terça-feira, 17 de julho de 2018

40 semanas

Era uma vez um casal que, um dia após ter contraído matrimónio, realizou mais uma transferência de embriões. Esse ato médico resultou na terceira gravidez, desse mesmo casal, num intervalo de 13 meses. Hoje, algures no mundo, alguém completa 40 semanas desse estado de graça. Não é o casal referido no início, porque a Mãe Natureza (soberana) entendeu que eles não o merecem.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Beta - TEC 6

Como contava, o resultado foi negativo. A Diretora disse que o meu caso é complicado e não foi tomada nenhuma decisão sobre o que se segue, porque vão discutir em reunião. Não estou arrasada, era o que esperava apenas.

Penso que virá um scratching endometrial. É algo que também fazem lá e nunca foi tentado comigo. O mais parecido que houve foi a biópsia na histeroscopia, em que engravidei na TEC que fiz a seguir. Virá mais uma dose de sofrimento, não sei se melhor ou pior que a biópsia. Parece que ainda não passei o suficiente para isto dar a volta.

O embrião era excelente e como tenho vindo a dizer, o problema é quando colocam os pequenotes em contacto comigo.

A próxima transferência deverá ser por volta de setembro. Vou manter outra vez em águas de bacalhau os meus planos, para continuar a conseguir compatibilizar a minha vida com o corridinho ao hospital.

Não irei precisar de viajar, daqui a uns dias, munida de medicamentos e pensos XXL para o caso de haver outro aborto.

A única orientação, para já, é aguardar uma chamada que vai acontecer depois de deliberarem alguma coisa. Normalmente é à quarta-feira de manhã que reunem.

Obrigada a todas pelo carinho e o tempo que dispensam da vossa vida para acompanharem esta trajetória completamente irregular.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Dia 13 - TEC 6

Aqui estou, novamente, a umas horas de conhecer mais um resultado. No passado cheguei a iludir-me com alguns sinais que posteriormente se revelaram como efeitos secundários. Hoje houve pouquíssimos instantes em que senti uma ligeira pressão no útero. Admito que, atendendo ao que não notei durante esta espera, um positivo chorudo deixar-me-á atónita. Pézinhos bem colados à terra é o que se exige nesta fase. Em qualquer fase, para ser mais realista. Não sei bem o que pensar, sentir, planear. O que preciso mesmo é de fazer a colheita de sangue e saber se sim, nim ou não.

Mal saiba o resultado e esteja de volta a casa, dou notícias, como sempre fiz.

Dia 12 - TEC 6

Mais do nada. Arrisco dizer que depois de amanhã vou ser confrontada com o terceiro negativo da carreira. É uma hipótese perfeitamente viável, faz parte destes processos, especialmente quando se aposta apenas num embrião. Aceito melhor esse resultado que o sufoco de um positivo que termina mal. O reverso da medalha é que isso significará manter a vida em suspenso até fazer nova TEC, mas aguento outro ano de sacrifício, porque será o último. Estou ávida de mudança, no entanto devo ter mais um pouco de paciência.

Sou seguida no HSJ desde dezembro de 2014. Desde essa altura não tem havido muitos períodos em branco. Têm sido anos intensos de constante descoberta e cada vez mais dúvidas. Tanto foi feito embora não pareça, porque o piso 3 tornou-se como que uma extensão da minha casa onde passo muitas horas. O Hospital Pedro Hispano foi um calhau no meu sapato. De encaminhamento em encaminhamento (com muita incompetência pelo meio), adiamentos de consultas e dificuldade em chegarem à conclusão que o Dufine não é a minha praia, perdi aquela juventude que podia ter dado uma mãozinha preciosa a tudo o que lhe sucedeu. Como não vale a pena chorar sobre o leite derramado, resta-me queimar os últimos cartuxos.

Na primeira consulta que tive no HSJ a médica disse "Não se preocupe que vai engravidar". Ela teve razão, pelo menos três vezes... Podia ter dito "Não se preocupe que vai conseguir ter um filho".

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Dia 11 - TEC 6

Julgo ter sentido algo semelhante a uma pequena dor menstrual, por duas vezes. De resto, tudo pacífico.

Faltam 3 dias para o primeiro beta de 2018. Este processo arrastou-se devido ao desenvolvimento irregular da última gravidez que me levou ao bloco, depois um momento teenager hormonalmente descontrolado atrasou um pouco mais o início da estimulação. A hiperestimulação essa, já contava com ela. O que me impressionou foi ter feito a transferência sensivelmente dois meses após a punção e não três, como em 2016.

Entrámos no mês 7 do ano, que choque! Não tarda, estamos de volta à época natalícia e quase de seguida os 39 anos chegam. Olho para trás e não vejo progresso. Ambicionava ser mãe pela primeira vez até aos 35 anos. Do desejo à realidade vai um conjunto de experiências fracassadas que me levaram a redefinir ideais. Não estou a matricular nenhuma cria na escola, pelo contrário, continuo a dedicar o meu quotidiano a uma ideia criada, nada palpável. Este vazio de matéria recebe mais amor, atenção e sacrifício que muitos filhos de gente que não merece o ar que consome ao planeta. Só posso estar a receber uma lição, penosa, porém vou ter de aprender algo com tudo o que tem acontecido desde novembro de 2011.

Dia 10 - TEC 6

Há muita informação que retive destes anos de consultas e tratamentos mas existem detalhes dos quais só me recordo quando vou ao histórico de posts publicados no blogue. Já me socorri várias vezes de dados aqui escritos. Dantes tinha registos em papel com as datas de consultas, alterações de medicação, menstruação, porque é frequente as médicas perguntarem. Se continuasse a recorrer a folhas ou agendas o manancial coletado seria vasto. Felizmente este registo digital tem a facilidade de armazenar tudo isso e muito mais, além de possibilitar a partilha da forma como vivo a infertilidade.

Nunca tive pretensões de ocultar ou amenizar aquilo que sinto. Acho que tem de se pôr fim à imagem de que a infertilidade é uma coisa sem importância que se resolve sempre. Que isto é fruto apenas de um estado de ansiedade e que, quando menos esperamos, ou seja, nuns instantes em que não estamos acometidos dessa dita ansiedade dá-se aquilo que toda a gente é naturalmente capaz. Falei já deste assunto nos primórdios do blogue mas passados todos estes anos, ainda oiço vindo da parte de pessoas bem próximas, a referência à dita ansiedade. Essa palavra também está incluída no rol das que gostava de banir do dicionário. Questiono-me por que é que em vez de estar a tomar 9 comprimidos por dia não passo apenas para 2: o Eutirox e um ansiolítico? Aparentemente seria este último o salvador da natalidade da comunidade infértil. Querem ver que a infertilidade é um estado psicológico e não um acometimento físico?

Dá para ver que continua sem acontecer nada de percetível por cá. Sim, comigo está tudo igual. A única coisa diferente é que falta menos tempo para o dia 5.

domingo, 1 de julho de 2018

Dia 9 - TEC 6

Chegou o último fim de semana que antecede o beta. A ausência de sinais fisiológicos permanece. Estou curiosa para saber o que isto significa. A rotina medicamentosa está completamente entranhada e pode permanecer por muitas semanas, que não me importo nada.

Estou a entrar nos 6 anos e 8 meses de luta. Fala-se na crise dos 7 anos nas relações dos casais. Neste caso, os 7 anos de frente a frente com esta doença maldita, serão o fim desta guerra em que vou erguer a bandeira branca.