sábado, 11 de dezembro de 2021

Dos linfonodos

Desde que um grupo ligado ao ramo da saúde se apoderou de praticamente todas as clínicas que faziam exames complementares de diagnóstico aqui no norte, qual polvo, para se conseguir marcação de algum exame espera-se uma eternidade. A requisição passada pela médica tinha ecografia às partes moles (clavícula esquerda), esta não é comparticipada e também ecografia mamária, uma vez que os gânglios do lado esquerdo que drenam aquela zona tinham inflamado aquando a segunda dose. Cinco meses passados, seria de esperar que os linfonodos da clavícula deixassem de se sentir, certo? Errado! Ainda aqui estão, uns dias maiores outros mais pequenos, indolores, sobre o osso. Não sei se a origem deles é supra ou subclavicular. Arranjaram morada ali e por lá estão a fazer usucapião.

A data mais rápida que consegui há uns meses foi ontem, em Gondomar, e depois de procurar a clínica sem que nenhuma morada ou coordenada de GPS batesse certo, lá dei com o sítio, com o tradicional perguntar a alguém.

Confirma-se então a presença dos dois gânglios na clavícula esquerda e um gânglio "bónus" intramamário, desse lado. Só me apercebi da existência dele quando o ecógrafo passou por cima e senti bem que ele lá estava. Aparentemente estes ocupantes deslocados não inspiram cuidados adicionais. Em relação à mama direita nada foi dito. Quando em março fiz ecografia mamária e mamografia, foi detetado um gânglio na mama direita e nada na esquerda. Aguardo o relatório e depois volto a consultar a minha médica de família. Desde há umas três semanas, de vez em quando, há um gânglio supraclavicular do lado direito que gosta de mostrar que anda aí. Tenho de estar de olho nele também.

Nestes meses de silêncio, além do trabalho que o curso exige, da gestão do dia-a-dia com várias coisas em simultâneo, tenho andado a controlar as bolinhas que vão aparecendo no meu corpo, tratar de outra coisinha de que falarei daqui a uns tempos e ainda não me livrei totalmente dela e a mais recente, um acidente há quatro dias, em que uma alma distraída ou a olhar para algum ecrã de telemóvel enquanto conduzia, só parou o carro dela quando foi contra a traseira do meu. Tem sido deveras emocionante (sqn).

Anseio pelo dia em que o curso termina e espero verdadeiramente que seja daqui a uns 19 meses. Seguir-se-ão outras etapas, mas sinto uma necessidade enorme de dar um grande salto.

Apesar de 24 horas serem pouco para o que tenho a fazer diariamente, continuo a despender uma parte considerável dos meus pensamentos na tortura passada. É mais um conjunto de devaneios que acumulo, além da morte do meu pai, embora já tenham passado praticamente 19 anos. Tornou-se uma espécie de pacote que faz parte da minha rotina, não acrescenta nada de útil às necessidades diárias, mas cá anda a ocupar-me a mente.

Daqui a um mês e um dia faço 42 anos. Há alturas, contudo, em que parece que parei no tempo, pouco evoluí em vários setores ou até mesmo regredi. Eu não era uma pessoa propriamente sonhadora em relação a planos para o futuro. Não defini uma lista de objetivos como há quem faça. Idealizei poucas coisas e nada do que tem acontecido se assemelha ao que alguma vez imaginei. Tem dias em que me irrita ser adulta, enerva-me ter de tomar decisões, canso-me de mim mesma, questiono o sentido do que faço. Se calhar toda a gente tem um ou outro momento em que sente isto, mas no fundo sou uma privilegiada em muitos aspetos, é nisso que tenho de me focar.

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