sábado, 26 de dezembro de 2015

Primeira não-IIU

Desde que começou esta longa caminhada senti que algo concreto estava finalmente a acontecer.

Fui chamada para dar início à primeira tentativa de IIU, 5 meses após ter entrado para a lista de espera e não 3 ou 4 meses depois. Apesar das probabilidades serem reduzidas havia dentro de mim uma contida expectativa e apreensão em relação ao tratamento. Finalmente ia descobrir como os meus ovários iam responder aos injetáveis.

Toda a descrição que se segue aplica-se à metodologia usada no meu caso, enquanto utente do HSJ. A forma como cada processo é tratado depende da especificidade de cada paciente, havendo obviamente traços gerais comuns com outras mulheres que se submetem a tratamentos desta índole.

Compareci no hospital no terceiro dia de sangue vivo, a 3 de julho de 2015 (6.ª feira). Comecei por esperar a chamada para uma ecografia a fim de avaliar o estado dos ovários.

No HSJ somos atendidos pelo profissional que está de serviço naquele dia, o que significa que não há um médico fixo por paciente, ao contrário do que acontece na fase inicial, no pavilhão das consultas externas. Durante a ecografia há sempre várias pessoas presentes sejam médicos residentes ou estagiários.

A primeira impressão emitida pela médica que realizou a ecografia foi "os ovários são mesmo poliquísticos!".

Depois da ecografia voltei à sala de espera e aguardei por uma consulta. No gabinete estavam 3 ou 4 profissionais. A médica de serviço viu o meu processo e dado que já tinha passado algum tempo desde a última consulta mandou repetir análises. Aproveitou também avaliar os níveis de TSH, pois tinha aumentado a dose de Eutirox uns meses antes.
Fui informada que iria iniciar nesse mesmo dia a aplicação do injetável Puregon, numa primeira fase 50 UI, sempre às 21 horas. Fiquei de regressar ao hospital no dia 8 (4.ª feira) para monitorizar os ovários.

Voltei para a sala de espera para a recolha de sangue e uma explicação acerca da administração da injeção.
O Puregon é de fácil preparação e manuseio, devendo ser conservado no frigorífico. No hospital foi fornecido o kit com a caneta e algumas agulhas, pelo que na farmácia só é adquirida a ampola. Esta traz sempre um número de unidades adicionais e um guia de tratamento onde é possível fazer o controlo das doses administradas, bem como as que ainda estão contidas na ampola. Só acrescentei uma coluna onde registava de que lado da barriga tinha aplicado, pois convém alternar todos os dias.

Sobre o Puregon não tenho muito a dizer. A aplicação é simples e praticamente indolor. Cheguei a ficar com ligeiros hematomas mas não notei grandes alterações na barriga ou no meu estado de espírito.

Quando fui realizar a primeira ecografia após o início das injeções não houve crescimento de folículos. A dose foi aumentada para 75 UI e soube que teria de voltar a tomar Eutirox 100, pois a TSH estava com o valor de 0,07. Foi marcado regresso dois dias depois.

No dia 10 de julho (6.ª feira) o desânimo apoderou-se de mim. Era a segunda ecografia após início do tratamento, sempre que alguém me fazia ecografia ouvia a mesma expressão "os ovários são mesmo poliquísticos!". Estavam intocáveis, as injeções não resultavam... Mais uma vez a dose foi aumentada passando a injetar 100 UI. Prepararam-me para um eventual cancelamento caso na ecografia seguinte continuasse tudo igual. Foi sugerido que tentasse outra IIU iniciando as injeções com uma dose forte ou que ficasse inscrita para drilling ovárico, pois poderia ser uma boa alternativa para mim.

Dia 13 de julho foi formalizado o cancelamento. Extinguiu-se a pequena centelha que me acompanhou naqueles 10 dias em que uma fina agulha atravessou a minha pele. Perguntei se afinal era para tentar nova IIU ou o drilling. A médica optou por dar uma segunda hipótese a IIU.

Como o próximo ciclo seria em pleno mês de agosto e supostamente o laboratório não funcionava durante duas semanas, a segunda tentativa de IIU foi adiada para o fim desse mês.

Acerca do HSJ tenho algumas considerações a fazer. O Centro de Medicina da Reprodução tem uma excelente coordenação entre os diversos intervenientes (equipa médica, enfermagem e área administrativa). Considero também positiva a presença de mais do que um médico nas ecografias e consultas.

Quem sofrer de impaciência é levado ao limite de cada vez que lá vai, especialmente se for à segunda, quarta ou sexta-feira. Não é nada invulgar ficar uma manhã inteira nas salas de espera. Já me aconteceu ter ecografia marcada para as 10h30 e sair de lá às 14h45, porque é frequente haver apenas um médico de serviço. Posso dizer que de todas as vezes que lá estive, só num dia é que realmente fui atendida atempadamente, nuns impressionantes 15 minutos. Não sei se estes constrangimentos se deveram apenas ao facto de ser pleno verão ou se habitualmente é assim.

Do ponto de vista do atendimento médico, notei que não há muita preocupação em falar com os pacientes, contudo se formos nós a ter iniciativa de questionar, respondem às dúvidas. Esta postura contrasta com os comentários que se leem em fóruns e blogues acerca dos mesmos profissionais, quando estão a trabalhar em entidades do setor privado. Ao contrário do que vai aparecendo escrito sobre quem dirige o serviço, não tenho nada de negativo a apontar, pelo contrário.

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