Daqui a uns dias faz um ano que iniciei a preparação da última TEC. Seguiu-se o soco final da valente tareia que consenti levar, quando achei que iria ser mãe à custa de um forte contributo científico. Como a minha capacidade para gerar uma vida é mortiça, os muitos empurrões não resultaram e deixei de viver, na verdadeira aceção da palavra. Não é que agora esteja living la vida loca, muito pelo contrário.
Tracei um plano para o pós-infertilidade, o meu desempenho no curso está a correr de feição, sinto-me globalmente bem, mas o pensamento continua pejado pelo que vivi. Pensei que tentar ocupar o meu cérebro ao máximo com outra licenciatura ajudasse a dispersar os pensamentos e suavizasse o luto. Quando o meu pai faleceu, em plena época de exames, foi no estudo que me refugiei. Não aliviou a dor, adiou o processo de luto. Atualmente estou a ser uma impostora para mim mesma, pois ando a camuflar a decepção. Não se sai de algo tão intenso com facilidade. Acabo por passar, mais tempo do que queria, a viajar no passado que me tatuou por dentro. Estou a perceber que será um estado se vai estender indeterminadamente. Não sei também até que ponto o isolamento social está a ter repercussões neste processo. A realidade é que não falo com ninguém sobre isto, nem estou com outras pessoas há demasiado tempo, tirando os meus familiares.
Espero que a transformação que estou a construir me traga frutos saborosos.
O isolamento terá as suas consequências neste assunto. Mas, talvez uma ajuda profissional, para ajudar a trazer alguma paz e algum fecho ao assunto seja precisa? Foi um processo longo, doloroso e que trouxe cicatrizes, imagino.
ResponderEliminarBeijinho,
MM
Querida PL
ResponderEliminarO que passaste,o que passamos, deixa marcas. Sempre. Marcas que ficam mesmo quando há um final feliz. Eu procurei ajuda de uma psicóloga.
Beijinho