sexta-feira, 2 de julho de 2021

Num piscar de olhos, passou um ano

Daqui a uns dias faz um ano que iniciei a preparação da última TEC. Seguiu-se o soco final da valente tareia que consenti levar, quando achei que iria ser mãe à custa de um forte contributo científico. Como a minha capacidade para gerar uma vida é mortiça, os muitos empurrões não resultaram e deixei de viver, na verdadeira aceção da palavra. Não é que agora esteja living la vida loca, muito pelo contrário.
Tracei um plano para o pós-infertilidade, o meu desempenho no curso está a correr de feição, sinto-me globalmente bem, mas o pensamento continua pejado pelo que vivi. Pensei que tentar ocupar o meu cérebro ao máximo com outra licenciatura ajudasse a dispersar os pensamentos e suavizasse o luto. Quando o meu pai faleceu, em plena época de exames, foi no estudo que me refugiei. Não aliviou a dor, adiou o processo de luto. Atualmente estou a ser uma impostora para mim mesma, pois ando a camuflar a decepção. Não se sai de algo tão intenso com facilidade. Acabo por passar, mais tempo do que queria, a viajar no passado que me tatuou por dentro. Estou a perceber que será um estado se vai estender indeterminadamente. Não sei também até que ponto o isolamento social está a ter repercussões neste processo. A realidade é que não falo com ninguém sobre isto, nem estou com outras pessoas há demasiado tempo, tirando os meus familiares.

Espero que a transformação que estou a construir me traga frutos saborosos.

2 comentários:

  1. O isolamento terá as suas consequências neste assunto. Mas, talvez uma ajuda profissional, para ajudar a trazer alguma paz e algum fecho ao assunto seja precisa? Foi um processo longo, doloroso e que trouxe cicatrizes, imagino.

    Beijinho,
    MM

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  2. Querida PL
    O que passaste,o que passamos, deixa marcas. Sempre. Marcas que ficam mesmo quando há um final feliz. Eu procurei ajuda de uma psicóloga.
    Beijinho

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