espera que surgissem sangramentos espontâneos e agora que é a fase da minha vida em que não os quero de maneira nenhuma, lá vêm eles importunar-me.
Sempre achei que se um dia engravidasse todas as etapas iam ser sofridas até ter um filho nos braços. Para já a minha previsão está a confirmar-se. Apesar de tudo continuo com esperança que daqui a trinta e tal semanas estarei quase a dar as boas vindas ao melhor de nós.
quarta-feira, 5 de outubro de 2016
Serenidade
Aquela serenidade que tinha no início da TEC está a invadir-me novamente. Sinto-me em paz, aquilo que é da minha responsabilidade para que dê certo está a ser feito, só me resta aguardar pela ecografia.
Não vi vestígios de sangue nem notei nada de diferente que me possa deixar alarmada.
A minha menina está refastelada no sofá a dormir perto de mim, com aquele ar tranquilo de quem está bem com a vida. Ela é muito especial, nasceu desprovida de olhos mas o seu coração vê a léguas. É perfeitinha nos seus momentos de traquinice, mimos, voracidade e naqueles abraços que só ela sabe pedir e dar. A sua adoção foi das melhores coisas que me aconteceu.
Não vi vestígios de sangue nem notei nada de diferente que me possa deixar alarmada.
A minha menina está refastelada no sofá a dormir perto de mim, com aquele ar tranquilo de quem está bem com a vida. Ela é muito especial, nasceu desprovida de olhos mas o seu coração vê a léguas. É perfeitinha nos seus momentos de traquinice, mimos, voracidade e naqueles abraços que só ela sabe pedir e dar. A sua adoção foi das melhores coisas que me aconteceu.
terça-feira, 4 de outubro de 2016
5 semanas
Conforme referi ontem, encontrei um site que permite estimar o tempo de gestação, bem como alguns dados que lhe estão associados.
O endereço é http://www.ivf.ca/duedate.php?rating_5[]=5
Como os embriões transferidos eram de 3 dias e a TEC foi realizada a 16 de setembro, coloquei no simulador o dia 13. Penso não estar a falhar no raciocínio.
A primeira coisa que coincidiu foi na data indicada para o beta. Se apenas um dos mini-nós ficou por cá, a data prevista para o parto (DPP) é 6 de junho. Na eventualidade de serem gémeos então o dia apontado é 15 de maio.
São também dadas algumas informações relativamente ao desenvolvimento do embrião/feto, transições dos trimestres e períodos estimados para a realização de rastreios. Haverá certamente sites que são ainda mais detalhados. Esta foi a minha primeira incursão na temática, o que me faz começar a pensar um pouco mais que poderei não estar a viver um sonho.
A perda de sangue hoje foi mínima, de longe a longe tenho aquelas pontadas. Não há nada que me diga que há alguma perda eminente. Acho que continuo muito bem acompanhada.
Daqui a 10 dias deverei ver no que se transformou o ponto brilhante da TEC.
Tenho de agradecer novamente às miúdas fabulosas que tanto suporte me têm dado e às novas vozes que também têm trazido uma grande frescura a este mundo que, afinal de contas, já não parece tão sombrio. Acredito que esta partilha trará frutos não só para nós, como numa mudança de paradigma que irá beneficiar os cada vez mais casais que se vão debater futuramente com esta doença.
O endereço é http://www.ivf.ca/duedate.php?rating_5[]=5
Como os embriões transferidos eram de 3 dias e a TEC foi realizada a 16 de setembro, coloquei no simulador o dia 13. Penso não estar a falhar no raciocínio.
A primeira coisa que coincidiu foi na data indicada para o beta. Se apenas um dos mini-nós ficou por cá, a data prevista para o parto (DPP) é 6 de junho. Na eventualidade de serem gémeos então o dia apontado é 15 de maio.
São também dadas algumas informações relativamente ao desenvolvimento do embrião/feto, transições dos trimestres e períodos estimados para a realização de rastreios. Haverá certamente sites que são ainda mais detalhados. Esta foi a minha primeira incursão na temática, o que me faz começar a pensar um pouco mais que poderei não estar a viver um sonho.
A perda de sangue hoje foi mínima, de longe a longe tenho aquelas pontadas. Não há nada que me diga que há alguma perda eminente. Acho que continuo muito bem acompanhada.
Daqui a 10 dias deverei ver no que se transformou o ponto brilhante da TEC.
Tenho de agradecer novamente às miúdas fabulosas que tanto suporte me têm dado e às novas vozes que também têm trazido uma grande frescura a este mundo que, afinal de contas, já não parece tão sombrio. Acredito que esta partilha trará frutos não só para nós, como numa mudança de paradigma que irá beneficiar os cada vez mais casais que se vão debater futuramente com esta doença.
Vou ser teimosa!
Se tive positivo, vai sê-lo até início de junho de 2017. Tenho dito!
Aquela pequena perda de sangue que continuou esta manhã é sinal de muita vitalidade a revolucionar por cá.
Estamos - eu, o pai e mini-nós - determinados a contrariar cada palavra que ouvimos no gabinete de enfermagem. Isto vai para a frente, sim! Não vamos dar por perdida esta TEC.
Encontrei ontem um site que sintetiza alguma informação que pode ser útil quanto às datas dos trimestres, rastreios e outros dados para quem vez FIV. Irei partilhar amanhã, pois não estou a escrever através do computador e tenho o endereço guardado lá, nos favoritos.
Aquela pequena perda de sangue que continuou esta manhã é sinal de muita vitalidade a revolucionar por cá.
Estamos - eu, o pai e mini-nós - determinados a contrariar cada palavra que ouvimos no gabinete de enfermagem. Isto vai para a frente, sim! Não vamos dar por perdida esta TEC.
Encontrei ontem um site que sintetiza alguma informação que pode ser útil quanto às datas dos trimestres, rastreios e outros dados para quem vez FIV. Irei partilhar amanhã, pois não estou a escrever através do computador e tenho o endereço guardado lá, nos favoritos.
domingo, 2 de outubro de 2016
Cor não te quero ver!
A sensação de fome, que é algo que dificilmente sinto, está a começar a invadir-me desde ontem. Não é por isso que me armo em glutão a devorar tudo o que me aparece à frente, estou bastante contida.
Hoje não tive aquelas pontadas na barriga, pelo contrário. Agora no final do dia verifiquei que começou um pequeno sangramento. Quero acreditar que é apenas o útero a expandir para melhor acolher quem por cá habita.
Faltam 12 dias para a ecografia, o tempo que esperei pelo resultado da TEC. Estes processos são caracterizados por sucessivas contagens decrescentes.
Vai tudo correr bem.
Hoje não tive aquelas pontadas na barriga, pelo contrário. Agora no final do dia verifiquei que começou um pequeno sangramento. Quero acreditar que é apenas o útero a expandir para melhor acolher quem por cá habita.
Faltam 12 dias para a ecografia, o tempo que esperei pelo resultado da TEC. Estes processos são caracterizados por sucessivas contagens decrescentes.
Vai tudo correr bem.
sábado, 1 de outubro de 2016
Chave vencedora
Digo com convicção que estou G-R-Á-V-I-D-A!
Melhor que acertar no Euromilhões foi ver aquele 98,8 no beta que fui buscar esta manhã. Não é um otchentcha e otcho, é superior a isso! Se aquele resultado do primeiro beta tivesse sido realizado exatamente nas mesmas circunstâncias, o valor após 48 horas tinha sido maior que o dobro. É estranho, maravilhoso, inacreditável. Grávida?! Eu?! Deve ser engano...
Sintomas: de vez em quando umas pontadas no fundo da barriga, pouquinha tensão mamária e nada mais.
É mais um passo à frente, contudo não me posso deslumbrar.
Depois desta vitória não posso deixar de pensar em todas as lutadoras que buscam a esperança. Foram 58 meses até chegar ao positivo. Não desistam, por mais tortuoso que seja o caminho. A malvada não é invencível, todos nós sabemos que só não há solução para uma coisa, mas não é certamente a infertilidade.
Melhor que acertar no Euromilhões foi ver aquele 98,8 no beta que fui buscar esta manhã. Não é um otchentcha e otcho, é superior a isso! Se aquele resultado do primeiro beta tivesse sido realizado exatamente nas mesmas circunstâncias, o valor após 48 horas tinha sido maior que o dobro. É estranho, maravilhoso, inacreditável. Grávida?! Eu?! Deve ser engano...
Sintomas: de vez em quando umas pontadas no fundo da barriga, pouquinha tensão mamária e nada mais.
É mais um passo à frente, contudo não me posso deslumbrar.
Depois desta vitória não posso deixar de pensar em todas as lutadoras que buscam a esperança. Foram 58 meses até chegar ao positivo. Não desistam, por mais tortuoso que seja o caminho. A malvada não é invencível, todos nós sabemos que só não há solução para uma coisa, mas não é certamente a infertilidade.
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
A propósito das TEC
Na conversa que tive com a enfermeira estivemos a analisar alguns dados relativos às transferências realizadas.
No que diz respeito à primeira transferência, a palheta usada continha dois mini-nós de classe 8A que após a descongelação continuaram a crescer.
Desta vez os dois embriões eram 8B, depois de descongelarem um deles passou a 8A e o outro continuou a desenvolver células. Não foi registado em qual deles foi realizada a eclosão assistida.
Esta manhã fui a um laboratório realizar outro beta, só saberei o resultado amanhã de manhã. Lá paga-se 24,75€, não sendo já possível fazer através de seguro de saúde se não houver uma requisição médica. A enfermeira disse que o valor que obtive no HSJ era muito bom. Quando ficou grávida deu pouco mais de 20 e correu tudo bem. No caso dela foi com uma semana de gravidez, quando fiz o beta estaria de 2 semanas e 1 dia e foi 37,55.
Acredito que continua a haver magia aqui no útero. Estou confiante que o cenário negro que a enfermeira do hospital pintou não vai acontecer.
Aquele "problemazinho" que me levou a recorrer ontem à urgência está em fase de resolução, felizmente! A azia já faz parte da história.
Estou otimista mas há algo estranho em mim pois a ficha da gravidez está a cair a passo de caracol. É daquelas coisas que julgava inatingível aqui em casa.
No que diz respeito à primeira transferência, a palheta usada continha dois mini-nós de classe 8A que após a descongelação continuaram a crescer.
Desta vez os dois embriões eram 8B, depois de descongelarem um deles passou a 8A e o outro continuou a desenvolver células. Não foi registado em qual deles foi realizada a eclosão assistida.
Esta manhã fui a um laboratório realizar outro beta, só saberei o resultado amanhã de manhã. Lá paga-se 24,75€, não sendo já possível fazer através de seguro de saúde se não houver uma requisição médica. A enfermeira disse que o valor que obtive no HSJ era muito bom. Quando ficou grávida deu pouco mais de 20 e correu tudo bem. No caso dela foi com uma semana de gravidez, quando fiz o beta estaria de 2 semanas e 1 dia e foi 37,55.
Acredito que continua a haver magia aqui no útero. Estou confiante que o cenário negro que a enfermeira do hospital pintou não vai acontecer.
Aquele "problemazinho" que me levou a recorrer ontem à urgência está em fase de resolução, felizmente! A azia já faz parte da história.
Estou otimista mas há algo estranho em mim pois a ficha da gravidez está a cair a passo de caracol. É daquelas coisas que julgava inatingível aqui em casa.
quinta-feira, 29 de setembro de 2016
Rescaldo da TEC 2
Ainda estou em processamento da informação de ontem, pois não tem havido grande oportunidade de pensar no que aconteceu.
Digamos que a violenta diarreia tem sido o fenómeno dominante. Depois da atualização que fiz ontem aqui no blog, ainda fui algumas vezes cumprimentar a sanita, durante a noite houve períodos em que corria para ela a cada meia hora, a manhã continuava igual. Horas de m****, literalmente.
Dada a frequência de dejeções (cerca de 30) tentei várias vezes entrar em contacto com o serviço de Medicina da Reprodução do HSJ para saber se me deveria dirigir a urgência de obstetrícia ou geral. Como não consegui ligar, recorri à linha Saúde 24. O operador desaconselhou a ida ao hospital por causa dos riscos fáceis de infeção. Como no concelho de Matosinhos não havia nenhuma estrutura extra-hospitalar que me podia dar suporte, acabei por ser encaminhada para o Pedro Hispano, na urgência geral, porque os sintomas não justificavam a ida à obstetrícia. Chegada lá, tive prioridade na triagem. Os utentes que dão entrada num serviço de urgência público, provenientes de centros de saúde ou Linha Saúde 24, acedem logo à triagem. A pulseira atribuída obedece aos critérios da triagem de Manchester, que no meu caso foi a amarela (até 60 minutos de espera, teoricamente).
A enfermeira que fez a triagem encaminhou-me para obstetrícia e lá fui para o 3º piso. A sala de espera estava vazia. Durante muito tempo só estava eu, o meu marido e o(s) nosso(s) filhote(s). Chegou entretanto outro casal e o tempo passava... 1h30 depois o meu marido perguntou à assistente se o tempo máximo de espera não era supostamente de 1h. Ela não tinha a certeza ou fez de conta que desconhecia. Por coincidência fui logo chamada mal ela se sentou ao computador. Certamente deve ter usado um chat interno que eles têm para comunicar entre si.
A médica era simpática, atenciosa e comunicativa. Não percebeu o porquê de ter sido enviada para lá. Deve fazer parte do protocolo realizar ecografia, apesar de ambas sabermos que não se iria ver nada. Pelo menos sei que o endométrio está gordinho. Disse-lhe que pretendo realizar amanhã outro beta. Ela não é apologista que o faça pois, como o laboratório é diferente, o resultado pode não servir de comparação com o de ontem. Alegou também que em nada resolve a fragilidade da gravidez, servindo só para aumentar a ansiedade e esta é inimiga da gravidez. Já disse que detesto a palavra ansiedade? Vou fazer o beta sim, se calhar até faço outro na segunda. Assim já há como comparar.
Quanto à diarreia, receitou-me umas saquetas. Aconselhou tomar no máximo duas para evitar ficar com o problema oposto. A dinâmica intestinal está um pouco mais controlada, a azia que sentia ontem não é tão intensa, quase não me consigo sentar.
Digamos que a violenta diarreia tem sido o fenómeno dominante. Depois da atualização que fiz ontem aqui no blog, ainda fui algumas vezes cumprimentar a sanita, durante a noite houve períodos em que corria para ela a cada meia hora, a manhã continuava igual. Horas de m****, literalmente.
Dada a frequência de dejeções (cerca de 30) tentei várias vezes entrar em contacto com o serviço de Medicina da Reprodução do HSJ para saber se me deveria dirigir a urgência de obstetrícia ou geral. Como não consegui ligar, recorri à linha Saúde 24. O operador desaconselhou a ida ao hospital por causa dos riscos fáceis de infeção. Como no concelho de Matosinhos não havia nenhuma estrutura extra-hospitalar que me podia dar suporte, acabei por ser encaminhada para o Pedro Hispano, na urgência geral, porque os sintomas não justificavam a ida à obstetrícia. Chegada lá, tive prioridade na triagem. Os utentes que dão entrada num serviço de urgência público, provenientes de centros de saúde ou Linha Saúde 24, acedem logo à triagem. A pulseira atribuída obedece aos critérios da triagem de Manchester, que no meu caso foi a amarela (até 60 minutos de espera, teoricamente).
A enfermeira que fez a triagem encaminhou-me para obstetrícia e lá fui para o 3º piso. A sala de espera estava vazia. Durante muito tempo só estava eu, o meu marido e o(s) nosso(s) filhote(s). Chegou entretanto outro casal e o tempo passava... 1h30 depois o meu marido perguntou à assistente se o tempo máximo de espera não era supostamente de 1h. Ela não tinha a certeza ou fez de conta que desconhecia. Por coincidência fui logo chamada mal ela se sentou ao computador. Certamente deve ter usado um chat interno que eles têm para comunicar entre si.
A médica era simpática, atenciosa e comunicativa. Não percebeu o porquê de ter sido enviada para lá. Deve fazer parte do protocolo realizar ecografia, apesar de ambas sabermos que não se iria ver nada. Pelo menos sei que o endométrio está gordinho. Disse-lhe que pretendo realizar amanhã outro beta. Ela não é apologista que o faça pois, como o laboratório é diferente, o resultado pode não servir de comparação com o de ontem. Alegou também que em nada resolve a fragilidade da gravidez, servindo só para aumentar a ansiedade e esta é inimiga da gravidez. Já disse que detesto a palavra ansiedade? Vou fazer o beta sim, se calhar até faço outro na segunda. Assim já há como comparar.
