segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Mecanização...

Tal como previsto nos meus planos foi hoje o dia de estrear a nova temporada da novela que me segue há uma parte substancial da vida. Esta chamar-se-á TEC 2 e o primeiro take foi realizado na sala de ecografias, com a marquesa ainda mais desconfortável do que é habitual.
Dois dos protagonistas (ovários) permaneciam no seu sono habitual e o endométrio estava com 5,4 mm de espessura.

A grande novidade deste ciclo de preparação da TEC é... nenhuma. A injeção de Decapeptyl 3,75 já está dada e vou aguardar no máximo 15 dias para que algo aconteça. Amanhã retomo o Acfol e se menstruar neste tempo de espera, no segundo dia do ciclo inicio novamente terapêutica de Estrofem (2 comprimidos diários). Caso o guião dos episódios não tenha sofrido alterações e não menstruar outra vez, à semelhança da temporada anterior, no dia 5 de setembro telefono para o hospital para agendar ecografia.

A médica disse que vamos "adormecer os ovários com o Decapeptyl". Irónico, não?! A Bela e a Adormecida (nicknames com que batizei hoje aqueles dois) não fizeram outra coisa durante vinte e tal anos! Se calhar, se não sofressem de dormência crónica, nem andava a engrossar estatísticas relacionadas com infertilidade... Confesso que ainda não percebi a insistência no uso do Decapeptyl.

Porquê o título Mecanização? É exatamente o que está a acontecer. O processo está a transformar-se numa linha de montagem. Sem emoções, expectativas, uma descrença assustadora. Faço-o com empenho e responsabilidade, o problema é que a minha racionalidade está a apagar a centelha que em tempos brilhou alimentada pela esperança.

Em conversa comigo mesma estabeleci que irei fazer repouso apenas no dia transferência e no seguinte. A partir daí farei vida normal, com a ressalva de evitar carregar pesos. Se houver algum sangramento a história será diferente, mas não havendo nada em contrário, não vou repetir aqueles 5 dias de dolce far niente.

Há muitos que deixam o destino nas mãos de uma divindade, agarrando-se à fé. Feliz ou infelizmente sou ateia, desde que me lembro, embora por força do contexto sociofamiliar/cultural e dado que enquanto se é criança não há muito voto na matéria, cumpri alguns preceitos católicos. Fi-los contrariada, assim como fiz questão de o dizer à família. Admiro quem tem a capacidade de acreditar numa força maior que tudo, não tenho essa aptidão. Se calhar é uma desvantagem para mim neste momento, assim como poderá ter sido há uns anos quando vi que a beleza que atribuímos à palavra Vida é uma tremenda imbecilidade quando, de um segundo para outro, ela desaparece.

Quem está a ler este desabafo deve estar a pensar "PL, anda uma nuvem negra em cima de ti carregadinha de energia negativa". Eu respondo "Gato escaldado..."

4 comentários:

  1. Só tens que acreditar em ti e na capacidade de gerar esses embriões.
    Independentemente de todas as fés e credos, o pensamento positivo tem influência na forma como o nosso corpo reage a qualquer situação.
    Aguardo por notícias tuas!!
    Um grande beijinho*

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    1. Que raio de incógnita que é isto. Quando estudei física quântica e outras cadeiras com um grau de estranheza discutível, estava longe de imaginar que o meu problema bioquímico me ia dar cabo dos nervos desta maneira.

      Um beijinho grande :)

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