terça-feira, 13 de março de 2018

Planos minimamente definidos

Ontem terminaram as 3 semanas dadas pelo laboratório de anatomia patológica para finalmente saber se havia alguma anomalia no embrião. Consegui contactar o hospital (é muitas vezes uma missão difícil) em que dei conta da efeméride. Avisei também que milagrosamente menstruei all by myself 23 anos depois. Ficou de ser dado o recado à Dra M. para ela ver se no sistema já havia novidades e entrariam em contacto comigo para dizer algo. Passaram mais de 24 horas e continuava sem saber nada.

Esta manhã, depois de muita insistência a diferentes horas, a minha chamada foi atendida. O meu processo estava a ser analisado pela Diretora e por uma colega. Por mais estranho que pareça o resultado ainda não estava pronto e estavam a discutir se se deveria avançar com a FIV mesmo desconhecendo o relatório de anatomia patológica. A administrativa perguntou se eu tinha alguma contraindicação para tomar a pílula. Respondi que não, no entanto nunca me senti bem quando a usava. Questionei se o Provera servia, uma vez que nunca tive problemas com ele. Perguntou também quando veio a menstruação e se ainda tinha fluxo. Dei a indicação que foi no dia 9 e hoje já não tinha praticamente nada. Aguardei mais um pouco para que o recado fosse transmitido e recebesse o feedback. Como a menstruação está a terminar seria muito arriscado iniciar agora a estimulação, então deverei aguardar a próxima menstruação. A administrativa alertou que normalmente não menstruo espontaneamente e, pasme-se, a médica lembrou-se de quem se tratava. O que ficou estipulado foi aguardar até dia 15 de abril para ver se a menstruação se manifesta. Caso não aconteça nada tomo Provera e ao terceiro dia do ciclo começa a saga dos injetáveis. Pode ser que até começar a estimulação o laboratório diga alguma coisa. Quinta-feira já vão ter terminado 12 semanas desde a aspiração. Terá passado quase metade do tempo da gravidez, se tudo tivesse corrido bem e ainda estou a tentar saber se havia algo de errado com o embrião.

Há possibilidade de ainda este mês começar o protocolo da FIV. Se os ovários estiverem cooperantes a punção será em abril, mais provavelmente maio. A transferência que poderá acontecer, não faço a mínima ideia quando irá ser... E assim está a passar o ano, a ocorrer ainda em função de 2017. Acho que não irá suceder nada de muito relevante nos 38 anos. Será uma espécie de "folga" em que continuo com o quotidiano condicionado por causa desta porcaria. Uma área da minha vida está a ser fortemente afetada há anos para poder ter disponibilidade para me dedicar aos tratamentos e não vou conseguir resolver esse capítulo tão cedo.

Por um lado sinto um certo alívio por estar na reta final desta batalha. Preciso de dar uma volta à minha existência. Parece que nada do que faço atualmente tem sentido, porque há sempre uma vírgula chamada infertilidade, que impõe restrições a tudo o que executo. Estou completamente dominada por ela e isso não é viver. No fundo estou subjugada à maldita.

9 comentários:

  1. Não conseguiria descrever melhor o que sinto e como me sinto desde que está "palavra" entrou no meu dicionário e no meu dia a dia. Nada na minha vida faz sentido, não há um dia em que não me lembre da maldita. Acho que já não sei viver...

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    1. Esta sensação de não saber viver acontece em quase todas as ações que planeio, pois tenho de me recordar constantemente se as consultas, tratamentos ou possíveis estados em que eventualmente estarei não vão interferir. Estou tolhida, como se não tivesse liberdade.

      Desejo que melhores dias venham nas nossas vidas!

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  2. PL és uma mulher incrivelmente forte... uma inspiração!