Quanto à diarreia, receitou-me umas saquetas. Aconselhou tomar no máximo duas para evitar ficar com o problema oposto. A dinâmica intestinal está um pouco mais controlada, a azia que sentia ontem não é tão intensa, quase não me consigo sentar.
quarta-feira, 28 de setembro de 2016
Dia Nim - TEC 2
"Bom, o resultado é positivo. Baixinho, mas positivo". Toda a equipa médica me desejou parabéns, brincou até a dizer que podia trabalhar para a equipa de futebol, uma vez que ainda há 8 mini-nós congelados. Foram prescritas receitas da medicação que vou manter até às 12 semanas, o ambiente era de boa disposição geral.
Os meus olhos estavam com dificuldade em manter-se secos. Permanecia a processar a informação que tinha caído ali, frente a mim e ao meu marido.
"Agora volta no dia 14 de outubro para fazer ecografia. Pode regressar para a sala de espera e vai falar com a enfermeira".
Ouvi ao longo do corredor mais felicitações das enfermeiras e da técnica administrativa que sabiam da boa nova e não me tinham dito nada, safadinhas (no bom sentido)!
Referi há alguns dias que o título do post de hoje seria Dia P ou Dia N.
A conversa com a enfermeira transformou-se num doloroso Nim. Depois de dadas recomendações para estes tempos que se seguirão, comentei com ela que Drª SS (chefe do serviço) disse que o valor era baixinho. Como ela tinha o processo na mão foi espreitar quanto foi o beta (37,55). Ouvi da forma mais direta possível "Esqueça, não vai para a frente." Durante uma fração de segundos algo em mim dizia que a enfermeira estava a brincar comigo. Apercebi-me logo em seguida que não. Continuou dizendo que com base naquilo que tem observado não vai haver evolução e devo começar a mentalizar-me para a realização da próxima TEC. Poderei ter algumas hemorragias até dia 14 e se sentir dores fortes vou logo à urgência de obstetrícia.
Estou apreensiva, para todos os efeitos estou grávida, não sei por quanto tempo mais. Como no HSJ não é feita repetição do beta, sexta-feira vou a um laboratório de análises clínicas ver se há evolução. O meu marido não concordava que o fizesse, mas acabou por dizer que se me fizesse sentir melhor, então deveria avançar.
Agora a parte física...
Quando me fui deitar na noite passada verifiquei que o peito estava a acusar uma ligeira tensão. A constipação já faz praticamente parte da história até apanhar outra. Depois da colheita de sangue comecei a sentir uma dor no esófago que associei à minha gastrite de estimação a anunciar-me que já ando a abusar de medicamentos. A dor no esófago passou a uma azia que perdura até agora, como nunca tive na vida. Se há grávidas que passam por episódios de prisão de ventre, eu estou no oposto. Sou obstipada por natureza mas hoje estou numa situação extrema. Digamos que sou unha e cutícula com aqueles preparados usados antes da realização de colonoscopias. Para quem tem uma ideia do que eles fazem, digo-vos que desta vez não tomei nada disso mas se fizesse hoje, mais uma vez, esse exame, estaria tudo perfeitamente visível. Nunca me aconteceu tal coisa de forma natural. As idas constantes à casa de banho para o xixizinho de grávida estão a ser substituídas pelo libertar de toda a água que tenho e não tenho por outra via... Um filme de terror que já aconteceu 15 vezes hoje!
Volta e meia as pontadas na barriga vão dando sinal.
Mais coisas há a dizer mas será no próximo post.
Os meus olhos estavam com dificuldade em manter-se secos. Permanecia a processar a informação que tinha caído ali, frente a mim e ao meu marido.
"Agora volta no dia 14 de outubro para fazer ecografia. Pode regressar para a sala de espera e vai falar com a enfermeira".
Ouvi ao longo do corredor mais felicitações das enfermeiras e da técnica administrativa que sabiam da boa nova e não me tinham dito nada, safadinhas (no bom sentido)!
Referi há alguns dias que o título do post de hoje seria Dia P ou Dia N.
A conversa com a enfermeira transformou-se num doloroso Nim. Depois de dadas recomendações para estes tempos que se seguirão, comentei com ela que Drª SS (chefe do serviço) disse que o valor era baixinho. Como ela tinha o processo na mão foi espreitar quanto foi o beta (37,55). Ouvi da forma mais direta possível "Esqueça, não vai para a frente." Durante uma fração de segundos algo em mim dizia que a enfermeira estava a brincar comigo. Apercebi-me logo em seguida que não. Continuou dizendo que com base naquilo que tem observado não vai haver evolução e devo começar a mentalizar-me para a realização da próxima TEC. Poderei ter algumas hemorragias até dia 14 e se sentir dores fortes vou logo à urgência de obstetrícia.
Estou apreensiva, para todos os efeitos estou grávida, não sei por quanto tempo mais. Como no HSJ não é feita repetição do beta, sexta-feira vou a um laboratório de análises clínicas ver se há evolução. O meu marido não concordava que o fizesse, mas acabou por dizer que se me fizesse sentir melhor, então deveria avançar.
Agora a parte física...
Quando me fui deitar na noite passada verifiquei que o peito estava a acusar uma ligeira tensão. A constipação já faz praticamente parte da história até apanhar outra. Depois da colheita de sangue comecei a sentir uma dor no esófago que associei à minha gastrite de estimação a anunciar-me que já ando a abusar de medicamentos. A dor no esófago passou a uma azia que perdura até agora, como nunca tive na vida. Se há grávidas que passam por episódios de prisão de ventre, eu estou no oposto. Sou obstipada por natureza mas hoje estou numa situação extrema. Digamos que sou unha e cutícula com aqueles preparados usados antes da realização de colonoscopias. Para quem tem uma ideia do que eles fazem, digo-vos que desta vez não tomei nada disso mas se fizesse hoje, mais uma vez, esse exame, estaria tudo perfeitamente visível. Nunca me aconteceu tal coisa de forma natural. As idas constantes à casa de banho para o xixizinho de grávida estão a ser substituídas pelo libertar de toda a água que tenho e não tenho por outra via... Um filme de terror que já aconteceu 15 vezes hoje!
Volta e meia as pontadas na barriga vão dando sinal.
Mais coisas há a dizer mas será no próximo post.
terça-feira, 27 de setembro de 2016
Dia 12 - TEC 2
É a última vez que escrevo antes de ter conhecimento daquele número que dita o sucesso ou fracasso desta TEC.
Espero poder descobrir que esta é A TEC, aquela que resulta na viragem mais significativa que alguma vez poderia imaginar. Desejo que não seja a conclusão de que afinal são já 4, os filhos que não verei crescer.
Não fiz nenhum teste de gravidez por consideração ao meu marido que tem uma postura muito discreta neste assunto. Raramente fala acerca dele e a única coisa convicta que disse na TEC anterior foi que só saberemos o resultado através da realização única e exclusiva da análise sanguínea. Pensando bem, apesar de gostar de antecipar todos os cenários possíveis e imaginários nos factos que me rodeiam, não me importo de ser surpreendida com a notícia de uma gravidez através de interposta pessoa. Se for para me dizerem outra vez que ainda não foi desta, que remédio tenho eu se não engolir em seco.
Seria indelicado da minha parte não aproveitar este momento para enaltecer, mais uma vez, quem tem vindo a transmitir a sua força através deste espaço. As fantásticas guerreiras a quem me refiro são as seguintes:
Our baby journey
Mateus Maria
Diana Lopes
Mia Bella
Sandra Mateus
Dream
Mylittlefairytale
Gracinha
Ana
PM
Eu, Patrícia, agradeço-vos do fundo do coração.
Encontramo-nos em estados diferentes do combate à maldita, felizmente já há pequeninas vidas a caminho como prova que a coisa ruim não é invencível. Sei que o(s) meu(s) e os vossos chegarão, porque somos mais fortes que a Infertilidade.
Espero poder descobrir que esta é A TEC, aquela que resulta na viragem mais significativa que alguma vez poderia imaginar. Desejo que não seja a conclusão de que afinal são já 4, os filhos que não verei crescer.
Não fiz nenhum teste de gravidez por consideração ao meu marido que tem uma postura muito discreta neste assunto. Raramente fala acerca dele e a única coisa convicta que disse na TEC anterior foi que só saberemos o resultado através da realização única e exclusiva da análise sanguínea. Pensando bem, apesar de gostar de antecipar todos os cenários possíveis e imaginários nos factos que me rodeiam, não me importo de ser surpreendida com a notícia de uma gravidez através de interposta pessoa. Se for para me dizerem outra vez que ainda não foi desta, que remédio tenho eu se não engolir em seco.
Seria indelicado da minha parte não aproveitar este momento para enaltecer, mais uma vez, quem tem vindo a transmitir a sua força através deste espaço. As fantásticas guerreiras a quem me refiro são as seguintes:
Our baby journey
Mateus Maria
Diana Lopes
Mia Bella
Sandra Mateus
Dream
Mylittlefairytale
Gracinha
Ana
PM
Eu, Patrícia, agradeço-vos do fundo do coração.
Encontramo-nos em estados diferentes do combate à maldita, felizmente já há pequeninas vidas a caminho como prova que a coisa ruim não é invencível. Sei que o(s) meu(s) e os vossos chegarão, porque somos mais fortes que a Infertilidade.
Dia 11 - TEC 2
Quero ter uma borracha mágica que apague o dia do calendário que está ali a empatar até ao beta. A minha mente precisa saber o resultado para definir o que farei nos próximos tempos. Obviamente que desejo mais que tudo ter uma boa notícia. A ausência de uma resposta deixa a vida em suspenso e a cabeça começa a pensar que é indiferente se é sim ou sopas.
Continuo a melhorar da constipação, não há novidades relativamente a "sintomas". Aquela expressão que a médica me disse da outra vez "ainda não foi desta" ecoa nos meus pensamentos para me fazer descer à Terra.
Estas últimas horas que restam até à colheita de sangue parecem uma sucessão de ideias incoerentes pela completa dúvida que me assola. Às vezes dou por mim a olhar para o envelhecimento físico que tem percorrido o meu corpo desde que iniciei esta luta. É um pouco visível no rosto, no cabelo destaca-se bem mais. Vejo que uma parte significativa da minha vida nestes anos ficou inerte, quando o que ambicionava em 2011 era estar a pesquisar neste momento as várias opções educativas para quando a nossa cria ingressasse no 1º ciclo. Não foi isso que aconteceu, neste momento pergunto-me se alguma vez estarei nessa posição.
É duro passar por isto.
Continuo a melhorar da constipação, não há novidades relativamente a "sintomas". Aquela expressão que a médica me disse da outra vez "ainda não foi desta" ecoa nos meus pensamentos para me fazer descer à Terra.
Estas últimas horas que restam até à colheita de sangue parecem uma sucessão de ideias incoerentes pela completa dúvida que me assola. Às vezes dou por mim a olhar para o envelhecimento físico que tem percorrido o meu corpo desde que iniciei esta luta. É um pouco visível no rosto, no cabelo destaca-se bem mais. Vejo que uma parte significativa da minha vida nestes anos ficou inerte, quando o que ambicionava em 2011 era estar a pesquisar neste momento as várias opções educativas para quando a nossa cria ingressasse no 1º ciclo. Não foi isso que aconteceu, neste momento pergunto-me se alguma vez estarei nessa posição.
É duro passar por isto.
domingo, 25 de setembro de 2016
Dia 10 - TEC 2
A constipação deu algumas tréguas, espero que a evolução seja favorável nos próximos dias.
As fisgadinhas deram um ar da sua graça e o fim de semana terminou!!!!!! Quarta está à porta, não tarda acaba este compasso. Há uma vozinha que me diz "sim, PL, o dia que te disseram ser difícil de alcançar, há mais de 20 anos, é 28 de setembro de 2016". Tenho medo de me estar a iludir, mas sonhar ainda não paga imposto, certo? Posso permitir-me a esse luxo.
As fisgadinhas deram um ar da sua graça e o fim de semana terminou!!!!!! Quarta está à porta, não tarda acaba este compasso. Há uma vozinha que me diz "sim, PL, o dia que te disseram ser difícil de alcançar, há mais de 20 anos, é 28 de setembro de 2016". Tenho medo de me estar a iludir, mas sonhar ainda não paga imposto, certo? Posso permitir-me a esse luxo.
sábado, 24 de setembro de 2016
Dia 9 - TEC 2
A constipação não está a melhorar, muito pelo contrário. Sinto-me mole, tenho a minha tosse típica que parece uma morsa a vocalizar, volta e meia dói-me a cabeça e o nariz está ativo. O pacote está quase completo!
As fisgadas no fundo da barriga têm ocorrido com maior frequência. São idênticas às que sentia após o negativo da TEC anterior. Desta vez não tenho tensão mamária. Se não fosse esta chatice da constipação estava tudo tranquilo.
Quero melhorar, quero que o fim de semana passe depressa, quero saber o resultado da TEC para organizar a minha vida. Organizar, como quem diz... Quando se anda nesta vida os planos passíveis de concretização têm um prazo muito curto. Por muito que se queira evitar, o dia-a-dia gira em torno de quem nos dá ordens para executar no imediato, neste caso os médicos.
Já faltou mais!
As fisgadas no fundo da barriga têm ocorrido com maior frequência. São idênticas às que sentia após o negativo da TEC anterior. Desta vez não tenho tensão mamária. Se não fosse esta chatice da constipação estava tudo tranquilo.
Quero melhorar, quero que o fim de semana passe depressa, quero saber o resultado da TEC para organizar a minha vida. Organizar, como quem diz... Quando se anda nesta vida os planos passíveis de concretização têm um prazo muito curto. Por muito que se queira evitar, o dia-a-dia gira em torno de quem nos dá ordens para executar no imediato, neste caso os médicos.
Já faltou mais!
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
Dia 8 - TEC 2
A constipação instalou-se. A partir das 4h da madrugada passada estava inquieta, não conseguia dormir, sentia um mau estar geral. A tosse está a chegar e isso é o que me preocupa mais. Costumo andar assim durante semanas consecutivas. No me gusta...
Constipação à parte pareceu-me sentir, algumas vezes, umas pontadinhas localizadas lá para os lados do ovário direito. Não vou valorizar muito isto, não deve ser nada de especial.
A TEC foi há uma semana, já faltou mais para fazer o beta. O meu estado geral tem sido de uma estranha calma. Passa-me muitas vezes pela cabeça que daqui a uns meses estarei outra vez nesta situação. Apesar de não desistir tenho pensado sempre ao longo dos anos "não vai acontecer, nunca vou conseguir engravidar".
Fico revoltada quando leio aquelas notícias de negligência, crueldade, desrespeito pelos próprios filhos. São cometidas atrocidades com uma ligeireza e desapego que me deixam totalmente perplexa. Há situações recorrentes, dentro de uma mesma família, com filhos que nascem em catadupa. Parece que engravidar é-lhes tão fácil e natural como respirar. A infertilidade raramente bate àquelas portas. Posso considerar que sou invejosa?
Constipação à parte pareceu-me sentir, algumas vezes, umas pontadinhas localizadas lá para os lados do ovário direito. Não vou valorizar muito isto, não deve ser nada de especial.
A TEC foi há uma semana, já faltou mais para fazer o beta. O meu estado geral tem sido de uma estranha calma. Passa-me muitas vezes pela cabeça que daqui a uns meses estarei outra vez nesta situação. Apesar de não desistir tenho pensado sempre ao longo dos anos "não vai acontecer, nunca vou conseguir engravidar".
Fico revoltada quando leio aquelas notícias de negligência, crueldade, desrespeito pelos próprios filhos. São cometidas atrocidades com uma ligeireza e desapego que me deixam totalmente perplexa. Há situações recorrentes, dentro de uma mesma família, com filhos que nascem em catadupa. Parece que engravidar é-lhes tão fácil e natural como respirar. A infertilidade raramente bate àquelas portas. Posso considerar que sou invejosa?
