quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Em contrarrelógio

Contrarrelógio é o sinónimo que traduz Bolonha combinado com Covid. Não sei qual será a minha perceção sobre o tempo se a palavra Covid deixar de fazer parte do nosso quotidiano e souber o que é estudar no século XXI sem aulas e avaliações à distância, motivadas por uma pandemia.

24 horas são insuficientes para tudo o que há a fazer diariamente, tenho até remorsos de dormir, basicamente porque o tempo para estudar é quase inexistente. A quantidade de tarefas praticamente diárias e o tempo que é necessário dispensar-lhes, absorvem substancialmente aquilo que pensava que ia conseguir fazer que é, estudar. Pelos vistos é uma exigência de Bolonha e da avaliação "contínua" que lhe está inerente. O problema é que com avaliações das quais só esta semana tive folga, o estudo para cada cadeira é feito a correr, como tudo o resto. Há aulas que parecem uma prova de ciclismo. Compreendo a rapidez, porque com aulas teóricas de 50 minutos, tem de se dar matéria como se o mundo acabasse no dia seguinte.

Benditos feriados que possibilitaram diversificar um pouco o leque de estudo. Como as aulas iniciaram apenas a 6 de outubro (graças ao Covid), as férias de Natal começam a 24 de dezembro. A interrupção dura 5 dias úteis e logo a 6 de janeiro retomo a saga semanal de avaliações e tudo o que é necessário executar diariamente, culminando com quatro avaliações na última semana de janeiro.

Tenho permanentemente tendência para comparar a atualidade com a experiência universitária que tive há muuuuito tempo, na era pré-Bolonha e está a ser bastante diferente. Em termos de grau de complexidade não estou a sentir dificuldades de maior. Há, para já, apenas uma cadeira que me está a preocupar. Se não fosse este desejo de que os dias tivessem o dobro do tempo para poder dedicar-me a tudo, da forma que eu queria, sentir-me-ia com sensação de missão controlada. Não tenho o mesmo entusiasmo de há 22 anos, pois estou a correr um tremendo risco mas estou extremamente comprometida com este objetivo. As máscaras, os distanciamentos, os curtos tempos presenciais e os Zooms com 70 pessoas identificadas com pequenos ecrãs negros, não ajudam às dinâmicas sociais. Há pessoas da minha turma que não sei se algum dia vou conhecer. Sei o nome de pouco mais de meia dúzia, porque as oportunidades para trocar impressões são escassas. É muito estranha esta época que estamos a viver.

Meti-me nisto e vou cumprir tudo, da melhor forma que conseguir. Acho que nesta missão não vou falhar.

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