quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Notas soltas

O post de hoje é uma miscelânia de pequenos pensamentos.

A minha condição física atual é idêntica à de ontem, com uma única diferença. Uma vez que o paracetamol e o ibuprofeno não atenuavam em nada as dores, hoje experimentei não tomar nada. O resultado era o que esperava, ou seja, não passei a sentir mais dores mas também pouco ou nada melhorei.

Não me vou entupir com medicação desnecessária, porque basta o Dostinex para a hiperestimulação, além daquilo que normalmente uso no quotidiano.

Se reunir os folhetos informativos de todas as drogas que tomei nas últimas semanas, o panorama é assustador principalmente pelos possíveis efeitos secundários. Não vou sobrecarregar o organismo com mais químicos, ainda mais se estes não surtem efeito.

Hoje não tive notícias para saber a evolução dos meus 13 guerreiros, o que é compreensível. Tal como nós, também eles têm o seu tempo para reagir e não fazia sentido dar informações pouco concretas se ainda não estavam reunidas as condições para serem criopreservados. Acredito que amanhã ou, no máximo, na sexta terei (boas) novidades. Penso neles com carinho e tenho a certeza que não vão desistir facilmente. 50% do material genético é meu, por isso sei que vão dar luta!

A infertilidade pode ter momentos de sucesso mas, no reverso da medalha, há alturas em que a felicidade é efémera e dá lugar à eterna interrogação PORQUÊ?. Estou a acompanhar a dor de uma guerreira valente cujo tratamento não teve o fim que sonhou. Nada do que diga pode confortar o que vai naquele coração, contudo apesar de não ter passado (ainda) por um desfecho da mesma natureza, sei que não é fácil. Fica o meu abraço solidário, porém esperançoso de que vamos ser companheiras virtuais de barrigas empinadas.

Para terminar as notas soltas de hoje quero dar uma palavra de esperança a todos os que enfrentam uma batalha do género da nossa. Não vou dizer que estes 4 anos e tal têm sido um mar de rosas, pelo contrário. Tem havido muito sofrimento físico e psicológico mas quando penso que as melhores vitórias são aquelas em que mais obstáculos temos a ultrapassar, as forças são retemperadas e só tenho vontade de dizer "venha de lá o próximo desafio, estou aqui!".

2 comentários:

  1. Um abraço (ainda que virtual!), vindo de uma lutadora como tu, consola-me o coração.
    Só posso dizer obrigada.

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    1. Não tens de agradecer. Estou presente em cada pensamento menos positivo que sentes, mas também nas alegrias. Conheço bem o desabar e renascer. Compreendo cada palavrinha que escreves e aquelas que ficam por exprimir. Vivo as tuas dores, frustrações e receios. Temo o fracasso, assim como também deve acontecer contigo.

      Não sou só eu a lutadora. Baixaste os braços? Resignaste-te com o que aconteceu? Tens mais uma dezena de possibilidades resultantes só desta estimulação! É verdade que custa levar murros psicológicos quando algo corre mal. Na minha existência que já ultrapassa três décadas e meia constatei que quando testamos os nossos limites e enfrentamos o desconhecido ficamos a conhecer-nos melhor.

      Faz uma pequena viagem no tempo e na forma como eras antes de teres encarado a infertilidade. Imaginares-te-ias a fazer mais, menos ou o mesmo para combater uma dificuldade com este caráter?

      Levanta a cabeça, por mais que custe.

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