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
Dia 7 - TEC 2
Final de setembro, com ele chegam as constipações da praxe. Primeiro o meu marido. Eu, como solidária que sou, já estou com a sensação de arranhões na garganta e o nariz a começar a ficar mais hidratado que o costume. Os miúdos lá no trabalho perguntaram se estava com lágrimas. Devo ter aquele olhar vidrado de quem vai ficar de molho, como se diz aqui pelo norte.
Bem vindo Outono, tinha saudades tuas.
Sobre a TEC está tudo bem, obrigada! Nada de nada a acrescentar a este respeito. Se eu não tivesse estado na sala, acordada, a sentir e visualizar a transferência, não acreditaria que 2 mini-nós estivessem por cá.
Perdoem não escrever mais por hoje mas este início de constipação está a reduzir um pouco a animosidade. Não relativamente à TEC, é mais no que diz respeito ao bem estar físico.
Prometo esforçar-me mais amanhã.
Bem vindo Outono, tinha saudades tuas.
Sobre a TEC está tudo bem, obrigada! Nada de nada a acrescentar a este respeito. Se eu não tivesse estado na sala, acordada, a sentir e visualizar a transferência, não acreditaria que 2 mini-nós estivessem por cá.
Perdoem não escrever mais por hoje mas este início de constipação está a reduzir um pouco a animosidade. Não relativamente à TEC, é mais no que diz respeito ao bem estar físico.
Prometo esforçar-me mais amanhã.
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
Dia 6 -TEC 2
Não me quero tornar repetitiva mas é inevitável. Nada mudou!
Adeus e até amanhã!
Pensavam que não ia ter os meus delírios diários? Desenganem-se!
Há coisa de minutos percorreu pela minha espinha uma dose de bom astral, não sei porquê. Algo que me diz que se não resultar desta vez irá emergir uma força que me tornará invencível na TEC que se poderá seguir.
Descendo agora à Terra, é melhor que o positivo se manifeste na próxima semana e leve a gravidez a bom porto.
Estou, contudo, incrivelmente descontraída nesta espera, se calhar porque não sinto nada. Acho que é mais fácil deixar-nos enganar por sintomas do que pela sua inexistência.
Não posso deixar em branco o aparecimento de novas e belas vozes que estão a sair do casulo que esta maldita doença mantém enclausuradas.
No HSJ não temos acompanhamento psicológico nem sei como funciona nas unidades que o disponibilizam. Garanto que esta partilha tem um excelente efeito terapêutico, especialmente porque já não me sinto uma criatura alienígena. Tem um impacto fenomenal e a escrita proporciona um caráter libertador que substitui as muitas lágrimas que já chorei por causa deste temível Adamastor. Se ainda sentem reservas em partilhar oralmente o que vos vai na alma com família ou amigos, então escrevam! Façam-no apenas para vocês, enviem uma carta ou e-mail a quem vos é próximo, criem um blog, publiquem um livro mas libertem-se! É preciso explodir aos poucos ao invés de acumular dor incessantemente. Sejam tagarelas, vamos acabar com o grito mudo que nos consome!
Aproveitem a dica, pois sou por natureza mais ouvinte do que conselheira.
Adeus e até amanhã!
Pensavam que não ia ter os meus delírios diários? Desenganem-se!
Há coisa de minutos percorreu pela minha espinha uma dose de bom astral, não sei porquê. Algo que me diz que se não resultar desta vez irá emergir uma força que me tornará invencível na TEC que se poderá seguir.
Descendo agora à Terra, é melhor que o positivo se manifeste na próxima semana e leve a gravidez a bom porto.
Estou, contudo, incrivelmente descontraída nesta espera, se calhar porque não sinto nada. Acho que é mais fácil deixar-nos enganar por sintomas do que pela sua inexistência.
Não posso deixar em branco o aparecimento de novas e belas vozes que estão a sair do casulo que esta maldita doença mantém enclausuradas.
No HSJ não temos acompanhamento psicológico nem sei como funciona nas unidades que o disponibilizam. Garanto que esta partilha tem um excelente efeito terapêutico, especialmente porque já não me sinto uma criatura alienígena. Tem um impacto fenomenal e a escrita proporciona um caráter libertador que substitui as muitas lágrimas que já chorei por causa deste temível Adamastor. Se ainda sentem reservas em partilhar oralmente o que vos vai na alma com família ou amigos, então escrevam! Façam-no apenas para vocês, enviem uma carta ou e-mail a quem vos é próximo, criem um blog, publiquem um livro mas libertem-se! É preciso explodir aos poucos ao invés de acumular dor incessantemente. Sejam tagarelas, vamos acabar com o grito mudo que nos consome!
Aproveitem a dica, pois sou por natureza mais ouvinte do que conselheira.
terça-feira, 20 de setembro de 2016
Dia 5 - TEC 2
Comecei a progesterona há uma semana, a cada 8 horas, e não se passa nada... Os mini-nós habitam cá dentro desde sexta e é como se nada fosse...
Oxalá esteja a acontecer uma revolução celular. Quem sabe não recebo a melhor surpresa de sempre no dia 28? Como estará a minha vida daqui a um ano? Será que alguma vez estarei numa reunião de encarregados de educação do lado que ainda não conheço? Irei receber daqueles pequeninos abraços apertados que fazem esquecer as amarguras da vida?
Sinto um orgulho enorme nos meus pequeninos, mesmo os primeiros dois que sucumbiram à crueldade que é a vida.
Há muitos anos apaixonei-me por uma música dos Creed, With Arms Wide Open. Esta frase We stand in awe, we've created life encaixa na perfeição com a maior vitória de todos os tratamentos que fiz, que foi a obtenção de embriões. Gostava tanto que a minha jornada não ficasse apenas por esse excerto!
Amanhã I'll be back!
Oxalá esteja a acontecer uma revolução celular. Quem sabe não recebo a melhor surpresa de sempre no dia 28? Como estará a minha vida daqui a um ano? Será que alguma vez estarei numa reunião de encarregados de educação do lado que ainda não conheço? Irei receber daqueles pequeninos abraços apertados que fazem esquecer as amarguras da vida?
Sinto um orgulho enorme nos meus pequeninos, mesmo os primeiros dois que sucumbiram à crueldade que é a vida.
Há muitos anos apaixonei-me por uma música dos Creed, With Arms Wide Open. Esta frase We stand in awe, we've created life encaixa na perfeição com a maior vitória de todos os tratamentos que fiz, que foi a obtenção de embriões. Gostava tanto que a minha jornada não ficasse apenas por esse excerto!
Amanhã I'll be back!
Dia 4 - TEC 2
Sobre uma atualização do meu (não) estado, nada tenho a dizer. O dia de hoje, à semelhança do de ontem, foi em tudo igual ao de sábado, no que diz respeito ao meu bem-estar físico e psíquico.
Quero, no entanto, aproveitar o post para abordar um assunto em que estive a refletir durante o dia. Admito, de vez em quando há umas sinapses a acontecer nos neurónios que me restam...
Antes de criar este blog tinha elaborado umas grelhas anuais, em papel, nas quais registava todas as medicações introduzidas, datas de consultas, exames realizados e menstruações, para o caso de algum médico me questionar acerca do que já tinha sido feito para combater o bicho-papão. Era um instrumento frio, que me desanimava, pois já tinha algumas folhas A4 acumuladas de informação que parecia avulsa.
Pensei posteriormente fazer uma espécie de diário como as adolescentes da minha altura. Se eu tivesse escrito algum naquela época o seu conteúdo seria muito enfadonho. Passo a transcrever excertos do que lá iria constar:
"Meu querido diário, hoje perguntaram-me se já sou mulher, estou quase a fazer 15 anos e ainda não sei o que é menstruar";
Um ano depois... "Meu querido diário, fui fazer análises para tentar descobrir por que é que só menstruei uma vez";
"(...) estive 4 horas numa sala em Paços de Ferreira, à espera para fazer uma ecografia pélvica, porque é o sítio mais perto de casa onde se faz este exame. Vou mais uma vez procurar desvendar a razão da amenorreia";
"(...) a ginecologista disse-me que posso ter um tumor na hipófise ou hipotiroidismo. Querido diário, só tenho 16 anos, não é muito cedo para ouvir estas coisas?";
"(...) vim com o meu pai ao Porto fazer análises ao laboratório Dr. Carlos Torres, ainda não se sabe ao certo o que tenho";
"A minha adolescência está a chegar ao fim, não a vivi, certamente nem me vai deixar saudades. Ainda por cima fiquei a saber com 15 anos que na idade adulta vou ter problemas se algum dia quiser ter filhos".
Depois de ponderar optei pela via da publicação on-line, como memória futura minha, da descendência que há-de vir e de quem ocupa parte do seu precioso tempo a ler o que para aqui vou escrevendo. Dá também bastante jeito como cábula, quando preciso de informação que já não me recordo com rigor.
É normal espreitar às vezes o alcance que estas palavrinhas têm na rede, através da ferramenta de estatística disponibilizada pelo Blogger. O número de visualizações é muito mais simpático do que poderia alguma vez imaginar, para um humilde espaço que ainda não completou um ano. Confesso que fiquei abismada com a expansão geográfica. Não escrevo com o intuito de atingir números, soa-me a objetivos organizacionais. Está muito acima disso. Quem compreender a pequena frase que está abaixo do título "Um grito mudo de alguém que vive no submundo da INFERTILIDADE", está sintonizado na mesma frequência que eu.
Tenho orgulho em receber feedback de grandes guerreiras desta injustiça da vida. Sei, contudo, que há pessoas "em silêncio", dentro e fora de Portugal, que acompanham a minha história. Acredito que em algum aspeto, por mais pequenino que seja, sentem o mesmo que eu. São normais os picos de alegria seguidos de descrença, as fases de incertezas, dúvidas, medos e confiança extrema. Uma luta é mesmo isso, é trabalhosa e leva à exaustão.
É também possível que nem todos os leitores deste blog estejam a passar pela infertilidade ou a tenham vivido mas a queiram entender, motivados por algo.
Independentemente da forma como aqui vieram parar merecem o meu profundo respeito. Espero levar-vos algum conforto.
Quero, no entanto, aproveitar o post para abordar um assunto em que estive a refletir durante o dia. Admito, de vez em quando há umas sinapses a acontecer nos neurónios que me restam...
Antes de criar este blog tinha elaborado umas grelhas anuais, em papel, nas quais registava todas as medicações introduzidas, datas de consultas, exames realizados e menstruações, para o caso de algum médico me questionar acerca do que já tinha sido feito para combater o bicho-papão. Era um instrumento frio, que me desanimava, pois já tinha algumas folhas A4 acumuladas de informação que parecia avulsa.
Pensei posteriormente fazer uma espécie de diário como as adolescentes da minha altura. Se eu tivesse escrito algum naquela época o seu conteúdo seria muito enfadonho. Passo a transcrever excertos do que lá iria constar:
"Meu querido diário, hoje perguntaram-me se já sou mulher, estou quase a fazer 15 anos e ainda não sei o que é menstruar";
Um ano depois... "Meu querido diário, fui fazer análises para tentar descobrir por que é que só menstruei uma vez";
"(...) estive 4 horas numa sala em Paços de Ferreira, à espera para fazer uma ecografia pélvica, porque é o sítio mais perto de casa onde se faz este exame. Vou mais uma vez procurar desvendar a razão da amenorreia";
"(...) a ginecologista disse-me que posso ter um tumor na hipófise ou hipotiroidismo. Querido diário, só tenho 16 anos, não é muito cedo para ouvir estas coisas?";
"(...) vim com o meu pai ao Porto fazer análises ao laboratório Dr. Carlos Torres, ainda não se sabe ao certo o que tenho";
"A minha adolescência está a chegar ao fim, não a vivi, certamente nem me vai deixar saudades. Ainda por cima fiquei a saber com 15 anos que na idade adulta vou ter problemas se algum dia quiser ter filhos".
Depois de ponderar optei pela via da publicação on-line, como memória futura minha, da descendência que há-de vir e de quem ocupa parte do seu precioso tempo a ler o que para aqui vou escrevendo. Dá também bastante jeito como cábula, quando preciso de informação que já não me recordo com rigor.
É normal espreitar às vezes o alcance que estas palavrinhas têm na rede, através da ferramenta de estatística disponibilizada pelo Blogger. O número de visualizações é muito mais simpático do que poderia alguma vez imaginar, para um humilde espaço que ainda não completou um ano. Confesso que fiquei abismada com a expansão geográfica. Não escrevo com o intuito de atingir números, soa-me a objetivos organizacionais. Está muito acima disso. Quem compreender a pequena frase que está abaixo do título "Um grito mudo de alguém que vive no submundo da INFERTILIDADE", está sintonizado na mesma frequência que eu.
Tenho orgulho em receber feedback de grandes guerreiras desta injustiça da vida. Sei, contudo, que há pessoas "em silêncio", dentro e fora de Portugal, que acompanham a minha história. Acredito que em algum aspeto, por mais pequenino que seja, sentem o mesmo que eu. São normais os picos de alegria seguidos de descrença, as fases de incertezas, dúvidas, medos e confiança extrema. Uma luta é mesmo isso, é trabalhosa e leva à exaustão.
É também possível que nem todos os leitores deste blog estejam a passar pela infertilidade ou a tenham vivido mas a queiram entender, motivados por algo.
Independentemente da forma como aqui vieram parar merecem o meu profundo respeito. Espero levar-vos algum conforto.
domingo, 18 de setembro de 2016
Dia 3 - TEC 2
Não há nada relevante a reter do dia de hoje.
É contudo importante frisar estes aspetos, porque quem passa por isto pela primeira vez, pode ter a ideia pré-concebida que cada minuto é marcado por um hipotético sintoma que indicia muita coisa ou simplesmente nada.
Sim, o nada também pode ser algo positivo. O bicho-mulher é uma criatura misteriosa, não muito compreendido. Por muitos manuais de instruções que se tentem escrever, nenhum vai abordar plenamente todas as manhas deste ser tão estranho.
Ausência de sinais pode ser um bom ou mau presságio, assim como o seu surgimento pode significar exatamente o mesmo. É assim, não há muito a fazer.
Quando não se é novato nestes processos é inevitável comparar o decorrer das diferentes etapas com o que sucedeu no passado, mesmo sabendo que cada ciclo é distinto. Poderei começar a sentir, a partir de amanhã ou terça, tensão mamária resultante da acumulação de progesterona. Se não acontecer não será motivo de preocupação.
É contudo importante frisar estes aspetos, porque quem passa por isto pela primeira vez, pode ter a ideia pré-concebida que cada minuto é marcado por um hipotético sintoma que indicia muita coisa ou simplesmente nada.
Sim, o nada também pode ser algo positivo. O bicho-mulher é uma criatura misteriosa, não muito compreendido. Por muitos manuais de instruções que se tentem escrever, nenhum vai abordar plenamente todas as manhas deste ser tão estranho.
Ausência de sinais pode ser um bom ou mau presságio, assim como o seu surgimento pode significar exatamente o mesmo. É assim, não há muito a fazer.
Quando não se é novato nestes processos é inevitável comparar o decorrer das diferentes etapas com o que sucedeu no passado, mesmo sabendo que cada ciclo é distinto. Poderei começar a sentir, a partir de amanhã ou terça, tensão mamária resultante da acumulação de progesterona. Se não acontecer não será motivo de preocupação.
sábado, 17 de setembro de 2016
Dia 2 - TEC 2
Ao contrário do que sucedeu na experiência anterior ainda não tive enxaquecas, o que me deixa deveras contente.
É aquela fase em que os efeitos da medicação não têm para já grande impacto e reina aquela incógnita se os embriões continuam a gozar de boa saúde ou o tempo deles já chegou ao fim. Pode parecer frio abordar a questão desta maneira mas dizê-lo de uma forma mais suave não altera a realidade.
Muita vida a brotar por cá é o que mais desejo!
É aquela fase em que os efeitos da medicação não têm para já grande impacto e reina aquela incógnita se os embriões continuam a gozar de boa saúde ou o tempo deles já chegou ao fim. Pode parecer frio abordar a questão desta maneira mas dizê-lo de uma forma mais suave não altera a realidade.
Muita vida a brotar por cá é o que mais desejo!
sexta-feira, 16 de setembro de 2016
Vinde a mim
Escrevo este post acompanhada de 2 dos mini-nós da dezena resistente. Estou bem e espero que eles melhor ainda.
