quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Venha 2021, seja lá o que isso significa

Nós somos como livros, analisamos a vida como se ela fosse dividida em capítulos. Estes podem estar associados a períodos um pouco alargados, a anos concretos, a acontecimentos.

Antes de termos entrado em 2020 eu olhava para o número e achava-o bonito. Não sei se por ter nascido num dia par de um ano par enfim, coisas sem qualquer importância. Apesar de simpatizar com o aspeto do número, sabia que a carga associada à entrada no ano em causa ia ser decisiva no projeto da minha existência que se veio a tornar um flop. O encerramento desse fracasso ocorreu com alguma atribulação fruto da pandemia, de uma forma seca. Não caí sobre uma rede, esbardalhei-me diretamente no chão, rastejei até encontrar algo a que me agarrar e tenho estado a reerguer-me. Há mazelas das quais me estou a recuperar, porque não vivi a infertilidade com ligeireza. Poucas semanas depois do tombo comecei a lutar pelo plano de recuperação que andava a delinear, caso se confirmasse que todo o meu esforço tinha sido em vão e consegui dar-lhe início.

Para mim a entrada num novo ano implica praticamente a mudança para um incremento de um ano na minha idade. Daqui a uns dias o meu contador muda para 41 e estará quase concluído o primeiro semestre do projeto que tentará transformar em dias um pouco melhores aqueles que irei viver no seio da família.

Em 2020 parei de tentar ser mãe, a minha filhota do coração licenciou-se e começou a trabalhar, fui tia pela primeira vez, comecei nova licenciatura, passei ainda mais tempo em casa. 

Não vou fazer grandes resoluções de ano novo. Ambiciono concretizar com sucesso os meus compromissos diários, ter força para suportar adversidades que espero que não surjam e ser agradavelmente surpreendida com coisas inesperadas.

Quero, acima de tudo, saúde para todos.

Bom 2021!

domingo, 27 de dezembro de 2020

Entrevista completa (Semana da Tiróide - maio de 2020)

Estava a organizar algumas coisas no computador e na pasta de vídeos tinha arquivada a entrevista que dei à agência de comunicação que realizou a campanha da Semana Internacional da Tiróide. Quando fiz a publicação da campanha que foi divulgada em diferentes canais de comunicação, disse que iria colocar aqui a versão completa trabalhada pela agência.

Como estava com auriculares (camuflados pela longa cabeleira de confinamento) não se ouvem as questões mas dá para entender o conteúdo por aquilo que estou a dizer. A única edição que fiz neste vídeo foi a junção das respostas, porque havia alguns momentos sem qualquer interação, quando estava a ouvir as perguntas que me eram colocadas. Não há banda sonora, nem nenhum efeito. A gravação foi realizada com o meu telemóvel, enquanto decorria uma chamada por Skype (no computador), com a entrevistadora e o operador de câmara que me orientou nas partes técnicas.

Para conseguir anexar a entrevista no Blogger tive de reduzir o tamanho do ficheiro, pelo que a qualidade do vídeo não é a melhor.

Dois meses depois da entrevista estava a aguardar pelo beta da última transferência.



Tenho outro post em "dívida", não me esqueci de que tenho uma promessa pendente.
Porquê remexer nisto? Não é um retrocesso. Seria preocupante se fizesse de conta que nada aconteceu antes de agosto de 2020. É um fragmento da minha história que me transformou. Somos feitos de circunstâncias.
 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

