terça-feira, 26 de novembro de 2019

PGT-A - o veredito

Quando há minutos vi que estava a receber uma chamada do hospital, gerou-se um rufar de tambores mental. Vários resultados podiam ser divulgados. A voz do outro lado foi objetiva e disse logo que dos 5 embriões, 3 são normais. Que alívio! Estava a custar não saber quando é que ia ter notícias e a expectativa do resultado ainda tornava a espera muito pior. Se "quisesse" e já explico o motivo das aspas, podia fazer TEC ainda em dezembro mas não vai ser possível. O motivo para o adiamento é o malvado Decapeptyl. A enfermeira perguntou se já menstruei este mês (como habitual), respondi que não menstruo (como já respondi 1500 vezes), quis saber o que costumo fazer para menstruar, mencionei que recorria ao Provera. Ela deu a indicação para o iniciar ainda hoje e ao vigésimo primeiro dia do ciclo iria ao hospital fazer ecografia. Soou outra vez o alarme Decapeptyl. Recordei que o Decapeptyl não me faz nada, ela quis saber como se resolveu das outras vezes em que não foi administrado e reformulamos as contas. Chegou-se à conclusão que a TEC não poderá ser em dezembro, porque durante uns dias o serviço estará fechado (normalmente é feita limpeza das condutas do ar condicionado).

Ótimo! Até sinto satisfação por isso, não estava muito disposta a passar mais uma época natalícia assombrada. Os últimos dois anos não me deixam boas memórias. Transferências em janeiro têm resultado em negativo, mas aguento melhor que gravidezes daquelas manhosas que tive. Pelas minhas contas o candidato que vai ser transferido deverá ficar cá hospedado pela altura em que faço 40 anos.

Ficou combinado com a enfermeira que começo o Provera dia 28 de dezembro. Calha bem, porque no dia anterior vou ao Hospital de Guimarães participar no estudo InOvulação.

Agora que já tenho datas vou enviar novo mail ao Dr. J.L. do Hospital CUF Descobertas para saber que sugestões tem para me dar relativamente à TEC.

Havia algo dentro de mim que me dizia que a maior parte dos embriões seria euploide. 3 em 5 parece-me um resultado bom, atendendo à minha idade, só que isto adensa ainda mais o mistério para a razão de 12 embriões transferidos não terem resultado numa gravidez bem sucedida. Vou morrer sem saber a causa.

The end is near, 2020 deve ser o ano do fim. Vou manter a fórmula de transferir um embrião por TEC. A partir de agora virá sempre a dúvida da descongelação favorável e do que se lhe segue.

Se houver santinhos das TEC, espero que não me contemplem com nova gravidez bioquímica ou aborto, prefiro negativos. Acho que já fui castigada em demasia.

Não fosse estar este tempo do Demo, iria gritar de felicidade do alto da minha varanda, por saber que há células nossas com viabilidade e ter conhecimento de datas.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Estudo clínico InOvulação

Está a decorrer um estudo sobre a disfunção do ciclo menstrual, apoiado pela Escola de Medicina da Universidade do Minho, Instituto de Ciências da Vida e da Saúde (ICVS), Centro Clínico Académico de Braga e Hospital Senhora da Oliveira Guimarães. Apesar de o público-alvo previsto incluir mulheres entre os 18 e os 38 anos, foi-me permitida a participação. No final de dezembro estarei no Hospital Senhora da Oliveira para começar a dar o meu contributo.

Perguntar-me-ão o motivo para agora, no fim da linha, envolver-me nesta iniciativa. Certamente não me ajudará em nada, pois para mim já é tarde. Estou principalmente a pensar nas mulheres que, como eu, vão enfrentar este demónio da infertilidade e ainda nem sequer o sabem ou nasceram. Vão precisar de apoio e respostas. Neste momento tenho apoio de acordo com o que é conhecido atualmente, mas respostas não as conheço. Tudo o que me foi falado, fracasso após fracasso, baseia-se em suposições. Se hoje beneficiamos de PMA foi porque o conhecimento científico evoluiu. Para que ele seja mais completo, julgo ser um dever cívico participarmos. Vou gastar combustível e dinheiro em portagens para ir e vir de Guimarães, vou despender de tempo enquanto for para lá, mas sabem o quanto isso me importa nesta fase, em que profissionalmente estou praticamente a zeros? Nada. Felizmente os meus tostões ainda me permitem fazer isso. Alguém, algures no passado, fez o mesmo por mim. Poderei estar a prestar um contributo importante para as filhas ou outras familiares de quem me está a ler. É por isso que faço o apelo a quem reúna os critérios para participar neste estudo e lhe seja viável do ponto de vista logístico, que colabore. Poderá trazer vantagens para si e, em simultâneo, permite que se vá desvendando mais mistérios no âmbito da SOP e disfunções do ciclo menstrual.

Vou, excecionalmente, publicar duas imagens no blogue, com a devida autorização da Dra Vanessa Silva. Temos estabelecido uma comunicação salutar, tendo-me solicitado que publicitasse este estudo na minha casinha virtual.




O endereço que se segue tem mais informações acerca deste projeto
http://www.inovulacao.com

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

8 anos

Estou há perto de uma década a enfrentar o maior desafio que a vida me colocou à frente. Oito anos sem resultados. Quando me aventurei neste caminho não cogitei acerca do tempo que iria dedicar-me a esta causa. Inocentemente idealizei que 35 anos era o limite ideal para entrar no mundo da maternidade. A um passo dos 40 anos esta história ainda não acabou. Poderá terminar este mês, se da parte do Departamento de Genética as notícias não forem animadoras. Caso as nossas células se tenham entendido de forma biologicamente apropriada, a situação vai arrastar-se mais alguns meses, com aquela incógnita típica das transferências.

Daqui a umas duas semanas os meus pensamentos vão começar a estar direcionados para o resultado do rastreio por fazer um mês que a biópsia foi realizada. Até ao fim de novembro devo saber alguma coisa. A par disso estou a finalizar a fisioterapia ao pé. Vou ficar com sequelas às quais terei de me habituar. Ando também a efetuar outros exames por problemas que têm surgido. O fantasma oncológico e uma questão inflamatória que tem de ser esclarecida estão a ser investigados. Desde meados de agosto vou a hospitais/clínicas de diagnóstico com uma frequência quase diária (nos dias úteis). Além daquilo que está agendado ainda vou marcar mais dois exames aos quais se poderá seguir outro, só para uma das coisas que está a ser estudada. Na semana passada apareceu outra "surpresa" a que deverei estar atenta para ver se cresce, volta a doer ou desaparece. Estou a tratar disto tudo agora, enquanto não surge nenhum aviso de que farei alguma TEC. Aguardam-me algumas consultas, uma sedação no dia 14 e outros exames que não poderia fazer se estivesse numa fase de transferência.