Não sei quem foram os escolhidos, a única coisa que a bióloga transmitiu é que são bons e num deles, após o descongelamento, destacou-se uma pequena parte à qual foi possível realizar assisted hatching, o que aumenta a possibilidade de implantação. Fiquei agradavelmente surpreendida, porque pensava que não fosse usada essa técnica no HSJ.
Mais uma vez a TEC propriamente dita não foi indolor, contudo a minha bexiga era uma bomba-relógio prestes a explodir na cara da médica, o que não seria nada bonito de se ver. O primeiro espéculo não permitia uma boa visibilidade, foi substituído por outro com maior diâmetro, doloroso a colocar na posição correta. A ecografia pélvica a acompanhar a viagem das vidinhas mais preciosas do mundo aguçou ainda mais a vontade de ir à casa de banho.
Vi-os, também eles um ponto brilhante, depositados no t0 com a maior qualidade que consigo proporcionar.
Senti mais humanismo desta vez. Não foi a mesma médica da transferência anterior. Houve o cuidado de pedir desculpa pela dor causada na colocação do espéculo. Os mini-nós foram apresentados na imagem do ecrã, toda a equipa me desejou boa sorte. Houve um alento que podia ter sabido melhor se não estivesse a fazer a contagem decrescente dos 15 minutos que faltavam para me vestir e finalmente ter o tão aguardado momento de alívio no WC.
Sinto-me em paz, sem preocupação e neutra. Dia 28, às 8h30, é o dia P ou N. O título do post dessa data já dirá o veredito.
Dormi uma bela soneca à tarde, a minha menina já ronronou para os seus irmãozinhos humanos e estou deitada enquanto digito estas palavras.
Restam 8 mini-nós criopreservados, a diminuição do número preocupa-me. Vamos ver o que reserva o futuro desta TEC.
Não sei quem foram os escolhidos, a única coisa que a bióloga transmitiu é que são bons e num deles, após o descongelamento, destacou-se uma pequena parte à qual foi possível realizar assisted hatching, o que aumenta a possibilidade de implantação. Fiquei agradavelmente surpreendida, porque pensava que não fosse usada essa técnica no HSJ.
Mais uma vez a TEC propriamente dita não foi indolor, contudo a minha bexiga era uma bomba-relógio prestes a explodir na cara da médica, o que não seria nada bonito de se ver. O primeiro espéculo não permitia uma boa visibilidade, foi substituído por outro com maior diâmetro, doloroso a colocar na posição correta. A ecografia pélvica a acompanhar a viagem das vidinhas mais preciosas do mundo aguçou ainda mais a vontade de ir à casa de banho.
Vi-os, também eles um ponto brilhante, depositados no t0 com a maior qualidade que consigo proporcionar.
Senti mais humanismo desta vez. Não foi a mesma médica da transferência anterior. Houve o cuidado de pedir desculpa pela dor causada na colocação do espéculo. Os mini-nós foram apresentados na imagem do ecrã, toda a equipa me desejou boa sorte. Houve um alento que podia ter sabido melhor se não estivesse a fazer a contagem decrescente dos 15 minutos que faltavam para me vestir e finalmente ter o tão aguardado momento de alívio no WC.
Sinto-me em paz, sem preocupação e neutra. Dia 28, às 8h30, é o dia P ou N. O título do post dessa data já dirá o veredito.
Dormi uma bela soneca à tarde, a minha menina já ronronou para os seus irmãozinhos humanos e estou deitada enquanto digito estas palavras.
Restam 8 mini-nós criopreservados, a diminuição do número preocupa-me. Vamos ver o que reserva o futuro desta TEC.
quinta-feira, 15 de setembro de 2016
Síntese do meu percurso
Quando nos deparamos com a necessidade de recorrer a técnicas de PMA é frequente tentar perceber se existem casos idênticos aos nossos para procurar uma réstia de esperança no sucesso dos tratamentos. Embora ainda esteja no dark side, pretendo com este post sensibilizar casais que estejam perante o cenário horrendo da infertilidade para que lutem, porque a perseverança tem maior taxa de sucesso que o fator sorte.
Iniciarei com um resumo do meu historial clínico e das diferentes estratégias adotadas até à data.
Sofro de SOP caracterizado, entre outras coisas, por anovulação crónica e amenorreia (que na minha perspetiva classifico como primária), hipotiroidismo, além de diversas maleitas que aparentemente não têm relevância para a infertilidade.
Fiz 6 tentativas de ciclos de coito programado com doses crescentes de Dufine (1, 2 e 3 comprimidos) sem qualquer tipo de resposta ovárica.
Outra abordagem experimentada foram duas IIU também elas canceladas. No primeiro caso por ausência de resposta ovulatória, no segundo por excesso de folículos correndo o risco de gestação múltipla.
Realizei processo de FIV que culminou com a manifestação de síndrome de hiperestimulação ovárica. Foram retirados 25 ovócitos dos mais de 30 que estavam a desenvolver. O resultado final foi de 12 embriões e devido à hiperestimulação não pude fazer transferência a fresco tendo de aguardar pela recuperação da minha condição normal.
Fiz uma primeira TEC de dois embriões 8A que não deu em nada e amanhã farei a segunda TEC.
Agora destacarei o resumo de uma das possíveis preparações de uma TEC. Vou realçar diferenças que houve nos dois procedimentos realizados.
Uma vez que não menstruo tive de recorrer à indução do ciclo. Da primeira vez com Yasmin e desta feita com Provera, dado que não me sinto bem com aquela pílula. No 21º dia do ciclo foi realizada ecografia e administrada injeção de Decapeptyl 3,75. Logo nessa altura comecei a tomar Acfol em jejum. Em situações normais a menstruação deve aparecer até duas semanas após a injeção e o previsto é iniciar dois comprimidos de Estrofem no 2º dia do ciclo. Como sou uma ovelha negra não menstruo com Decapeptyl, como consequência comecei o Estrofem da primeira vez 19 dias após a injeção, enquanto que agora foi 17 dias depois, durante 7 dias, naquela dosagem. Após mais uma ecografia seguiram-se na primeira preparação mais 8 dias de 3 comprimidos diários de Estrofem, ao passo que desta vez foram 3 dias, porque o endométrio respondeu mais rápido. O Progeffik foi iniciado 3 dias antes da TEC em ambos os casos, no entanto em maio passado a aplicação era de 12 em 12h, enquanto agora é de 8 em 8h. A análise à hormona beta-HCG foi realizada 14 dias após a TEC, desta vez será 12 dias depois.
Espero que enquanto tiver condições para enfrentar este monstro consiga acertar na fórmula mágica. Quem sabe o bónus não se encontra nalgum dos 10 mini-nós que ainda nos restam?
Daqui a umas 13 horas poderá ser o primeiro dia do resto das nossas vidas.
Iniciarei com um resumo do meu historial clínico e das diferentes estratégias adotadas até à data.
Sofro de SOP caracterizado, entre outras coisas, por anovulação crónica e amenorreia (que na minha perspetiva classifico como primária), hipotiroidismo, além de diversas maleitas que aparentemente não têm relevância para a infertilidade.
Fiz 6 tentativas de ciclos de coito programado com doses crescentes de Dufine (1, 2 e 3 comprimidos) sem qualquer tipo de resposta ovárica.
Outra abordagem experimentada foram duas IIU também elas canceladas. No primeiro caso por ausência de resposta ovulatória, no segundo por excesso de folículos correndo o risco de gestação múltipla.
Realizei processo de FIV que culminou com a manifestação de síndrome de hiperestimulação ovárica. Foram retirados 25 ovócitos dos mais de 30 que estavam a desenvolver. O resultado final foi de 12 embriões e devido à hiperestimulação não pude fazer transferência a fresco tendo de aguardar pela recuperação da minha condição normal.
Fiz uma primeira TEC de dois embriões 8A que não deu em nada e amanhã farei a segunda TEC.
Agora destacarei o resumo de uma das possíveis preparações de uma TEC. Vou realçar diferenças que houve nos dois procedimentos realizados.
Uma vez que não menstruo tive de recorrer à indução do ciclo. Da primeira vez com Yasmin e desta feita com Provera, dado que não me sinto bem com aquela pílula. No 21º dia do ciclo foi realizada ecografia e administrada injeção de Decapeptyl 3,75. Logo nessa altura comecei a tomar Acfol em jejum. Em situações normais a menstruação deve aparecer até duas semanas após a injeção e o previsto é iniciar dois comprimidos de Estrofem no 2º dia do ciclo. Como sou uma ovelha negra não menstruo com Decapeptyl, como consequência comecei o Estrofem da primeira vez 19 dias após a injeção, enquanto que agora foi 17 dias depois, durante 7 dias, naquela dosagem. Após mais uma ecografia seguiram-se na primeira preparação mais 8 dias de 3 comprimidos diários de Estrofem, ao passo que desta vez foram 3 dias, porque o endométrio respondeu mais rápido. O Progeffik foi iniciado 3 dias antes da TEC em ambos os casos, no entanto em maio passado a aplicação era de 12 em 12h, enquanto agora é de 8 em 8h. A análise à hormona beta-HCG foi realizada 14 dias após a TEC, desta vez será 12 dias depois.
Espero que enquanto tiver condições para enfrentar este monstro consiga acertar na fórmula mágica. Quem sabe o bónus não se encontra nalgum dos 10 mini-nós que ainda nos restam?
Daqui a umas 13 horas poderá ser o primeiro dia do resto das nossas vidas.
terça-feira, 13 de setembro de 2016
Ei-la à porta!
Quando pensava que ia fazer apenas mais uma ecografia e me iam dizer para passar a 3 comprimidos diários de Estrofem, voltar passados uns dias, etc, etc... O endométrio surpreendeu-me com uns belos 8,3 mm, trilaminar como manda a lei!
"Já podemos fazer a marcação" - ouvi eu. O meu cérebro disse para os seus botões: "What?! Será que percebi bem?" Estava convencida que só na próxima semana iria fazer a TEC.
A transferência anterior foi no dia 17 de maio, esta será a 16 de setembro, às 12h30 e o beta no dia 28.
O protocolo a partir de hoje passou a ser manter o Acfol, aumentar a dosagem de Estrofem (1 comprimido de manhã mais 2 à noite) e iniciar Progeffik de 8 em 8 horas.
Não me posso esquecer de abastecer a bexiga no final da manhã de sexta. Pretendo repousar apenas até domingo e segunda volto à labuta.
O que virá aí? Mistéeeerio como dizia a D. Milú, uma personagem de uma conhecida novela da Globo do final dos anos 80. Continuo cética. Só sei que ao ritmo de TECs que no HSJ são feitas a cada 4 meses, esta é a penúltima oportunidade de ainda poder vir a ser mãe com 37 anos. Não é uma meta esta questão da idade, até porque já ficou para trás o limite que para mim seria desejável. Estou somente a colocar-me na perspetiva de observadora externa, a ver a película da minha vida passando (exatamente assim, em gerúndio). Já que estou numa de novelas, digamos que pareço daquelas soap operas que são idealizadas para ter um determinado número de episódios, mas a dada altura decidem prolongar o enredo recorrendo àquela expressão bem portuguesa de "encher chouriços", levando à exaustão e total aborrecimento os telespectadores que em tempos sentiam algum entusiasmo com a estória. Estou enfadada de mim mesma. Farta de pseudo-reviravoltas que redundam em desilusão. Serei demasiado ambiciosa ao desejar que por uma vez isto resulte? Não sou merecedora?
"Já podemos fazer a marcação" - ouvi eu. O meu cérebro disse para os seus botões: "What?! Será que percebi bem?" Estava convencida que só na próxima semana iria fazer a TEC.
A transferência anterior foi no dia 17 de maio, esta será a 16 de setembro, às 12h30 e o beta no dia 28.
O protocolo a partir de hoje passou a ser manter o Acfol, aumentar a dosagem de Estrofem (1 comprimido de manhã mais 2 à noite) e iniciar Progeffik de 8 em 8 horas.
Não me posso esquecer de abastecer a bexiga no final da manhã de sexta. Pretendo repousar apenas até domingo e segunda volto à labuta.
O que virá aí? Mistéeeerio como dizia a D. Milú, uma personagem de uma conhecida novela da Globo do final dos anos 80. Continuo cética. Só sei que ao ritmo de TECs que no HSJ são feitas a cada 4 meses, esta é a penúltima oportunidade de ainda poder vir a ser mãe com 37 anos. Não é uma meta esta questão da idade, até porque já ficou para trás o limite que para mim seria desejável. Estou somente a colocar-me na perspetiva de observadora externa, a ver a película da minha vida passando (exatamente assim, em gerúndio). Já que estou numa de novelas, digamos que pareço daquelas soap operas que são idealizadas para ter um determinado número de episódios, mas a dada altura decidem prolongar o enredo recorrendo àquela expressão bem portuguesa de "encher chouriços", levando à exaustão e total aborrecimento os telespectadores que em tempos sentiam algum entusiasmo com a estória. Estou enfadada de mim mesma. Farta de pseudo-reviravoltas que redundam em desilusão. Serei demasiado ambiciosa ao desejar que por uma vez isto resulte? Não sou merecedora?
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
Diz que é uma espécie de título
Na falta de ideias para um título que sintetize o que aqui vou escrever, fica este que é polivalente.
Dia 5 de setembro, como combinado com a médica que me atendeu a 22 de agosto, entrei em contacto com o hospital para dizer que não menstruei após a injeção de Decapeptyl. A técnica administrativa transmitiu a informação à médica de serviço e duas horas depois ligou-me de volta para marcar ecografia para esta manhã.
Lá fui hoje mostrar o meu endométrio e a única coisa a comentar acerca dele é que está linear. Logo no início da ecografia a médica quis confirmar que já estava a tomar Estrofem. Ela pensava que já o estava a fazer. Respondi que o que fora estipulado dia 22 foi eu telefonar até dia 5, pois iniciaria Estrofem supostamente no segundo dia do ciclo. Uma vez que não aconteceu nada, cumpri o acordado.
Desde o dia do Decapeptyl até hoje, o meu processo passou por 3 médicas e parece que há alguma informação que se perde, não é sequer registada ou a análise do processo é feita numa diagonal muito sinuosa. Sempre que saímos da sala de ecografia trazemos connosco o processo para entregar na receção. Não tem lá nada descritivo, limita-se a registos de medidas, contagens e datas. É muito padronizado e não vejo campos que permitam acrescentar elementos diferenciadores dos pacientes. Depois daquela afirmação por parte da médica fiquei a entender que por esta altura já deveria estar numa fase de espessamento do endométrio com Estrofem, mesmo não tendo o vermelho malvado acenado para mim. Logo que cheguei a casa tomei o primeiro comprimido. Vou manter a dose regulamentar de 2 comprimidos diários durante 7 dias, voltando a repetir ecografia na próxima terça-feira, 13 de setembro.
Comentei acerca do mau estar que tenho sentido nestas semanas e deve-se de facto ao Decapeptyl. Todos os efeitos secundários que a médica começou a enumerar são-me deveras familiares, uns acompanham-me agora, outros manifestaram-se na preparação da TEC anterior.
Continuo sem ânimo, não há encanto, medo, nervoso miudinho daquele bom, parece que estou a participar num sorteio. Cumpro, é isso.
Lamento a franqueza mas a inércia tomou conta de mim.
Dia 5 de setembro, como combinado com a médica que me atendeu a 22 de agosto, entrei em contacto com o hospital para dizer que não menstruei após a injeção de Decapeptyl. A técnica administrativa transmitiu a informação à médica de serviço e duas horas depois ligou-me de volta para marcar ecografia para esta manhã.
Lá fui hoje mostrar o meu endométrio e a única coisa a comentar acerca dele é que está linear. Logo no início da ecografia a médica quis confirmar que já estava a tomar Estrofem. Ela pensava que já o estava a fazer. Respondi que o que fora estipulado dia 22 foi eu telefonar até dia 5, pois iniciaria Estrofem supostamente no segundo dia do ciclo. Uma vez que não aconteceu nada, cumpri o acordado.