5 anos na blogosfera

Não é que passaram 5 anos?! Inaugurei este espaço numa fase em que se estava a gerar um turbilhão de insanidade e absurdo, uma espécie de tornado que tornou a minha vida num caos e, removidos os destroços, vejo o sol a espreitar por entre as nuvens. Até ao momento a pandemia não me está a abalar de forma tão avassaladora como os 8 anos e 8 meses que me fizeram criar este baú.
Pensei em tempos que uma cria minha viesse a ter acesso a estas palavras para que pudesse perceber um pouco a sua história. Isso não vai acontecer. O blogue será o álbum das fotografias que não consegui tirar mas que ousei imaginar. As únicas memórias físicas que conservo são exames, protocolos, justificações. No meio de tantos papéis há zero ecografias. A única impressão de ecografia em que toquei foi há 3 anos, dois dias antes da aspiração, que trouxe da urgência de obstetrícia (piso 4) para entregar no piso 3. As imagens mostravam fragmentos da minha menina.
Não decidi quando me vou libertar dos papéis. Tenho de o fazer, não me ajudaram e não vão acrescentar nada.

A única serventia que poderão ter será para fins de investigação. Se alguém precisar deles, que me diga. Cedo-os com todo o gosto.

Espero que num futuro não muito distante se consigam dar respostas às muitas dúvidas que ainda há sobre (in)fertilidade. Mas, como já referi, se não formos interventivos nos estudos as coisas não andam para a frente. Fiz o que pude por mim e contribuí no que pude, pelos vossos.

Bom Natal

Este ano em moldes diferentes mas com um desejo igual ao dos outros anos: que todos estejam bem. Este estar bem é muito mais do que apenas na saúde física.

Bom Natal a quem passa por esta casinha, esteja em Portugal ou além fronteiras.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Em contrarrelógio

Contrarrelógio é o sinónimo que traduz Bolonha combinado com Covid. Não sei qual será a minha perceção sobre o tempo se a palavra Covid deixar de fazer parte do nosso quotidiano e souber o que é estudar no século XXI sem aulas e avaliações à distância, motivadas por uma pandemia.

24 horas são insuficientes para tudo o que há a fazer diariamente, tenho até remorsos de dormir, basicamente porque o tempo para estudar é quase inexistente. A quantidade de tarefas praticamente diárias e o tempo que é necessário dispensar-lhes, absorvem substancialmente aquilo que pensava que ia conseguir fazer que é, estudar. Pelos vistos é uma exigência de Bolonha e da avaliação "contínua" que lhe está inerente. O problema é que com avaliações das quais só esta semana tive folga, o estudo para cada cadeira é feito a correr, como tudo o resto. Há aulas que parecem uma prova de ciclismo. Compreendo a rapidez, porque com aulas teóricas de 50 minutos, tem de se dar matéria como se o mundo acabasse no dia seguinte.

Benditos feriados que possibilitaram diversificar um pouco o leque de estudo. Como as aulas iniciaram apenas a 6 de outubro (graças ao Covid), as férias de Natal começam a 24 de dezembro. A interrupção dura 5 dias úteis e logo a 6 de janeiro retomo a saga semanal de avaliações e tudo o que é necessário executar diariamente, culminando com quatro avaliações na última semana de janeiro.

Tenho permanentemente tendência para comparar a atualidade com a experiência universitária que tive há muuuuito tempo, na era pré-Bolonha e está a ser bastante diferente. Em termos de grau de complexidade não estou a sentir dificuldades de maior. Há, para já, apenas uma cadeira que me está a preocupar. Se não fosse este desejo de que os dias tivessem o dobro do tempo para poder dedicar-me a tudo, da forma que eu queria, sentir-me-ia com sensação de missão controlada. Não tenho o mesmo entusiasmo de há 22 anos, pois estou a correr um tremendo risco mas estou extremamente comprometida com este objetivo. As máscaras, os distanciamentos, os curtos tempos presenciais e os Zooms com 70 pessoas identificadas com pequenos ecrãs negros, não ajudam às dinâmicas sociais. Há pessoas da minha turma que não sei se algum dia vou conhecer. Sei o nome de pouco mais de meia dúzia, porque as oportunidades para trocar impressões são escassas. É muito estranha esta época que estamos a viver.

Meti-me nisto e vou cumprir tudo, da melhor forma que conseguir. Acho que nesta missão não vou falhar.