quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Análises endocrinologia

Nos últimos anos tenho feito o controlo da função tiroideia no hospital, sempre que realizo algum tratamento ou através da médica de família, uma vez que tudo se tem mantido regular.

Há uns meses houve um problema na distribuição do Eutirox pelas farmácias, levando a que este esgotasse em muitas das dosagens que existem. Tomo o Eutirox 100 há uma dúzia de anos ou provavelmente mais. Antes disso era o Thyrax. Esse problema da falta de disponibilidade acabou por me afetar. A hipótese mais razoável que havia para conseguir garantir a dosagem de 100 microgramas de tiroxina sódica, da mesma marca, era adquirir uma embalagem de Eutirox 50 e, em vez de tomar 1 comprimido como faço habitualmente, tomaria 2 para a concentração estar correta. Foi essa opção que tomei e enquanto isso generalizaram-se rumores de que o Eutirox iria sair do mercado. Face a essa (des)informação decidi marcar consulta num novo endocrinologista para saber que medicamento passaria a tomar no caso do Eutirox deixar de ser comercializado. O profissional que escolhi tem como áreas de diferenciação assuntos que me pareciam mais valias para mim como amenorreia, hirsutismo, obesidade, diabetes. Quando terminei a embalagem de Eutirox 50 fui à farmácia, mentalizada para a possibilidade de já nem sequer haver esse disponível. Acabou afinal por voltar a ser feita reposição do 100. Ainda pensei em cancelar a consulta agendada pelo facto de o medicamento estar novamente no mercado mas optei por ir na mesma ao médico. Achei que deveria fazê-lo. Realizada a anamnese em que viajei novamente desde 1995 até à altura em que foi diagnosticado o hipotiroidismo, acabei por falar inevitavelmente da infertilidade. Saí do consultório com uma requisição de análises e uma receita de 3 caixas de Eutirox 100, pois dada a regularidade que persiste há mais de uma década, não seria de prever nenhuma alteração de relevo na TSH. Segundo o médico continuam a existir problemas na venda de algumas dosagens de Eutirox. Comprando as 3 embalagens ficaria abastecida para meio ano, precavendo assim rupturas de stock. Em relação às análises, além da função tiroideia o endocrinologista pediu um estudo da resistência à insulina, algo que nunca foi feito nestes 24 anos em que os problemas hormonais entraram na minha rotina.

Fiz a colheita e os resultados ficaram prontos ontem. Para minha surpresa a TSH está aumentada, um valor de 5,629 quando a referência é entre 0,550 e 4,780. A situação é inédita nestes anos todos depois de me ter mantido estável tanto tempo. Era a última coisa que esperava nesta altura do campeonato. Em relação à insulina e hemoglobina glicosada, penso que entendi o que significam as alterações, mas estou à espera do parecer do médico e a contar com a possibilidade de precisar de metformina. Enviei hoje um mail ao endocrinologista com relatórios de exames que tinha feito no passado e aguardo que me responda o mais rápido possível, porque a questão da TSH não devia estar a preocupar-me nesta altura.

Se for feita uma estimulação com TSH em excesso, o líquido folicular vai conter uma concentração muito elevada dessa hormona, prejudicando a maturação dos ovócitos. Tenho de começar imediatamente a fazer o acerto da tiroxina para não comprometer a colheita de ovócitos. Durante anos tomei bombas hormonais que não afetaram em nada a tiróide. Este ano, que não fiz nenhum tratamento, sou apanhada de surpresa com este desequilíbrio. Não consigo explicar...

Logo que o endocrinologista dê alguma resposta vou enviar também um mail ao Dr. JL da CUF Descobertas para saber se tem alguma recomendação para a fase da estimulação e/ou para a altura da preparação de uma eventual TEC.

Em relação ao tornozelo as coisas estão um pouco em stand-by, porque vou fazer uma RMN na próxima semana. Já não uso as canadianas mas isto não está muito bom. O ortopedista suspeita, pelo que viu no raio-X, que poderá haver uma fissura (não é este o termo correto). Vou continuar com a ortótese e mediante o exame, será definido o plano de fisioterapia.

O ano foi bastante pacífico em comparação com os anteriores. Não teve tempos infinitos passados em salas de espera, a correria entre as idas ao hospital e o trabalho, o estabelecimento de rotinas em que tomava uma variedade considerável de fármacos ou administração de injeções, as desilusões. Há muito tempo que o meu quotidiano não consistia em apenas tomar o Eutirox, que é uma necessidade que me vai acompanhar sempre. Os próximos meses vão ser intensos. Para ser diferente, acresce à PGT-A a recuperação desta entorse complicada.

O desenrolar do processo inerente à PGT-A dá para traduzir num fluxograma. Vários cenários podem acontecer e só há uma ramificação possível que chega ao sucesso. Todas as outras condições vão ter ao fracasso.

Estou de certa forma consciente que vai terminar como começou, ou seja, sem nada. É o mais provável. A chegada do fim está a trazer-me várias inseguranças. Não consegui ainda definir o que vou fazer depois disto, que metas traçar para o meu futuro. Sei que quero compensar os anos em que abdiquei de mim para realizar algo significativo por mim. Acho que tenho valor, contudo não tem sido aproveitado como realmente mereço. Foi uma opção que fiz para poder estar disponível todas as horas que dediquei à infertilidade.
Vou entrar na quarta década de vida. Estou a atribuir uma maior responsabilidade a essa transição do que quando entrei nos trinta, não sei porquê.

Como se pode ver, tenho um turbilhão dentro de mim. Preciso de me encontrar.

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