quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Mais experiente (para não dizer mais velha, calejada ou madura)

Eis-me há 42 anos a consumir recursos do planeta, a realizar um sem número de sinapses, a procurar ficar em paz, principalmente comigo. Estou cansada, no sentido literal da palavra, praticamente a bater as pestanas superiores nas inferiores, a desejar infinitamente que a opção que tomei ao voltar ao ensino superior, tenha retorno. Preciso que traga frutos, preciso não passar por um novo fiasco. Quero, acima de tudo, evitar colecionar fracassos sucessivos. Se isto também se revelar mais um esforço em vão, não sei como vou continuar a depositar confiança em mim, naquilo que acho que ainda posso fazer de relevante. 

Aquele ânimo que sentia na altura em que soube que fiquei com a vaga, está a dar lugar a um conjunto de reflexões acerca de Bolonha, do funcionamento da instituição e da maior dificuldade que estou a enfrentar, que é de simplesmente estudar. Aquilo que mais sinto falta é de ter oportunidade de estudar como acho que devo e como as unidades curriculares merecem. Estou a reformular as minhas expectativas e focada em concluir, à custa das apenas 24 horas do dia, a licenciatura no tempo devido. 

Quero ter um trabalho digno, deixar de ser um desenrasque nos momentos de aflição alheia, nunca sabendo se nas horas agendadas para apagar os fogos há desistências de última hora. Não havendo prestação de serviço, não há rendimento. A agenda que até aquele momento tinha um espaço reservado, passa a ter um hiato que poderia ter sido rentabilizado de outra forma, se houvesse o cuidado de avisar previamente da não comparência à marcação combinada. Não se consegue estruturar a vida desta forma. Se quando era mais nova a rotina maçava-me, posso dizer que desde há muito estou saturada do improviso permanente em que o meu quotidiano se tornou, assim como de organizar-me em função das solicitações de última hora, em que sou procurada como solução bem portuguesa do desenrasque. Há imensos setores de atividade que funcionam desta forma, a diferença é que a procura pela minha área é restrita e muito reduzida. Na maior parte das vezes não há uma intenção de continuidade. É meramente tentar conseguir que em uma ou duas horas se faça o milagre de substituir o trabalho que deveria ter sido desenvolvido durante meses e, de preferência, que seja baratinho. Muitas vezes evito pensar também em casos pontuais que apareceram ao longo dos anos, em que fiz préstimos, quando o suposto seria prestar serviços devidamente remunerados.

Acho que o meu feitio está a azedar nalguns aspetos...

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