sábado, 26 de dezembro de 2015

Em modo de espera

A equipa decidiu que a FIV é o próximo passo.

Atualmente estou em mais um daqueles momentos em que não há desenvolvimentos. A única coisa que me dá alento é que fevereiro está perto.

Se, por um lado, o tempo parece durar uma eternidade, por outro voa. Daqui a uns dias já faço 36 anos, vejo os cabelos brancos a multiplicarem-se à velocidade da luz, enquanto rapidamente me aproximo daquele precipício imposto pela lei.

Tento definir planos mas no meu interior só me o assola o pensamento de que se esta FIV for levada até ao fim e não resultar, só farei novo tratamento com 37 anos. Se, por sua vez, a segunda não resultar, já terei 38 ao submeter-me à terceira e última tentativa permitida. Não sei durante quanto tempo mais conseguirei manter ânimo para abraçar esta luta.

Durante esta semana contactei o hospital para saber se já há indicações sobre quando poderei iniciar a pílula e assim começar a preparação para a FIV. Do outro lado ouvi que ainda não há marcações para fevereiro, sendo que entrarão em contacto comigo a qualquer altura.

E é assim desde o início, sempre a mesma resposta sobre o ser contactado ou receber carta a qualquer altura. Sou dominada por aquela preocupação de manter o telemóvel em condições de receber chamadas, a sensação de culpa quando estou num local sem rede ou ocupada a trabalhar, quando a bateria acaba, como se estivesse a cometer um crime por ter vida para além da eterna espera.

Enquanto nada acontece faço as únicas coisas que estão ao meu alcance nesta fase. Tomo diariamente o Dikirogen que tem contribuído para o aparecimento ocasional de enormes borbulhas, procuro mais informação sobre o que me espera, analiso estudos, teses, relatórios relacionados com o meu problema. Tento, ao máximo, antecipar diferentes cenários para evitar ser surpreendida pela negativa com algum percalço que surja pelo caminho.
Às vezes penso qual a serventia desta sede de investigar se, mesmo sendo uma pessoa informada e tendo consciência do que pode acontecer, fico abatida de cada vez que algo corre mal.

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