Desde o dia do Decapeptyl até hoje, o meu processo passou por 3 médicas e parece que há alguma informação que se perde, não é sequer registada ou a análise do processo é feita numa diagonal muito sinuosa. Sempre que saímos da sala de ecografia trazemos connosco o processo para entregar na receção. Não tem lá nada descritivo, limita-se a registos de medidas, contagens e datas. É muito padronizado e não vejo campos que permitam acrescentar elementos diferenciadores dos pacientes. Depois daquela afirmação por parte da médica fiquei a entender que por esta altura já deveria estar numa fase de espessamento do endométrio com Estrofem, mesmo não tendo o vermelho malvado acenado para mim. Logo que cheguei a casa tomei o primeiro comprimido. Vou manter a dose regulamentar de 2 comprimidos diários durante 7 dias, voltando a repetir ecografia na próxima terça-feira, 13 de setembro.
Comentei acerca do mau estar que tenho sentido nestas semanas e deve-se de facto ao Decapeptyl. Todos os efeitos secundários que a médica começou a enumerar são-me deveras familiares, uns acompanham-me agora, outros manifestaram-se na preparação da TEC anterior.
Continuo sem ânimo, não há encanto, medo, nervoso miudinho daquele bom, parece que estou a participar num sorteio. Cumpro, é isso.
Lamento a franqueza mas a inércia tomou conta de mim.
quarta-feira, 31 de agosto de 2016
Efeitos secundários ou sucessão de coincidências?
Estou a experienciar coisas diferentes desta vez. Aquela sensação de afrontamento que muitas mulheres descrevem na menopausa é semelhante ao que me tem acontecido. Ao longo do dia não consigo estar de outra forma que não seja permanentemente transpirada. Dentro de casa está quente mas nada comparado com o que aconteceu há umas semanas. Não justifica esta sensação de calor constante.
As enxaquecas vão passando por mim diariamente, umas vezes mais discretas que outras. Há uns dias, enquanto conduzia, além da enxaqueca que me atormentava há umas horas, senti uma dor aguda do lado esquerdo da cabeça.
Ontem à tarde, num breve instante, pensei que ia desmaiar.
A menstruação, essa, ainda não deu sinal de vida. Por este andar vai ser como da outra vez, só que agora as ordens são para dar um prazo máximo de 15 dias até ao passo seguinte.
Estarei paranóica ou isto é efeito do Decapeptyl?
As enxaquecas vão passando por mim diariamente, umas vezes mais discretas que outras. Há uns dias, enquanto conduzia, além da enxaqueca que me atormentava há umas horas, senti uma dor aguda do lado esquerdo da cabeça.
Ontem à tarde, num breve instante, pensei que ia desmaiar.
A menstruação, essa, ainda não deu sinal de vida. Por este andar vai ser como da outra vez, só que agora as ordens são para dar um prazo máximo de 15 dias até ao passo seguinte.
Estarei paranóica ou isto é efeito do Decapeptyl?
segunda-feira, 22 de agosto de 2016
Mecanização...
Tal como previsto nos meus planos foi hoje o dia de estrear a nova temporada da novela que me segue há uma parte substancial da vida. Esta chamar-se-á TEC 2 e o primeiro take foi realizado na sala de ecografias, com a marquesa ainda mais desconfortável do que é habitual.
Dois dos protagonistas (ovários) permaneciam no seu sono habitual e o endométrio estava com 5,4 mm de espessura.
A grande novidade deste ciclo de preparação da TEC é... nenhuma. A injeção de Decapeptyl 3,75 já está dada e vou aguardar no máximo 15 dias para que algo aconteça. Amanhã retomo o Acfol e se menstruar neste tempo de espera, no segundo dia do ciclo inicio novamente terapêutica de Estrofem (2 comprimidos diários). Caso o guião dos episódios não tenha sofrido alterações e não menstruar outra vez, à semelhança da temporada anterior, no dia 5 de setembro telefono para o hospital para agendar ecografia.
A médica disse que vamos "adormecer os ovários com o Decapeptyl". Irónico, não?! A Bela e a Adormecida (nicknames com que batizei hoje aqueles dois) não fizeram outra coisa durante vinte e tal anos! Se calhar, se não sofressem de dormência crónica, nem andava a engrossar estatísticas relacionadas com infertilidade... Confesso que ainda não percebi a insistência no uso do Decapeptyl.
Porquê o título Mecanização? É exatamente o que está a acontecer. O processo está a transformar-se numa linha de montagem. Sem emoções, expectativas, uma descrença assustadora. Faço-o com empenho e responsabilidade, o problema é que a minha racionalidade está a apagar a centelha que em tempos brilhou alimentada pela esperança.
Em conversa comigo mesma estabeleci que irei fazer repouso apenas no dia transferência e no seguinte. A partir daí farei vida normal, com a ressalva de evitar carregar pesos. Se houver algum sangramento a história será diferente, mas não havendo nada em contrário, não vou repetir aqueles 5 dias de dolce far niente.
Há muitos que deixam o destino nas mãos de uma divindade, agarrando-se à fé. Feliz ou infelizmente sou ateia, desde que me lembro, embora por força do contexto sociofamiliar/cultural e dado que enquanto se é criança não há muito voto na matéria, cumpri alguns preceitos católicos. Fi-los contrariada, assim como fiz questão de o dizer à família. Admiro quem tem a capacidade de acreditar numa força maior que tudo, não tenho essa aptidão. Se calhar é uma desvantagem para mim neste momento, assim como poderá ter sido há uns anos quando vi que a beleza que atribuímos à palavra Vida é uma tremenda imbecilidade quando, de um segundo para outro, ela desaparece.
Quem está a ler este desabafo deve estar a pensar "PL, anda uma nuvem negra em cima de ti carregadinha de energia negativa". Eu respondo "Gato escaldado..."
Dois dos protagonistas (ovários) permaneciam no seu sono habitual e o endométrio estava com 5,4 mm de espessura.
A grande novidade deste ciclo de preparação da TEC é... nenhuma. A injeção de Decapeptyl 3,75 já está dada e vou aguardar no máximo 15 dias para que algo aconteça. Amanhã retomo o Acfol e se menstruar neste tempo de espera, no segundo dia do ciclo inicio novamente terapêutica de Estrofem (2 comprimidos diários). Caso o guião dos episódios não tenha sofrido alterações e não menstruar outra vez, à semelhança da temporada anterior, no dia 5 de setembro telefono para o hospital para agendar ecografia.
A médica disse que vamos "adormecer os ovários com o Decapeptyl". Irónico, não?! A Bela e a Adormecida (nicknames com que batizei hoje aqueles dois) não fizeram outra coisa durante vinte e tal anos! Se calhar, se não sofressem de dormência crónica, nem andava a engrossar estatísticas relacionadas com infertilidade... Confesso que ainda não percebi a insistência no uso do Decapeptyl.
Porquê o título Mecanização? É exatamente o que está a acontecer. O processo está a transformar-se numa linha de montagem. Sem emoções, expectativas, uma descrença assustadora. Faço-o com empenho e responsabilidade, o problema é que a minha racionalidade está a apagar a centelha que em tempos brilhou alimentada pela esperança.
Em conversa comigo mesma estabeleci que irei fazer repouso apenas no dia transferência e no seguinte. A partir daí farei vida normal, com a ressalva de evitar carregar pesos. Se houver algum sangramento a história será diferente, mas não havendo nada em contrário, não vou repetir aqueles 5 dias de dolce far niente.
Há muitos que deixam o destino nas mãos de uma divindade, agarrando-se à fé. Feliz ou infelizmente sou ateia, desde que me lembro, embora por força do contexto sociofamiliar/cultural e dado que enquanto se é criança não há muito voto na matéria, cumpri alguns preceitos católicos. Fi-los contrariada, assim como fiz questão de o dizer à família. Admiro quem tem a capacidade de acreditar numa força maior que tudo, não tenho essa aptidão. Se calhar é uma desvantagem para mim neste momento, assim como poderá ter sido há uns anos quando vi que a beleza que atribuímos à palavra Vida é uma tremenda imbecilidade quando, de um segundo para outro, ela desaparece.
Quem está a ler este desabafo deve estar a pensar "PL, anda uma nuvem negra em cima de ti carregadinha de energia negativa". Eu respondo "Gato escaldado..."
terça-feira, 12 de julho de 2016
Setembro aqui tão perto
É incrível como o tempo que entre tratamentos parece tão longínquo, por outro lado, quando há um plano bem definido os meses passam com uma celeridade impressionante. É isso e a multiplicação exponencial dos cabelos brancos...
Defini o dia em que vou iniciar o Provera para provocar a menstruação que vai anteceder a injeção de Decapeptyl. 24 de julho é a data escolhida. Se tudo correr bem, lá para o dia 2 de agosto deverei telefonar para o hospital para agendar a ecografia, levantar a receita da injeção e administrá-la. Prevejo conseguir fazer a próxima TEC no final da primeira quinzena de setembro e ainda nesse mês saber o veredito final desta que desejo ser a última e decisiva TEC.
Daqui a 3 meses vamos totalizar 5 anos de luta. Estou cansada... Apesar de ainda ter esperança que algum dos pequenos 10 mini-nós nos dê a honra de sentir o expoente máximo de felicidade.
Algo me diz que o negativo da TEC anterior é apenas a ponta de um icebergue que ainda vou desvendar. Aquela pequena sigla "SOP" pode estar a esconder algo que eu pensava estar normal e até ao resultado do beta não me causava preocupação. Durante este tempo que ainda falta para voltar à rotina hospitalar, vou falar com a minha médica de família da possibilidade de apurar a resistência à insulina. Sempre que ao longo dos anos tenho feito aquelas análises normais de rotina, os níveis de glicemia em jejum têm estado sempre perfeitamente normais, o que pode ser enganador. Se me puder antecipar e prevenir a perda dos nossos pequenos embriões, cá estou para mais um desafio! Não posso perder muito tempo, o meu prazo de validade, conjugado com as listas de espera para a realização dos outros dois tratamentos a que ainda tenho direito, caso ocorra uma fatalidade e perca todos os embriões resultantes da FIV de fevereiro, está a expirar.
Defini o dia em que vou iniciar o Provera para provocar a menstruação que vai anteceder a injeção de Decapeptyl. 24 de julho é a data escolhida. Se tudo correr bem, lá para o dia 2 de agosto deverei telefonar para o hospital para agendar a ecografia, levantar a receita da injeção e administrá-la. Prevejo conseguir fazer a próxima TEC no final da primeira quinzena de setembro e ainda nesse mês saber o veredito final desta que desejo ser a última e decisiva TEC.
Daqui a 3 meses vamos totalizar 5 anos de luta. Estou cansada... Apesar de ainda ter esperança que algum dos pequenos 10 mini-nós nos dê a honra de sentir o expoente máximo de felicidade.
Algo me diz que o negativo da TEC anterior é apenas a ponta de um icebergue que ainda vou desvendar. Aquela pequena sigla "SOP" pode estar a esconder algo que eu pensava estar normal e até ao resultado do beta não me causava preocupação. Durante este tempo que ainda falta para voltar à rotina hospitalar, vou falar com a minha médica de família da possibilidade de apurar a resistência à insulina. Sempre que ao longo dos anos tenho feito aquelas análises normais de rotina, os níveis de glicemia em jejum têm estado sempre perfeitamente normais, o que pode ser enganador. Se me puder antecipar e prevenir a perda dos nossos pequenos embriões, cá estou para mais um desafio! Não posso perder muito tempo, o meu prazo de validade, conjugado com as listas de espera para a realização dos outros dois tratamentos a que ainda tenho direito, caso ocorra uma fatalidade e perca todos os embriões resultantes da FIV de fevereiro, está a expirar.
domingo, 26 de junho de 2016
Regresso ao planeta Terra
Antes de mais pretendo sossegar as mentes de quem vai passando por aqui e agradeço, de coração, a preocupação manifestada.
Estou bem, não estive em isolamento ou nenhum retiro espiritual a pensar na vida - não tive muito tempo - além do mais já refleti o suficiente. O motivo é bem mais corriqueiro, simples e normal na vida que há para além da infertilidade.
O interregno teve uma justificação: exames nacionais do ensino secundário. Não, não fui eu que me submeti a esse escrutínio, já passei por isso (literalmente) no século passado. Estive a preparar jovens que depositam a sua esperança num futuro risonho naqueles 120+30 minutos ou 150+30 min dos exames de disciplinas que irão condicionar parte das primeiras grandes escolhas que farão nas suas vidas. Os meus horários foram alterados e como muito próximo de mim tinha alguém também nessa situação, além de estar envolvida profissionalmente, os meus serões eram um prolongamento do que acontecia durante o dia.
Para apimentar um pouco mais a situação tive uma virose informática. Os animais do jardim zoológico em que o computador se transformou deram luta, pensei que ia ser necessário tomar medidas extremas (e não me apetecia nada). Felizmente o problema foi solucionado sem recorrer à clássica formatação.
Este post é bastante diferente daquilo que tenho vindo a publicar, contudo é tão somente reflexo de que não representamos só infertilidade, temos outro lado, o da vida, com tudo de bom ou mau que isso possa acarretar. A realidade é que quando se está em tratamento o resto parece não existir...
Há aproximadamente um ano, por diversos motivos, a minha vida estava um autêntico turbilhão. Em simultâneo entrei no universo das IIU. Queria estar totalmente envolvida em todas as frentes, mas um braço engessado colocou-me algum travão. As coisas foram encaminhando bem, exceto as IIU.
Sempre que tenho feito tratamentos o outro lado da minha existência está em fases de algum tumulto e a próxima TEC não será certamente exceção a ver pela altura do ano em que vai acontecer. Já estou calejada...
Estou bem, não estive em isolamento ou nenhum retiro espiritual a pensar na vida - não tive muito tempo - além do mais já refleti o suficiente. O motivo é bem mais corriqueiro, simples e normal na vida que há para além da infertilidade.
O interregno teve uma justificação: exames nacionais do ensino secundário. Não, não fui eu que me submeti a esse escrutínio, já passei por isso (literalmente) no século passado. Estive a preparar jovens que depositam a sua esperança num futuro risonho naqueles 120+30 minutos ou 150+30 min dos exames de disciplinas que irão condicionar parte das primeiras grandes escolhas que farão nas suas vidas. Os meus horários foram alterados e como muito próximo de mim tinha alguém também nessa situação, além de estar envolvida profissionalmente, os meus serões eram um prolongamento do que acontecia durante o dia.
Para apimentar um pouco mais a situação tive uma virose informática. Os animais do jardim zoológico em que o computador se transformou deram luta, pensei que ia ser necessário tomar medidas extremas (e não me apetecia nada). Felizmente o problema foi solucionado sem recorrer à clássica formatação.
Este post é bastante diferente daquilo que tenho vindo a publicar, contudo é tão somente reflexo de que não representamos só infertilidade, temos outro lado, o da vida, com tudo de bom ou mau que isso possa acarretar. A realidade é que quando se está em tratamento o resto parece não existir...
Há aproximadamente um ano, por diversos motivos, a minha vida estava um autêntico turbilhão. Em simultâneo entrei no universo das IIU. Queria estar totalmente envolvida em todas as frentes, mas um braço engessado colocou-me algum travão. As coisas foram encaminhando bem, exceto as IIU.
Sempre que tenho feito tratamentos o outro lado da minha existência está em fases de algum tumulto e a próxima TEC não será certamente exceção a ver pela altura do ano em que vai acontecer. Já estou calejada...
terça-feira, 7 de junho de 2016
Processo concluído
Desde o dia 5, ou seja, domingo dei por encerrado o processo relativo à TEC.
A menstruação resolveu aparecer, bem como uma hemorragia nasal na noite de sábado para domingo. A tensão mamária está finalmente a reduzir lentamente.
De vez em quando paira no meu pensamento que se a expulsão dos embriões não ocorreu antes, será nestes dias que vai acontecer. Os mini-nós... que não iremos conhecer... Infelizmente não se conseguiu evitar um desfecho diferente.
Uma das vantagens da amenorreia é que praticamente posso escolher quando quero levar a injeção de Decapeptyl. Basta fazer umas contas simples para determinar o dia em que irei tomar Provera nos próximos ciclos e dar uma margem de um dia ou dois para o caso de a menstruação atrasar. A data da injeção já está estimada, só vou dizer por enquanto que é em agosto. Sabendo que tenho de avisar o hospital no primeiro dia do ciclo do mês de agosto e que o Decapeptyl é administrado no 21º dia, já dá para ter uma ideia de quando será e garanto que não vai coincidir com um fim de semana.
