Sei que chegarás
Um grito mudo de alguém que viveu no submundo da INFERTILIDADE e (spoiler alert!) - acabou por mudar de rumo
sábado, 27 de setembro de 2025
Espera na ULSM
domingo, 7 de setembro de 2025
Deve ser em breve
Penso ter já referido que tenho um inquilino dentro de mim que anda a importunar-me há bastante tempo. Está a ser cada vez mais inconveniente, pelo que está mais que na hora de livrar-me dele. Tenho consulta de cirurgia gástrica agendada para o dia 24 deste mês e espero que a colecistectomia seja o mais breve possível. O calhau é grande, a má disposição surge mesmo que coma uma simples peça de fruta, faça uma caminhada mais vigorosa ou pratique aquagym. Acordo por vezes, de madrugada, com uma dor surreal na zona epigástrica, que dura uns minutos. A agonia tira-me o discernimento para perceber durante quanto tempo, em média, persiste aquele sofrimento que parece uma espécie de cãibra exacerbada sem contração de músculo algum. Da mesma forma que surge, sem aviso prévio, desaparece. É deveras estranho. A primeira vez que aconteceu estava sozinha, o meu marido estava a trabalhar de noite e, por sentir a dor muito próxima do coração, fiquei bastante assustada. Nessa altura já tinha alguma desconfiança de que pudesse ter uma pedra na vesícula, mas ainda não associava os sintomas.
Entrei para a lista de espera de consulta de cirurgia no dia 21 de janeiro, a minha médica de família dizia, confiante, que seria operada em menos de 6 meses, mas o Hospital Pedro Hispano está numa realidade diferente. Tenho esperança que em outubro seja submetida à laparoscopia para me sacarem este órgão. Não sei o que se seguirá, os organismos têm respostas diferentes às colecistectomias, espero que a minha qualidade de vida melhore.
Wish me luck!
sábado, 28 de junho de 2025
Praticamente 5 anos, já?!
Sim, daqui a um mês terão sido completados 5 anos desde o fim do período mais estranho e exaustivo que vivi. Pode parecer contraditório, mas ainda bem que terminou.
O futuro pós vida ativa é, cada vez mais, um tema sobre o qual nós os dois não estamos nada alheios, por várias razões. Dá-nos força para tentar ir aproveitando o tempo o melhor possível, enquanto não temos condicionamentos. Por outro lado continuamos a organizar-nos para sustentar reviravoltas que sabemos bem que não acontecem só aos outros.
Penso que nunca partilhei aqui, mas a velhice apoquenta-me. Não na perspetiva física ou da minha imagem. São o declínio do discernimento, da capacidade de percepção que me assustam. Gostava de conseguir manter-me sempre lúcida, de pés assentes na terra.
O meu marido diz muitas vezes que vai durar até aos 150 anos. Já lhe disse outras tantas que não quero acompanhá-lo em tal façanha se no percurso estiver privada de qualidade de vida, ao nível da saúde, e/ou a ser um fardo para alguém. Sei que só tenho 45 anos e para muitos não faz sentido pensar já neste assunto. Para mim é algo natural.
quinta-feira, 10 de abril de 2025
Uma luta solitária
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025
Um estudo de enorme relevância
Tenho vindo a enfatizar ao longo dos anos a extrema importância da investigação. Está a ser desenvolvido um estudo que necessita de participantes, não é pedido nada de extraordinário e pode ter um impacto gigante nas perdas gestacionais recorrentes.
Infelizmente não posso contribuir, mas há tantas mulheres que o podem fazer!
A informação relativa a este estudo pode ser consultada em https://sigarra.up.pt/fmup/pt/noticias_geral.ver_noticia?p_nr=95639
Divulguem o máximo que conseguirem.
domingo, 12 de janeiro de 2025
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sábado, 20 de julho de 2024
Num estalar de dedos
Passaram 4 anos. Parece que foi ontem que publiquei uma das poucas fotos que estão perdidas aqui pelo blogue e que ditou o fim da era mais dura que atravessei. As marcas deixadas pelos anos de incerteza, angústia e desilusão têm atenuado e, ainda que não tivesse duvidado, permanece a convicção de que parar foi a melhor decisão.
