sábado, 20 de fevereiro de 2016

Balanço intercalar

Quando leio aquilo que fui escrevendo nestas últimas semanas apercebo-me da rápida evolução que estes milagres químicos provocam.

Passei da incógnita relativamente à resposta ovárica para uma situação de hiperestimulação. Há mais de trinta candidatos a potenciais ovócitos, embriões, FILHOS...

Somos caixinhas de surpresas para nós mesmos. É próprio da natureza humana querermos ter controlo sobre o que nos envolve. A infertilidade consegue trocar-nos as voltas e reduzir-nos à nossa condição de seres vivos. Não há planos a curto ou médio prazo. Existe o imediato e a vida rege-se à escala do minuto quando nos submetemos aos tratamentos. O improviso e os planos de A a Z tomam conta do nosso quotidiano pois só existe uma prioridade que é cumprir os horários das injeções, ecografias, consultas. A vida a dois também é controlada. A união do casal é crucial para aligeirar todo o desgaste que este tipo de processo implica.

A infertilidade faz-nos procurar ânimo e força aos locais mais recônditos do nosso interior. Passamos a relativizar muito mais o que nos vai acontecendo ao longo da vida. Passa a dar-se mais importância a pequenas coisas, porque as mini vitórias que podem surgir ao longo dos tratamentos sabem à maior das concretizações.

Acredito que nos torna pessoas mais fortes e melhores.

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