A menstruação resolveu aparecer, bem como uma hemorragia nasal na noite de sábado para domingo. A tensão mamária está finalmente a reduzir lentamente.
De vez em quando paira no meu pensamento que se a expulsão dos embriões não ocorreu antes, será nestes dias que vai acontecer. Os mini-nós... que não iremos conhecer... Infelizmente não se conseguiu evitar um desfecho diferente.
Uma das vantagens da amenorreia é que praticamente posso escolher quando quero levar a injeção de Decapeptyl. Basta fazer umas contas simples para determinar o dia em que irei tomar Provera nos próximos ciclos e dar uma margem de um dia ou dois para o caso de a menstruação atrasar. A data da injeção já está estimada, só vou dizer por enquanto que é em agosto. Sabendo que tenho de avisar o hospital no primeiro dia do ciclo do mês de agosto e que o Decapeptyl é administrado no 21º dia, já dá para ter uma ideia de quando será e garanto que não vai coincidir com um fim de semana.
quinta-feira, 2 de junho de 2016
Pós 1.º negativo
Jamais esquecerei os mini-nós que tiveram uma curtíssima estadia junto a mim. Poderíamos ser tão felizes juntos...
Respirei fundo e refleti sobre o aconteceu nas últimas semanas. Gostava de dar por concluída esta etapa e para isso só falta uma coisa: menstruar. As dores no útero vão aparecendo de vez em quando com alguma intensidade, a tensão mamária continua por cá. Se Sua Excelência se dignar a aparecer conseguirei fazer as contas sobre a altura em que irei iniciar a preparação da próxima TEC. Vou aguardar até ao final da próxima semana para ver se algo acontece. Caso contrário tomarei as rédeas do assunto e será como eu mandar ao corpo, através do Provera. Já não menstruo desde 6 de março, por isso este assunto tem de ficar resolvido.
Para animar o dia estou com dores no ouvido direito que latejam fortemente. Tenho recorrido a anti-inflamatório e espero estar melhor amanhã.
Respirei fundo e refleti sobre o aconteceu nas últimas semanas. Gostava de dar por concluída esta etapa e para isso só falta uma coisa: menstruar. As dores no útero vão aparecendo de vez em quando com alguma intensidade, a tensão mamária continua por cá. Se Sua Excelência se dignar a aparecer conseguirei fazer as contas sobre a altura em que irei iniciar a preparação da próxima TEC. Vou aguardar até ao final da próxima semana para ver se algo acontece. Caso contrário tomarei as rédeas do assunto e será como eu mandar ao corpo, através do Provera. Já não menstruo desde 6 de março, por isso este assunto tem de ficar resolvido.
Para animar o dia estou com dores no ouvido direito que latejam fortemente. Tenho recorrido a anti-inflamatório e espero estar melhor amanhã.
segunda-feira, 30 de maio de 2016
Beta - TEC 1
Tal como previsto, às 8h30 estava no hospital para fazer a colheita do sangue para análise do beta-hCG desta TEC.
Preenchi o inquérito de satisfação e voltei para casa, sendo que às 12h30 deveria regressar para ter a aguardada notícia no consultório. Já passava das 14 horas quando fomos atendidos e a frase usada não podia ser mais direta "Ainda não foi desta". Perguntaram-me se menstruei ao que respondi não, porque não é hábito.
Entregaram-nos o relatório deste ciclo. O valor do beta não dá qualquer margem para dúvidas, pois é inferior a 1,2.
Vou suspender toda a medicação e em setembro volto ao ataque. Daqui a uns dias devo (espero eu) menstruar devido à privação de progesterona, a partir daí os meus ciclos serão regulados através do Provera. No primeiro dia de sangue vivo do ciclo que iniciar em agosto ligo para o hospital para agendar ecografia no 21º dia e voltar a fazer injeção de Decapeptyl e todo o resto que se segue. Começará mais uma saga...
A minha esperança vai ficar depositada nos pequenos 10 embriões que ainda estão criopreservados. Se a frequência de negativos se mantiver e os descongelamentos não resultarem em fragmentação de embriões, com os 4 meses entre cada TEC consigo andar nisto até janeiro de 2018, ou seja, até aos 38 anos. Se mesmo aí ainda não for bem sucedida, faremos um balanço da nossa vida, porque se enveredarmos pela segunda FIV, já terei 39 anos devido às listas de espera.
Isto está a fugir de qualquer plano que possa ter traçado para a vida. Gostava de poder ser mãe antes dos 40 anos para aumentar as hipóteses de o(s) nossos(s) filho(s) terem a oportunidade de crescer(em) com a presença da mãe. Perdi o meu pai quando ele tinha 54 anos em virtude de doença oncológica. Apesar de eu fazer vigilância desde os 22 anos, pois a propensão para ter cancro é elevada tendo em conta o contexto familiar diversificado neste âmbito, fica sempre aquele receio de que um dia é a minha vez.
Neste momento só tenho mais duas chances de ser mãe com 37 anos. A próxima TEC vai ocorrer dois meses antes de completar 5 anos de luta contra a infertilidade.
Ainda não escorreu nenhuma lágrima, faltam-me forças, mas tenho também no horizonte dez possibilidades de dar a volta a isto.
Preenchi o inquérito de satisfação e voltei para casa, sendo que às 12h30 deveria regressar para ter a aguardada notícia no consultório. Já passava das 14 horas quando fomos atendidos e a frase usada não podia ser mais direta "Ainda não foi desta". Perguntaram-me se menstruei ao que respondi não, porque não é hábito.
Entregaram-nos o relatório deste ciclo. O valor do beta não dá qualquer margem para dúvidas, pois é inferior a 1,2.
Vou suspender toda a medicação e em setembro volto ao ataque. Daqui a uns dias devo (espero eu) menstruar devido à privação de progesterona, a partir daí os meus ciclos serão regulados através do Provera. No primeiro dia de sangue vivo do ciclo que iniciar em agosto ligo para o hospital para agendar ecografia no 21º dia e voltar a fazer injeção de Decapeptyl e todo o resto que se segue. Começará mais uma saga...
A minha esperança vai ficar depositada nos pequenos 10 embriões que ainda estão criopreservados. Se a frequência de negativos se mantiver e os descongelamentos não resultarem em fragmentação de embriões, com os 4 meses entre cada TEC consigo andar nisto até janeiro de 2018, ou seja, até aos 38 anos. Se mesmo aí ainda não for bem sucedida, faremos um balanço da nossa vida, porque se enveredarmos pela segunda FIV, já terei 39 anos devido às listas de espera.
Isto está a fugir de qualquer plano que possa ter traçado para a vida. Gostava de poder ser mãe antes dos 40 anos para aumentar as hipóteses de o(s) nossos(s) filho(s) terem a oportunidade de crescer(em) com a presença da mãe. Perdi o meu pai quando ele tinha 54 anos em virtude de doença oncológica. Apesar de eu fazer vigilância desde os 22 anos, pois a propensão para ter cancro é elevada tendo em conta o contexto familiar diversificado neste âmbito, fica sempre aquele receio de que um dia é a minha vez.
Neste momento só tenho mais duas chances de ser mãe com 37 anos. A próxima TEC vai ocorrer dois meses antes de completar 5 anos de luta contra a infertilidade.
Ainda não escorreu nenhuma lágrima, faltam-me forças, mas tenho também no horizonte dez possibilidades de dar a volta a isto.
domingo, 29 de maio de 2016
Dia 13 - TEC 1
Aproxima-se o final desta etapa.
Fisicamente não foi dolorosa. Só a tensão mamária que permanece desde o dia 20 é que posso classificar como incomodativa, principalmente quando ando.
O top do sofrimento dos tratamentos que fiz até hoje foi a fase final da estimulação e o pós-punção. Desejava imenso que não fosse necessário voltar a repetir.
Emocionalmente confesso que desde a estimulação até à criopreservação dos mini-nós o stress foi uma constante. Ao contrário de muitas pessoas que passam por estes tratamentos e descrevem a espera até ao beta como a mais sufocante, não sou da mesma opinião. Se tiver de fazer novas TEC, acredito que passe também a pensar assim e varra temporariamente da memória tudo o que aconteceu antes.
Como não estou habituada a menstruar normalmente, livrei-me da desilusão de dar de caras com um cenário sangrento antes de fazer o beta. Porém a dúvida sobre o resultado é ainda maior.
Independentemente do que acontecer amanhã mantenho a confiança no serviço de Medicina de Reprodução do HSJ.
No dia da TEC perguntei se, em situação de gravidez, era obrigada a ser acompanhada na minha área de residência. A boa notícia é que posso escolher e há alguns anos foi criado no HSJ um serviço de consulta para quem recorreu a técnicas de PMA. Na prática funciona como as demais consultas de obstetrícia, mas o enquadramento deve ser diferenciado, tendo em conta as circunstâncias em que a gravidez ocorreu. Não tenho dúvidas que é lá que quero ser seguida, apesar de não serem frequentes comentários negativos acerca dos partos no primeiro hospital onde comecei as consultas de infertilidade. O que não gostei nesse local foi dos constantes adiamentos de consultas, a automatização de procedimentos sem tentar perceber muito bem quem estava ali à frente e o enorme tempo que passou até chegarem à conclusão que o HSJ era a melhor opção. Continuo convicta que esses dois anos fizeram-me perder a oportunidade de ser mãe muito antes do que alguma vez irá acontecer.
Vou aproveitar também esta oportunidade para agradecer às lutadoras que estão no mesmo barco, pelo apoio incondicional que têm demonstrado, tanto aqui, no meu espaço virtual, como no fórum onde nos "conhecemos". Nunca nos vimos fisicamente, contudo é caricato que neste mundo obscuro que não desejávamos conhecer, as coincidências da vida levaram até que encontrasse uma conterrânea!
Não é um texto de despedida. É tão somente uma forma de organizar o turbilhão de ideias que saltitam entre um ou outro neurónio.
Amanhã dou novidades (sem filtro).
Fisicamente não foi dolorosa. Só a tensão mamária que permanece desde o dia 20 é que posso classificar como incomodativa, principalmente quando ando.
O top do sofrimento dos tratamentos que fiz até hoje foi a fase final da estimulação e o pós-punção. Desejava imenso que não fosse necessário voltar a repetir.
Emocionalmente confesso que desde a estimulação até à criopreservação dos mini-nós o stress foi uma constante. Ao contrário de muitas pessoas que passam por estes tratamentos e descrevem a espera até ao beta como a mais sufocante, não sou da mesma opinião. Se tiver de fazer novas TEC, acredito que passe também a pensar assim e varra temporariamente da memória tudo o que aconteceu antes.
Como não estou habituada a menstruar normalmente, livrei-me da desilusão de dar de caras com um cenário sangrento antes de fazer o beta. Porém a dúvida sobre o resultado é ainda maior.
Independentemente do que acontecer amanhã mantenho a confiança no serviço de Medicina de Reprodução do HSJ.
No dia da TEC perguntei se, em situação de gravidez, era obrigada a ser acompanhada na minha área de residência. A boa notícia é que posso escolher e há alguns anos foi criado no HSJ um serviço de consulta para quem recorreu a técnicas de PMA. Na prática funciona como as demais consultas de obstetrícia, mas o enquadramento deve ser diferenciado, tendo em conta as circunstâncias em que a gravidez ocorreu. Não tenho dúvidas que é lá que quero ser seguida, apesar de não serem frequentes comentários negativos acerca dos partos no primeiro hospital onde comecei as consultas de infertilidade. O que não gostei nesse local foi dos constantes adiamentos de consultas, a automatização de procedimentos sem tentar perceber muito bem quem estava ali à frente e o enorme tempo que passou até chegarem à conclusão que o HSJ era a melhor opção. Continuo convicta que esses dois anos fizeram-me perder a oportunidade de ser mãe muito antes do que alguma vez irá acontecer.
Vou aproveitar também esta oportunidade para agradecer às lutadoras que estão no mesmo barco, pelo apoio incondicional que têm demonstrado, tanto aqui, no meu espaço virtual, como no fórum onde nos "conhecemos". Nunca nos vimos fisicamente, contudo é caricato que neste mundo obscuro que não desejávamos conhecer, as coincidências da vida levaram até que encontrasse uma conterrânea!
Não é um texto de despedida. É tão somente uma forma de organizar o turbilhão de ideias que saltitam entre um ou outro neurónio.
Amanhã dou novidades (sem filtro).
sábado, 28 de maio de 2016
Dia 12 - TEC 1
Gostava de poder dizer que estou animada e confiante de que segunda-feira vou ter a melhor notícia de sempre. Estaria a mentir...
O meu eu interior anda a sussurrar que as dificuldades estão longe de terem terminado. Que apesar de finalmente ter concluído um tratamento, não será este a ditar o final feliz, se é que alguma vez saberei o que isso será. Chamar-me-ão pessimista. Eu respondo que me conheço há muito tempo.
Esta é a verdadeira luta da minha vida, nada mais nestes 36 anos, exigiu tanto de mim. Depende apenas da resposta deste conjunto de células (des)organizadas a que chamo corpo e a este respeito tem-me deixado ficar mal demasiadas vezes.
Durante a semana voltei a ter sonhos relacionados com maternidade.
No primeiro tudo era harmonioso, estava feliz com um lindo filho recém-nascido, ávido por uma refeição que só eu podia proporcionar. A nossa ligação já era fenomenal.
No segundo sonho o cenário era numa sala de ecografia. Acabava de ser detetada uma anomalia de caráter vascular em metade do rosto do feto. O médico dissera que havia a possibilidade da situação ser passageira, porém não podia ser descartada a hipótese do problema ser permanente.
Só quero que chegue o dia 30 para tornar evidente o que suspeito e poder passar ao plano seguinte. Não me posso tornar refém deste objetivo. Tenho de saber conjugar o desejo de continuar a enfrentar este terrível bicho-papão com a vida extra-infertilidade.
O meu eu interior anda a sussurrar que as dificuldades estão longe de terem terminado. Que apesar de finalmente ter concluído um tratamento, não será este a ditar o final feliz, se é que alguma vez saberei o que isso será. Chamar-me-ão pessimista. Eu respondo que me conheço há muito tempo.
Esta é a verdadeira luta da minha vida, nada mais nestes 36 anos, exigiu tanto de mim. Depende apenas da resposta deste conjunto de células (des)organizadas a que chamo corpo e a este respeito tem-me deixado ficar mal demasiadas vezes.
Durante a semana voltei a ter sonhos relacionados com maternidade.
No primeiro tudo era harmonioso, estava feliz com um lindo filho recém-nascido, ávido por uma refeição que só eu podia proporcionar. A nossa ligação já era fenomenal.
No segundo sonho o cenário era numa sala de ecografia. Acabava de ser detetada uma anomalia de caráter vascular em metade do rosto do feto. O médico dissera que havia a possibilidade da situação ser passageira, porém não podia ser descartada a hipótese do problema ser permanente.
Só quero que chegue o dia 30 para tornar evidente o que suspeito e poder passar ao plano seguinte. Não me posso tornar refém deste objetivo. Tenho de saber conjugar o desejo de continuar a enfrentar este terrível bicho-papão com a vida extra-infertilidade.
sexta-feira, 27 de maio de 2016
Dia 11 - TEC 1
Esta etapa está próxima do fim. Aquilo que mais desejo é que não seja necessário repetir ou quando muito, que o faça daqui a uns anos para aumentar mais a família.
O herpes está maior, mas ainda não ao ponto de causar um incómodo significativo.
Não houve mais nada de novo.
Estou cansada, não sei se é da espera pelo beta ou se é mesmo sono...
O herpes está maior, mas ainda não ao ponto de causar um incómodo significativo.
Não houve mais nada de novo.
Estou cansada, não sei se é da espera pelo beta ou se é mesmo sono...
quinta-feira, 26 de maio de 2016
Dia 10 - TEC 1
Este período de espera pelo beta leva-nos a procurar minúsculos sinais que nos possam aumentar a esperança de um resultado positivo.
Quando pensava que o dia ia ser outra vez de tensão mamária e uma ou outra pontada forte, vejo no meu lábio o aparecimento de um herpes.