quarta-feira, 1 de maio de 2024
15 anos de nós
terça-feira, 23 de janeiro de 2024
Sobre o artigo
Estou a assimilar o retorno da publicação que a APFertilidade fez no Facebook relativamente ao artigo. Não sei se estou a interpretar corretamente, mas a temática é uma espécie de elefante na sala. Há uma vontade em falar sobre ela a plenos pulmões, no entanto existem fatores que reprimem esse ímpeto. Se formos analisar tudo o que envolve a infertilidade há um conjunto diversificado de tabus que assombram a forma como a enfrentamos. A sociedade que atua como um barómetro implacável, eleva a sensação de culpa e vergonha que nos acompanha na fase delicada dos tratamentos. Já não basta travarmos a nossa luta, acrescentamos ainda à equação "problemas" externos. Será mesmo a sociedade tão cruel ou nós é que damos demasiada importância àquilo que o outro pode achar a nosso respeito?
Do feedback que tive fiquei a perceber que deveria ter disponibilizado no blogue uma alternativa de contacto direto comigo. Como nunca desativei os comentários dos posts, pensei nestes anos todos que, no de caso de alguém querer comunicar comigo, o faria por aí. Estive hoje a ver que ferramentas o Blogger tem disponíveis e existe a possibilidade de preencher um formulário de contacto. Serei notificada no e-mail que tenho associado à conta e, a partir daí, poderei interagir com quem assim entender. Por uma questão de privacidade prefiro essa via a deixar visível um e-mail. Não significa que estou fechada a comunicações!
Tenho sentido um abraço gigantesco, contudo foi meu objetivo principal pôr a pensar. Não há regras para definir limites, dependem da vivência de cada um e de um enorme exercício de autoconhecimento.
Obrigada pelo carinho que tenho recebido ao longo destes anos. Gostava de um dia poder aqui divulgar que mais nada há a descobrir sobre medicina da reprodução e que todos os problemas têm uma solução fácil.
sábado, 13 de janeiro de 2024
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Eis-me chegada a uma nova capicua etária. Ontem foi um dia de sorrisos, despreocupações, uma lufada de ar fresco face ao stress vivido nos anos anteriores. Como gosto de tranquilidade e simplicidade!
quinta-feira, 11 de janeiro de 2024
+Fertilidade magazine - edição de janeiro de 2014
Foi hoje disponibilizada a edição da +Fertilidade magazine, desenvolvida pela Associação Portuguesa de Fertilidade, para a qual redigi um texto, no capítulo dos testemunhos. Algum tempo antes do convite para a participação na revista colaborei noutro projeto, a ser implementado por um grupo de investigadores, que conto divulgar logo que haja novos desenvolvimentos.
Fez-me bem escrever o artigo, fi-lo em muito pouco tempo. Sentir-me-ei extremamente feliz se trouxer algum conforto, a uma pessoa que seja.
sábado, 30 de dezembro de 2023
Súmula de 2023
O ano foi cansativo mas compensador. Não se desviou muito do que esperava.
Concluí a licenciatura e graças à aposta que fiz em voltar ao ensino superior, mudei de profissão. Trabalho a tempo inteiro, voltei a sentir-me útil. Só gozei verdadeiramente seis dias de férias, porque não pude requerer o estatuto de estudante-trabalhador e usei os outros seis na época de exames do segundo semestre.
Estou a ter possibilidade de me dedicar um pouco mais a mim, continuo lentamente a perder peso (até ao momento uns 14 kg desde a pior fase que registei), só o peito que cresceu ainda mais com os tratamentos é que não reduz um milímetro que seja.
Ando a tratar mais uma infeção respiratória, virou rotina anual.
O meu marido descobriu que tem mutação no Fator V de Leiden (heterozigótica), na sequência de tromboses que teve no passado e duas este ano, pouco espaçadas, após uma cirurgia às varizes que fez há um ano. O apixabano entrou permanentemente na vida dele. Por haver 50% de hipóteses de transmitir à descendência, a filhota vai fazer estudo genético. Ela tem 25 anos e é importante estar de prevenção.
A minha menina de bigodes tem 12 anos, já só tem 3 microdentes e continua a ser a reguila mais meiga e safada que tão bem me faz. Foi tosquiada pela primeira vez e o pêlo tem crescido a uma velocidade alucinante.
Sou uma felizarda por não estar angustiada como andei tanto tempo, permito-me sonhar e fazer novos planos para o futuro.
