terça-feira, 5 de setembro de 2017

Quase em campo

Realizados os exames que tinha planeado fazer, com diagnóstico de algumas coisitas que não são relevantes para a TEC, estou a tomar Provera desde sábado. Isto significa que no próximo domingo vou menstruar, por isso dia 12 de setembro devo fazer ecografia e começar a parafernália de medicamentos aos quais se deve juntar um corticóide.

A médica de família disse que tenho baixo nível de vitamina D. Na TEC anterior isso foi compensado com o Natalben, no entanto não é o mais indicado para mim, pois contém iodo. Esse suplemento pode interferir com a minha tiróide que trabalha a meio gás se não for controlada com o Eutirox. Vou resolver isso de outra forma para não comprometer o funcionamento da dita cuja.

Agora que estou mais tranquila com os rastreios que realizei estou quase a postos para me focar na TEC número... 5...

Durante este período passado entre umas micro-férias, seguido de consultas e exames foi-me perguntado, pelo menos duas vezes, se já estive grávida e quantas vezes. O meu cérebro bloqueou durante uma fração de segundos quando isso aconteceu. A primeira ideia que me veio à cabeça foi "considero uma, duas vezes ou nenhuma?" Nem eu sei muito bem, porque no primeiro caso foi gravidez bioquímica, no segundo houve uma imagem sugestiva de saco embrionário sem grandes certezas. Respondi em ambas as ocasiões que estive grávida duas vezes e antes que fosse assumido que tinha dois filhos, tratei logo de fazer a ressalva que nos dois casos terminou mal. Uma questão aparentemente rotineira e inofensiva faz-me sentir uma incompetente. O assunto não está bem resolvido no meu cérebro e acho impossível que alguma vez venha a estar.

Que expectativas tenho em relação à(s) próxima(s) TEC(s)? Muito próximo de zero, é essa a realidade. Ainda não houve problemas com a desvitrificação, os mini-nós têm-se aguentado sempre bem nesse processo. Não é garantido que continue a ser assim, penso que estou preparada para quase tudo. De uma coisa estou cada vez mais certa, a minha capacidade de andar para a frente está a chegar ao limite.

Perguntaram-me se sinto alguma pressão social para ter filhos. Não, nem por isso. Aliás, ignoro algum tipo de insinuação. Como respondi, é uma vontade intrínseca sem qualquer interferência externa. Outra questão colocada foi se me consigo imaginar a seguir a vida sem filhos. Sim, perfeitamente, é a realidade que melhor conheço, embora de há uns anos para cá com muita frustração. Este estado anímico é, no entanto, fruto de tudo o que tem acontecido nestes quase 6 anos. Acredito que se decidir colocar um ponto final nisto vai haver um período de luto profundo a que se seguirá mais um virar de página em que poderei fazer mudanças na minha existência. No meu caso não se colocará a questão de "privar" o meu marido da oportunidade de viver a paternidade, pois ele é pai há muito tempo. O que poderá acontecer é não termos oportunidade de colocarmos no mundo os nossos filhos. Não serei mãe, aquela visão inquietante de ser velhinha e à minha volta não haver gerações que provieram da minha luta a traçarem o seu projeto de vida angustia-me. Mesmo que o meu marido não tivesse já uma filha, jamais poderia ter sentimento de culpa pela privação desse milagre. A meu ver a união de duas pessoas não tem como fim último a sucessão. Antes dos filhos estamos nós casal que, por alguma razão, decidiu que fazia sentido seguir um caminho comum. Para não criar falsas expectativas fui franca desde o início em relação ao conhecimento que tinha da minha infertilidade, seria desonesta se não o fizesse. Pouco a pouco estou a começar a fazer as pazes comigo mesma e a entrar num processo de aceitação do fracasso que aumenta na mesma proporção da diminuição da esperança.

Se em tempos acreditava que a minha cria ia chegar, infelizmente não posso dizer o mesmo agora.

Após este alongado desabafo ia-me esquecendo de referir que as biópsias feitas na histeroscopia resultaram numa hemorragia que durou 9 dias! Não pensava que fosse durar o mesmo que a menstruação.

Termino este post com aquilo que disse à enfermeira que me fez o teste de gravidez no dia da histeroscopia. A probabilidade de eu ganhar o Euromilhões é maior do que a de conseguir trazer uma criança ao mundo.

6 comentários:

  1. PL, por vezes é quando já não há esperança que as coisas acontecem! Muito força querida neste caminho duro e de incertezas! Acredito que haverá pelo menos um enbriao que te dara o teu bebé! Beijinhoooo

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    1. Obrigada, NDS! Se não for nenhum dos 12 terei de redefinir estratégias, objetivos, decidir que rumo tomar. A minha vida não irá certamente ficar eternamente agarrada à infertilidade.

      Um beijinho

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  2. Fico muito feliz que esteja tudo bem e que avances para esta nova oportunidade! Um grande beijinho e muita sorte

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    1. Obrigada, Dream! A mesma dose de sorte é o que desejo também para ti, havemos de sair dos contratempos de cabeça erguida!

      Um beijinho grande!

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  3. Pat passei para desejar boa sorte
    Beijinhos
    Bolinha

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    1. A tua boa disposição e energia não têm igual. Desejo que tudo corra pelo melhor contigo e os teus pequenos crocodilos. Toda a força que me tens dado tem sido muito importante. Os teus valentões vão sentir um grande orgulho da sua Mãe :) Um beijinho enorme!

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