Confesso que nunca fiquei tão feliz por isso. O meu ânimo melhorou consideravelmente, porque no início de uma gravidez o sistema imunitário está mais débil, havendo relatos de constipações inesperadas, herpes e outras afeções. Sendo o vírus Herpes-zóster oportunista, em situações de maior fragilidade ou stress, ei-lo a dar um ar da sua graça!
Tenho de me mentalizar que hoje é dia 26, já faltou mais para chegar ao 30 para desvendar finalmente o mistério.
Quando pensava que o dia ia ser outra vez de tensão mamária e uma ou outra pontada forte, vejo no meu lábio o aparecimento de um herpes.
Confesso que nunca fiquei tão feliz por isso. O meu ânimo melhorou consideravelmente, porque no início de uma gravidez o sistema imunitário está mais débil, havendo relatos de constipações inesperadas, herpes e outras afeções. Sendo o vírus Herpes-zóster oportunista, em situações de maior fragilidade ou stress, ei-lo a dar um ar da sua graça!
Tenho de me mentalizar que hoje é dia 26, já faltou mais para chegar ao 30 para desvendar finalmente o mistério.
quarta-feira, 25 de maio de 2016
Dia 9 - TEC 1
Continua a contagem decrescente para o dia do esclarecimento da maior dúvida da minha vida. Não houve nada até ao momento que me dissesse "esquece, andaste a perder tempo durante estes dias". Esta ausência de evidências faz-me voltar a pensar que a taxa de sucesso de 30% que se fala numa primeira TEC não tem significado para mim. Eu vejo como 50%, ou seja, resulta ou não resulta. É uma visão mais otimista, não é?
Não estou feliz nem triste, estou à espera que o tempo passe. Como o tempo é o que mais abunda no tratamento da infertilidade, tenho de encarar esta etapa com muito otimismo, porque felizmente algo está a ser feito, embora à escala microscópica. Deve reconhecer-se também a ajuda do empurrãozinho químico que, diariamente, assegura as melhores condições para a ocorrência das reações que originam o nosso milagre.
Não estou feliz nem triste, estou à espera que o tempo passe. Como o tempo é o que mais abunda no tratamento da infertilidade, tenho de encarar esta etapa com muito otimismo, porque felizmente algo está a ser feito, embora à escala microscópica. Deve reconhecer-se também a ajuda do empurrãozinho químico que, diariamente, assegura as melhores condições para a ocorrência das reações que originam o nosso milagre.
terça-feira, 24 de maio de 2016
Dia 8 - TEC 1
Esta fase, que já está a começar a perder o encanto, deve ser algo semelhante às semanas de gravidez em que a barriga não desenvolve, não se sentem os movimentos do feto, porque ainda é muito cedo e nunca mais chega o dia do raio da ecografia tranquilizadora. Aí só se pensa "haverá algo errado?"
O dia foi praticamente mais do mesmo que não é quase nada. Este nada é ensurdecedor, paralisante, causa dúvida, insegurança e aquela maldita palavra que quem está no mundo da infertilidade mais ouve e despreza - ANSIEDADE. Porém muito controlada, ressalve-se, que estou longe de um estado de pânico.
Além da tensão mamária que continua, enquanto trabalhava notei um ou outro incómodo no baixo ventre, localizado principalmente do lado direito. Estava a trabalhar quando, por volta das 19 horas, senti uma forte pontada no mesmo sítio, quando me levantei para ir buscar um livro. Estas sensações que estamos habituadas que ocorram quase diariamente, fazem-nos acender nesta altura, um alerta vermelho, roxo, azul, de todas as cores possíveis. Inundam o nosso cérebro com os piores finais imagináveis em primeiro lugar e só mais tarde a hipótese de que os embriões estarão a dar sinal que estão a gostar do sítio onde se encontram. Um raciocínio em modo stand-by dava jeito durante estes 12 dias.
Diz o Dr. Google que de acordo com o desenvolvimento embrionário, tendo havido nidação, a famigerada hormona beta-hCG já anda a circular na minha corrente sanguínea. Ela que me invada, que é muito bem vinda!
O dia foi praticamente mais do mesmo que não é quase nada. Este nada é ensurdecedor, paralisante, causa dúvida, insegurança e aquela maldita palavra que quem está no mundo da infertilidade mais ouve e despreza - ANSIEDADE. Porém muito controlada, ressalve-se, que estou longe de um estado de pânico.
Além da tensão mamária que continua, enquanto trabalhava notei um ou outro incómodo no baixo ventre, localizado principalmente do lado direito. Estava a trabalhar quando, por volta das 19 horas, senti uma forte pontada no mesmo sítio, quando me levantei para ir buscar um livro. Estas sensações que estamos habituadas que ocorram quase diariamente, fazem-nos acender nesta altura, um alerta vermelho, roxo, azul, de todas as cores possíveis. Inundam o nosso cérebro com os piores finais imagináveis em primeiro lugar e só mais tarde a hipótese de que os embriões estarão a dar sinal que estão a gostar do sítio onde se encontram. Um raciocínio em modo stand-by dava jeito durante estes 12 dias.
Diz o Dr. Google que de acordo com o desenvolvimento embrionário, tendo havido nidação, a famigerada hormona beta-hCG já anda a circular na minha corrente sanguínea. Ela que me invada, que é muito bem vinda!
segunda-feira, 23 de maio de 2016
Dia 7 - TEC 1
Hoje foi dia de regresso ao trabalho, contacto com pólenes, espirros...
Tirando umas pontadas mínimas na zona do ovário direito que mal senti, não houve rigorosamente mais nada de diferente. Se continuasse em modo repouso podia, se calhar, ter-me apercebido de mais alguma coisa, quem sabe...
Daqui a uma semana estarei aqui a dar as novidades sobre o desfecho da TEC. Irei dizer que vou repetir o beta passadas 48 horas para confirmar a boa evolução dos mini-nós. Vou exprimir quão afortunados somos pelos mini-nós nos terem dado oportunidade.
É um belo sonho, não é? Ainda tenho 6 dias para pensar assim.
À TEC Team estou sempre a enviar energia com muito beta-hCG!
Tirando umas pontadas mínimas na zona do ovário direito que mal senti, não houve rigorosamente mais nada de diferente. Se continuasse em modo repouso podia, se calhar, ter-me apercebido de mais alguma coisa, quem sabe...
Daqui a uma semana estarei aqui a dar as novidades sobre o desfecho da TEC. Irei dizer que vou repetir o beta passadas 48 horas para confirmar a boa evolução dos mini-nós. Vou exprimir quão afortunados somos pelos mini-nós nos terem dado oportunidade.
É um belo sonho, não é? Ainda tenho 6 dias para pensar assim.
À TEC Team estou sempre a enviar energia com muito beta-hCG!
domingo, 22 de maio de 2016
Dia 6 - TEC 1
Aproveitei parte do dia para repor vitamina D que estava escassear no meu organismo.
S. Pedro foi amiguinho e brindou o céu com um brilho convidativo.
Se algo diferente aconteceu não me apercebi. A tensão mamária continua por cá, bem como a boa disposição.
Está tomada a decisão acerca da realização de um teste de gravidez antes do beta. Vamos deixar nas mãos do HSJ, ou seja, fazer a análise da hormona beta-hCG. Suponho que o resultado seja dado por telefone.
Só saberemos mesmo no dia 30, com a análise ao sangue. Não me posso guiar por qualquer data para vinda da menstruação porque, quem tem andado a seguir o meu percurso, já sabe que ela não vem. Comigo vai ser o verdadeiro fator surpresa (que será das boas).
Meus mini-nós, de cada vez que penso em vós sou invadida por uma serenidade que me sabe tão bem!
S. Pedro foi amiguinho e brindou o céu com um brilho convidativo.
Se algo diferente aconteceu não me apercebi. A tensão mamária continua por cá, bem como a boa disposição.
Está tomada a decisão acerca da realização de um teste de gravidez antes do beta. Vamos deixar nas mãos do HSJ, ou seja, fazer a análise da hormona beta-hCG. Suponho que o resultado seja dado por telefone.
Só saberemos mesmo no dia 30, com a análise ao sangue. Não me posso guiar por qualquer data para vinda da menstruação porque, quem tem andado a seguir o meu percurso, já sabe que ela não vem. Comigo vai ser o verdadeiro fator surpresa (que será das boas).
Meus mini-nós, de cada vez que penso em vós sou invadida por uma serenidade que me sabe tão bem!
sábado, 21 de maio de 2016
Dia 5 - TEC 1
Termina hoje o dia oficial estipulado para o repouso.
Amanhã vou sair de casa pela primeira vez desde a TEC, mas continua o condicionamento no que diz respeito a carregar pesos ou fazer esforço fora do normal. Nestes dias de clausura não me apercebi da variação da temperatura no exterior ou dos níveis de pólen no ar.
Houve algo que notei ao longo do dia. Sinto alguma tensão mamária, que pode perfeitamente ser provocada pelo acumular de progesterona que estou a aplicar diariamente.
Estou quase a chegar a meio desta fase, a encará-la com tranquilidade, otimista mas não inteiramente convencida, porque aprendi a ter sempre um pé atrás.
Não tive, até ao momento, nenhum motivo de sobressalto, contudo não posso dar por adquirido que os mini-nós tenham andado a evoluir e já estejam a fixar-se no endométrio. Será uma honra para mim se me estiverem a dar essa oportunidade. Vou continuar a aguardar os próximos desenvolvimentos.
Amanhã vou sair de casa pela primeira vez desde a TEC, mas continua o condicionamento no que diz respeito a carregar pesos ou fazer esforço fora do normal. Nestes dias de clausura não me apercebi da variação da temperatura no exterior ou dos níveis de pólen no ar.
Houve algo que notei ao longo do dia. Sinto alguma tensão mamária, que pode perfeitamente ser provocada pelo acumular de progesterona que estou a aplicar diariamente.
Estou quase a chegar a meio desta fase, a encará-la com tranquilidade, otimista mas não inteiramente convencida, porque aprendi a ter sempre um pé atrás.
Não tive, até ao momento, nenhum motivo de sobressalto, contudo não posso dar por adquirido que os mini-nós tenham andado a evoluir e já estejam a fixar-se no endométrio. Será uma honra para mim se me estiverem a dar essa oportunidade. Vou continuar a aguardar os próximos desenvolvimentos.
sexta-feira, 20 de maio de 2016
Dia 4 - TEC 1
Non, rien de rien.
Oxalá que a ausência de algum tipo de sinal seja sinónimo de que tudo está a rolar com normalidade.
Daqui a uma semana já estarei em condições de saber se os mini-nós estão a apreciar a estadia. Ainda não tomámos uma decisão quanto à realização de um teste antes do beta.
Se compararmos este processo ao que fazíamos em criança, com feijões em algodão, a germinação terá iniciado e os pequenos lutadores vão fixar-se nos próximos dias. A partir dali começará a criação do sistema de irrigação. É impressionante o funcionamento da natureza!
TEC Team, envio muita energia positiva!
Oxalá que a ausência de algum tipo de sinal seja sinónimo de que tudo está a rolar com normalidade.
Daqui a uma semana já estarei em condições de saber se os mini-nós estão a apreciar a estadia. Ainda não tomámos uma decisão quanto à realização de um teste antes do beta.
Se compararmos este processo ao que fazíamos em criança, com feijões em algodão, a germinação terá iniciado e os pequenos lutadores vão fixar-se nos próximos dias. A partir dali começará a criação do sistema de irrigação. É impressionante o funcionamento da natureza!
TEC Team, envio muita energia positiva!
quinta-feira, 19 de maio de 2016
Dia 3 - TEC 1
Este período de repouso faz-me lembrar aquela canção típica da altura das janeiras que diz algo do género 'nas palhas deitado, nas palhas estendido'. É mais ou menos isso. O sofá foi o grande companheiro do dia, não esquecendo a solidariedade da minha menina de 4 patas. Conseguimos dormir uma soneca juntinhas, no final da manhã. À tarde continuei a ser presenteada pelas suas boas vibes, assim como por uma sessão vigorosa de massagem no pescoço.
Felizmente a enxaqueca foi dar uma volta durante a noite com Morfeu, por isso o dia foi bem mais leve ao ponto de, por momentos, ter perdido a noção do dia da semana em que estava.
Desejo tanto que os mini-nós se sintam confortáveis e estejam a progredir bem. Não sinto nada de diferente, quero interpretar isso como um bom sinal, como que a dizer que o meu corpo não está a rejeitar os embriões e a dar-lhes o seu tempo.
Fiquem comigo! Agarrem-se a mim no sítio certo e cresçam saudáveis!
Felizmente a enxaqueca foi dar uma volta durante a noite com Morfeu, por isso o dia foi bem mais leve ao ponto de, por momentos, ter perdido a noção do dia da semana em que estava.
Desejo tanto que os mini-nós se sintam confortáveis e estejam a progredir bem. Não sinto nada de diferente, quero interpretar isso como um bom sinal, como que a dizer que o meu corpo não está a rejeitar os embriões e a dar-lhes o seu tempo.
Fiquem comigo! Agarrem-se a mim no sítio certo e cresçam saudáveis!
quarta-feira, 18 de maio de 2016
Dia 2 - TEC 1
Uma palavra para descrever o dia de hoje: ENXAQUECA
Ontem comecei a sentir mas sendo o dia da TEC e não querendo acrescentar mais um fármaco que pode ser tomado, o paracetamol, optei por deixar passar a noite. Sentia a enxaqueca em cada minuto, de manhã ainda estava mais intensa. Deixei-me de teimosias e tomei o dito comprimido. Serviu para aliviar durante umas 3 horas apenas. Continuo com a enxaqueca e estou a ver que me vou deitar outra vez assim.
Se tudo estiver a correr bem, a esta hora os meus pequenos guerreiros deverão ser uns belos blastocistos, prestes a agarrarem-se a mim com todas as forças.
A contribuir para o sucesso desta explosão de vida tenho beneficiado das boas vibrações provenientes do ronronar da minha miúda felina, junto ao meu peito, para que os mini-nós comecem a sentir o ambiente acolhedor que lhes podemos proporcionar.
Continuo tranquila e esperançosa, porém com os pés assentes na terra.
Ontem comecei a sentir mas sendo o dia da TEC e não querendo acrescentar mais um fármaco que pode ser tomado, o paracetamol, optei por deixar passar a noite. Sentia a enxaqueca em cada minuto, de manhã ainda estava mais intensa. Deixei-me de teimosias e tomei o dito comprimido. Serviu para aliviar durante umas 3 horas apenas. Continuo com a enxaqueca e estou a ver que me vou deitar outra vez assim.
Se tudo estiver a correr bem, a esta hora os meus pequenos guerreiros deverão ser uns belos blastocistos, prestes a agarrarem-se a mim com todas as forças.
A contribuir para o sucesso desta explosão de vida tenho beneficiado das boas vibrações provenientes do ronronar da minha miúda felina, junto ao meu peito, para que os mini-nós comecem a sentir o ambiente acolhedor que lhes podemos proporcionar.
Continuo tranquila e esperançosa, porém com os pés assentes na terra.
terça-feira, 17 de maio de 2016
Pontinho de esperança
Foi assim que vos vi pela primeira vez. Um ponto branco, cada vez mais brilhante, como que a avisar que é a luz que vai transformar a nossa vida. Tenho-vos comigo, ainda me custa a acreditar. Desta vez praticamente não houve dor, o que é estranho, porque acostumei-me neste processo a que tudo seja sofrido física e emocionalmente.
Sinto uma enorme paz interior.
Segundo a bióloga os mini-nós eram muito bonitos, de muito boa qualidade, assim como todos os elementos da nossa dúzia. Houve um bom descongelamento e os pequeninos portaram-se à altura, pois não fragmentaram.
Vou manter a medicação exatamente nas mesmas condições.
Alertaram-me para a possibilidade de ter pequenos sangramentos durante os próximos dias, que podem ser normais.
Vou ter um período de repouso de 5 dias e no dia 30 será revelado o número que certamente será mágico.
Sinto uma enorme paz interior.
Segundo a bióloga os mini-nós eram muito bonitos, de muito boa qualidade, assim como todos os elementos da nossa dúzia. Houve um bom descongelamento e os pequeninos portaram-se à altura, pois não fragmentaram.
Vou manter a medicação exatamente nas mesmas condições.
Alertaram-me para a possibilidade de ter pequenos sangramentos durante os próximos dias, que podem ser normais.