Participei em duas iniciativas relacionadas com o meu percurso na infertilidade e saúde mental, tive novo convite para ir a um programa de televisão (declinei outra vez, a minha opinião não mudou), em breve conto divulgar mais pormenores das minhas intervenções.
Desejo um excelente ano de 2024 a quem está desse lado, seja qual for a sua origem geográfica, todos são bem vindos. A paz e o sossego de espírito que almejo para mim espero que se estendam a quem anda inquieto.
segunda-feira, 23 de outubro de 2023
Tempo e €€
Enquanto frequentei o serviço de PMA do HSJ este funcionava durante o período da manhã sendo que, em situações de punção e outras pontuais, a sua atividade poderia estender-se até às 14h/14h30. Foi encontrada uma forma de encurtar os cada vez mais longos tempos de espera que foram dilatando desde a pandemia. A RTP realizou uma reportagem sobre o assunto e pode ser visualizada aqui: https://www.rtp.pt/noticias/pais/hospital-sao-joao-procura-mudar-cenario-da-procriacao-medicamente-assistida_v1523520
Acredito que seja uma medida provisória até restabelecer a relativa "normalidade" pré-pandémica. Possivelmente esta alternativa é financeiramente mais económica que estabelecer protocolos com clínicas privadas para poder dar cumprimento ao que está legalmente previsto e que só acontece em Lisboa (no Hospital de Santa Maria e MAC, salvo erro). Aqui a norte sempre houve resistência e "desconhecimento" do mecanismo de encaminhamento para unidades de PMA privadas quando os tempos de espera ultrapassavam 12 meses.
Qualquer iniciativa para a redução dos tempos infinitos que só jogam contra a natureza é bem vinda.
Outra novidade está a ser preparada, relacionada com infertilidade. Logo que possa darei mais informações. Como tenho vindo a defender, tudo o que eu puder fazer para dar algum tipo de apoio, estarei presente.
quinta-feira, 28 de setembro de 2023
Tempo de antena
domingo, 30 de julho de 2023
Esclarecimento de dúvidas sobre a PMA em Portugal
domingo, 23 de julho de 2023
É oficial, licenciatura concluída 🎉
Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida 😃
Ainda não caí em mim que já vou ter tempo livre, serões descansada, sono tranquilo e ócio! O dia a dia improvisado vai terminar, vou estar disponível para mim e para os meus, os tempos que ainda pareciam de confinamento chegaram ao fim. Foram três anos exaustivos, mas tinha mesmo de enveredar por algo assim para que a transição da desilusão dos 8 anos e 8 meses para o que aí vem, me traga ânimo. Digamos que foi o tipo de luto que decidi realizar. Estou feliz, embora ainda não tenha despertado bem para a nova realidade, porque penso sempre que não tenho direito a dias melhores.
Há uma viagem na calha, daqui a uns meses, vamos ver se se concretiza.
Notei, nestes anos, um pouco do efeito do tempo no meu envelhecimento. Há que libertar do que já não importa, valorizar as pequeninas coisas e descobrir outras que nos provoquem rugas de felicidade.
quinta-feira, 20 de julho de 2023
A 9,5 valores de uma meta
sábado, 25 de março de 2023
O sol começa a brilhar
Ainda estou a processar esta última semana e meia. Iniciei o estágio no dia 22 de fevereiro e a 14 de março fui convidada a trabalhar na empresa, já a partir de abril. Uma das colaboradoras vai ficar até ao final do próximo mês, estiveram a avaliar-me naqueles poucos dias em que estive a apoiar as várias áreas do departamento onde me encontro e viram que tinha perfil para lá trabalhar. Encontro-me em formação com ela, a partir de terça-feira começo a entrar no mesmo turno. O que estava inicialmente delineado seria desenvolver o tema do meu relatório de estágio noutro departamento, a partir de 16 de março. Devido a esta situação, que ainda não está formalizada, gerou-se então mudança de planos quanto ao tema a trabalhar, mas a empresa já entrou em contacto com a instituição onde estou a estudar, informando-os do assunto. Quando fui à entrevista durante a fase de seleção de potenciais empresas do meu interesse, percebi que lá haveria uma forte possibilidade de conseguir trabalho após a conclusão do curso, ao contrário de outros locais.
