segunda-feira, 20 de julho de 2020

Dia 7 - TEC 9

Tenho evitado falar de perdas de sangue mas no meu histórico foram uma parte importante. Atendendo à cronologia das outras transferências e do número de dias do embrião, poderia ser hoje que as mesmas dariam sinal. Não detetei nada. Esta tarde tive a leve impressão e não estou certa de tal, que senti uma ligeira moedeira, como se a menstruação estivesse a chegar. Se não me enganei nesta sensação, pode ser manifestação de efeitos secundários do cocktail químico, por isso não vou valorizar.

Estou a preparar uma bandeira branca para me render. Disseram-me uma vez que um dia iria descobrir o motivo ou um propósito que justifica tudo o que me aconteceu. Foi numa tentativa de me confortar mas não tenho capacidade de encaixe para interiorizar essas palavras com a intenção com que mas disseram.

Já relatei algumas vezes sonhos que tive relacionados com a maternidade. Sou daquelas pessoas que têm uma grande facilidade em se recordar dos sonhos, mesmo quando numa noite são vários. Nas vésperas da TEC sonhei que tinha um filho com um ano mas durante aquele período estava a ser educado por uma prima muuuuuiiito afastada que se encontrava super grávida. Era o dia do seu batizado, ia conhecê-lo e a partir daquela altura ficaria com ele. Não sei que circunstâncias levaram a que ele não estivesse comigo no seu primeiro ano de vida. Outra coisa estranha é o contexto da situação. Sou ateia mas não tenho problemas nenhuns em ir a cerimónias religiosas. O bebé (não sei como se chamava) vestia um vestido/túnica branca, sem fralda. Pensei que a ausência de fralda tivesse a ver com alguma coisa relacionada com o ritual, apesar de nunca ter visto isso noutros batismos católicos. Não me sentia no direito de assumir o papel de mãe quando não o conhecia sequer, nem tinha acompanhado o seu crescimento. A minha prima pôs-me à vontade para pegar nele numa espécie de passagem de testemunho. Foi então que a nossa ligação começou. Sou inexperiente com bebés e tinha uma preocupação imensa em não fazer asneira com ele no meu colo. Alguns segundos depois comecei a sentir algo estranho na mão esquerda. Ele estava desfraldado e quando espreitei para a mão, vi que o número 2 estava a conhecer a luz do dia. Fui perguntar se alguém tinha lenços ou outra coisa para remediar a situação. A juntar-se ao número 2, veio também o número 1. Já não era só a mão que tinha sujidade, o seu corpo e as nossas roupas também. Apesar de borrada, tinha o meu filho desconhecido ao colo. O sonho terminou aí.

Acontece com muita frequência ser a última a saber que estou grávida, que tenho filhos ou estes passam os primeiros tempos da sua vida com outras pessoas. Não sei porque é que sonho nesses moldes. Antevejo que na véspera do beta vem mais uma noite recheada de sinapses esquisitas.

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