Vou ter um período de repouso de 5 dias e no dia 30 será revelado o número que certamente será mágico.
sábado, 14 de maio de 2016
#TECTEAM
Se, por um lado, a infertilidade nos faz sentir criaturas alienígenas pela 'anormalidade' que nos distingue dos demais que nos rodeiam, a busca por informação que nos permita conhecer-nos um pouco mais leva-nos a entrar, quase inevitavelmente, no mundo dos fóruns. Neles conseguimos tirar dúvidas, realizar esclarecimentos, partilhar frustrações e sucessos, criar laços com outras lutadoras de qualquer ponto do planeta.
Estes próximos dias vão ser deveras importantes para mim e umas miúdas ultra-especiais.
A nossa TEC TEAM está a reunir o que de mais positivo pode haver no coração para as transferências que vamos fazer serem uma explosão de vidas a germinar e crescer nos trimestres vindouros.
A compilação que se segue vai resumir alguns dados da minha FIV que serão atualizados ao longo dos dias.
Instituição: HSJ
Punção: 22-02-16
Embriões criopreservados: 12
Tipo de ciclo: induzido
Fármacos usados: Decapeptyl 3,75 (12-04-16)
Estrofem (desde 02-05-16, não menstruei)
Progeffik (desde 14-05-16)
Data da TEC: 17-05-16
n.º de embriões transferidos: 2
Embriões que permanecem fresquinhos: 10
Data do beta: 30-05-16
Resultado do beta: < 1,2 (mega negativo) TEC TEAM, may the success be with us!
Estes próximos dias vão ser deveras importantes para mim e umas miúdas ultra-especiais.
A nossa TEC TEAM está a reunir o que de mais positivo pode haver no coração para as transferências que vamos fazer serem uma explosão de vidas a germinar e crescer nos trimestres vindouros.
A compilação que se segue vai resumir alguns dados da minha FIV que serão atualizados ao longo dos dias.
Instituição: HSJ
Punção: 22-02-16
Embriões criopreservados: 12
Tipo de ciclo: induzido
Fármacos usados: Decapeptyl 3,75 (12-04-16)
Estrofem (desde 02-05-16, não menstruei)
Progeffik (desde 14-05-16)
Data da TEC: 17-05-16
n.º de embriões transferidos: 2
Embriões que permanecem fresquinhos: 10
Data do beta: 30-05-16
Resultado do beta: < 1,2 (mega negativo) TEC TEAM, may the success be with us!
quinta-feira, 12 de maio de 2016
Habemus data!
Neste processo tudo fica tão mais próximo quando há uma data marcada. Aquela que poderá ditar a mudança da minha vida é 17 de maio, que este ano coincide com o feriado do município onde resido.
TEC, minha querida, não me pregues partidas pois mereço alguma tranquilidade.
A juntar ao rol de fármacos que pululam no meu cantinho químico há mais um membro, de sua graça Progeffik. A partir de sábado fará parte da minha rotina durante 12 semanas (pois tudo vai correr bem). Para já a dose será de 2 cápsulas diárias.
Não vou dizer que estou extasiada, porque há sempre um receio contido de estar a sonhar demasiado alto, mas estou satisfeita por chegar a este patamar.
TEC, minha querida, não me pregues partidas pois mereço alguma tranquilidade.
A juntar ao rol de fármacos que pululam no meu cantinho químico há mais um membro, de sua graça Progeffik. A partir de sábado fará parte da minha rotina durante 12 semanas (pois tudo vai correr bem). Para já a dose será de 2 cápsulas diárias.
Não vou dizer que estou extasiada, porque há sempre um receio contido de estar a sonhar demasiado alto, mas estou satisfeita por chegar a este patamar.
segunda-feira, 9 de maio de 2016
Números
A infertilidade faz parte do meu quotidiano há uns anos, no entanto o que a motiva acompanha-me desde 1994.
Fiz um apanhado daquilo que tomei ao longo do tempo diretamente relacionado com esta problemática e os números são impressionantes.
A listagem que se segue é baseada na contagem de unidades/comprimidos/doses/carteiras de todos os fármacos que me recordo terem invadido o meu organismo de forma mais ou menos eficaz.
Progyluton - 504 comprimidos
Provera - 1440 comprimidos
Yasmin - 756 comprimidos
Dufine - 60 comprimidos
Puregon - 2575 UI
Menopur - 1350 UI
Orgalutran - 6 doses
Decapeptyl 0,1 - 1 dose
Decapeptyl 3,75 - 1 dose
Ovusitol - 480 carteiras
Dikirogen - 180 carteiras
Dostinex - 8 comprimidos
Acfol - 28 comprimidos (ainda a tomar)
Estrofem - 17 comprimidos (ainda a tomar)
Progeffik - em aplicação
Não incluí na listagem os mais de 10 000 comprimidos de Thyrax e Eutirox que tomei em 19 anos, sendo que este último continuo a usar. De certa maneira têm o seu contributo no meu tratamento.
Fiz um apanhado daquilo que tomei ao longo do tempo diretamente relacionado com esta problemática e os números são impressionantes.
A listagem que se segue é baseada na contagem de unidades/comprimidos/doses/carteiras de todos os fármacos que me recordo terem invadido o meu organismo de forma mais ou menos eficaz.
Progyluton - 504 comprimidos
Provera - 1440 comprimidos
Yasmin - 756 comprimidos
Dufine - 60 comprimidos
Puregon - 2575 UI
Menopur - 1350 UI
Orgalutran - 6 doses
Decapeptyl 0,1 - 1 dose
Decapeptyl 3,75 - 1 dose
Ovusitol - 480 carteiras
Dikirogen - 180 carteiras
Dostinex - 8 comprimidos
Acfol - 28 comprimidos (ainda a tomar)
Estrofem - 17 comprimidos (ainda a tomar)
Progeffik - em aplicação
Não incluí na listagem os mais de 10 000 comprimidos de Thyrax e Eutirox que tomei em 19 anos, sendo que este último continuo a usar. De certa maneira têm o seu contributo no meu tratamento.
Custa a crer que está quase :)
Já se vislumbra uma data para a primeira e espero que, infalível TEC. Na ecografia desta manhã ficou apurado que o endométrio está com 8 mm de espessura.
A partir de hoje passarei a tomar 3 comprimidos de Estrofem distribuídos da seguinte forma: 1 de manhã e 2 à noite para prevenir eventuais náuseas. Na próxima quinta-feira farei outra ecografia, pois o objetivo destes 3 dias é tentar chegar aos 8,5 mm.
A médica apontou a TEC para o início da próxima semana, sendo que o agendamento será realizado na quinta.
Para quem já anda neste percurso sinuoso há quatro anos e meio parece inacreditável estar a uma semana de concluir um tratamento sem ouvir a palavra CANCELADO! Neste campeonato houve várias descidas de liga, mudanças de clube e treinadores, apuramentos falhados e nenhuma medalha até ao momento.
Tenho um desejo imenso de chegar àquele dia em que saio do piso de Medicina de Reprodução com aquelas 'fotos' a preto e branco do(s) nosso(s) filho(s), que vou contemplar, horas a fio, completamente embevecida. Já agora, não achando estar a ser demasiado ambiciosa vou mais além. Desejo que o(s) mini-nós cresça(m) bem e seja(m) motivo de um enorme orgulho.
Me aguardem nenês, Mamãe 'tá na área!
A partir de hoje passarei a tomar 3 comprimidos de Estrofem distribuídos da seguinte forma: 1 de manhã e 2 à noite para prevenir eventuais náuseas. Na próxima quinta-feira farei outra ecografia, pois o objetivo destes 3 dias é tentar chegar aos 8,5 mm.
A médica apontou a TEC para o início da próxima semana, sendo que o agendamento será realizado na quinta.
Para quem já anda neste percurso sinuoso há quatro anos e meio parece inacreditável estar a uma semana de concluir um tratamento sem ouvir a palavra CANCELADO! Neste campeonato houve várias descidas de liga, mudanças de clube e treinadores, apuramentos falhados e nenhuma medalha até ao momento.
Tenho um desejo imenso de chegar àquele dia em que saio do piso de Medicina de Reprodução com aquelas 'fotos' a preto e branco do(s) nosso(s) filho(s), que vou contemplar, horas a fio, completamente embevecida. Já agora, não achando estar a ser demasiado ambiciosa vou mais além. Desejo que o(s) mini-nós cresça(m) bem e seja(m) motivo de um enorme orgulho.
Me aguardem nenês, Mamãe 'tá na área!
segunda-feira, 2 de maio de 2016
De volta à ação!
Após o contratempo que surgiu com o Decapeptyl, entrei em contacto com o HSJ, como já tinha ficado combinado na quarta-feira passada.
Foi possível fazer ainda esta manhã uma ecografia e o endométrio estava com uns delicados 2,4 mm. Perguntei o motivo do atrofiamento do endométrio, uma vez que não tenho hemorragia. O que a médica me disse foi que poderá ter havido escamação das paredes, no entanto em quantidade insuficiente para que me apercebesse.
Deu-me ordem para iniciar ainda hoje o Estrofem em dois comprimidos diários (de manhã e à noite) e daqui a uma semana volto a fazer ecografia.
Estou contente, embora com reservas. Não quero lançar foguetes antecipadamente.
Foi possível fazer ainda esta manhã uma ecografia e o endométrio estava com uns delicados 2,4 mm. Perguntei o motivo do atrofiamento do endométrio, uma vez que não tenho hemorragia. O que a médica me disse foi que poderá ter havido escamação das paredes, no entanto em quantidade insuficiente para que me apercebesse.
Deu-me ordem para iniciar ainda hoje o Estrofem em dois comprimidos diários (de manhã e à noite) e daqui a uma semana volto a fazer ecografia.
Estou contente, embora com reservas. Não quero lançar foguetes antecipadamente.
quarta-feira, 27 de abril de 2016
Corpo meu, corpo meu, haverá algum mais teimoso que o meu?
Disse ontem que iria aguardar dois dias até telefonar para o hospital, mas acabei por fazê-lo agora. E fiz bem...
Vou esperar até segunda-feira para ver se a dita hemorragia vem, caso contrário tenho de ligar outra vez. Não sei o que virá se nada acontecer até lá.
Isto estava a levar um rumo demasiado bom para aquilo a que me tenho habituado. Prezo tanto ter a vida orientada, no entanto nisto o cérebro é totalmente fintado, sem qualquer hipótese de controlar o que se passa cá dentro.
O que é que está a falhar neste momento? Parece que é uma forma de fazer descer à terra para me lembrar que não há facilitismos e que o processo vai ser sofrido até ao fim. Que seja sofrido, mas com final feliz.
Vou esperar até segunda-feira para ver se a dita hemorragia vem, caso contrário tenho de ligar outra vez. Não sei o que virá se nada acontecer até lá.
Isto estava a levar um rumo demasiado bom para aquilo a que me tenho habituado. Prezo tanto ter a vida orientada, no entanto nisto o cérebro é totalmente fintado, sem qualquer hipótese de controlar o que se passa cá dentro.
O que é que está a falhar neste momento? Parece que é uma forma de fazer descer à terra para me lembrar que não há facilitismos e que o processo vai ser sofrido até ao fim. Que seja sofrido, mas com final feliz.
terça-feira, 26 de abril de 2016
Hello?!?!?!
Passaram duas semanas desde a injeção de Decapeptyl e o que tenho de novo a dizer? NADA!
Não posso exprimir ainda o orgulho de ter reunido condições para iniciar o Estrofem.
Pareceu-me duas ou três vezes ter avistado um ténue tom rosado nestes últimos dias, tive enxaquecas que podem muito ser bem resultado das constantes partidas meteorológicas de S. Pedro, fora isso, um convicto NADA...
A paciência tem sido uma virtude que tenho desenvolvido ao longo dos anos mas, citando Diácono Remédios, 'não havia necessidade' de andar a ser constantemente posta à prova. Custa muito dar um ar da sua graça em tempo útil?
Aguardarei mais dois dias, se nada suceder vou ligar ao hospital para saber que fazer.
Não posso exprimir ainda o orgulho de ter reunido condições para iniciar o Estrofem.
Pareceu-me duas ou três vezes ter avistado um ténue tom rosado nestes últimos dias, tive enxaquecas que podem muito ser bem resultado das constantes partidas meteorológicas de S. Pedro, fora isso, um convicto NADA...
A paciência tem sido uma virtude que tenho desenvolvido ao longo dos anos mas, citando Diácono Remédios, 'não havia necessidade' de andar a ser constantemente posta à prova. Custa muito dar um ar da sua graça em tempo útil?
Aguardarei mais dois dias, se nada suceder vou ligar ao hospital para saber que fazer.
quarta-feira, 20 de abril de 2016
Decapeptyl 3,75
Passou uma semana desde que levei a injeção intramuscular de Decapeptyl.
Até sábado, sempre que me sentava ou encostava a algo sentia incómodo na zona da aplicação. De há três dias para cá tenho notado diariamente que há momentos em que os gémeos contraem rapidamente dando início a cãibras. Quando me apercebo que vai ocorrer alguma, trato logo de relaxar a perna para impedir que progrida.
Tenho sentido também dores nas pernas como quando tomava Yasmin.
Perante estas situações que não são habituais em mim, li há pouco o folheto informativo do Decapeptyl e lá são mencionadas as cãibras e dores nas pernas.
A hemorragia de privação ainda não deu sinais de vida. Estou a contar que daqui a cerca de uma semana ela bata à porta e eu possa então iniciar o Estrofem.
Até sábado, sempre que me sentava ou encostava a algo sentia incómodo na zona da aplicação. De há três dias para cá tenho notado diariamente que há momentos em que os gémeos contraem rapidamente dando início a cãibras. Quando me apercebo que vai ocorrer alguma, trato logo de relaxar a perna para impedir que progrida.
Tenho sentido também dores nas pernas como quando tomava Yasmin.
Perante estas situações que não são habituais em mim, li há pouco o folheto informativo do Decapeptyl e lá são mencionadas as cãibras e dores nas pernas.
A hemorragia de privação ainda não deu sinais de vida. Estou a contar que daqui a cerca de uma semana ela bata à porta e eu possa então iniciar o Estrofem.
terça-feira, 12 de abril de 2016
Cada vez mais perto
Como previsto, realizei esta manhã a ecografia e ficou delineado o plano para a TEC.
O endométrio está com uma espessura de 5 mm e o próximo passo será a aplicação de Decapeptyl 3,75 mg daqui a umas 3 horas. O momento do dia para a administração deste injetável por via intramuscular é indiferente, estou apenas a aguardar a chegada da injeção à farmácia.
Amanhã começarei a tomar Acfol (ácido fólico) em jejum e quando tiver a hemorragia de privação entro novamente em contacto com o hospital. No segundo dia do ciclo vou dar início ao Estrofem de manhã e à noite (em intervalos de 12h), voltando a fazer ecografia aproximadamente no 9º dia do ciclo para verificar como se encontra o endométrio. Desde que esteja trilaminar, com uma espessura a partir dos 8 mm, é chegada a hora da marcação da TEC.
Não faço a mínima ideia da altura em que a transferência poderá ocorrer, está dependente da resposta ao Decapeptyl. Uma certeza tenho, esta semana não será certamente. Relativamente ao endométrio não conto com surpresas desagradáveis, tem-se portado bem até ao momento.
O endométrio está com uma espessura de 5 mm e o próximo passo será a aplicação de Decapeptyl 3,75 mg daqui a umas 3 horas. O momento do dia para a administração deste injetável por via intramuscular é indiferente, estou apenas a aguardar a chegada da injeção à farmácia.
Amanhã começarei a tomar Acfol (ácido fólico) em jejum e quando tiver a hemorragia de privação entro novamente em contacto com o hospital. No segundo dia do ciclo vou dar início ao Estrofem de manhã e à noite (em intervalos de 12h), voltando a fazer ecografia aproximadamente no 9º dia do ciclo para verificar como se encontra o endométrio. Desde que esteja trilaminar, com uma espessura a partir dos 8 mm, é chegada a hora da marcação da TEC.
Não faço a mínima ideia da altura em que a transferência poderá ocorrer, está dependente da resposta ao Decapeptyl. Uma certeza tenho, esta semana não será certamente. Relativamente ao endométrio não conto com surpresas desagradáveis, tem-se portado bem até ao momento.
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