Quis muito ter alguma tranquilidade, pois vivi anos conturbados. Com o aproximar do fim do curso preocupava-me como iria correr a procura de trabalho devido à idade, ao background profissional que poderia ser irrelevante para as empresas que, aliado à idade, levaria a afastar uma eventual contratação. Pensei seriamente, vezes sem conta, se seria uma boa aposta formar-me novamente. Não queria passar por outro fiasco. Felizmente, posso acreditar que consegui atravessar essa montanha. Independentemente disso, a minha principal meta é ter o certificado na mão, ainda que a conclusão da licenciatura esteja envolta de uma responsabilidade acrescida.
Não só eu fiquei mais tranquila, como a minha mãe. Acho que ela finalmente percebeu que este novo caminho que comecei a trilhar em 2020 me vai trazer mais estabilidade do que se continuasse a insistir em manter-me na minha área de formação inicial, que era o que ela queria. O amor à profissão, por si só, não coloca comida na mesa, não paga as contas. A situação piorou quando passei a trabalhar a tempo parcial, por valores hora baixos, para poder ter as manhãs disponíveis sempre que precisasse de ir ao hospital. E foram mais de cem manhãs, em cinco anos...
Aparentemente, desta vez, é um esforço que está a ser compensado e espero que a médio/longo prazo continue a trazer frutos.
É um alívio, precisava mesmo disto!
domingo, 12 de março de 2023
Reta final
Aquele que pretendo que seja o último semestre, o da conclusão do primeiro plano de reestruturação pós-infertilidade, iniciou no mês passado. Comecei o estágio curricular num laboratório a 20 km de casa e está a ser uma lufada de ar fresco sentir-me útil, ainda que como rookie. Para a instituição seria pouco emocionante e leve ter apenas o estágio. Para apimentar mais a reta final e não ficarmos mal habituados depois da sobrecarga que foi todo o curso, além dos 4 dias completos de estágio, há mais um com aulas laboratoriais das 8h10 às 18h, com 1h10 de almoço e 10 minutos de intervalo, às 10h. Além disso, às terças e quintas-feiras saio do estágio na esperança de não ficar retida na VCI para ir às aulas das 18h10 às 22h30, com pausa de 40 minutos para jantar, às 20h. Acrescem os variados relatórios, um projeto, quase tudo para ser entregue e apresentado num intervalo de poucos dias. A saga finaliza com a entrega do relatório final do estágio, exames e a prova final do estágio, algures durante a época de exames.
Nos fins de semana tenho os meus momentos Master Chef para a preparação das marmitas dos dias vindouros. Preciso de 7 em cada semana, pois quando tenho aulas pós-laborais necessito de trazer comigo almoço e jantar. Como há noites em que a competição por microondas pode ser feroz na instituição, opto por preparar para esses jantares pratos que podem ser consumidos frios. Uma vez que há frigorífico na empresa onde estou a estagiar, posso conservar os alimentos no frio durante o dia.
Faltam 19 semanas para, espero eu, respirar de alívio e começar a aproveitar um pouco melhor o tempo em que cá ando, com um trabalho digno. De acordo com a informação do portal da Segurança Social Direta, daqui a 24 anos e 4 meses reunirei condições para começar a usufruir da pensão de velhice, sem penalizações. Ainda tenho de ser produtiva durante um bom tempo.
Luta atrás de luta, está a chegar a hora de deixar de me sentir um parasita.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2023
20 anos de ausência
Faz hoje 20 anos, era um domingo ensolarado e, dentro do quarto, na casa que lutou para construir, o meu pai começou a agoniar. Os rins estavam a entrar em falência. Às 17h20 deu-se a libertação. Não vou entrar em mais detalhes...
Revivo quase diariamente as horas desse maldito domingo e, apesar da dor gigante de ter assistido a tudo, se há algo de bom que se possa retirar da experiência, é que ele não esteve sozinho. Nós, por outro lado, pudemos acompanhá-lo na profunda dor que ele sentia, porque além da componente física, excruciante, não partiu em paz. Estava frustrado, pois achava que não tinha cumprido tudo o que faltava para nos libertar de preocupações.
Foi a verdadeira confrontação com a finitude, um momento em que emergiram um nojo e ódio profundos pela vida e a perceção de que somos criaturas insignificantes perante a física, a química, a biologia. Antes desse acontecimento não vivia num mundo de purpurinas. A dor do silêncio transformou-me. Preparou-me para novos silêncios que se seguiram.
Não se supera.