quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Aniversário do blogue

Hoje, dia 6 de dezembro de 2017, continuo a ver as evidências físicas da terceira perda de um filho. A hemorragia está na fase em que parece ter cessado mas as manchas persistem em não dar tréguas. Tenho em mente alguns pontos que irei falar com as médicas na próxima consulta para ver se a última FIV e possíveis transferências que posso fazer no público, ocorrem nas mais perfeitas condições.

Este mês assinala-se o segundo aniversário deste espaço no qual tenho vindo a exprimir ideias mais ou menos desconexas e, principalmente, libertar-me. Nunca imaginei que o alcance das minhas palavras fosse chegar a tantas pessoas, nos mais variados pontos do mundo. No meio dos inúmeros aspetos negativos que a internet tem, a ferramenta dos blogues pode ter impacto positivo e terapêutico tanto para quem lê como para quem neles escreve. Não tive qualquer pretensão de caráter comercial ao criá-lo e optei, desde que o idealizei, por dar relevância apenas a conteúdo escrito, sem qualquer imagem. Ao contrário da ponderação que exijo a mim mesma em tudo o que faço, a materialização do blogue surgiu num impulso, motivado por uma fase em que já não sabia como me libertar da dor que a infertilidade me infligia (e ainda continua). Olhando para trás, vejo que a escrita tem substituído muitas lágrimas que outrora derramava. Não vou mentir e dizer que deixei de chorar. Ainda acontece, embora de forma residual. As minhas almofadas têm agradecido imenso esta mudança. Eram as minhas maiores confidentes, o que me deixava mais abatida pela impessoalidade envolvida. Sei quão difícil é levar esta bofetada da vida e quis que o meu potencial futuro filho conhecesse a sua história com as emoções que senti em cada momento, muito antes de ele sequer existir.

Seja qual for o idioma que fale quem me lê e a forma como veio aqui parar, acredito que para a maioria a infertilidade diz-lhes alguma coisa devido à experiência pessoal ou por alguém que lhes é próximo e esteja a enfrentá-la. Gostava de poder anunciar que finalmente existem técnicas 100% fiáveis e seguras de ultrapassar a infertilidade. Infelizmente a utopia ainda é nota dominante e tenho sérias dúvidas que alguma vez se torne um facto real.

Há dois anos que escrevo aqui e o título do blogue continua, também ele, uma utopia.

1 comentário:

  1. Tenho fé que seja este ano que chega que te vai trazer o teu filho.
    Fui a Fátima agradecer os meus crocodilos e pedi por ti
    Sei que chegará, não percas a esperança
    Bolinha

    ResponderEliminar