    Beijinho grande

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    1. És sempre tão querida :)

      Olha que sou mesmo fraquita. Na micro-lua-de-mel em fim de semana apocalíptico, fomos à Serra da Estrela. Na Torre fomos fustigados com pequenos cristais de neve a alta velocidade. Estávamos super agasalhados mas aquelas agulhinhas a chocar com o pouco da cara que estava à mostra incomodavam à brava e precipitámo-nos para o carro. Quando entrei no carro senti o efeito do ar gélido nos meus pulmões asmáticos. Há anos que os gatinhos noturnos não perturbavam o meu sono. Aliado a isso, estava com dificuldades em respirar. No início da semana pensei estar a ficar constipada, embora sem dores de garganta. Começou a tosse em que pareço uma morsa a grunhir, febre, continuava a dificuldade em respirar, dor no olho esquerdo. Ontem a dobrar roupa fiquei exausta, parecia que tinha feito uma corridinha. Isso deixou-me em estado de alerta. Ontem à noite, depois de sair do trabalho, fui ao hospital. Resultado: bronquite aguda, ali na fronteira com a pneumonia. Comecei a medicação ainda ontem e hoje sinto dor no pulmão afetado (esquerdo). Pelo menos ainda não tive febre e a tosse parece ter reduzido um pouco. Quando me deito para o lado esquerdo emito uns sons que se assemelham a um contador Geiger quando deteta radioatividade.

      Como podes ver sou uma florzita de estufa.

      Beijinho enorme!

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    2. Tu sabes a que força me referia... e nessa força és indestrutível!

      As melhoras para essa maleita chata à brava!

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    3. Sim, concordo em pleno. E a PL não tem noção da força e esperança que transmite. Não há um dia em que não venha à procura das palavras para tentar encontrar algum equilíbrio na minha vida que neste momento e há já mais de 4 anos que está centrada na maldita infertilidade. Obrigada PL! Marisa

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  3. Equilíbrio, que termo tão precioso e distante da realidade que conheço desde que me atrevi a entrar nesta esfera do desconhecido! Ou então é como na Física, depende do referencial que se adota. Acredita que quando escrevo procuro, antes de tudo, manter o maior equilíbrio de todos, aquele que sustenta esta luta: o mental. Não imagino como me estaria a sentir se não tivesse dedicado parte do meu tempo na escrita deste blogue. Acredito que melhor não seria certamente. Ver que os meus desabafos têm um efeito positivo tem um valor incalculável para mim. Não houve momento algum em que me tivesse arrependido de ter aberto este espaço.

    Aquilo que referi há uns tempos mantém-se. Mesmo que a minha luta contra a infertilidade não termine da forma que ambicionei, quero dar continuidade ao blogue. Ainda estou a estudar em que moldes. Pode acabar um projeto de vida mas tenho de fazer as pazes com a decisão que tomar. Acabar com o blogue seria vingar-me da frustração para continuar a sentir-me miserável. Apesar de provavelmente ter sido uma escolha infeliz, até o raio do nome se vai manter :)

    Aquilo que desejo convictamente para todos que somos desafiados com esta porcaria de percalço é que, independentemente do desfecho que a nos luta traga, alcancemos tranquilidade e mantenhamos o equilíbrio.

    Obrigada eu a tod@s pelo bem me fazem!

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  4. Passei para vos deudei um beijinho de força e coragem.
    Não desistam do vosso sonho
    Beijinhos
    Bolinha

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  5. "Parece que nada do que faço atualmente tem sentido, porque há sempre uma vírgula chamada infertilidade, que impõe restrições a tudo o que executo. Estou completamente dominada por ela e isso não é viver. No fundo estou subjugada à maldita". Não diria melhor, há quase 6 anos que vivo assim como descreveste....é horrivel, mas tb te digo temos de ser grande mulheres para aguentar isto td...não sei como vai acabar a minha caminhada, estou preste a tentar nova TEC (5ª tentativa, onde uma delas foi gravidez que tive de intorromper por problemas no feto) mas já não faço grandes expetativas, nao sei se é uma capa para não sofrer tanto se o resultado for negativo. Espero do fundo do coração que consigas ser mãe, acho q todas nós merecemos, pois já tds nós amamos este filho que ainda não existe. Bjs e boa sorte. LL

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